DISCURSO
DIDATICO
E/OUDISCURSO
POL!TICO.
Rosa Maria Britto
Cosenza de Oliveira
"0 llOdo de dizer
(I.M.L.)
qualifica
a coisa dita~
Platao
OS estudos
estava
latente,
semanticos pessibilitararn
peis,
ja que
dar conta do significado
titui
discurso
0
uma analise
do discurso
se aproxima da fala,
estudando somente
0
conjunto
cerro para Pecheux,
0
texto
saviolli.
MO
que
se
pede
de rela<t>es que col1§.
a Hngua.
Para ireimas,
e abstrato.
P6rtanto,
0
discurso
gundo Pecheux, constitui
e
0
e concreto
que esta per tdis'
sua base historica.
0 texto
e
e
.do texto
0
0
discurso
e que, s~
enunciado e
0
dis
curso e a enuncia~o.
Assirn, pela analise
semiotica
chegamos a saber "como" 0 texto
diz,
fazernos uma analise
terdiscursividade,
diz
hist6rica,
ou seja,
0
do discurso,
que diz.
propesta
E, para saber
que nos permite verificar
a coloca~o
de varios
tipes
per Greimas,
"per que"
0
tanMm a in-
de discurso
circu .•
lando em urnfulico texto.
Combase nessa interdiscursividade,
sen~a do discurso
pelftico
no texto
Pelo metodo gerativista
turas,
011 rrelhor,
pre-
didatico.
de Greimas, pedemos estabelecer
desde a mais profunda ate a superficial.
cas do texto,
VerificallDs,
entao,
as estr.l!
as ~
as .marcas da enuncia~ao que aparecern no enunciado.
TerellDs, assirn, uma analise
lise
procurarellDs llDstrar a
interna
do texto
associada
a urn rrodelo de ana-
externa.
U-TEX'roA SEa ANALISADO.
2.1- 0 CANTOR
DABMATAS.
'l'heobaldo Miranda Santos.
o irapuru,
urncanto ta~ lindo,
cantor das florestas
ta~ rrelodioso,
amazenicas,
que os outros
e urn passaro
passaros
que tern
ficarn quietos
e
420
silenciosos,
s6 para ouvi-lo.
melhada. Quando c~
seus gorjeios
e
UIU
Ternas penas verde-oliva,
a cantar,
maravilhosos.
ser sobrenatural.
toda a mata parece emudecer para
For isso,
Alias;
e sua cauda, aver-
os sertanejos
irapuru
quer dizer
Depois de morto, seu corpo e considerado
0uvir
acham que esse passaro
passaro que reo e passaro.
urn talisma,
que d1i.
fEdicidade
a
quem 0 possui.
Ha, sobre ele,
uma tribo
de indios,
uma lenda que conta que, no sui do Brasil,
cujo cacique era amado por duas !ndias
Nao sabendo qual escolher,prometeu
pontaria.
certou
Aceita a prova,
0 alvo.
as duas !ndias
Esta casou-se
A outra,
casar-se
cando que
cacique' amava sua esposa,
0
norte,
Para consola-la,
vive a cantar
contram
0
atiraram
Pediu, entao,
para poder visitar
E voou, voou para
0
as flechas,
melhor
mas s6 uma ~
indo parar
resolveu
Mas, verifi-
abandonar aqueles
lugares
•
nas matas da Amazonia.
Tup1i.deu-lhe
ficam calados,
ela a Tup1i.que a transformasse
cacique sem ser reconhecida.
urn canto melodioso.
para esquecer suas magoas.
irapuru,
aquela que tivesse
chorou tanto que as suas lagrimas for-
nurnpassaro
0
e jovens.
com 0 cacique.
chamada Obirici,
maramuma fonte e urn c6rrego.
~
belas
. havia
E
os outros
For isso,
passaros,
quando
ela
en-'
para ouvir suas notas maviosas.
(in CAOORE,
Lufs Agostinho PORTUG~
serie,
DE TOOO DIA, Sa.
Sa. ed.,
S.A.,sao
Ed. Atica
Paulo.
1991 -
pag. 104).
Segundo a teoria
urn n!vel mais fundamental,
res sao narrativizados
da por urn sujeito,
greimasiana,
0
per=so
onde temos seua valores
nurn segundo n!vel do texto.
passa,
Nessa passagern da narrativa
entao,
ao dis=so,
ao dis=so,
que e
do texto
e gerado desde
b1i.sicos, e esses valo Essa narrativa,
0
assumi-'
n!vel de superfrcie.
temos as marcas. E a isto
que
se
A introdu<;:Ao e uma defini<;:Ao do irapuru,
te do c6digo
com 0 interpretante
s_1__
\..,
do contexto.
