JS - Junho de 2014 - Página 3 Abuso em tarifa de táxi no Ponto Fixo do Aeroporto Salgado Filho Textos e foto Tomás Sá Pereira Colaboração Cíntia Marchi - Correio do Povo M atéria investigativa, veiculada na edição do dia 2 deste mês, no jornal Correio do Povo, do Grupo Record, dá conta que os taxistas vinculados à Cooperativa dos Motoristas Profissionais Autônomos do Aeroporto Internacional Salgado Filho (Cootaero), estariam logrando os passageiros que pagam antecipadamente as corridas com cartões de crédito e débito. Os dirigentes da cooperativa atribuíram os “possíveis enganos” aos atendentes “inexperientes”. Os valores abusivos foram verificados em quatro corridas pagas com cartão, entre os dias 22 e 27 do mês passado. Uma tabela formatada pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) estipula os valores aproximados para diversos pontos da capital. No entanto, a lista de preços está sendo desprezada no momento da cobrança no balcão da Cootaero. O trajeto até o Sheraton Porto Alegre Hotel, na Rua Olavo Barreto Viana, 18, Moinhos de Vento, distante 7,8 quilômetros do terminal aeroportuário, deveria custar, na bandeira 1, cerca de R$ 24,00. No entanto, no dia 26 do mês passado custou R$ 35,00 (45,84% acima do estabelecido). O mesmo ocorreu na corrida até o Hotel Intercity Premium Porto Alegre, na Av. Borges de Medeiros, 2145, Praia de Belas, distante 11,9 quilômetros do Salgado Filho: a tabela manda cobrar R$ 35,00, mas o usuário pagou R$ 50,00 (42,86% a mais). Até o Estádio Gigante da Beira-Rio, onde acontecerão os jogos da Copa do Mundo, na Av. Padre Cacique, 891, Praia de Belas, distante 13 quilômetros do aeroporto, o trajeto custou R$ 60,00, quando deveria ser R$ 34,80 (72,42% a mais). Em todas as corridas realizadas os passageiros não tinham bagagens. Cobrança O Decreto Municipal nº 15.255, de 18/07/2006, autoriza a cobrança antecipada das corridas para pagamento com cartões de crédito e débito. A EPTC mapeou Porto Alegre definindo os valores médios das corridas conforme a distância a partir do Aeroporto Internacional Salgado Filho. Só que a tabela não é divulgada para a população, permanecendo escondida no balcão da Cootaero. “Um serviço público tem que ficar à mostra de todos. Esta tabela deveria estar disponível no site da EPTC, na grande imprensa e num mural junto da Cootaero para que os passageiros possam visualizar os preços das corridas.” O comentário é do presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari. O dirigente sindical lamenta a falta de fiscalização por parte da EPTC que permitiu a cobrança excessiva dos valores das corridas. “Se a tabela, elaborada pelo poder público municipal, fosse amplamente divulgada, certamente não passaríamos por esta situação. Agora a denúncia está no ar e a categoria atingida. Este caso não pode ser abafado. A verdade precisa vir à tona e os responsáveis punidos na forma da lei. O Sintáxi vai cobrar atitude dos representantes da EPTC, da Decom e do MP. É muito fácil colocar a culpa numa funcionária que recebe ordens do chefe. Mais uma vez a categoria é prejudicada por atitudes de incompetentes e ressentidos que só sabem criticar, pois quando assumem qualquer tipo de administraçao submetem a classe ao vexame público de ser considerada desonesta, pois não apresentam nenhuma explicação convincente para as denúncias Publicadas na imprensa. Todos nós já estamos cansados de saber, a mentira tem pernas curtas...”, desabafa Nozari. Delegado Eduardo Coutinho, titular da Decom e Luiz Nozari, presidente do Sintáxi Polícia Civil investiga a denúncia O titular da Delegacia de Polícia de Proteção ao Consumidor (Decom), delegado Eduardo de Azeredo Coutinho, abriu inquérito e está investigando a denúncia veiculada no jornal Correio do Povo, do Grupo Record. No dia 5 deste mês ele recebeu, em seu gabinete, os representantes da direção do Sintáxi, Luiz Nozari, Adão Ferreira de Campos e o assessor jurídico da entidade, Alexandre Luís Camargo. Na oportunidade os dirigentes sindicais apresentaram o exemplar do Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa), onde foi publicado o Decreto Municipal nº 15.255, de 18/07/2006, autorizando a cobrança antecipada das corridas de táxis com cartões de crédito e débito. Coutinho já havia tomado os primeiros depoimentos dos diretores da Cootaero e aguardava a entrega de outros documentos como a tabela elaborada pela EPTC. Os dirigentes do Sintáxi explicaram que, por força do decreto, o delegado poderia solicitar todas as cópias dos recibos das corridas de táxis da Cootaero dos últimos 12 meses e comparar os valores cobrados com a tabela elaborada pela EPTC. “A Cootaero é obrigada a guardar as cópias dos recibos das corridas pagas com cartões de crédito e débito por um período mínimo de 12 meses, desta forma, o delegado poderá fazer a comparação dos valores cobrados dos passagei-ros com a tabela fornecida pela EPTC e, assim, esclarecer, de forma definitiva, se houve ou não algum tipo de fraude”, relata Nozari. Para Nozari o caso precisa ser esclarecido e, se comprovada a fraude, os responsáveis devem ser punidos. Nos primeiros depoimentos os diretores da Cootaero alegaram que as funcionárias “inexperientes” teriam errado na cobrança dos valores. Chegaram a dizer para o delegado que a diferença dos valores cobrados poderia ser por excesso de bagagens, só que em todos os casos mostrados na reportagem do CP não existiam bagagens. Coutinho agradeceu o auxílio do Sintáxi e disse que “vai concluir o inquérito o mais breve possível e encaminhá-lo ao Ministério Público e à EPTC, para que sejam tomadas as medidas administrativas”, explica. Sequência Até o fechamento desta edição do JORNAL DO SINTÁXI, a direção do sindicato aguardava os pronunciamentos do promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Alcindo Bastos da Silva Filho e do diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Luís Cappellari. Foram solicitadas audiências com ambos, para acompanhar as providências tomadas por eles. “Em nome dos mais de 10 mil taxistas representados pelo Sintáxi, vamos exigir que o caso seja esclarecido e as providências tomadas conforme a legislação em vigor, para que todos os responsáveis sejam punidos de acordo com a lei. Não pode restar dúvidas sobre a postura honesta da categoria. É necessário recuperar, imediatamente, a nossa credibilidade, momentaneamente perdida, pois a consciência do usuário e nosso trabalho é o maior patrimônio que a categoria dispõe e isto não pode ser atingido em hipótese alguma ”, conclui Nozari.