0 UNINGÁ – UNIDADE DE ENSINO SUPERIOR INGÁ FACULDADE INGÁ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA GABRIELA BASSO EFEITOS DO APARELHO EXTRABUCAL TIPO KLOEHN NO TRATAMENTO DA MALOCLUSÃO DE CLASSE II, 1ª DIVISÃO PASSO FUNDO 2008 1 GABRIELA BASSO EFEITOS DO APARELHO EXTRABUCAL TIPO KLOEHN NO TRATAMENTO DA MALOCLUSÃO DE CLASSE II, 1ª DIVISÃO Monografia apresentada à unidade de Pósgraduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo Fundo-RS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Orientador: Profa. Ms. Anamaria Estacia PASSO FUNDO 2008 2 GABRIELA BASSO EFEITOS DO APARELHO EXTRABUCAL TIPO KLOEHN NO TRATAMENTO DA MALOCLUSÃO DE CLASSE II, 1ª DIVISÃO Monografia apresentada à comissão julgadora da Unidade de Pós-graduação da Faculdade Ingá – UNINGÁ – Passo FundoRS como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ortodontia. Aprovada em ___/___/______. BANCA EXAMINADORA: ________________________________________________ Prof. Ms. Anamaria Estacia - Orientadora ________________________________________________ Profa. Ms. Andréa Becker de Oliveira ________________________________________________ Profa. Ms. Giovana Casaccia 3 Dedico este trabalho Aos meus pais, Joe Luiz Basso e Lilia Inês Basso, exemplos de humildade e dedicação. Meus eternos “professores”, incansáveis na batalha de educar, ensinar e principalmente AMAR. Sem dúvida alguma vocês são pessoas iluminadas que tenho como referência de VIDA e norteiam a minha caminhada. Ao meu irmão Thiago Luiz Basso a quem preservo profunda admiração e orgulho por ser amigo, colega de trabalho e exemplo de determinação. 4 Agradeço À Deus pela saúde perfeita, pelo privilégio de ter uma família repleta de amor, pelas infinitas oportunidades e por colocar tantas pessoas admiráveis e generosas no meu caminho. À minha orientadora e coordenadora do curso de Ortodontia Profa. Anamaria Estacia pelo seu brilhantismo e a maneira séria como encara a ciência. Com você aprendi que não basta simplesmente estudar, é necessário que se faça isso intensamente, com empenho e responsabilidade se o objetivo é colher frutos diferenciados. Muito obrigada também pelo carinho e pela amizade. A todos professores de Ortodontia do CEOM : Lincoln Nojima, Andréa Becker de Oliveira, Giovana Casaccia, João Batista, Rogério Soliman, Lilian Rigo, por transmitirem seus valiosos ensinamentos, frutos de grande experiência acumulada, com seriedade e dedicação. Aos meus colegas da turma de especialização Anderson Acco, Celso Franceschi, Claudiane Tibolla, Fernanda Konoroski, Flavia Franciosi, Lauter Teixeira, Luize Ravizon Leite, Michelli Bressan, Rubia Vezaro Vanz e nossa monitora Daniela Lang Rosseto, pela amizade, pela ajuda e companheirismo. A todos os funcionários do CEOM, especialmente Eliane, Rosi, Lidia, Daniela, Priscila e Alessandra pela prontidão em ajudar. Aos pacientes do CEOM que foram essenciais para o meu aprendizado. Ao Centro de Estudos Odontológicos Meridional – CEOM – pela receptividade com que fui acolhida e as inúmeras oportunidades que aqui encontrei. Formar-se nesta instituição é motivo 5 RESUMO A Classe II, 1ª divisão é uma maloclusão caracterizada pela falta de relação ântero-posterior entre maxila e mandíbula, que pode advir de protrusão maxilar, retrusão mandibular ou associação de ambos. Ancoragem é uma resistência ao movimento obtida por meio de estruturas anatômicas adjacentes. O presente estudo de revisão da literatura tem como objetivo avaliar os efeitos da Ancoragem Extrabucal cervical (tipo Kloehn) no tratamento desta maloclusão. Verificou-se que a partir deste aparelho é possível interceptar o crescimento normal da maxila para anterior e também distalizar molares superiores, até que o crescimento da mandíbula para baixo e para frente, tenha avançado o suficiente para obter a correção da Classe II. O sucesso do tratamento depende do uso correto do aparelho, cooperação e do crescimento e desenvolvimento do paciente, sendo a melhor época de utilização o final da dentadura mista e início da permanente. Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Aparelhos de Tração Extrabucal. Procedimentos Ortopédicos. 6 ABSTRACT The Class II, 1st Division is a malocclusion characterized by a lack of relationship between anterior-posterior maxilla and mandible, which may come from protruding jaw, jaw retraction or combination of both. Anchoring is a resistance movement obtained through anatomical structures adjacent. The aim of review is evaluated the effects of cervical Anchoring extrabucal (type Kloehn) in the treatment of malocclusion. If was found that from this unit can intercept the normal growth of the maxilla and also allon distal molar movement, until the growth of the jaw down and forward, has advanced enough to obtain the correction of Class II. Successful treatment depends on the headgear correct use, pacient cooperation, growth and development. The best time headgear use is the end of dentures mixed and commencement of permanent. Key words: Malocclusion, Angle Class II. Extraoral Traction Appliaces. Orthopedic Procedures. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................8 2 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................10 2.1 CARACTERÍSTICAS DA MALOCLUSÃO DE CLASSE II, 1ª DIVISÃO....10 2.2 ANCORAGEM EXTRABUCAL TIPO KLOEHN (TRAÇÃO CERVICAL)....26 2.2.1 Ancoragem.................................................................................26 2.2.2 Ancoragem Extrabucal..............................................................28 3 DISCUSSÃO....................................................................................................43 4 CONCLUSÃO .................................................................................................46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................47 8 1 INTRODUÇÂO A maloclusão de Classe II caracteriza-se por um relacionamento incorreto dos arcos superior e inferior, tanto por alterações esqueléticas, como por alterações dentárias ou, ainda, por uma combinação desses fatores. (SASSOUNI, 1969; PFEIFER, 1975; McNAMARA, 1981). Sua característica determinante é sulco mésiovestibular do primeiro molar inferior permanente que se encontra distalizado em relação à cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior permanente e os incisivos superiores apresentam-se inclinados para vestibular, ocasionando um aumento do trespasse horizontal, por isso denominada 1ª divisão (Angle, 1899). Ao analisar a prevalência das maloclusões, a Classe I está presente em 55% da população brasileira enquanto que a Classe II em 42% (SILVA FILHO, FREITAS, CAVASSAN, 1990). Por se caracterizar numa desarmonia ântero-posterior das bases ósseas, influenciando negativamente a estética e auto-estima dos pacientes, justifica o maior percentual deles na busca do tratamento ortodôntico. Freitas et al, em 2002, verificaram que 54% dos pacientes do gênero masculino e 58% do gênero feminino que procuraram soluções para seus problemas dentoesqueléticos, possuíam a maloclusão de Classe II. Nesta maloclusão, geralmente ocorrem problemas estéticos e funcionais em diversos graus, dependendo da quantidade de discrepância ântero-posterior e sua interação com o tecido mole adjacente (URSI, 1997). Atualmente, os mecanismos de distalização dos molares superiores representam uma ferramenta valiosa para correção das maloclusões de Classe II. O aparelho extrabucal foi o primeiro dispositivo utilizado com esta finalidade (PROFFIT, 2000). A ancoragem extrabucal se notabiliza na Ortodontia por promover a distalização dos molares superiores ou sua ancoragem, sendo considerada como um dispositivo muito eficiente para tais fins (KLOEHN, 1961). A ancoragem extrabucal só se tornou popular com Kloehn (1947), que foi o grande divulgador dessa terapia, introduzindo a tração cervical, como é conhecida nos dias atuais. Ele defendia o tratamento precoce para direcionar o crescimento da 9 maxila como um todo, mas acreditava que a maior parte das correções se devia às alterações alveolares. O emprego da ancoragem extrabucal constitui até hoje um dos recursos terapêuticos mais utilizados para o controle da direção do crescimento maxilar, auxiliar de ancoragem e na distalização dos molares para a correção da Classe II. O principal objetivo de qualquer estratégia de tratamento para maloclusão de Classe II, 1ª divisão é corrigir ou mascarar a discrepância sagital, sempre que possível normalizando as posições dentoalveolares e esqueléticas e conseqüentemente harmonizando o perfil facial. A partir desse trabalho de revisão bibliográfica buscamos verificar os efeitos do aparelho extrabucal tipo Kloehn na correção desta maloclusão. 10 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Características da maloclusão de Classe II, 1ª divisão A classificação das maloclusões pode ser realizada de diversas formas, tanto que até o ano de 1899 utilizava-se o termo “irregularities of the teeth” para caracterizar uma alteração na oclusão. A partir desta data, o Dr. Angle, publicou na revista Dental Cosmos a classificação mais conhecida e utilizada entre os ortodontistas até os dias atuais. Ela se baseava essencialmente nas posições dentoclusais, onde definiu que o primeiro molar superior era imutável em relação ao inferior e a partir daí determinou os três tipos de maloclusões no sentido sagital. Contudo, apesar de ser muito prática, não levava em consideração as discrepâncias nos sentidos vertical e transversal, e nem às relacionava com as estruturas esqueléticas adjacentes. Para complementar, definiu as divisões de cada maloclusão, sendo esta definida pela relação mesio-distal dos dentes no arco; e aquelas realizada de acordo com a posição individual de cada dente. Assim, a Classe II, 1ª divisão, segundo a classificação de Angle, foi definida como uma relação mesiodistal deficiente dos arcos dentários, com todos os dentes inferiores ocluindo distalmente em relação ao padrão normal, propiciando uma desarmonia acentuada na região dos incisivos e nas linhas faciais. A partir disso Angle observou que nos casos de Classe II, 1ª divisão, a mandíbula apresentava-se menor e em uma posição distal em relação à maxila. Somado a isso, a maxila poderia apresentar-se maior que o normal e, podendo estar atrésica, os incisivos superiores encontravam-se vestibularizados e os inferiores lingualizados. Para ele esta maloclusão geralmente estava acompanhada de uma função anormal dos lábios, de alguma forma de obstrução nasal e de respiração bucal. Com uma contribuição na discussão a cerca da natureza da maloclusão de Classe II, Lundström, em 1925, observou que as maloclusões poderiam apresentar graus variados de severidade, do mais suave ao mais severo. Afirmou que a Classe 11 II se tratava de uma distalização ou relação posterior do arco mandibular com o arco maxilar. Além disso, poderia