PROMOÇÃO DA SAÚDE E RECURSOS HUMANOS EM SAÚDE Isabella Koster 1 Atualmente, a assistência à saúde vivencia um extenso processo de reorientação de seu modelo, impulsionado pela reestruturação das legislações e das formas de processo de trabalho. Para tanto, segundo Machado (2005), os Recursos Humanos (RH) em saúde devem ter uma correta adequação entre as necessidades de uma determinada população e os objetivos institucionais. Transpondo para o cenário do Sistema Único de Saúde (SUS) há uma necessidade de adequação do perfil profissional para atender as demandas de Promoção da Saúde. Evidenciando, neste caso, a Promoção da Saúde como ações que garantam, mantenham e forneçam qualidade de vida a população. Para o desenvolvimento do RH em saúde foi implantada a Política Pública de Recursos Humanos em Saúde, a qual é garantida através da Portaria nº 01 de 11/03/2004 da secretaria de gestão do trabalho e da educação na saúde, que dispõe sobre o funcionamento da Rede Observatório de Recursos Humanos em Saúde (ROREHS). Nesta reflexão, para o desenvolvimento da Promoção da Saúde objetiva-se abordar Recursos Humanos em saúde por três vertentes. A primeira vertente trata-se da fonte de dados para análise dos Recursos Humanos em Saúde, onde a necessidade de RH baseia-se nas necessidades de saúde, nos quantitativos das populações a serem assistidas, nos indicadores de saúde, nas taxas de prevalências de determinadas patologias e nos sistemas de informação de RH. Os sistemas de informação sobre os RH em Saúde devem fornecer subsídio para análise do perfil dos profissionais sobre nossa gerência. Podem ser desenvolvidos localmente, ou podem-se obter informações dos sistemas de informação já existentes, que Varella, Poz e França (2005), destacam: Pesquisas por Amostragem Domiciliar (PNAD) – Censo IBGE, onde os dados são agregados por ocupação. Sistema Integrado de Administração de Pessoal (SIAP) e Ministério de Administração e Reforma do Estado (MARE) – onde as informações são diretamente da União. Este, porém tem reservas de acesso. Pesquisa Mensal de Emprego (PME) – IBGE. Fornece indicadores do mercado de trabalho. Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – Ministério do Trabalho. Fornecem dados sobre emprego e remuneração. Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) – Ministério do trabalho. Fornece informação da movimentação de contratação por base na CLT. A segunda vertente aborda a qualificação dos Recursos Humanos em Saúde, onde se discute a necessidade de desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias de trabalho para o cuidado a saúde 2 , permitindo a construção do profissional reflexivo, com visão voltada para a Vigilância em Saúde, e na integralidade da assistência, de forma que estruture seu processo de trabalho baseado na metodologia problematizadora e da Educação Permanente. Cabe, ainda, ressaltar a importância da reformulação dos currículos universitários e estímulos à busca pelas especializações lato senso e stricto senso. A terceira vertente trata das formas contratuais dos Recursos Humanos em Saúde. Hoje a relação com o mercado de trabalho é instável, com precariedade de vínculos, chocando-se com a necessidade de estabelecimento de vínculo com o território, estipulada na Estratégia Saúde da Família segundo o Ministério da Saúde. As desmotivações com as condições de trabalho, infra-estrutura e incentivos, a ausência em muitos setores de planos de carreira e remunerações inadequadas são mais algumas questões que devem ser realmente postas em reflexão para a busca de soluções. Assim, pode-se perceber que há constante busca de meios para atingir o objetivo de adequar os Recursos Humanos em saúde. E com referência as questões impulsionadas por Machado (2005), destaca-se a necessidade de se refletir “como Gerentes e Gestores podem atender as necessidades permanentes dos serviços, decorrentes das mudanças tecnológicas, das flutuações de mercado e da conjuntura econômica? Como construir as metas para a qualificação profissional de forma a atender a Promoção da Saúde?”. Conclui-se, a partir desta reflexão, que, se esforços forem aplicados de forma a perpassarem pelas três vertentes apresentadas, poderá haver a adequação necessária do RH em saúde, o que permitiria uma aproximação do ideal traçado para a reorientação do modelo assistencial no Brasil. 1 Enfermeira Especialista em Enfermagem em Promoção da Saúde pela EEAAC/UFF. Professora colaboradora do Curso de Pós – Graduação em Enfermagem em Promoção da Saúde com ênfase no Programa Saúde da Família – EEAAC–UFF. Chefe de Enfermagem do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria/ENSP/FIOCRUZ. 2 Segundo Franco e Merhy (2005, p.06) entende-se tecnologia como “conjunto de conhecimentos e agires aplicados à produção de algo”, e esse conhecimento materializa-se em máquinas e instrumentos (tecnologia dura) e recursos teóricos e técnicos estruturados (tecnologia levedura). Informe-se em promoção da saúde, v.1, n.1.p.05-06. jul-dez. 2005. REFERÊNCIAS: BRASIL. Secretaria de gestão do trabalho e da educação na saúde.Portaria nº 01, de 11 de março de 2004. Dispões sobre o funcionamento do Observatório de Recursos Humanos em Saúde. Publicada no Diário Oficial da União. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/portaria_ observatorio_ rh.pdf>. Acessado em: 03/09/2005. FRANCO, T; MERHY, E.E. PSF: Contradições e novos desafios. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cns/temas/tribuna/PsfTito.htm>. Acessado em: 01/10/2005. MACHADO, M.H. Gestão e ética no trabalho. Observatório de Recursos humanos em saúde. Disponível em: <http://www.ensp.fiocruz.br/rorehs/ projeto.cfm?ProjetoID=14&AreaID=2>. Acessado em: 03/09/2005. SILVA, P.L.B; COSTA, N.R. Características do mercado de trabalho no setor saúde na década de 1990: reflexões. In: NEGRI B, FARIA R, VIANA ALD. (org.). Recursos Humanos em Saúde: Política, desenvolvimento e Mercado de Trabalho. São Paulo: UNICAMP, 2002. Pg.: 275-285. VARELLA, T.C; POZ, M.R.D; FRANÇA, T. Informação como recurso estratégico para a gerência de recursos humanos. Disponível em: <http://www.opas.org.br/rh/publicacoes/textos_apoio/pub04U1T7.pdf>. Acessado em 03/09/2005. REFERÊNCIA DO TEXTO: KOSTER, I. Promoção da saúde e recursos humanos em saúde. Informe-se em promoção da saúde, n.1.p.05-06. jul-dez. 2005. Disponível em: <http://www.uff.br/promocaodasaude/informe>. Acessado em: ____/____/_____. Informe-se em promoção da saúde, v.1, n.1.p.05-06. jul-dez. 2005.