)_ s2
/
\"
'""
~~~
mesclando
0
interpretag
Em rUvel mais profundo,
0
i.g
422
4) Tarefa currprida pelo heroi
equilibrio:
e restabelecimento
realiza<;:ao da prova - " ••• as duas Indias
5) Recorrpensa: casamento - "Esta casou-se
5an<;:aonegativa:
Para
0
••••
do heroi:
4) Tarefa cunprida
equilibrio:
tro
fases
com 0 cacique."
de equilibrio:
a magoa de Obirici
pedido a Tupa para visitar
verifica<;:ao do arror do casal
pelo heroi
narrativo,
0
caci-
e restabelecimento
- "Mas, •••• 1l:!
da situa<;:ao "de
abandono do lugar e ida a novas paragens
tenos dois per=sos
ou negativa)
Greimas. AI os valores
-"A
reconhecida."
ou a<;:5es- manipula<;:ao, coopetencia,
pode ser positiva
0
corrego."
que - "Pediu ••••
No nIvel
••••
segundo, PN2, tenos:
2) Chegada e missao do heroi:
3) Partida
de
nao casamento de Obirici.
0
1) ronpimento de urn estado
outra,
da situa<;:ao
-,
com a seql1encia de qua-
performance e san<;:ao ( que
que formam 0 algoritmo
sac investidos
- liE vo-
apresentado
por
de actantes.
PNl: arror e casamento.
o
(sujeito),
dias
dia,
tern 0 querer
realiza
MO realiza
que
intenso
0
oferecendo-lhes
meira India
rici,
e
destinador
e
0
cacique
a coopeti<;:ao para
e 0 saber
(coopetencia):
a performance,
a performance.
casamento,
pela magoa de
que age (manipula<;:ao) sobre as
ter
casamento
0 cacique
pois acerta
0
(objeto).
alvo:
a outra
India,
Obi-
para a primeira
para Obirici,
conseguido casar-se
As In -
da.-lhes 0 poder.A pri
Ha uma san<;:aopositiva
e uma san<;:aonegativa
MO
0
rrtdia's
que
com 0 cacique.
e
0
IQ
.choro
423
casamento e as indias
saber e
0
cacique
para a primeira
querern ca~-se,
da-lhes
0
poder
negativa:
tanto,
tern
0
por-
querer
sujeito
0
ser reconhecida.
(es~
tellDS
Obirici,
magca cerro destinador
para querer visi~
(transforrnar-se
perto do· cacique);
formance, pois vEl 0 cacique,
c;:aopositiva,
a
Ela pede a Tupa, que tern
dal de que precisa
lor
choro para
a outra.
No segundo percurso,
pula..ao) sobre
india;
0
cacique (objeto) sern
0
saber e
0
que age (man.!
poder,
ern p.§ssaro) para conseguir
e
esta
a corrpetencia.
mas, resolve
Tupii, para consola-la,
partir
da-lhe
Obirici
objeto
0
0
lID·-
objeto va-
realiza
a per-
para a Amazonia.Cerrosan-
urncanto melodioso para esque-
cer suas magoas.
PN2: ~
e =nsolo.
Tupa tern
A magca da a Obiri
ci
0
p
C
M
her e da
"querer" es~
perto do cacique
Obirici
s~
poder
0
a Obirici
0
S
.realiza
poSitiva:
a
canto melodioso (ira-
performan
(tr~
Tupii da-lhe
uru)
forma-a ern p.§ss~ ee:visita
o cacique,
mas MO fi
ca
Este programa canonico vai particularizar-se
so, onde os actantes
mar-se ern figuras,
vao transforrnar-se
ern atores
no myel
do dis=-
e os temas vao transfor""
que sac recursos
argumentativos;
indios,
alvo,
isto
e
a semantica
do
dis=so:
FIGURAs:
flechas,
matas, ~zSnia,
EmterllDs de ~aegorias
texto
distaneiamento
e
fonte,
c6rrego,
p.§ssaro ,
canto.
barrativas,
sca, espac;:oe tenpo, que formam a sintaxe
o
choro,
narrado ern terceira
pr6pri.6 do texto didati=,
tellDs as categorias
de pes -
do dis=so.
pessoa,
criando objetividade
cujo enunciatario
e 0
sao os alunos.
o
inperfeito
tenpo eIIl'regado para essa narrativa
para
tanciamento
~feito,
0
(perfeitol
pelo presente,
pr6prios
0
que e caracterfstico
matas e aos passaros,
com:>a =ncretizac;:ao
:E: nesta
funda,
edis-
tenpo e rnarcado
a argumantac;:ao.Nll.
com predominancia
do
didati=.
sendo euf6ri=
em meio as
e do roE
em relac;:ao as aguas da fonte
A fU9a para as matas da Amazonia pede
da liberdade.
concretizac;:ao dos elementos semanticos
concretizac;:ao que se da no nfvel
plenitude,
presente,
em plena natureza,
mas, disf6rico
0
e enfatizar
do dis=so
rego.:e: urn espac;:o mftico e distante.
ser entendida
0
passando do
(inperfeito)
Na conclusao,
a veracidade
teIll'O tantJem e
o espa«e e aberto,
continuativo
da lenda.
a fim de atestar
introduc;:ao definidora,
verbo ser,
dando aspecto
e 0 preterito,
superficial,
da estrutura
pro-
que se revelam,
COlli
as determinac;:5es ideol6gicas.