existir a associação de alterações dentárias, e de modificações esqueléticas (origem hereditária), e que quanto mais envolvimento das bases ósseas houvesse, mais sombrio seria o prognóstico. Oppenheim em 1928, realizou um estudo comparativo entre as medidas antropométricas de 18 crânios com características normais e 18 exibindo maloclusão de Classe II. Concluiu que a maioria das maloclusões de Classe II não se caracterizava por uma protrusão da maxila, mas sim pela falta de desenvolvimento mandibular, ou seu retrognatismo. Ressaltou ainda que o tratamento desta maloclusão deveria consistir no estímulo do crescimento e desenvolvimento da mandíbula e que tratamentos com extrações dentárias superiores seria uma prática errônea. Após uma revisão sobre os métodos de classificação e as principais características dentárias e esqueléticas das maloclusões, Balbridge, em 1941, analisou 103 telerradiografias (iniciais) em norma lateral de 50 pacientes com Classe I; 32 com Classe II, 1ª divisão e 21 com Classe II 2ª divisão, de ambos os sexos. Para comparação também foram utilizados 21 pacientes não tratados. Observou que a mandíbula estava em uma posição retruída em relação ao crânio nos casos de Classe II, 1ª divisão. Em 1948, Drelich realizou um estudo cefalométrico comparativo entre um grupo de 24 jovens com maloclusão de Classe II, 1ª divisão e outro com 24 jovens com oclusão excelente, com o objetivo de verificar o padrão facial característico dos grupos. Observou que os pacientes com Classe II apresentavam um maior eixo Y de crescimento, portanto maior altura facial anterior, possuindo o mento mais para posterior. Foi notado que o ângulo do plano mandibular encontrava-se aumentado e conseqüentemente havia maior convexidade facial. Afirmou ainda, que o comprimento da mandíbula encontrava-se diminuído e que os incisivos superiores encontravam-se vestibularizados. Renfroe, também em 1948, estudou a diferença entre os padrões faciais dos pacientes com maloclusões de Classe I, Classe II, 1ª divisão e Classe II, 2ª divisão. Por meio de 95 telerradiografias em norma lateral, concluiu, que a maxila, avaliada pelo ponto mais anterior em relação à base do crânio (SNA), encontrava-se 12 protruída nos casos de Classe I e de Classe II, 1ª divisão, e a mandíbula encontravase posicionada posteriormente nos jovens com maloclusões de Classe II, 1ª e 2ª divisões, porém verificou que o comprimento mandibular apresentava-se similar ao dos jovens com Classe I. Nelson e Higley, em 1948, compararam o comprimento do osso basal mandibular em 250 jovens com idade variando entre 7 e 14 anos, sendo 153 com oclusão “normal” e maloclusão de Classe I (Grupo A), e 97 jovens com Classe II, 1ª divisão (Grupo B). Estes grupos foram divididos em subgrupos: 1) Grupo A – 39 meninos e 56 meninas, com idade entre 7 a 10 anos; - 20 meninos e 38 meninas, com idade entre 11 e 14 anos; 2) Grupo B – 24 meninos e 31 meninas, com idade entre 7 a 10 anos; e 19 meninos e 23 meninas, com idade entre 11 e 14 anos. Os autores citaram Angle, que nos seus estudos sobre a maloclusão de Classe II, na maioria dos casos, o corpo da mandíbula encontrava-se menor em proporção e em suas dimensões comparado a dentaduras “normais”. Os resultados foram de encontro com essa afirmação, pois puderam observar, com a utilização de duas medidas cefalométricas lineares, um menor comprimento do corpo mandibular nos de Classe II, 1ª divisão, em todos os subgrupos, com exceção dos pacientes do gênero feminino dos 7 aos 10 anos. O padrão facial de um grupo de jovens com 12 anos foi avaliado por Craig, em 1950, quando comparou, por meio de sobreposições de telerradiografias em norma lateral, utilizando um sistema gráfico de coordenadas, as características dentoesqueletais de uma amostra de 34 jovens com maloclusão de Classe I com um segundo grupo composto por 36 jovens com maloclusão de Classe II, 1ª divisão. Os resultados demonstraram que os dois grupos apresentaram um padrão esquelético similar, porém o grupo da Classe II, 1ª divisão, apresentou o corpo da mandíbula menor. Afirmando que uma das grandes dúvidas dos ortodontistas era a relação existente entre o tamanho e a posição ântero-posterior da maxila em relação ao complexo craniofacial, Riedel, em 1952, realizou um estudo avaliando em radiografias cefalométricas a posição da maxila em relação à base do crânio e em relação à mandíbula nos diferentes tipos de maloclusão. A amostra constituiu-se de 52 adultos com oclusões normais, na faixa etária de 18 a 36 anos; 24 jovens com 13 oclusões normais e idades de 7 a 11 anos; 38 casos com Classe II, 1ª divisão, 10 casos com Classe II, 2ª divisão e 9 com Classe III. Concluiu que as alterações mais significativas encontravam-se no posicionamento ântero-posterior da mandíbula e na relação maxilomandibular quando verificada pelo ângulo ANB (avalia a relação ântero-posterior entre maxila e mandíbula). Nos casos de Classe II, 1ª divisão, a mandíbula apresentou-se mais retruída e os incisivos superiores mais protruídos em comparação ao grupo com oclusão “normal”. Com uma revisão de literatura bastante crítica, Fisk et al. em 1953, discorreram sobre a maloclusão de Classe II e demonstraram em formato de tabelas, os principais autores e os achados referentes a esta maloclusão. Eles também classificaram a maloclusão de Classe II segundo as seguintes variações morfológicas: maxila e dentes superiores posicionados anteriormente em relação ao crânio; dentes superiores protruídos em suas bases ósseas; mandíbula subdesenvolvida; mandíbula com tamanho normal, mas posteriormente localizada; dentes inferiores retruídos na base óssea ou qualquer combinação dos fatores anteriormente citados. Henry, em 1957, realizou uma análise comparativa entre 37 pacientes com oclusão “normal” e 103 com Classe II, 1ª divisão. Pôde concluir que a posição do 1º molar inferior de pacientes Classe II, 1ª divisão encontrava-se mais distalizada que o normal, da mesma forma a maxila estava numa posição mais anterior. Por isso sugeriu uma classificação para a maloclusão de Classe II, 1ª divisão, em quatro tipos: protrusão alveolar superior, protrusão basal superior, deficiência do tamanho mandibular e retrusão mandibular. Utilizando um grupo de jovens com Classe II, 1ª divisão e outro com oclusão “normal”, Kean (1958), realizou uma pesquisa comparativa sobre as características faciais nas diferentes oclusões. Ambos os grupos foram compostos por 36 crianças leucodermas, com idade variando dos 8 aos 10 anos, constituindo assim uma amostra de 72 telerradiografias em norma lateral. Verificou nos casos de maloclusão de Classe II, que a mandíbula apresentava-se com um tamanho menor e que nestes pacientes estaria presente um grande trespasse horizontal, resultante da posição anteriorizada dos incisivos superiores. As alturas faciais anteriores e posteriores se 14 mostraram sem diferenças estatisticamente significativas, porém a base craniana apresentou um maior comprimento na Classe II. Martin em 1958, com o objetivo de verificar as características da Classe II e compará-las com um grupo de oclusão “normal”, analisou telerradiografias de 60 jovens, dentre os quais 20 com oclusão “normal” e 40 com Classe II, 1ª divisão. O autor evidenciou que a mandíbula dos pacientes com Classe II possuía um tamanho menor e estava posicionada posteriormente em relação à dos pacientes com oclusão “normal”. Os resultados revelaram que o ponto mais anterior da maxila, a espinha nasal anterior e a borda incisal do incisivo central superior localizavam-se mais anteriormente nos casos de Classe II, 1ª divisão. Com o intuito de determinar as relações dentoesqueléticas de 50 jovens com ClasseII, 1ª divisão, com idades variando de 8 a 15 anos, Maj; Luzi; Lucchese (1960) perceberam que ocorria uma desarmonia entre as bases ósseas, com uma posição posteriorizada das cabeças da mandíbula e anteriorizada da maxila, porém as dimensões da mandíbula (desenvolvimento do ramo, corpo e ângulo goníaco) não apresentavam grandes variações em comparação a indivíduos normais da mesma faixa etária. Em 78% dos casos, observaram uma inclinação acentuada para vestibular dos incisivos superiores e em 96% dos casos, uma relação ânteroposterior incorreta dos incisivos superiores e inferiores. Deduziram, deste modo, que a Classe II, 1ª divisão, resultou de variações dentárias e esqueléticas, com tendência para a protrusão maxilar e um aumento do trespasse horizontal, devido à posição dos dentes anteriores. Após a realização de uma pesquisa comparativa entre adultos de ambos os sexos com Classe I e Classe II, 1ª divisão, King, em 1962, evidenciou que não houve diferença entre os grupos ao analisar a posição da maxila em relação à base craniana e ao verificar a posição do ápice radicular dos incisivos superiores. No entanto, no grupo de Classe II, a mandíbula apresentou-se retrognática em relação à base do crânio e os incisivos superiores mostraram uma maior inclinação para vestibular. A importância do correto diagnóstico e conseqüentemente do plano de tratamento ideal, foi alertada por Ackerman e Proffit, em 1969, quando relataram que as maloclusões incluídas na mesma classificação de Angle poderiam ser somente 15 análogas (com o mesmo relacionamento oclusal) e não necessariamente homólogas (com todas características esqueléticas em comum). As homólogas requeriam tratamentos semelhantes, porém nas análogas, a forma de intervenção deveria ser diferente. O artigo também discorre sobre um novo método de classificação baseado em cinco características descritivas, definindo nove grupos de maloclusões. Sassouni em 1970, subdividiu a maloclusão de Classe II, 1ª divisão, em 128 tipos de variações que, logicamente, apresentavam 128 tipos diferentes de tratamento. Para chegar neste número, o autor analisou os componentes esqueléticos e dentários da maxila e da mandíbula, nos sentidos horizontal e vertical. O autor ainda ilustrou o artigo com o relato de dois casos clínicos de Classe II, com características e formas de tratamento diferentes. A proposta do estudo realizado por Rothstein (1971) foi descrever e analisar as características esqueléticas e dentofaciais associadas a maloclusão de Classe II, 1ª divisão de Angle. Para tanto avaliou 608 radiografias em norma lateral: 273 de jovens com oclusão “normal” e 335 de jovens apresentando Classe II, 1ª divisão. Após comparar as medidas cefalométricas, concluiu que a amostra de Classe II, 1ª divisão, apresentou uma maxila maior do que o normal, um maior comprimento da base craniana, uma posição mesializada dos dentes superiores, um plano palatino inclinado no sentido anti-horário e a mandíbula com tamanho e formas normais, num bom posicionamento. Para avaliar as características mandibulares em relação à posição e dimensões com base nos seus aspectos cefalométricos quando associada a duas Classes de maloclusões, Vigorito, em 