TANATOGNOSE
FORENSE
Ildefonso Cavalcanti
TANATOGNOSE
• É a parte da Medicina Legal que estuda o
diagnóstico da realidade da morte, os
fenômenos cadavéricos e as implicações
médico-legais da morte.
• MORTE: De uma forma bem simples, dizse que a morte é um estado de cessação total
e permanente das funções vitais.
Sob o ponto de vista jurídico, a morte
pode ser:
• NATURAL - doença
• VIOLENTA - Homicídio, Suicídio,
Acidente.
• Os FENÔMENOS CADAVÉRICOS são
sinais, os quais ficam bastante exibidos após
decorrido um determinado tempo da morte.
• Portanto, verificando-se o aparecimento
destes fenômenos, pode-se saber a hora da
morte.
• O decúbito assumido pelo corpo (posição
assumida pelo corpo) dá idéia da posição do
agente ao deferir os golpes na vítima.
ESTADO DAS VESTES - As vestes revelam coisas.
• Por exemplo: vestes rasgadas, destruídas, são um
sinal de embate; o suicida não rasga suas roupas
antes do golpe mortal, mas o homicida sim.
• Além disso, o suicida se preocupa em desnudar a
área que será golpeada, enquanto que o agressor
não se preocupa com isto.
• Existe ainda, a correspondência das lesões nas
vestes. Quando o tiro é à queima roupa,por
exemplo, a impregnação fica na roupa.
• LESÕES DE LUTA, DE DEFESA OU DE
HESITAÇÃO
• PARTICULARIDADES DA FERIDA OU
DAS FERIDAS
• Local, direção e número.
• A ausência da arma no local do crime aponta
para o homicídio.
• Se a arma estiver presente no local do crime,
pode ter ocorrido um homicídio ou um
suicídio.
FENÔMENOS
CADAVÉRICOS
1. ABIÓTICOS IMEDIATOS
I. Perda da consciência
II. Perda da sensibilidade (Sinal de Josat)
III. Imobilidade e abolição do tônus muscular
(Sinal de Rebovillat e a máscara da morte)
IV. Relaxamento dos esfíncteres (válvulas)
V. Cessação da respiração (ausculta pulmonar)
VI. Cessação da circulação (ausculta do
coração, que é o sinal de Bouchut)
2. CONSECUTIVOS
• Evaporação tegumentar (evaporação pela
pele; a transpiração, por sua vez, é um
fenômeno inerente ao ser humano vivo).
• Resfriamento do corpo (o cadáver perde 0,5ºC
nas 3 primeiras horas e na 4ª hora em diante,
perderá 1ºC a cada hora até equilibrar-se com a
temperatura do meio ambiente. Portanto, a
medição da temperatura permite determinar a
hora da morte).
Desidratação
3. MANCHAS DE HIPÓSTASE / LIVORES
• Como cessa a circulação, o sangue, pela ação da
gravidade, se deposita nas áreas de maior declive do
cadáver.
• Em geral essas surgem em média de 2 a 4 horas
depois da morte, fixando-se em torno de 8 horas
post-mortem.
• Se em até 12 horas for modificada a posição do
cadáver, os livores migram para a nova posição.
• A partir disto eles se fixam; com isto, pode-se saber
se o cadáver foi manipulado após a morte.
Hipóstases (Sugilações)
4. RIGIDEZ CADAVÉRICA
• Assim que o indivíduo morre, ele relaxa (flacidez).
• Começa o enrijecimento entre 2 e 3 horas após a
morte, chegando ao máximo 8 horas e desaparecendo
depois de 24 horas.
• Inicia-se pela face, mandíbula e pescoço, seguindo-se
do tronco, dos membros superiores e finalmente dos
inferiores, indo a desaparecer na mesma ordem.
• A rigidez cadavérica desaparece quando se inicia a
putrefação.
• Com base nestes dados, pode-se determinar a hora da
morte.
O legista trabalha, portanto:
• Com a temperatura
• Com os livores (deposição de
sangue)
• Com a rigidez/flacidez
5. TRANSFORMATIVOS
São os fenômenos que transformam o cadáver:
• AUTÓLISE
• PUTREFAÇÃO (4 períodos)
• Quando cessa a respiração, ocorre o acúmulo de íons
ácidos, devido à falta de oxigênio.
• Com isto, ocorre a deteriorização do ambiente celular,
a ponto dos lisossomas (que contém enzimas
digestivas) se romperem e liberarem as enzimas no
interior da própria célula.
• Por isso a morte é um ambiente extremamente ácido.
• Em 20 a 24 horas começa a putrefação (dependendo
da temperatura, da conformação física, da causa da
morte, etc).
Putrefação
A putrefação ocorre quando a rigidez desaparece de vez, e
tem 4 períodos:
1. COLORAÇÃO
• Os germes aeróbios , anaeróbicos e facultativos começam
o fenômeno da putrefação pelo intestino.
