Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 Aula 3 - Classificação de sinais Bibliografia OPPENHEIM, A.V.; WILLSKY, A. S. Sinais e Sistemas, 2a edição, Pearson, 2010. ISBN 9788576055044. Páginas 1-20. HAYKIN, S. S.; VAN VEEN, B. Sinais e sistemas, Bookman, 2001. ISBN 8573077417. Páginas 40-46. 1.6 Classificação de sinais • Nas aulas anteriores, vimos que um sinal, de forma geral é uma função (contínua ou discreta) do tempo. Veremos agora como podemos classificar os sinais segundo alguns critérios como simetria, periodicidade e energia. • Em cada caso, veremos as definições para sinais de tempo contínuo e discreto. 1.6.1 Classificação baseada na simetria 1.6.1.1 Sinais de tempo contínuo • Um sinal de tempo contínuo é dito par se ele satisfizer a condição x(− t ) = x(t ) , para todo t • Um sinal de tempo contínuo é dito ímpar se ele satisfizer a condição x(− t ) = − x(t ) , para todo t • Assim, os sinais pares são simétricos com relação ao eixo vertical ou origem dos tempos enquanto que os sinais ímpares são antisimétricos em relação à origem dos tempos. • Os sinais x(t ) = t 2 e x(t ) = t 3 são exemplos de sinal par e ímpar respectivamente. O gráfico destes sinais está mostrado a seguir. 1 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 • Qualquer sinal x(t ) pode ser decomposto numa soma de dois outros sinais, um par x p (t ) e outro ímpar xi (t ) , ou seja, x(t ) = x p (t ) + xi (t ) , (1) com x p (− t ) = x p (t ) e xi (− t ) = − xi (t ) • Trocando t por − t na expressão (1), temos: x(− t ) = x p (− t ) + xi (− t ) = x p (t ) − xi (t ) (2) • Resolvendo o sistema (1)-(2) para x p (t ) e xi (t ) , chega-se a: 1 xp ( t ) = ( x( t ) +x( −t ) ) 2 1 xi ( t ) = ( x( t ) −x( −t ) ) 2 1.6.1.2 Sinais de tempo discreto • De forma análoga ao que foi feito em tempo contínuo, definimos sinais de tempo discreto par e ímpar como: Sinal par: x[− n] = x[n] , para todo n . Sinal ímpar: x[− n] = − x[n] , para todo n . • Demonstra-se também, de forma análoga ao que foi feito antes, que qualquer sinal pode ser decomposto em uma componente par e numa componente ímpar. x p [n ] = 1 (x[n ] + x[− n ]) 2 1 xi [n ] = ( x[n ] − x[− n ]) 2 • A figura seguinte mostra exemplos de sinais de tempo discreto par e ímpar. 2 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 Exercícios 1. (MITRA, 2001; p.106) Determine a componente par e ímpar das sequências a seguir definidas no intervalo − 3 ≤ n ≤ 3 : (a) x[n] = {3; − 2; 0; 1; 4; 5; 2} (b) y[n] = {0; 7; 1; − 3; 4; 9; − 2} (c) w[n] = {− 5; 4; 3; 6; − 5; 0; 1} 1.6.2 Classificação quanto à periodicidade 1.6.2.1 Sinais de tempo contínuo • Um sinal x(t ) é dito periódico quando satisfizer a condição x(t ) = x(t + T ) para todo t e T é uma constante positiva. • O menor valor de T que satisfaz esta condição é chamado de período fundamental de x(t ) . • O inverso do período fundamental é a frequência fundamental, que, quando o período é medido em segundos, é dada em Hertz (Hz). f = 1 T • Também definimos a frequência angular do sinal, medida em radianos por segundo como: 3 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 Ω= 2π T • Quando o sinal não apresenta um período mínimo T é chamado de aperiódico. Exercício 2. (HAYKIN, 2000; p. 37) A figura a seguir mostra uma onda triangular. Qual é a frequência fundamental desta onda? Expresse a frequência fundamental em unidades de Hz ou rad/s. 1.2.2.2 Sinais de tempo discreto • A classificação de sinais em sinais periódicos e aperiódicos apresentada até agora se aplica a sinais de tempo contínuo. Consideraremos a seguir o caso de sinais de tempo discreto. • Diz-se que um sinal de tempo discreto x[n] é periódico se ele satisfizer a condição x[n] = x[n + N ], para todos os números inteiros n e N um número inteiro positivo. 