1973, analisou dois grupos, sendo um de Classe I (30 pacientes) e outro de Classe II, 1ª divisão (26 pacientes). Constatou que a borda inferior do corpo mandibular mostrou tendência para exibir maior inclinação, a mandíbula apresentou uma posição mais retruída em relação à base do crânio e o comprimento, expresso pela soma de distâncias específicas do ramo e do corpo, menor nos casos de Classe II, 1ª divisão. Questionando o sistema de classificação proposto por Angle, Servoss, em 1975, acrescentou quatro termos a esta: prognatismo, retrognatismo, protrusão e retrusão. Prognatismo é um termo que se refere ao um posicionamento anteriorizado das bases ósseas (maxila ou mandíbula) em relação ao esqueleto craniofacial. Já 16 retrognatismo se refere a um posicionamento posterior da maxila, mandíbula ou ambos em relação ao esqueleto craniofacial. Adicionalmente, os termos protrusão ou retrusão descrevem o posicionamento anterior e posterior dos dentes em relação às bases ósseas. Estas condições são distintas, porém podem apresentar-se combinadas. Essencialmente existem quatro componentes independentes que deveriam ser observados: maxila, mandíbula, dentes superiores e dentes inferiores. Estes componentes poderão estar em uma posição normal, anterior ou posterior, resultando em uma combinação de 81 possibilidades de maloclusão. Citou que a maloclusão de Classe II esquelética, na maioria dos casos, é causada por uma combinação entre o prognatismo maxilar e o retrognatismo mandibular. Moyers et al., em 1975, por meio de métodos estatísticos e programas computadorizados, descreveram uma série de tipos faciais de Classe II, com características verticais e horizontais bem definidas. Com uma amostra inicial de 697 pacientes, sendo 640 tratados (540 de clínicas particulares e 100 de duas Universidades) e 57 em tratamento Dentre os pacientes, identificaram seis tipos faciais horizontais: quatro casos de Classe II esqueléticas graves; uma “pseudoclasse II” ou Classe II dentária, sem nenhum envolvimento esquelético, e um caso moderado de Classe II esquelética (mais freqüente), com uma variedade de sinais. Encontraram também, cinco tipos faciais verticais, o primeiro apresentava o plano mandibular acentuadamente inclinado para baixo, no segundo, os planos mandibular, oclusal e palatino encontravam-se quase paralelos entre si, o terceiro mostrava o plano palatino inclinado para cima, no quarto, os planos mandibular, oclusal e palatino apresentavam-se acentuadamente inclinados para baixo, e no quinto, os planos mandibular e oclusal denotavam normalidade, e o plano palatino encontrava-se inclinado para baixo. Diante dos achados ou autores ressaltam a diversidade de características encontradas nos pacientes Classe II e explicaram que o agrupamento quanto às subdivisões seria feito no segundo artigo. Ressaltaram que os indivíduos de um mesmo tipo de Classe II, com uma aparência e um padrão de crescimento semelhantes, necessitavam de tratamentos similares e provavelmente deveriam responder da mesma forma. Apesar de vários estudos a respeito da maloclusão de Classe II, ainda existiam dúvidas em relação às principais características para um correto diagnóstico e plano de tratamento do referido problema. Isso motivou McNamara 17 Junior, em 1981, a estudar uma amostra de 277 indivíduos de 8 a 10 anos, sendo 153 do sexo masculino e 124 do feminino, incluindo tanto a Classe II, 1ª divisão, como a Classe II, 2ª divisão. Investigou em telerradiografias em norma lateral a natureza e a freqüência com que ocorriam as principais características envolvidas. Observou que esta maloclusão não é uma entidade clínica única, podendo resultar de muitas combinações esqueléticas e componentes dentais. Verificou que, em média, a maxila apresentou-se numa posição neutra, dentro da normalidade, ou numa relativa protrusão, enquanto que o retrognatismo mandibular foi característica mais evidente na amostra de Classe II. A avaliação dentária revelou que na maioria dos casos os incisivos superiores estavam protruídos, porém em menor magnitude do que nas investigações anteriores, e os inferiores bem posicionados. Além disso, os indivíduos apresentaram em metade da amostra um excessivo desenvolvimento vertical. Carter, em 1987, avaliou as alterações cefalométricas de 30 indivíduos com Classe II, 1 divisão, não tratados, sendo 15 do sexo masculino e 15 do feminino, com idade média de 12 anos e 1 mês na radiografia inicial e 17 anos e 5 meses na final. Concluiu que nesses pacientes, a maxila apresentava-se numa relação de normalidade em relação à base do crânio, a mandíbula com suave retrognatismo e os incisivos superiores protruídos. Embora tenha havido uma considerável variação individual, observou uma maior tendência de redução (espontânea) do overjet nos jovens do sexo masculino, não observado no feminino. A mandíbula aparentemente apresentou uma rotação para baixo e para trás nos pacientes do sexo feminino maior que nos pacientes do masculino. Bushang, em 1988 comparou o crescimento mandibular num estudo longitudinal de crianças francesas e canadenses entre 6 e 15 anos de idade com oclusão “normal” e com maloclusão de Classe II, 1ª divisão que não receberam nenhum tipo de tratamento, o que totalizava 42 meninas e 71 meninos. O autor concluiu que nos pacientes Classe II, 1ª divisão houve um menor crescimento mandibular, rotação desta estrutura no sentido anti-horário e conseqüentemente um maior valor do plano mandibular. Aidar e Scanavini, em 1989, estudaram uma amostra de 200 telerradiografias em norma lateral de indivíduos com oclusão ¨normal¨, maloclusão de Classe I, 18 Classe II, 1 divisão, Classe II, 2 divisão e Classe III. O grupo de Classe II foi composto por 40 pacientes (gênero masculino e feminino), com idades que variavam de 12 a 19 anos. Os autores observaram que os pacientes deste grupo apresentavam a maxila ligeiramente retruída e a mandíbula bem retruída em relação à base do crânio, com conseqüente desarmonia sagital das bases ósseas. Karlsen (1994) realizou um estudo avaliando a morfologia craniofacial em crianças com maloclusão de Classe II, 1ª divisão e de acordo com a presença de overbite, separou-as em dois grupos: 22 com overbite e 24 sem. Ele comparou com um grupo controle de 25 crianças com oclusão “normal”. Ele concluiu que as crianças com maloclusão de Classe II, 1ª divisão apresentavam o corpo mandibular menor, e além disso, esta estrutura estava numa posição retrognata em relação à base do crânio. O grupo com overbite apresentou uma altura facial anterior diminuída, a maxila anteriorizada e incisivos inferiores extruídos. Com este estudo, Rosenblum (1995) pretendeu avaliar se a causa da maloclusão de Classe II esquelética tinha origem na protrusão maxilar ou na retrusão mandibular. Através de um programa de cefalometria computadorizada que analisou 103 radiografias em norma lateral com indivíduos Classe II através de quatro medidas cefalométricas sagitais avaliando maxila e mandíbula. O autor concluiu que através da medida do ângulo facial de Downs ( medida que expressa o grau de protrusão ou retrusão da mandíbula), 27% das radiografias analisadas apresentavam retrusão mandibular e pela medida do ângulo de convexidade de Downs ( mede o grau de protrusão da maxila em relação ao perfil total) 56,3% das radiografias demonstraram protrusão maxilar. Estes resultados mostram que a maxila protruída tem uma maior influência na causa da maloclusão de Classe II. Bishara et al, em 1997 se propuseram a estudar e comparar as mudanças longitudinais das estruturas dentofaciais na dentadura decídua e permanente de indivíduos com maloclusão de Classe II, 1ª divisão não tratados e indivíduos com oclusão “normal”. Os pacientes foram divididos em 2 grupos: (1) 30 pacientes, 15 meninos e 15 meninas com maloclusão de Classe II, 1ª divisão e (2) 35 pacientes com oclusão “normal”, com 20 meninos e 15 meninas. Esses 65 pacientes foram avaliados, através de radiografias cefalométricas em 3 estágios de desenvolvimento: na dentadura decídua completa, depois da irrupção do 1º molar permanente e, 19 depois da dentadura permanente estar completa excluindo os terceiros molares. Os resultados demonstraram que no primeiro estágio avaliado houve diferença entre a mandíbula dos pacientes, apresentando-se menor e posteriorizada nos pacientes de Classe II, 1ª divisão, ou seja, nesses pacientes a mandíbula desenvolve seu potencial de crescimento tardiamente. Houve também alterações entre os grupos, em todos os estágios, com respeito à grande convexidade esquelética facial dos paciente Classe II. O ângulo que mede a protrusão da maxila se mostrou aumentado nos pacientes Classe II, diferentemente do grupo com oclusão “normal”, onde ele se apresentou diminuído. Ocorreu crescimento similar da base do crânio nos dois grupos. Ursi; McNamara Jr. (1997) avaliaram o crescimento craniofacial em pacientes apresentando maloclusões de Classe II e oclusão normal, entre os 10 e os 12 anos de idade. Para isso utilizaram radiografias em norma lateral de 29 adolescentes apresentando maloclusão Classe II e 30 com oclusão “normal”. Nos resultados os pacientes portadores de distoclusão demonstraram, tanto na primeira observação quanto na segunda, uma base do crânio mais alongada, a maxila posicionada sagitalmente de maneira semelhante, a mandíbula mais retrognática, embora com dimensões semelhantes; a altura facial ântero-inferior aumentada, com conseqüente padrão de crescimento mais vertical; incisivos e molares superiores mais extruídos e incisivos inferiores mais protruídos e extruídos. O crescimento dos dois grupos foi muito semelhante em todos seus aspectos durante os 24 meses de acompanhamento, isto indica que as diferenças encontradas devem ser atribuídas ao crescimento na primeira década de vida. Em um estudo sobre a evolução longitudinal das mudanças de crescimento em 20 pacientes Classe II, 1ª divisão sem tratamento, Ngan, Byczek e Scheick, em 1997, os compararam com 20 pacientes Classe I. Esses 40 pacientes apresentavam idades variando de 7 aos 14 anos. Os resultados das comparações cefalométricas mostraram que os pacientes Classe II apresentaram um bom posicionamento maxilar e uma retrusão mandibular. A mandíbula apresentou também menores dimensões que o grupo de Classe I, porém o plano mandibular aumentado. Observou-se também uma maior relação maxilomandibular nos pacientes com maloclusão de Classe II. 20 Baccetti et al, 1997, concordam com Goldreich et al, 1998. Que uma característica observada nos pacientes Classe II em crescimento é a diminuição do ângulo SNB decorrente da rotação mandibular em sentido horário, promovendo retrusão esquelética da mandíbula. O padrão de crescimento nestes pacientes denota um aumento da altura facial ântero-inferior, e um vetor de crescimento vertical mais pronunciado. Henriques; et al em 1998 realizaram um