• Há formação de gás sulfídrico que, em combinação com a
hemoglobina, dá uma coloração verde abdominal, que
começa NA FOSSA ILÍACA DIREITA (FID) e se
generaliza (geralmente de 24 a 36 horas após a morte, mas
aqui no Nordeste, face a região ser de clima quente, já se
observou seu aparecimento com 18 horas).
Mancha verde abdominal
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2. GASOSO
O cadáver insufla, pois cada vez mais gases são produzidos
(pode levar de dias a semanas).
3. COLIQUATIVO
Há uma dissolução pútrida. O cadáver vira uma lama humana.
Atua não somente a flora bacteriana como também a fauna
cadavérica (aquática, do ar livre, dos túmulos, etc).
4. ESQUELETIZAÇÃO
Pode levar de meses a anos.
Os ossos ficam livres de toda a parte mole. Depois da
AUTÓLISE, segue-se o período de PUTREFAÇÃO.
No entanto, a MACERAÇÃO ocorre somente quando o
cadáver fica muito tempo em meio líquido.
6. CONSERVADORES
• MUMIFICAÇÃO – É um processo
transformativo conservador do cadáver,
podendo ser produzido por meio natural ou
artificial, e ocorre em ambientes de altas
temperaturas e bastante vento (que dissecam o
cadáver), e ausência de umidade. O cadáver
transforma-se em um couro.
• SAPONIFICAÇÃO – Ocorre quando o
cadáver fica em local com muita umidade
(água e solo, etc.). O solo argiloso úmido
e de difícil acesso ao ar atmosférico
facilita tal processo especial de
transformação cadavérica. Ele se torna
gorduroso (como sabão).
• MACERAÇÃO - É um processo especial de
transformação que sofre o cadáver do feto no útero
materno, do sexto ao nono mês de gravidez.
• Esse fenômeno pode ser séptico, de acordo com as
condições do meio onde o corpo permanece.
• Como o cadáver do feto fica em meio aquoso,
observa-se como característica o destacamento de
amplos retalhos de tegumentos cutâneos que se
assemelham a luvas.
• O corpo perde a consistência inicial, o ventre se
achata e os ossos se livram dos tecidos, ficando como
se estivessem soltos.
7. CRONOLOGIA DA MORTE
• É a determinação da data da morte.
• É de grande importância para dirimir dúvidas
sobre a causa jurídica da morte, bem como
para determinar situações de PREMORIÊNCIA
ou COMORIÊNCIA.
LESÕES COM SIGNIFICADO
ESPECIAL
• LESÕES DE DEFESA – Além da lesão que causou a morte, é
comum serem observadas lesões de defesa. Isto significa que
houve luta corporal (embate).
• LESÕES DE HESITAÇÃO – Alguns suicidas, antes de
cometerem o ato suicida, ficam hesitantes, indecisos. Ele
planeja cortar os pulsos, mas antes fazem um "teste", um
"ensaio", na forma de pequenos cortes próximos ao local que
ele pretende realizar o ferimento (geralmente, os pulsos). Mais
tarde ele pode desistir do ato, ou executá-lo. Um cadáver é
encontrado morto junto a uma navalha. Pode ter havido um
suicídio ou um homicídio. Porém, se forem encontradas lesões
de hesitação, o diagnóstico de suicídio estará selado (pois o
homicida não objetiva fazer estes "testes"; ele parte
imediatamente para o golpe).
• LESÕES MÚLTIPLAS PRODUZIDAS POR
GOLPE ÚNICO – Há uma correspondência no
trajeto do golpe.
• ESGORJAMENTO – Ação cortante na região
anterior do pescoço (na frente).
• DEGOLAMENTO – Ação cortante na região
posterior do pescoço (atrás, na "gola").
• DECAPITAÇÃO – Cabeça separada do resto do
corpo.
BIBLIOGRAFIA SUGERIDA:
• Medicina Legal – Genival Veloso de
França
• Medicina Legal – Delton Croci e Delton
Croci Júnior
• Medicina Legal – Odon Maranhão
• Medicina Legal – Flamínio Fávero
• Criminalística Aplicada – Jose Ascendino
Gomes
“Quem seria a Lady Macbeth desse belo País com
a garganta cortada? Que mãos invisíveis, tal qual
a mortal criação de Shakespeare, tramou em
segredo esses ataques e rebeliões? E, pior, será
que agora que tudo aparentemente está se
acalmando iremos esquecer tudo o que aconteceu
como de costume?
Sim, meus receosos amigos, não se trata de uma
queda de braço entre crime e autoridades, mas
de uma batalha midiática. Uma guerra pelo
coração da imprensa. As espadas de sangue
duelam por um espaço nos meios de comunicação.
E é exatamente isso que querem: medo e
impotência. E nada faz mais sucesso que o
excesso. E que marketing bem articulado o do
medo”!
Rodrigo Bertozzi
Obrigado!