IV-<:oNCLUSAO.
As escolhas
fazem com que
da; isto
e
0
0
feitas
pelo sujeito
enunciatario
da enunciac;:ao, em seu dis=so,
se convenc;:ada realidade
que da verossimilhailc;:a a seu discurso,
a interpretac;:ao,
mas tarrt>em0 reconhecimento
que the e apresentapermitindo-Ihe
com:>pertencente
nao s6
a uma deter-
minadA formac;:aoideol6gica.
o
homeme urn ser poUti=
"Quando urn enunciador
no mundo. Ao exercer
dade de influir
Ie the diz,
sacfazer
e a educac;:ao e uma ac;:aopoUtica.
comunica alguma coisa,
informativo,
sobre os outros.
fac;:a alguma coisa,
Deseja que
tern em vista
produz urn sentido
0
enunciatario
agir
=m a finali~
creia
no que e-
mude de cOllpOrtamento ou de opiniao
etc."
(FlORIN, 1988).
Esta "ac;:aono mundo'"e essencialmente
didatico
corro
0
dis=so
poUtico
curso de seduc;:ao, convencer
o dis=so
didatico
0
poUtica.
agem no mundo, para,
Tanto
0
dis=so
nurn verdadeiro
dis-
enunciatario.
reproduz a ideologia
da classe
dominante e~e
425
na forma discursiva
que
podeJ;" mais escancara
0
de urn discurso
Assim, por tras
ma fantastica,
mo deixa
imaginosa
de ser,
pois,
Por isso
grande
escritor
e popular
Erico
didatico,
de uma lenda,
urn discurso
mesmo, faz-se
formas de dominaqao."
apresentado
ha urn discurso
politico
necessario
atentar
para
a observaqao
do
Verfssimo:
que nos desfigure
0
de toda
palavra,
mmdo, que nos separe
FlORIN, J. L. - LINGUAGEM
E IDEOLOGIA,Atica,
toda
das criaturas
linguagem,
. huma-
SP. 1988.
F. V. - AS FADASTINHAMmgIAs:
SIVAS EPRODU~O DE SENTlDOS. Tese de Doutoramento,
raquara.
sob a fo.!:
politico.
"Mas devemos defender-nos
GROOOLIN,M. Rosario
suas
ESTRA~IAS
DISCUR-
FCL - UNESP, Ara-
1988.
MAINGUENEAU,
D. - NOVASTE:NDnlcIASEM ANALISE00 DISCURSO,Canpinas,
ORLANDI,Eni Pulcinelli
Po!!.
- A LINGUAGEM
E SEU FUNCICJNAMEN'l'C!,
AS FORMAS 00
DISCURSO,Ed. Brasiliense,
SP. 1983.
426
___________
- "A Sociolingt1istica,
a Analise
do Discurso",
Instituto
de Letras
beraba,
in SOBRE0 DISCURSO(6):
das Faculdades
r6s Livraria
e Editora,
do
Santo Tomas de Aquino,!!.
1979.
Invers6es,
DE ESTUDOSLINGO!STICOS, Campinas
_______
Deslocamentos",
(19): 7-24,
in CADERNOS
jul./dez.
1990.
- SEM1INTICA
E DISCURSO,UMACRtTICA A AFIRMAc;AO
DOOBVIO,
Ed. da UNICAMP,Campinas.
carlos
raquara.
I",
durante
no curso
in DISCURSO(11),
as aulas
da profa.
de "T6picos
dra.
Maria do Rosario
de An~lHle do Discurso
I",
F. V.
UNESP- Ar~
1992.
Anotac;:6es fei tas
cimento
das Representac;:6es",
Humanas, 1980.
Anota<;:6es feitas
Gregolin,
1988.
- "Por uma Pragrnatica
Ed. Ciencias
durante
as aulas
e Maria do Rosario
durante
mento, no curso
das prof as.
F. V. Gregolin,
UNESP- Araraquara.
Anotac;:6es feitas
1992.
36-49,· Publicagao
e
- ARGUMENTAc;AO
E .DISCURSOPOL!TICO, Tra<;:os, 1B 00., Kai
pa:HEUX, Michel - "Delimita<;:oes,
tica
Integradas
da Enunciagao
M3. 1979.
OSAKABE,Haquira
voor,
a Teoria
as aulas
de "0 Discurso
dras.
Edna Maria F. S. Na§.
no curso
de "Teoria
Semi6-
1992.
da profa.
sobre
dra.
Edna Maria F. S. Nasci-
a Linguagem",
UNESP- Araraquara.
Download

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