estudo longitudinal das características da maloclusão de Classe II, 1ª divisão sem tratamento, em jovens brasileiros, leucodermas, por um período médio de 3 anos e 4 meses. Para isso eles utilizaram radiografias cefalométricas de 25 pacientes com idade inicial de 9 anos e 4 meses e final de 12 anos e 8 meses. Nos casos de Classe II verificou-se: em 75%¨dos casos a mandíbula apresentou-se retruída, enquanto a maxila variou de retruída, bem posicionada e protruída. O padrão de crescimento apresentou pequenas modificações, com tendência de crescimento horizontal; a altura facial anterior aumentou; a maxila apresentou crescimento contínuo para frente e para baixo; a relação maxilomandibular apresentou melhora insignificante, promovendo a manutenção da discrepância esquelética da maloclusão de Classe II, 1ª divisão. Os molares e incisivos superiores tiveram mesialização e extrusão, também os molares e incisivos inferiores sofreram extrusão. Num estudo cefalométrico das características da maloclusão de Classe II, 1ª divisão, Maia et al, em 1998, avaliaram brasileiros da região nordeste, em fase de dentadura mista. Utilizaram uma amostra de 100 indivíduos com idades entre 6 anos e 11 meses a 14 anos e 3 meses, 50 pacientes masculinos e 50 femininos. Os resultados das superposições cefalométricas revelaram que a orientação crescimento facial teve predomínio do vetor vertical. A maxila e mandíbula apresentaram tendência retrusiva, tendo predominado o perfil facial convexo. As características dentárias mostraram incisivos superiores e inferiores vestibularizados e protruídos, overbite aumentado. Segundo os autores, estas características não expressaram um comportamento uniforme da amostra, cuja distribuição implicava admitir inúmeras possibilidades de combinações na construção da anomalia examinada. 21 .A Classe II pode ser dentolaveolar, esquelética ou uma combinação de ambas. Com relação à etiologia da maloclusão de Classe II ela é multifatorial, ou seja, diversos fatores que interagindo e operando dentro de um potencial de crescimento inerente a cada indivíduo, promovem essa maloclusão. Dentre esses fatores são: o padrão de crescimento maxilar, mandibular e o desenvolvimento dentoalveolar. Portanto, a Classe II não constitui uma alteração morfológica homogênea causada por alguma entidade clínica específica na base craniana ou nos maxilares. Ela é o resultado de um somatório de diversas alterações clínicas com variados graus de severidade (KARLSEN, 1999). Proffit, 2000, classificou a maloclusão de Classe II como uma posição distal do molar inferior em relação ao superior. Ele explicou que ocasionalmente, a relação molar é de Classe II em um lado e Classe I no outro. Angle chamou isto de subdivisão direita ou esquerda da Classe II, dependendo do lado no qual estava a Classe II. Na classificação moderna, esta subdivisão é apenas relativamente útil – a relação molar assimétrica reflete tanto uma assimetria em um ou em ambos os arcos, como um problema esqueletal transverso. Proffit também questiona se a relação do segmento bucal de borda a borda, de Classe II, ou o trespasse excessivo ou invertido dos incisivos são causados por uma discrepância mandibular (esqueletal), por dentes deslocados em mandíbulas bem proporcionadas, ou por uma combinação dos dois. E finalmente ressalta que a distinção entre dental e esqueletal é importante, porque o tratamento para a relação de Classe II esqueletal em uma criança ou adulto será diferente do tratamento para um problema de Classe II dental. Avaliando a Classe II, ainda que não exista um comum acordo na literatura, a grande maioria dos autores concorda que esta apresenta prognatismo maxilar, isolada ou em combinação com retrognatismo mandibular, retrusão dos dentes inferiores e protrusão dentária superior. Sendo o retrognatismo mandibular considerado como um dos maiores responsáveis por esta maloclusão. (ROTHSTEIN 2000) Gurgel; Almeida; Pinzan, em 2000, realizaram estudo comparativo das dimensões maxilomandibulares entre jovens, do sexo masculino, com maloclusão de Classe II, 1ª divisão, não tratados e com oclusão normal. A amostra constituiu-se de 22 19 pacientes com maloclusão de Classe II, 1ª divisão e 25 com oclusão normal. Os resultados demonstraram que a protrusão maxilar associada à Classe II,1ª divisão não se manifestou neste trabalho. A mandíbula dos pacientes Classe II, 1ª divisão apresentou uma evidente diferença quanto ao seu posicionamento, mostrando-se mais retruída que em pacientes com oclusão normal. Brandão; Domínguez-Rodríguez; Capelozza Filho, em 2001 realizaram avaliação comparativa entre as características da maloclusão de Classe II, 1ª divisão, obtidas pela análise cefalométrica e análise facial subjetiva. Para tanto utilizaram radiografias cefalométricas de um grupo de 30 indivíduos masculinos e femininos, leucodermas, com idades entre 12 e 16 anos. Dentre as características cefalométricas encontradas nesses pacientes estavam: perfis esqueléticos convexos; maxilas bem posicionadas; mandíbulas retruídas, incisivos superiores e inferiores apresentavam inclinação e protrusão, overjet aumentado e overbite levemente alterado. Quanto ao exame facial subjetivo, não demonstrou significância estatística, apesar da razoável coerência entre os exames quanto à causa da maloclusão de Classe II: maxila (3 casos - 10%), mandíbula (13 casos - 43,3%), associação entre maxila e mandíbula (13 casos - 43,3%) e maxila e mandíbula bem posicionadas (1caso - 3,3%). As mudanças dentoalveolares relacionadas com o crescimento anterior da mandíbula em pacientes Classe II foram estudadas por You et al em 2001. O acompanhamento longitudinal cefalométrico de 40 pacientes com maloclusão de Classe II não tratados foi realizado entre as idades médias de 8,8 anos e 17,8 anos. Estes pacientes foram comparados com pacientes de oclusão “normal”. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos com relação ao crescimento mandibular. Nos pacientes com maloclusão de Classe II os dentes superiores sofreram protrusão com relação à maxila e os dentes inferiores sofreram retrusão com relação à mandíbula. Pacientes com Classe II esquelética na primeira dentição foi o assunto do estudo desenvolvido por Klocke; Nanda; Kahl-Nieke em 2002. Para tal avaliaram 23 pacientes com idades entre 5 e 12 anos, divididos em 2 grupos: grupo de crescimento favorável, 13 pacientes que possuíam uma relação maxilomandibular harmônica (ANB entre 1,5º) e grupo de crescimento desfavorável, formado por 10 23 pacientes que não apresentavam relação maxilomandibular equilibrada (ANB > 2º). Os autores concluíram que durante o estágio da primeira dentição, houve diferenças significativas entre os dois grupos: o grupo de crescimento desfavorável apresentou tendência para a piora da relação maxilomandibular devido à rotação no sentido horário da mandíbula que se apresentava com dimensões diminuídas. Por esse motivo também houve aumento da altura facial ântero-inferior desses pacientes. Bertoz; et al em 2003 estudaram as características cefalométricas de pacientes com maloclusão de Classe II. Utilizaram uma amostra de 55 telerradiografias de 31 pacientes do sexo feminino e 24 do gênero masculino, com idades entre 6 e 11 anos. Os autores concluíram que cerca da metade dos pacientes avaliados apresentavam maxila num bom posicionamento em relação à base do crânio. A mandíbula apresentou uma posição retrognática, o que torna a relação maxilomandibular desfavorável na maior parte da amostra. Os incisivos superiores estavam vestibularizados e protruídos, e os inferiores vestibularizados e bem posicionados ou protruídos. Evidenciou-se uma acentuada predisposição para o padrão de crescimento vertical. Num estudo longitudinal sobre o crescimento da mandíbula na Classe II esquelética sem tratamento, Casaccia (2003) avaliou 43 indivíduos através de cefalogramas sequenciais nas idades 6, 9, 12, 14 e 16 anos. Foram avaliadas estrutura, localização, incremento e a direção de crescimento da mandíbula, identificando as diferenças entre os gêneros feminino (n=17) e masculino (n=26) e comparados com a média dos indivíduos com padrão de desenvolvimento normal (padrão Bolton). Verificou-se diferença significativa, quanto ao incremento do crescimento médio mandibular, na amostra de Classe II, entre os gêneros feminino e masculino dos 9 aos 12 anos, sendo maior para as meninas e dos 12 aos 14 anos, maior para os meninos. Em ambas as amostras a mandíbula apresentou aumento progressivo, sem diferença estatística entre os sexos. A mandíbula de pacientes com maloclusão de Classe II não apresentou diferença significativa quanto à estrutura quando comparada ao Padrão Bolton. Porém, apresentou diferença significativa quanto à localização espacial, sendo mais posterior em relação à base do crânio do que o padrão de normalidade. 24 No mesmo ano, Freitas e Nouer estudaram as características dentoesqueléticas de 96 indivíduos da cidade de São Luís (MA), com maloclusão de Classe II, 1ª divisão, por meio de telerradiografias em norma lateral. As grandezas cefalométricas obtidas foram comparadas com os padrões de normalidade estabelecidos por McNamara Júnior, Ricketts e Jarabak. No grupo de Classe II, a maxila apresentou um posicionamento normal, com tendência a protrusão; a mandíbula apresentou menor tamanho e posicionada posteriormente e os incisivos superiores estavam protruídos e inclinados para a vestibular. Palomoa; et al (2005) realizaram um estudo com 35 pacientes do sexo feminino (16 com maloclusão de Classe II, 1ª divisão e 16 com oclusão normal), sem tratamento a fim de comparar as mudanças longitudinais na forma e tamanho das estruturas craniofaciais dos dois grupos. Estes pacientes foram avaliados aos 6, 11 e 15 anos cefalometricamente para observar a diferença entre eles em 4 pontos: maxila, mandíbula, face média e abóboda craniana. Os autores concluíram que houve mudança contínua do complexo craniofacial entre as idades de 6 a 15 anos. A mandíbula demonstrou subdesenvolvimento nos pacientes Classe II nas idades entre 6 e 11 anos, podendo apresentar giro no sentido horário, deixando o paciente com aspecto de face longa. Além disso a maxila dos pacientes Classe II, comparada aos portadores de Classe I mostrou-se protruída em todas as idades. O presente trabalho busca levantar dados na literatura sobre o tratamento da maloclusão de Classe II, 1ª divisão a partir do aparelho extrabucal de tração cervical (Tipo Kloehn). 