Terceirão, Extensivo e Semiextensivo A IDADE MÉDIA E O PROBLEMA DOS UNIVERSAIS 1 Na Idade Média foi grande o debate sobre o problema dos universais. Este é um problema que diz respeito à ideia e sua relação com a realidade (entre voce e res). Existem 3 linhas de pensamento: 1) os realistas 2) os nominalistas 3) os realistas moderados OS REALISTAS Para estes a essência enquanto tal subsiste por sim mesma, ou seja, tem existência própria. Basta lembrar de Platão com seu mundo das Ideias onde a essência possui uma realidade fora das coisas que seriam apenas cópias da Ideia. OS NOMINALISTAS Para estes não existiria uma essência, nada existiria fora da individualidade. As coisas seriam tão diferentes umas das outras objetivamente, ou seja, na realidade, que não teriam nada em comum; todo conceito universal existente em nós, estaria apenas em nossas ideias e portanto seriam apenas nomes coletivos que damos às coisas. Por exemplo, o João, o Pedro, o Joaquim etc seriam tão diferentes na realidade que não se poderia dizer que eles têm algo em comum e portanto toda tentativa de os agrupar seria um ato totalmente subjetivo. Esta é a posição de Roscelin e de Guilherme de Ockham. OS REALISTAS MODERADOS Para estes tudo é individual, i.é., não existem seres universais com existência própria fora das coisas individuais, mas, diferentemente dos nominalistas, os realistas moderados defendem que a razão humana é capaz de fazer abstração das coisas individualizantes e apreender no individuo aquilo que ele tem em comum com outros. O universal só existe na inteligência e não na realidade, mas aquele tem por fundamento esta, não são apenas ideias sem vínculo com a realidade como querem os nominalistas. Esta forma de pensar denota o que é comum, ou seja, o modo de ser que é comum a todos os indivíduos da mesma espécie. Por exemplo, o João, o Pedro, o Joaquim etc. têm em comum o nosso modo de ser, i.é, são homens e o intelecto faz abstração das notas individuais e exprime aquilo que nós temos em comum (ser homem) por meio de um conceito. A essência existe individualizada no ser e o intelecto, fazendo 1http://renatosalles.blogspot.com.br/2008/12/o- problema-dos-universais.html abstração do que é individual, faz surgir no conceito o que é universal (que compreende todos os indivíduos daquela mesma espécie). Esta é a posição Pedro Abelardo e de São Tomás de Aquino. COMPREENSÃO E EXTENSÃO Um conceito pode ser visto de dois modos. 1) enquanto compreensão. 2) enquanto extensão Enquanto compreensão Enquanto compreensão o conceito se refere às notas (ou aspectos inteligíveis) que sustentam uma determinada essência. Ex1.: Animal possui as seguintes notas: é uma sustância, é um corpo vivo, é dotado de sensibilidade; Ex2.: Homem possui as seguintes notas: é uma sustância, é um corpo vivo, é dotado de sensibilidade, é racional. Como se pode notar a diferença entre homem e animal é apenas uma nota: a racionalidade; portanto o conceito Homem é superior, maior, que o conceito Animal, pois possui mais notas. Enquanto extensão Enquanto extensão o conceito se refere ao número de indivíduos que determinado conceito abarca, i.é. se refere à amplitude do conceito. Ex1.: Animal se refere a todos os indivíduos que possuem sensibilidade Ex2.: Homem se refere a todos os indivíduos que possuem alma racional Como Homem possui sensibilidade o conceito Animal abarca o conceito Homem enquanto extensão, sendo, portanto, Animal superior a Homem Uma Lei Geral no que concerne a Compreensão e a Extensão de um conceito é que estas são inversamente proporcionais, ou seja, quando maior a compreensão, menor a extensão e vice-versa: quanto maior a extensão, menor a compreensão. DIFERENÇAS ENTRE REALISTAS MODERADOS E NOMINALISTAS Para os nominalistas, o que constitui primeiramente um conceito é a sua extensão; Para os realistas moderados, o que constitui primeiramente um conceito é sua compreensão. Para os nominalistas, o que o conceito representa de real são os indivíduos; Para os realistas moderados, o que o conceito representa de real são as essências. Para os nominalistas, o conceito é subjetivo, pois não existe essência em si mesmas, são as ideias que fazem a coligação das notas; Para os realistas moderados, o conceito é objetivo pois expressa uma essência que existe no ser concreto.