Indicadores ergonômicos e de aptidão física funcional do trabalhador
idoso
Monique Resende, graduanda de Engenharia de Produção
Joice Maria Kuhnen, graduanda em Fisioterapia
Profas. Ana Regina de Aguiar Dutra e Anna Quialheiros A. Silva
Cursos Engenharia de Produção e Fisioterapia
PIBIC
Introdução
O aumento da expectativa de vida traz consigo a longevidade populacional e,
como conseqüência, o desafio da manutenção desta vida. A permanência em
atividade laboral por um período de tempo maior do que até 50, ou 60, ou mesmo
70 anos é uma hipótese a considerar, pois o trabalho é o alicerce fundamental na
vida das pessoas.
Para Odebrecht (2002) é fundamental conhecer o processo do envelhecimento
humano para compreender as mudanças nas capacidades e habilidades do
trabalhador que envelhece, para assim poder adequar o trabalho a este novo perfil
de trabalhador
Para a realização deste projeto de pesquisa buscou-se conhecimentos da
fisioterapia para avaliar a capacidade funcional do trabalhador idoso, para então
melhor compreender a relação deste trabalhador com suas condições de trabalho.
Objetivo Geral
Investigar os indicadores ergonômicos e de capacidade funcional física do
trabalhador idoso.
Foto 2: Idosos em atividades laborais.
As deficiências encontradas, na grande maioria das vezes, referem-se às condições
ambientais e técnicas, pouca menção as condições organizacionais. Quanto às condições
ambientais, observam-se deficiências na luminosidade e nos níveis de pressão sonora,
salientando ainda deficiências no mobiliário e no leiaute dos espaços
Foto 1: Idoso em sua atividade de trabalho – barbeiro
Metodologia
A amostra compreende os idosos trabalhadores do Bairro da Ponte de Imaruin. Para a
intervenção ergonômica foi empregada a metodologia da Análise Ergonômica do
Trabalho com suas etapas: Análise Ergonômica da Demanda; Análise Ergonômica da
Tarefa; Análise Ergonômica das Atividades; Diagnóstico e Recomendações
Ergonômicas. Para Avaliação da capacidade física funcional utilizou-se alguns testes da
AAHPERD: coordenação; flexibilidade; força dos membros superiores.
Resultados
As idades dos trabalhadores idosos analisados concentram-se entre 60 a 74 anos.
A grande maioria dos trabalhadores idosos é do sexo masculino, já aposentado, mas que
por necessidade financeira continua em atividade laboral. As mulheres cuidavam dos
afazeres domésticos, depois dos filhos crescidos e independentes se iniciaram em
alguma atividade laboral. O grau de escolaridade da grande maioria concentra-se no
ensino fundamental completo, mas observam-se alguns trabalhadores idosos com
ensino médio completo. As atividades de trabalho concentram-se no comércio ou na
prestação de serviços, tais como: barbearia, prestação de serviços, oficina de
eletrônicos, alfaiataria e outros.
Quanto as condições de trabalho nos referidos locais de trabalho apresentam algumas
deficiências que acabam impedindo o desempenho do trabalhador idoso, no que tange a
produtividade e a qualidade dos produtos ou dos serviços prestados e, além disso,
interferem na sua capacidade funcional.
Quanto análise das atividades pode-se constatar que, a partir da aplicação dos métodos
de escala de desconforto corporal, Rula, Niosh e Owas, as queixas de dores explicitadas
pelos trabalhadores idosos estão concentradas nos membros superiores, principalmente,
na lombar, braços e ombros. As atividades de elevação e de transporte de carga trazem
risco grave de lombalgia, tanto pelo peso da carga, bem como pelo tempo de permanência
do trabalhador nesta atividade específica.
Os trabalhadores em questão são experientes nas suas atividades, não tendo dificuldades
em realizá-las, do ponto de vista dos processos cognitivos, resultados confirmados pelo
método Nasa TLX.
As avaliações da capacidade funcional dos trabalhadores mostraram-se, de uma forma
geral, preocupantes, no que tange principalmente, a coordenação motora, teste de
flexibilidade e força muscular. Os valores confrontados com a literatura nos mostram uma
capacidade funcional fraca e muito fraca, alguns deles já com a presença de hérnia região
inguinal.
Conclusões
O envelhecimento deve ser considerado como uma das fases do desenvolvimento
humano, que traz algumas transformações, como a diminuição na sua capacidade para o
trabalho. Mas, a realidade nos mostra que uma parcela da população idosa continua a
trabalhar, e não por isso deve-se excluí-los do contexto laboral. As condições de trabalho
poderão potencializar a capacidade funcional do trabalhador idoso, desde que as mesmas
sejam concebidas atendendo as necessidades de nosso perfil de trabalhador,
possibilitando assim a permanência com saúde e segurança do idoso na atividade laboral.
Nos ambientes de trabalho analisados, alguns aspectos das condições de trabalho, como
relatados acima, não contribuem para que o trabalhador idoso possa fazer suas atividades
com saúde e segurança.
Raffone e Hennington (2005) salientam que estudos recentes têm mostrado que promover
a capacidade para o trabalho diminui a incapacidade e a aposentadoria precoce. No
Brasil, pesquisa realizada por Bellusci & Fischer avaliou o envelhecimento funcional
associado às condições de trabalho de trabalhadores forenses. Os resultados desse
estudo mostraram a necessidade de melhorar as condições de trabalho para garantir a
permanência desses profissionais no exercício ativo de suas funções, evitando
afastamentos precoces por incapacidade.
Referências
RAFFONE, A. M. e HENNINGTON, E. A. Avaliação da capacidade funcional dos
trabalhadores de enfermagem. Revista de Saúde Pública, 39 (4), pp:669-76, 2005.
ODEBRECHT, Clarisse. Adequação do trabalho ao trabalhador que envelhece:
recursos auxiliares. Tese de Doutorado, PPGEP/UFSC, 2002.
TEIGER, C. Vieillissement différentiel dans et par le travail, un vieux problème le contexte
recent. Le Travail Humain, v. 52, p. 21-56, 1989.
Apoio Financeiro: CNPq/Unisul
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