2.2 Ancoragem Extrabucal Tipo Kloehn (tração cervical) i. Ancoragem Strang, em 1941, definiu ancoragem como um suporte seguro o suficiente para resistir a uma grande força. Segundo ele a ancoragem pode ser conseguida por meio de estruturas anatômicas adjacentes, sejam dentes ou o próprio 25 periodonto (ancoragem intraoral), ou por meio de estruturas localizadas n a região da cabeça e pescoço (ancoragem extraoral). Higley, em 1949 estudou alguns conceitos de cefalometria e ancoragem. Ele cita a Terceira Lei de Newton: “Para toda ação existe uma reação de intensidade igual e sentido contrário”, o que explica o fato de que quando se deseja uma movimentação utilizando outra estrutura como suporte do movimento, a força e o movimento ocorrem nas duas extremidades. Renfroe, em 1956 estudou os fatores que influenciam na estabilização da ancoragem. Ele citou autores renomados como Angle, Case, Strang, Salzmann e Oliver que faziam referência à ancoragem como uma composição de unidades ou componentes de resistência. Esta poderia ser um simples dente, um grupo de dentes, ou uma área anatômica que pudesse ser aplicada força e pudesse oferecer resistência ao movimento. A ancoragem pode ser dividida em intraoral e extraoral. A ancoragem intraoral é realizada por dentes, osso alveolar, osso basal ou musculatura intraoral. A ancoragem extraoral é capaz de dissipar com igual intensidade e sentido oposto a força gerada fora da boca. Geralmente essas áreas são o crânio ou o pescoço. A ancoragem também pode ser classificada como simples, que permite alguma inclinação dentária, estacionária, que não permite inclinação dentária, a não ser movimentos dentais de “corpo”, e recíproca, que tem muitas aplicações, pois é uma força que trabalha na mesma magnitude nos seus dois extremos. A estabilidade da ancoragem depende dos seguintes requisitos: a) A distribuição correta das forças sobre um número de unidades, a fim de reduzir o efeito adverso ao mínimo; b) quanto mais dentes estiverem disponíveis para ancoragem, estes devem ser incluídos; c) ajustes devem ser feitos no aparelho para que as unidades de ancoragem não sofram inclinações ou rotações; d) arcos de estabilização devem ser usados quando a estabilidade não pode ser obtida com o aparelho; e 26 e) a ancoragem intrabucal deve ser suplementada com a extrabucal quando os arcos de estabilização não puderem ser utilizados. Higley, em 1969, realizou um estudo sobre ancoragem na Ortodontia, onde a definiu como a resistência que as estruturas dentofaciais oferecem para alterar sua forma ou posição sob uma força aplicada. Silva (2007) cita a afirmação de Tweed que interpreta a ancoragem como o passo mais importante para o sucesso do tratamento, devendo ser uma preocupação do profissional no plano de tratamento dado a cada caso. Ele discute dois pontos em relação à ancoragem de Tweed: a) o primeiro é de que alguns clínicos consideram que um dente que não foi movimentado promove uma melhor ancoragem, enquanto outros defendem que os dentes são posicionados de maneira que favorecem a resistência à mecânica e isso compensa a possível perda da estabilidade; b) o segundo é o fato de que os dentes são estruturas inseridas em uma estrutura biológica complexa e que a movimentação dentária depende de um resultado favorável de uma reação biológica. Torna-se desnecessário afirmar que a ancoragem oferecida por um mecanismo extrabucal é melhor que a resistência oferecida pelos dentes. Da mesma forma pode-se citar os arcos e placas de estabilização que são utilizados para complementar a resisência oferecida pelos dentes. Para Langlade, 1973, ancoragem poderia ser definida como um dispositivo de fixação de um corpo morto ou livre. Na biomecânica ortodôntica é a resistência de um corpo ao deslocamento. 2.2.2 Ancoragem Extrabucal Norman Willian Kingsley, em 1866, foi o primeiro a utilizar a ancoragem extrabucal para a correção da protrusão dentária superior (APUD Nelson, 1951). 27 Ancoragem é a resistência das estruturas dentofaciais frente a uma força aplicada, e ela pode ser obtida de diferentes maneiras. As estruturas que oferecem essa resistência podem ser apenas os dentes, os dentes unidos a outras estruturas alveolares por meio de placas, ou até mesmo suportes extrabucais. Higley em 1969, discutiu este tema utilizando a opinião de alguns autores. Os trabalhos de Renfroe e Hopkins foram citados como os de referência nesse assunto. Há vários tipos de aparelhos usados para promover a ancoragem adequada e cada profissional defende o uso de um modelo próprio, seja este por vestibular ou lingual, flexível ou não. Portanto, a ancoragem extrabucal representa um mecanismo de ancoragem que pode ser utilizado em larga escala na Ortodontia. Durante mais de 40 anos, a ancoragem extrabucal foi relegada ao esquecimento devido à introdução na Ortodontia dos elásticos intermaxilares, porém houve uma grande incidência de recidiva dos casos tratados com expansão dos arcos. Então Oppenheim (1936) reavivou seu uso através de uma força extrabucal apoiada por um casquete, exercendo tração para distal sobre os molares superiores de uma atriz que não poderia desempenhar seu trabalho profissional se usasse um aparelho ortodôntico fixo para corrigir uma maloclusão de Classe II, 1ª divisão. Através do uso deste aparelho durante o período noturno apenas, ele percebeu uma impressionante melhora no relacionamento dentário e na aparência facial, o que o estimulou a utilizar em outros pacientes o mesmo método. Ele atribuiu o sucesso do tratamento devido à aplicação de forças leves e intermitentes, que surtiriam efeito de correção da maloclusão estabelecida sem agredir os tecidos dentais e periodontais. Kloehn (1947) objetivou em seu estudo guiar o crescimento alveolar e a erupção dental para reduzir o tempo de tratamento, e produzir uma boa relação dentária e facial nos casos de maloclusão de Classe II, 1ª divisão. Para tanto, fez uso em seus pacientes, do aparelho extrabucal, numa época em que os primeiros molares permanentes estariam totalmente irrompidos, alegando ser a época propícia para o início do tratamento. Assim, se aproveitaria o máximo do potencial de crescimento dos maxilares, desenvolvendo o efeito de reter o crescimento maxilar, permitindo que a mandíbula crescesse normalmente para baixo e para frente. Ele ressalta que a importância do aparelho extra bucal – AEB, vai além do alinhamento dentário, trata-se de uma correção das bases ósseas alveolares capaz de determinar mudanças no perfil do paciente. Diferentemente ocorre nos casos de 28 Classe II, 1ª divisão tratados com a extração de pré molares, onde o alinhamento dentário também é conseguido, porém não há grandes vantagens na estética facial. O tratamento por meio da ancoragem extrabucal cervical, foi avaliado por Epstein (1948) em 138 pacientes portadores da maloclusão de Classe II, 1ª divisão que apresentavam dentadura mista. A correta relação ântero-posterior dos primeiros molares superiores foi conseguida na maioria dos casos através da distalização dos molares superiores. Entretanto, a correta relação dentária também ocorreu devido ao AEB ter promovido apenas a estabilidade sagital dos molares superiores, permitindo o crescimento normal da mandíbula para anterior. Nelson em 1951 relatou cinco pontos importantes com relação à ancoragem extrabucal - Possibilidade de expansão do arco superior; - Capacidade de mudar a relação mesiodistal dos dentes superiores e inferiores; - Auxilia na ancoragem intrabucal; - Contenção dos dentes que estão sendo movimentados; - Uso associado com forças intermitentes. Ele ainda evidenciou a vantagem da aplicação da força ser realizada em apenas dois molares ou num pequeno grupo de dentes. No ano seguinte, Nelson (1952) desenvolveu outro estudo sobre as possibilidades e limitações da ancoragem extrabucal no tratamento da Classe II, 1ª divisão. Para isso acompanhou alguns casos clínicos de pacientes com dentição mista, num tempo médio de seis meses. Confirmou que os molares podem ser mantidos ou movidos distalmente através da realização de tratamento com o aparelho extrabucal, permitindo que os outros dentes também possam ser movimentados para distal, corrigindo-se a protrusão alveolar superior. Complementando seu estudo, ainda comentou que os ortodontistas estão seguindo a linha de raciocínio pregada por Tweed, que enfatiza a importância da correta posição/inclinação dos dentes em seu osso basal, particularmente os incisivos, pois são os dentes que modelam o perfil do paciente. 29 Vinte casos de Classe II, 1ª divisão de Angle foram selecionados para este estudo de Cucalon (1955), numa idade média de 9 anos e 5 meses. Oito meninos e doze meninas foram tratados com aparelho extrabucal cervical e occipital para avaliação dos efeitos desses aparelhos sobre o movimento e crescimento dos processos alveolares. A radiografia cefalométrica desses pacientes foi analisada antes e após um período médio de treze meses do uso do aparelho. O autor concluiu que em ambos os grupos houve distalização dos primeiros molares superiores, sendo que na tração cervical há um componente extrusivo presente. Não há influência desse aparelho sobre a mandíbula, entretanto houve a correção da Classe II, pois a mandíbula mantém seu crescimento natural para frente e para baixo. Sendo assim, o sucesso depende muito do crescimento e desenvolvimento desta estrutura, uso correto do aparelho e cooperação do paciente. Um estudo com 50 crianças apresentando maloclusão de Classe II, 1ª divisão de Angle com dentadura mista foi realizado por Mathews, em 1956. O tratamento foi realizado com ancoragem extrabucal cervical e occipital. O autor concluiu que houve correção da maloclusão e que todos os pacientes chegaram na relação molar de Classe I. Foi possível movimentar tanto os dentes posteriores quanto os anteriores para distal, a excelência do tratamento foi conseguida baseada na colaboração do paciente. Deve-se iniciar o tratamento no final da dentadura mista. Os segundos molares erupcionaram normalmente, não havendo casos de impacção; a resultante de força da ancoragem extrabucal cervical foi no sentido da terceira vértebra cervical; a extrusão que ocorreu nos pacientes que usaram AEB cervical auxiliou no tratamento da sobremordida exagerada. Um estudo a fim de averiguar os princípios mecânicos da ancoragem extrabucal através dos pontos de ancoragem occipital e cervical foi realizado em 1957 por Gould. Ele concluiu que ambos aparelhos promovem distalização dos molares superiores, e que o AEB cervical possui sempre um movimento de inclinação do molar devido à força ser também de extrusão, porém a direção do movimento dentário pode ser controlada de acordo com a inclinação dada ao braço externo do aparelho. No AEB occipital a direção dos elásticos realizam esse controle, pois no casquete a direção da força deve ser coincidente com o centro de resistência do molar. 