4 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 • O menor valor de N que satisfaz a definição anterior é chamado de período fundamental do sinal de tempo discreto x[n] . A frequência angular fundamental ou, simplesmente, frequência fundamental de x[n] é definida por: ω= 2π N , que é medida em radianos. • Lembre-se: O período de um sinal de tempo discreto é obrigatoriamente um número inteiro. Assim, sua frequência angular fundamental ω não pode assumir qualquer valor. Exercício 3. (HAYKIN, 2000; p. 78) Determine se os seguintes sinais são periódicos. Se forem periódicos, encontre o período fundamental. (a) x[n] = (− 1)n (b) x[n] descrito na figura a seguir. 1.6.3 Sinais de energia e potência 1.6.3.1 Sinais de tempo contínuo • Em sistemas elétricos, um sinal pode representar uma tensão ou uma corrente. Considere uma tensão v(t ) aplicada a um resistor de resistência R , produzindo uma corrente i(t ) . A potência instantânea dissipada no resistor é definida por 5 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 v 2 (t ) 2 p(t ) = ou p (t ) = Ri (t ) . R • Vemos assim que a potência instantânea p(t ) é proporcional à amplitude do sinal elevada ao quadrado. Além do mais, para R = 1Ω , vemos que a potência p(t ) é exatamente igual à amplitude ao quadrado do sinal. • Baseado nisso, em análise de sinais, costuma-se definir a potência instantânea de um sinal x(t ) como: p(t ) = x 2 (t ) . • Lembrando que a energia é o produto da potência pelo tempo, costuma-se definir a energia total do sinal x(t ) como: Ex = lim T →∞ ∫ T 2 −T 2 x 2 ( t )dt = ∞ ∫−∞ x 2 ( t )dt . • Também definimos a potência média de um sinal x ( t ) como 1 Px = lim T →∞ T ∫ T 2 −T 2 x 2 ( t )dt . • Para sinais periódicos, podemos calcular a potência média tomando a média apenas num período ao invés de tomar todo o eixo dos tempos. Para um sinal x ( t ) periódico de período fundamental T , temos: 1 Px = T ∫ T 2 −T 2 x 2 ( t )dt . • A raiz quadrada da potência média Px é chamada de valor médio quadrático (RMS – Root-Mean-Square) do sinal x(t ) . 6 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 1.6.3.2 Sinais de tempo discreto • No caso de um sinal de tempo discreto x[n] , as integrais anteriores são substituídas pelas somas correspondentes. Dessa forma, a energia total de x[n] é definida por: ∞ Ex = ∑ n =−∞ x 2 n e sua potência média é definida por: N 1 Px = lim x 2 n . ∑ N →∞ 2N + 1 n =−N • Novamente, para um sinal periódico, basta tomarmos a média de um período para o cálculo da potência média. Assim, para o caso de um sinal x[n] com período fundamental N , 1 Px = N N −1 ∑ x 2 n . n =0 • Um sinal é chamado de sinal de energia se e somente se a energia total do sinal satisfizer a condição 0 < Ex < ∞ . • Um sinal é chamado de sinal de potência se e somente se a potência média do sinal satisfizer a condição 0 < Px < ∞ . • Pode-se mostrar que as classificações de energia e potência de sinais são mutuamente exclusivas. Em especial, um sinal de energia tem potência média zero enquanto que um sinal de potência tem energia infinita. 7 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 Exercícios 4. (HAYKIN, 2000; p. 39) Qual a energia total do pulso retangular mostrado na figura a seguir? Resposta: A 2T1 5. (HAYKIN, 2000; p. 39) Qual é a potência média da onda quadrada mostrada na figura a seguir? Resposta: 1 6. (HAYKIN, 2000; p. 40) Qual é a potência média da onda triangular mostrada a seguir? Resposta: 1/3 7. (HAYKIN, 2000; p. 40) Qual a energia total do sinal de tempo discreto mostrado a seguir? 8 Processamento Digital de Sinais – Aula 3 – Professor Marcio Eisencraft – fevereiro 2012 8. (HAYKIN, 2000; p. 40) Qual a potência média do sinal periódico de tempo discreto mostrado na figura a seguir? 9