30 Com o propósito de determinar as mudanças esqueléticas e faciais em pacientes Classe II, 1ª divisão, submetidos ao tratamento com aparelho ortodôntico associado à ancoragem extrabucal cervical, Blueher (1959) fez análises cefalométricas pré e pós-tratamento comparando-os com jovens de oclusão “normal”. A amostra era composta por 34 indivíduos, 17 meninos e 17 meninas. Na superposição dos traçados, o autor concluiu que, a maxila como um todo, foi mantida ou reposicionada para trás; a mandíbula pode ou não alterar sua posição, dependendo das características de cada paciente; nos meninos o plano mandibular se estabilizou ou diminuiu e, nas meninas a tendência foi de um leve aumento. O plano palatal aumentou, podendo ter havido possibilidade de erro no traçado. Não houve diferenças significativas de resultados entre os sexos, mas sim variações individuais de cada paciente como resposta tissular ao tratamento, cooperação no uso do aparelho e tempo de utilização. Ricketts (1960), efetuou um estudo longitudinal em quatro grupos de pacientes nos quais avaliou a influência do tratamento ortodôntico com o Aparelho Extrabucal cervical no crescimento e desenvolvimento craniofacial. Um grupo Classe II para controle e outros três grupos tratados: o primeiro com ancoragem extrabucal; o segundo com elásticos intermaxilares e o terceiro com ambos. O método de análise dos casos foi através de traçados das telerradiografias em norma lateral, analisando áreas da base do crânio, mandíbula, componentes maxilares, incisivos, molares e crescimento do nariz. Concluiu que a maxila sofreu grande alteração quando comparada ao grupo controle, pois se o AEB for usado de 12 à 14 horas por dia, há alteração no plano palatal, espinha nasal anterior e do ponto A (ponto de maior concavidade da região anterior da maxila). Pôde observar real movimento para distal dos molares, o que o levou a concluir que podemos redirecionar o crescimento a partir de um tratamento bem indicado. Kloehn, em 1961 publicou outro artigo a cerca da evolução no tratamento com a força de ancoragem extrabucal cervical. Prova através de seus casos clínicos que o AEB cervical não somente age distalizando molares superiores, como também, inibindo o crescimento para anterior da maxila e do processo alveolar superior. Salienta que devemos sempre atentar para as características individuais de cada paciente: tipo de crescimento facial, plano oclusal, plano mandibular, cooperação do paciente, para poder desenvolver um bom plano de tratamento. O sucesso do 31 tratamento com o AEB cervical depende da força (deve ser leve), tempo de uso (sete noites por semana, por no mínimo 12h) e direção do braço externo (depende do efeito que se deseja). Foram analisados sete casos de maloclusão de Classe II, 1ª divisão tratados com AEB cervical, onde todos tiveram como resultado estabilidade oclusal e boa harmonia facial. Pôde concluir que o tratamento é bem sucedido e estável se houver um equilíbrio dinâmico, morfológico e genético do paciente. Poulton (1967) avaliou a influência dos três tipos de tração extrabucal nos dentes superiores de pacientes com subdesenvolvimento mandibular e protrusão maxilar. Concluiu que os três são capazes de promover a distalização dos molares superiores, devendo ser utilizados ainda na dentadura mista. As mudanças nas estruturas maxilares, bem como nos dentes e processo alveolar depende do tipo de força extrabucal utilizada. Forças extrabucais com componente extrusivo nos molares superiores realizadas pela tração cervical, pode alterar a posição e direção de crescimento mandibular, sendo que estas resultantes geralmente não são desejadas, pois alteram o plano mandibular. Entretanto este ângulo dificilmente é aumentado quando o paciente está na dentadura mista, pois ocorre crescimento na área da cabeça da mandíbula compensando a extrusão do molar. Por fim, o autor enfatizou que, a força extrabucal aplicada deve ser selecionada de acordo com a particularidade de cada caso, tipo de maloclusão e perfil facial. O controle da magnitude, direção e duração da força extrabucal foi o tema estudado por Armstrong em 1971. No qual ele fez uma proposta de abordar dois aspectos: O primeiro, demonstrar a aplicação clínica da magnitude, direção e duração da força extrabucal, e o segundo, demonstrar três variáveis mecânicas da força extrabucal no tratamento das maloclusões de Classe II. De acordo com a magnitude de força definiu que ela deve ser conhecida, pesada e horizontal. A direção do braço externo do arco extrabucal deve estar passando no centro de resistência do primeiro molar superior, para que este tenha um movimento de distalização com o mínimo de inclinação. A duração da força deve ser contínua ou intermitente. Ainda definiu que as variáveis mecânicas da força extrabucal são: tração cervical, tração occipital e tração alta. 32 O efeito das forças extrabucais cervicais no desenvolvimento craniofacial foi estudado por Wieslander, em 1974. Avaliou as mudanças na direção do crescimento maxilar e a influência das estruturas anatômicas adjacentes frente a essas forças. Para isso selecionou 28 casos de pacientes nas idades entre 12 a 14 anos tratados com AEB cervical. O tempo médio de tratamento foi de 2 anos e 8 meses e o resultado foi avaliado através de comparação de radiografias em norma lateral. O autor chegou às seguintes conclusões: a força aplicada sobre a maxila produziu distalização e mudança no crescimento, reposicionando-a mais para posterior e levemente inferior; melhorou a relação maxilomandibular. Houve mudança na direção de crescimento da maxila de 2mm para posterior combinado com movimento dentoalveolar distal de 3mm, chegando a 5mm de distalização dos molares superiores; também observou a rotação da mandíbula no sentido horário devido à leve extrusão dos molares superiores. Thurow, em 1975 avaliou a correção e o controle dos dentes a partir do uso de mecanismos ortopédicos sobre a estrutura craniomaxilar. Estudou os efeitos das trações alta e cervical. Encontrou que a força resultante depende da combinação dos vetores horizontais e verticais no molar, sendo que o arco facial atua como se fosse uma extensão deste. A tração cervical possui efeitos de distalização e extrusão da maxila, devendo ser evitada em pacientes com tendência de crescimento vertical. Os resultados da pesquisa incluem correção da maloclusão de Classe II, quando usado precocemente e a restrição do crescimento maxilar. Chaconas, Caputo e Davis (1976) realizaram estudo sobre os efeitos das forças ortopédicas representadas pelo AEB cervical e de puxada alta sobre o complexo craniofacial, e na correção da maloclusão de Classe II, 1ª divisão. Para isso, utilizaram um modelo tri-dimensional que reproduzia o crânio humano, usando um material birrefringente capaz de imitar ossos, dentes e ligamento periodontal. A força aplicada sobre o modelo apresentou um vetor distal de 2.500g F. Tanto a tração cervical quanto a alta geraram stress visual sobre o modelo; a ancoragem extraoral transmitiu forças sobre os molares superiores, transmitidas para os alvéolos. Na puxada cervical ocorreu inclinação sobre o molar superior; as forças aplicadas sobre os molares são dissipadas para as estruturas craniofaciais circundantes; o plexo pterigóide, o osso esfenóide, arcos zigomáticos, sutura maxilar com ossos lacrimal e etmoidal e os dentes maxilares são todos afetados sobre as 33 forças extraorais. Somente a tração cervical produziu stress no processo frontal da maxila e na sutura zigomaticofrontal. Também mostrou tendência de abertura do palato na região posterior e a tração alta produziu forças de compressão na região da sutura maxilar, abaixo da espinha nasal anterior. Os autores ainda concluem dizendo que as forças produzidas e dissipadas pelo AEB cervical são mais expressivas que as geradas pelo AEB de tração alta, o que demonstra ser um aparelho mais efetivo nas mudanças ortopédicas do complexo craniofacial. Bass, em 1982, estudou a ortopedia dento-facial na correção da maloclusão de Classe II. Iniciou definindo que a Classe II esquelética é caracterizada por uma protrusão tanto da maxila quanto dos dentes superiores com relação à mandíbula e dentes inferiores. Explicou a ação da musculatura orofacial, que exerce profunda influência no desenvolvimento da face e dentição. Concluiu explicando as vantagens do tratamento com ortopedia facial em pacientes Classe II esquelética: a - harmonia da face, possibilitando um perfil favorável na maturidade; b - harmonia da musculatura orofacial com os dentes; c- redução das cirurgias maxilo-faciais; d- facilidade na terapia ortodôntica corretiva; e - redução de fraturas ou avulsões dentárias dos incisivos superiores; f - a rápida correção sagital serve como motivação para o paciente e seus familiares; g- o sucesso se dá quando da manutenção dos resultados obtidos. Em 1979, Baumrind et al., avaliaram o deslocamento do maxilar e do 1º molar superior para distal em 198 pacientes com maloclusão de Classe II, 1ª divisão durante tempo médio de 3 anos. Para isso foram utilizados vários tipos de trações: 62 tratados com tração extrabucal cervical; 8 com tração occipital; 53 com tração alta; 14 combinadas e 61 com tração intrabucal. Os pacientes, que possuíam dentadura mista, foram radiografados em norma lateral pré e pós-tratamento. Os resultados partiram da sobreposição dos traçados cefalométricos pré e pós, tendo como referência o plano oclusal, a cúspide mésiovestibular do 1º molar superior e a 34 espinha nasal anterior. Concluíram que em 80 pacientes (40% dos casos) ocorreu distalização tanto da cúspide do molar quanto do seu ápice, e quanto à maxila ocorreu esse reposicionamento para distal em 74 pacientes (37% dos casos). Em 1989 Boecler et al., fizeram avaliações cefalométricas pré e póstratamento de 200 crianças (76 meninos e 124 meninas) com maloclusão de Classe II tratadas com a terapia ortodôntica Edgewise associado ao tratamento extraoral. Os pacientes foram separados em três grupos: um grupo tratado com extrabucal cervical, outro grupo tratado com extrabucal combinado (cervical + occipital) e outro grupo sem tratamento para controle. O tempo médio de tratamento foi 14 meses para os meninos e 10 meses para as meninas. O tempo de uso foi de 12 à 14h por dia numa força de 16 onças. Os resultados mostraram que os dois grupos que usaram aparelho extrabucal tiveram redução na discrepância maxilomandibular ântero-posterior e melhora na discrepância esquelética da maloclusão de Classe II quando comparada ao grupo não tratado. Observaram que não houve diferenças no plano palatino, apenas um leve aumento do plano mandibular com AEB cervical, porém este aumento não foi significativo por se tratar de pacientes em fase de crescimento. O uso da tração extrabucal com aparelhos removíveis foi estudado por Rock, em 1990. O autor explica que a tração extrabucal pode ser aplicada de duas maneiras no tratamento ortodôntico: prevenir o movimento para anterior dos dentes de ancoragem e promover movimento distal dos molares e dentes anteriores. Também ressalta que sua aplicação pode solucionar casos de difícil tratamento, inclusive facilitando um tratamento com prognóstico desfavorável. O tratamento deve ser feito com a aplicação de uma força de 450gF quando se requer a distalização dos molares e 250gF é suficiente para estabilizar a posição do dente de ancoragem. O tempo ideal de uso está entre 12 à 14h por dia. Turner, 1991, estudou a tração extrabucal, sua utilização na correção da maloclusão de Classe II, 1ª divisão, sua capacidade de distalização dos molares superiores e de diminuição do overjet presente nesta maloclusão, proporcionando espaço para o alinhamento dental. Também relatou a restrição do crescimento maxilar, auxilio na ancoragem intrabucal e, se necessário, rotações, intrusão e extrusão de dentes. O autor descreveu como fator na hora da escolha do aparelho 35 extrabucal a direção da força que se deseja aplicar de acordo com o tipo de maloclusão estabelecida. O aparelho de tração alta tem vetor de força passando acima do plano oclusal, o de tração occipital passa mais ou menos no nível do plano oclusal e o de tração cervical passa abaixo do plano oclusal. Ele ressalta que se deve escolher a magnitude da força aplicada (média 350 a 500g), as horas de uso diária e o tempo total de uso do aparelho de acordo com cada caso e cada paciente. Além disso dependemos da colaboração do paciente e as variações biológicas de resposta ao tratamento. Conclui que a tração alta gera distalização com intrusão dental, a occipital distalização de “corpo” e a tração cervical gera distalização com extrusão dentária, sendo que a inclinação da coroa do molar ocorre de acordo com a inclinação do braço externo do AEB. Para avaliar mudanças verticais nos pacientes em crescimento portadores de maloclusão Classe II, 1ª divisão de Angle, Burke e Jacobson (1992) realizaram tratamento ortodôntico com extrabucal cervical e occipital e acompanharam radiograficamente. Num total de 53 casos, 32 tratados com AEB occipital e 21 com AEB cervical. Não obtiveram mudanças estatisticamente significativas no ângulo do plano mandibular nos dois grupos. O mesmo ocorreu com a altura facial anterior, ou seja, não foi influenciada, os autores atribuem esse fato ao crescimento compensatório na área da cabeça da mandíbula, capaz de anular os efeitos de extrusivos dos molares superiores gerados por esses aparelhos. Houve redução do plano oclusal. Chamam atenção quando o paciente apresenta tendência ao crescimento vertical, nos quais não se pode aumentar o plano mandibular, pois tem como conseqüência aumento da altura facial ântero-inferior. Tanne, Matsubara, Sakuda (1993) realizaram uma pesquisa sobre a distribuição das forças no complexo maxilar através do uso do aparelho extrabucal. Para isso utilizaram um modelo tri-dimensional de um crânio humano que reproduzia todo complexo craniofacial. Foi aplicada uma força de 1,0 kgF nos primeiros molares superiores numa direção para posterior e paralela 30º abaixo do plano oclusal (tração cervical). Eles encontraram altas forças de cisalhamento (em maior magnitude) e de compressão nas seguintes estruturas: - sutura têmporo-zigomática (porção superior); - sutura esfeno-maxilar (porção inferior); 36 - sutura fronto zigomática (porção média); - lâmina crivosa (porção anterior); Em 1997, Gandini Jr., Martins e Gandini realizaram uma avaliação cefalométrica do tratamento da maloclusão de Classe II, divisão 1, por meio do aparelho extrabucal de Kloehn, seguido de aparelhagem fixa, em uma amostra de 45 indivíduos, comparando-a com o grupo controle de 30 pacientes portadores da mesma maloclusão, mas que não foram tratados. As telerradiografias iniciais (T1) e finais (T2) foram comparadas. A média de idade no início do tratamento foi de 10,23 anos para o grupo controle e 11,04 anos para o grupo tratado, sendo o intervalo de análise de 1,35 anos e 3,61 anos, respectivamente. A análise de dados permitiu concluir que o tratamento restringiu, de forma significativa, o crescimento para anterior da maxila, expresso pela diminuição da grandeza cefalométrica (ponto A) e da espinha nasal anterior. O plano palatino girou no sentido horário, em média, 0,14º por ano. Notou-se que o deslocamento ântero-posterior das bases ósseas foi melhorado, com significativa redução das medidas esqueléticas. A base mandibular não foi significativamente influenciada com o tratamento utilizado. Maltagliati et al., em 1999 realizou um estudo comparativo das alterações dentoesqueléticas da maloclusão de Classe II, 1ª divisão de Angle, em 75 jovens sem tratamento e tratados com aparelho extrabucal. Os pacientes foram divididos em três grupos (com 12 meninas e 13 meninos cada): o grupo 1 composto por pacientes sem tratamento (controle), grupo 2 tratados com aparelho removível conjugado à ancoragem extrabucal cervical, grupo 3 com terapia ortodôntica fixa associada ao aparelho extrabucal cervical. Utilizaram as radiografias cefalométricas em norma lateral pré e pós-tratamento e submeteram os resultados a teste estatístico. O padrão de crescimento facial apresentou pequenas modificações, a altura facial ântero-inferior aumentou em todos os grupos, porém, no grupo 2, foi significativamente menor. A maxila apresentou um crescimento ântero-inferior contínuo no grupo sem tratamento, e, nos grupo tratados, exibiu restrição significativa do seu crescimento anterior. A relação maxilomandibular, no grupo controle, obteve melhora insignificante, promovendo a manutenção da discrepância esquelética da maloclusão de Classe II, 1ª divisão, e nos grupos tratados houve sensível melhora (diminuição do ângulo ANB). No grupo 1, os molares superiores 37 extruíram e mesializaram, no grupo 2, foram retruídos, exibindo inclinação distal, no grupo 3, houve distalização acompanhada de inclinação mesial. Billet, Pauw, Dermaut (2001) realizaram um estudo experimental para localizar o centro de resistência dos dentes superiores e do complexo nasomaxilar, bem como o resultado de diferentes forças aplicadas nesses locais. Para isso usaram um crânio humano macerado como modelo experimental. Aplicaram 8N de força em diferentes pontos, simulando um arco extrabucal de puxada alta e outro de puxada cervical. De acordo com os resultados, as forças aplicadas através dos aparelhos extrabucais influenciaram no desenvolvimento do complexo facial. Translação pura da maxila foi observada quando o vetor de força passava na área correspondente ao Key-ridge (abaixo do processo zigomático do complexo maxilar), local que corresponde ao centro de resistência da maxila. Quando a aplicação da força se dava acima do centro de resistência ocorria inclinação da maxila no sentido anti-horário. Da mesma forma, forças abaixo do centro de resistência provocavam movimento de inclinação da maxila no sentido horário. Lima Filho e Lima, em 2003, avaliaram as modificações do crescimento em crianças com maloclusão de Classe II esquelética, 1ª divisão, pelo aparelho de tração cervical. O aparelho extraoral tipo Kloehn, segundo o autor, utilizado com forças de elevada magnitude, pode alterar consideravelmente o ângulo ANB. Também ocorre mudança no perfil tegumentar de muito convexo chegando até ao côncavo. O enrugamento do queixo, devido à necessidade de ativar o músculo mentoniano para obtenção de selamento labial, geralmente pode desaparecer após o tratamento. Concluíram que o uso do extraoral de Kloehn com o arco externo elevado e o interno expandido, é muito eficiente na modificação do crescimento durante a correção da Classe II esquelética em crianças. Lima Filho, Lima e Ruellas, também em 2003, realizaram um estudo longitudinal para avaliar alterações no ângulo ANB em pacientes com maloclusão de Classe II esquelética, submetidos ao tratamento com o aparelho extrabucal de Kloehn no final da dentadura mista ou início da dentadura permanente. Utilizaram, para isso, 120 telerradiografias nas fases pré-tratamento, pós-tratamento e póscontenção. As grandezas cefalométricas foram analisadas para comparação obtendo-se, como resultado, que a discrepância maxilomandibular foi corrigida com 38 a utilização do aparelho extrabucal de Kloehn, e que o tratamento foi eficaz na correção da maloclusão de Classe II esquelética, que se manteve estável a longo prazo. Com o intuito de verificar a estabilidade da distalização dos molares superiores promovido pelo AEB cervical, Melsen; Dastra (2003) avaliaram os resultados de uma amostra composta por 20 pacientes (12 do sexo masculino e 8 do feminino) com maloclusão de Classe II, na fase da dentadura mista, com idade inicial variando de 8,1 a 10,4 anos. Antes do início do tratamento foram inseridos marcadores intra-ósseos de titânio, sendo fixados quatro na maxila e cinco na mandíbula. Os pacientes utilizaram o AEB cervical 12h por dia, por um período de 8 meses. Destes, em 10 pacientes o braço externo foi angulado 20º para cima (Grupo 1) e nos demais (Grupo2), o braço externo foi angulado 20º para baixo, em relação ao plano oclusal. Com a análise de quatro telerradiografias em norma lateral (inicial, após três meses da instalação dos implantes, oito meses de uso do AEB e sete anos do final do tratamento). Os autores verificaram que quando a linha de ação de força do AEB passa abaixo do centro de resistência dos molares (Grupo 2), estes apresentaram um maior movimento de inclinação distal da coroa, apresentando uma rotação do molar no sentido horário. Apesar das diferentes direções verticais das forças, não houve diferença entre os dois grupos em relação à posição vertical dos molares superiores. Também não se observou diferença significativa entre os grupos na comparação do deslocamento distal dos molares superiores durante todo o período observado. Os autores concluíram que a chave de oclusão obtida com o AEB não se mostrou mais estável quando comparada aos aparelhos funcionais ou a outros aparelhos intrabucais. Os efeitos do tratamento ortodôntico na rotação e desenvolvimento mandibular em pacientes com maloclusão de Classe II, 1ª divisão, foram estudados por Phan et al em 2004. Utilizaram um estudo retrospectivo cefalométrico pré e pós tratamento em 30 pacientes (15 meninos e 15 meninas) com média de 12,27 anos de idade, comparados com 28 indivíduos não tratados (15 meninos e 13 meninas) com media de idade de 12,01 anos. O primeiro grupo foi tratado sem extrações dentárias, e com uso de aparelho funcional (AEB tração alta e cervical) associado à aparatologia ortodôntica fixa. No grupo tratado houve redução do prognatismo maxilar, reduzindo a convexidade facial e a discrepância maxilomandibular. Redução 39 do overbite e overjet no grupo tratado e os molares superiores sofreram extrusão quando do uso do AEB cervical. Porém não houve diferenças significantes na rotação mandibular quando comparado ao grupo controle. Isto ocorre devido ao crescimento na área da cabeça da mandíbula. Ramos e Lima (2005) estudaram as mudanças no perfil esquelético de pacientes Classe II submetidos a tratamento ortodôntico fixo associado ao aparelho extrabucal cervical. Foram analisadas radiografias cefalométricas de 30 pacientes brasileiros (17 meninas e 13 meninos) com média de idade de 11,1 anos no início do tratamento e 15,1 anos no final. Fizeram parte do grupo controle 30 canadenses (13 meninas e 17 meninos) com idades de 6, 9, 12, 14 e 16 anos, pacientes da Universidade de Toronto, que nunca realizaram tratamento ortodôntico. Nos pacientes do grupo controle, a maxila teve a tendência de continuar seu desenvolvimento para frente, o que não foi observado no grupo em tratamento. A convexidade do perfil facial diminuiu significativamente nos pacientes brasileiros tratados, e nos canadenses não tratados houve também redução nos pacientes de 6 anos e 9 anos de idade. A mandíbula desenvolveu seu potencial de crescimento para anterior no grupo dos pacientes brasileiros em todas as faixas etárias, enquanto que nos pacientes canadenses apenas na faixa etária dos 9 e dos 16 anos Gimenez; Bertoz; Bertoz, em 2007, realizaram estudo em pacientes com maloclusão de Classe II, 1ª divisão tendo estes a característica principal de protrusão maxilar na fase de crescimento e desenvolvimento craniofacial que tivessem sido tratados com aparelhos ortopédicos. Os aparelhos foram avaliados quanto a seus componentes, forma adequada de utilização, mecanismos de ação e, principalmente, os seus efeitos em todo complexo dentofacial. A amostra constou de telerradiografias em norma lateral de 50 jovens, de ambos os sexos, com média de idade de 10 anos, divididos em 2 grupos: tratados com ancoragem extrabucal cervical e tratados com aparelho removível conjugado a esta. Concluíram que não ocorreram alterações no padrão de crescimento nos 2 grupos; a maxila mostrou restrição de crescimento e a mandíbula apresentou crescimento nos 2 grupos; o ângulo nasolabial (ANL) não foi alterado significativamente, porém o de convexidade (NAP) mostrou-se significativamente diminuído; os incisivos superiores apresentaram uma verticalização significativa, enquanto os incisivos inferiores não tiveram grandes alterações de suas posições originais; os molares superiores 40 distalizaram nos 2 grupos, embora o grupo de ancoragem extrabucal cervical tenha sido observada extrusão. Os resultados encontrados mantiveram-se consistentes a longo prazo. Oliveira e Bernardes, em 2007, avaliaram cefalometricamente as alterações verticais e ântero-posteriores em paciente tratados com aparelho de tração cervical ou combinada. Utilizaram 60 telerradiografias de perfil, pré-tratamento e pós- tratamento, de 30 indivíduos leucodermas, 13 do gênero masculino e 17 do gênero feminino, portadores de maloclusão Classe II esquelética, tratados pelo mesmo ortodontista, sendo 15 indivíduos tratados com extrabucal de tração cervical associado ao aparelho fixo Edgewise (grupo 1) e os outros 15 com AEB de tração combinada associado ao mesmo tipo de aparelho fixo (grupo2). A idade média do grupo 1 foi de 10,7 anos no pré-tratamento e 13,9 anos no pós-tratamento. A idade média do grupo 2 era de 11,5 anos no pré-tratamento e 14,9 anos no póstratamento. Não houve alteração significativa no padrão de crescimento facial durante o tratamento em nenhum dos grupos avaliados. Nos pacientes do grupo 2, que possuíam tendência de crescimento vertical, o aparelho extrabucal de tração combinada, mesmo não provocando efeito extrusivo sobre os molares superiores, não foi capaz de diminuir o ângulo do plano mandibular. Nos dois grupos a maxila apresentou uma restrição no seu deslocamento anterior e verticalmente manteve-se estável. A mandíbula expressou seu crescimento e deslocou-se anteriormente, porém manteve sua inclinação inalterada. A relação maxilomandibular apresentou uma melhora significativa com redução sensível do ANB. 41 3 DISCUSSÃO Classe II, 1ª divisão Angle em 1899 já definiu a Classe II, 1ª divisão como uma relação mesiodistal deficiente dos arcos dentários, com todos os dentes inferiores ocluindo distalmente em relação ao padrão normal. Entretanto, estudos posteriores avaliaram se esta maloclusão partiria de uma deficiência mandibular ou excesso maxilar. Lundström em 1925, Fisk (1953), Henry (1957), Sassouni (1970) Woodside (1980), Moyers (1980), Proffit (1993), Karlsen (1999) afirmaram ser a causa da maloclusão de Classe II uma associação de alterações dentárias, e de modificações esqueléticas de origem hereditária. Assim, esta maloclusão tanto poderia advir de protrusão maxilar, quanto de retrusão mandibular. Da mesma forma, Renfroe (1948), Martin (1958), Servoss (1975), Bass (1982), Rothstein (2000), Palomoa; et al (2005) encontraram em seus estudos que além da mandíbula encontrar-se posicionada posteriormente nos jovens com maloclusão de Classe II, 1ª divisão, também a maxila em alguns casos encontrava-se protruída. Oppenheim (1928), Balbridge (1941), Higley (1948), Craig (1951), Vigorito (1973), McNamara Júnior (1981) Aidar; Scanavini (1989), Bishara (1997), Klocke; Nanda; Kahl-Nieke (2002) atribuíram a causa da maloclusão de Classe II pela falta de desenvolvimento mandibular e não por um excesso de crescimento maxilar. Drelich (1948), Riedel (1952), King (1962), Vale (1985), Carter (1987), Bertoz (2003), Freitas; Nouer (2003) em seus estudos concordaram com esses autores e acrescentaram que os incisivos superiores encontravam-se acentuadamente inclinados para vestibular. Kean (1958) Karlsen (1994) seguiram a mesma linha de raciocínio anterior conceituando como trespasse horizontal acentuado. Ursi; McNamara Júnior (1997), Bacceti, et al (1997), Henriques (1998), Maia (1998), Gergel; Almeida; Pinzan (2000), Brandão; Dominguez-Rodriguez; Capelozza Filho (2001), Casaccia (2003) acreditavam que as dimensões mandibulares estavam dentro do padrão de normalidade, porém com retrognatismo. Já Ngan; Byczek; Scheik (1997), Santos (2003) encontraram nos casos de maloclusão de Classe II 42 com retrusão associada a comprimento e corpo mandibular diminuídos, comparados ao grupo com padrão de Classe I. Os trabalhos de Maj; Luzi; Lucchese (1960), Rothstein (1971), Rosenblun (1995), You et al (2001) acreditavam que na maloclusão de Classe II, 1ª divisão ocorria um posicionamento anteriorizado da maxila e que o comprimento mandibular não apresentava grandes variações. Ancoragem Extrabucal tipo Kloehn (tração cervical) A maloclusão de Classe II caracterizada, segundo Kloehn (1947), por um crescimento do processo alveolar e dentes superiores para anterior, pode ser corrigida interceptando-se este crescimento através do uso do aparelho extrabucal. Assim, é possível que a mandíbula cresça para baixo e para frente, corrigindo-se esta maloclusão. Epstein (1948), Boecler et al (1989), observaram correção da relação dos primeiros molares permanentes, numa maloclusão Classe II, 1ª divisão através do uso do aparelho extrabucal cervical. Nelson (1952) e (1953) encontrou os mesmos resultados dentários, acrescentando que o AEB cervical pode ser usado também para aumentar o comprimento do arco e reforçando a ancoragem intrabucal. Cucalon (1955), Mathews (1956), Wieslander (1974), Baumrind (1979), Firouz; Zernick; Nanda (1992), Billet; Pawn; Dermaut (2001), Melsen; Dastra (2003), Phan; et al (2004) frisaram que a ancoragem cervical propicia um movimento distal de corpo e de extrusão nos primeiros molares (o que auxiliaria o tratamento nos casos de sobremordida exagerada), devido à leve rotação horária da mandíbula. Segundo Blueher (1959), Gandini Jr.; Martins; Gandini (1997), Maltagliati (1997) além do AEB cervical servir como interceptador do crescimento maxilar, permitindo uma recolocação mandibular, causa extrusão dos molares que aumenta o plano mandibular, diminui o plano oclusal e aumenta a altura ântero-inferior. Para Ricketts (1960), Davis (1976) isto se explica porque o crescimento da maxila para frente é redirecionado para baixo e para trás pelo AEB cervical. Para Poulton (1967) a extrusão dos molares influencia na posição da mandíbula, porém em alguns casos o crescimento subseqüente na área da cabeça da mandíbula pode compensar essa 43 extrusão. Mas salienta a importância de se fazer a seleção do tipo de AEB de acordo com o caso, levando-se em consideração a maloclusão e o tipo facial. Turner (1991) considerou todas indicações do AEB cervical: inclinação de dentes para ganho de espaço, restrição do crescimento maxilar pelo seu redirecionamento, reforço de ancoragem e extrusão de dentes. Gould (1957), Armstrong (1971) ainda atentariam à importância de se manter a direção da força coincidente com o centro de resistência do dente. Para isso, deve-se ajustar continuamente o braço externo do arco facial para cima ou para baixo. Kloehn (1961) ressalta que o AEB cervical proporciona um bom equilíbrio facial e uma oclusão estável, quando do uso com forças suaves. Rock (1990) recomenda uso de 14h por dia, com uma força de 450g em cada lado, até a distalização desejada dos dentes, quando a força é diminuída para 250g para a contenção da relação molar conseguida. Lima Filho; Lima (2003), Lima Filho; Lima; Ruellas (2003), Ramos; Lima (2005), Gimenez; Bertoz; Bertoz (2007) recomendam forças de elevada magnitude no uso do AEB cervical, e, quando eleva-se seu arco externo, expandindo o interno, pode-se modificar o crescimento e corrigir Classe II esquelética em crianças. Também salientam a mudança no perfil tegumentar de muito convexo chegando até ao côncavo. Burke; Jacobson (1992), Henriques, et al (2000), Oliveira; Bernardes (2007) verificaram que o AEB cervical não aumentou significativamente a dimensão vertical, não alterando as medidas do plano mandibular, nem aumentando a altura facial. Além disso, houve significativa redução do no ângulo do plano oclusal. 44 4 CONCLUSÃO De acordo com a presente revisão de literatura podemos concluir os seguintes efeitos do Aparelho Extrabucal tipo Kloehn: - Intercepta o crescimento maxilar, permitindo que a mandíbula cresça para baixo e para frente; - Possibilita o movimento distal de corpo e de extrusão nos primeiros molares superiores; - Aumenta o comprimento do arco maxilar em função da distalização do 1º molar superior e reforça a ancoragem intrabucal; - Corrige o overjet aumentado; - Promove leve aumento do plano mandibular e da altura facial inferior devido à mecânica extrusiva dos molares superiores, quando há pouca ou nenhuma compensação pelo crescimento da cabeça da mandíbula; - Corrige o overbite aumentado; - Proporciona bom equilíbrio facial e oclusão estável; - Muda o perfil tegumentar de muito convexo, podendo chegar ao côncavo; - Os efeitos do Aparelho Extrabucal de Kloehn dependem da magnitude de força utilizada (ortopédica ou ortodôntica), tempo de uso, da linha de ação de força, que é analisada de acordo com a inclinação do braço externo do arco extrabucal, e por fim, da resposta do crescimento e desenvolvimento individual de cada paciente. 45 REFERÊNCIAS ACKERMAN, J. 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