Conceito de MARCA A Marca é a representação simbólica de uma entidade, qualquer que ela seja, algo que permite identificá-la de um modo imediato como, por exemplo, um sinal de presença, uma simples pegada. Na teoria da comunicação, pode ser um signo, um símbolo ou um ícone. Uma simples palavra pode referir uma marca. Em termos de negócios, a capacidade que se reconhece ao consumidor para identificar e diferenciar serviços ou produtos, cabe por inteiro ao nome que é atribuído à marca. O termo é freqüentemente usado hoje em dia como referência a uma determinada empresa: um nome, marca verbal, imagens ou conceitos que distinguem o produto, serviço ou a própria empresa. Quando se fala em marca, é comum se referir, na maioria das vezes, a uma representação gráfica no âmbito e competência do designer gráfico, onde a marca pode ser representada graficamente por uma composição de um símbolo e/ ou logotipo, tanto individualmente quanto combinados. Uma marca registrada é uma marca registrada em agências governamentais nacionais (Instituto Nacional da Propriedade Industrial ) ou internacionais (por ex. Instituto de Harmonização do Mercado Interno ). Uma marca de alto renome é uma marca de prestígio, notoriedade e tradição incontestáveis, motivo pelo qual recebe especial proteção quanto a sua propriedade intelectual. Uma marca genérica é uma marca quando o nome de uma empresa ou produto passa a ser utilizado como se fosse essa empresa ou produto. Geralmente esses nomes são substantivados, tais como ocorrem com as empresas Danone e Gilette e com as fotocópias da Xerox, esponjas de aço da Bombril ou com os produtos de plástico da Tupperware. A definição legal de marca pode ser encontrada na Lei da Propriedade Industrial (Lei 9.279/97). Segundo a LPI, marcas são sinais visualmente perceptíveis e servem para identificar produtos e serviços. Uma empresa, por outro lado, é identificada por seu nome empresarial, nova denominação dada pelo Código Civil atual ao antigo "nome comercial". O chamado nome de fantasia, que normalmente serve de título do estabelecimento comercial, não pode ser confundido com marca, pois não identifica o produto em si e sim a loja, o restaurante, a boutique etc. É possível que o título de estabelecimento seja ao mesmo tempo uma marca de serviço e também é possível que seja parte integrante e principal do nome empresarial. O conceito de marca é bem mais abrangente que a sua representação gráfica. Uma empresa através de seu nome fantasia e da sua representação gráfica - comunica a "promessa" de um produto, seu diferencial frente aos concorrentes que o faz especial e único. Busca-se associar às marcas uma personalidade ou uma imagem mental. Assim, pretende marcar a imagem na mente do consumidor, isto é, associar a imagem à qualidade do produto. Em função disto, uma marca pode formar um importante elemento temático para a publicidade. Possui vários níveis de significado, entre eles cultura, atributos ou benefício. É fundamental entender que o conceito de marca é mais intangível do que tangível, pois o consumidor de determinada região demográfica tem sensações, experiências e percepções diferentes sobre a mesma marca em relação a outro consumidor classificado demograficamente da mesma forma. A marca, é associada a um conjunto de supostos benefícios conferidos aos serviços e/ou bens adquiridos, na medida em que dá garantias aos consumidores sobre a sua qualidade. Isto permite praticar um preço "premium" acima do valor médio dos benefícios básicos fornecidos por um determinado produto. História Segundo Mercator XXI (2008) as marcas existiram sempre ou quase sempre, isto é, nasceram com as primeiras trocas comerciais. A explosão das marcas acontece com o aparecimento dos mercados em massa e com o desenvolvimento do marketing nos Estados Unidos, na primeira metade do século XX. Em Portugal este fenômeno só se faz sentir a partir dos anos cinquenta. Mas a importância da marca como elemento potencializador de valor acrescentado, dá-se nos anos oitenta, quando se desencadearam processos de fusões e aquisições, que fomentaram o boom da bolsa de valores, altura em que ocorreram vendas de empresas avaliadas com base no valor patrimonial da marca. Os especialistas de marketing começaram progressivamente a tomar consciência que trabalhavam não só a curto e médio prazo no sentido de proporcionar o crescimento do volume de vendas, mas também a longo prazo, no desenvolvimento do capital das suas marcas. As empresas passam então a ser avaliadas mais pelo seu ativo intangível do que propriamente pelos tradicionais bens tangíveis, como produtos, bens ou serviços, reconhecendo-se então à marca, um importante valor de futuro. Nos últimos anos a marca tornou-se uma moda no mundo do marketing, pelo que há quem não consiga imaginar o marketing sem a mais-valia proporcionada pela marca. Hoje A importância da marca como elemento potencializador de valor acrescentado, dá-se nos anos oitenta, quando se desencadearam processos de fusões e aquisições, que fomentaram o boom da bolsa de valores, altura em que ocorreram vendas de empresas avaliadas com base no valor patrimonial da marca. Os especialistas de marketing começaram progressivamente a tomar consciência que trabalhavam não só a curto e médio prazo no sentido de proporcionar o crescimento do volume de vendas, mas também a longo prazo, no desenvolvimento do capital das suas marcas. As empresas passam então a ser avaliadas mais pelo seu ativo intangível do que propriamente pelos tradicionais bens tangíveis, como produtos, bens ou serviços, reconhecendo-se então à marca, um importante valor de futuro. Nos últimos anos a marca tornouse uma moda no mundo do marketing, pelo que há quem não consiga imaginar o marketing sem a mais-valia proporcionada pela marca. Diferenciação Constituindo a marca um sinal ou conjunto de sinais suscetíveis de representação gráfica, nomeadamente palavras, desde que sejam adequados a distinguir os produtos ou serviços de uma empresa dos de outras empresas, as marcas integram-se no conceito mais lato de sinais distintivos, embora seja justamente qualificada como a figura emblemática ou paradigmática face aos demais sinais previstos na Lei, a saber o Logotipo, a Insígnia e Nome de Estabelecimento, a Denominação de Origem e as indicações geográficas . Conceitualmente, aquilo que os distingue entre eles, tem a ver com o objeto sobre o qual cada um deles recai. Assim: • A Marca destina-se a distinguir um determinado produto ou serviço. • O Logotipo destina-se a referenciar uma entidade que preste serviços ou comercialize produtos. • O Nome ou a Insígnia do Estabelecimento destina-se a distinguir o estabelecimento. • A Denominação de Origem e a Indicação Geográfica serve para distinguir a origem geográfica de um produto. Tipos São tradicionalmente categorizados três tipos de marcas: Marca Institucional Também conhecida por marca corporate, é a razão social da empresa. A utilização da marca corporate pode ainda assumir três categorias – a marca institucional pura, a marca institucional umbrella e a marca institucional híbrida. “A marca institucional pura”, não aparece nos produtos da empresa. É o exemplo da Unicer, que coloca os seus produtos com uma marca própria mas distinta da institucional, como a Super Bock, Abadia, Vitalis, Caramulo, Frisumo, Frutis, etc. A função da marca é unicamente institucional. Marca Umbrella A marca institucional umbrella, tem simultaneamente uma função marketing e institucional. A marca da empresa identifica as atividades corporativas e todos os produtos da empresa. A Yamaha, a Michelin e a SOMA, são exemplos de empresas que utilizam a marca institucional, como marca dos seus produtos. Marca Híbrida Identifica as atividades corporate e uma parte dos produtos, ficando outros produtos, com marcas próprias. A Gillette por exemplo, é marca umbrella para os produtos de higiene masculina, mas utiliza a marca Duracell para as pilhas por eles produzidas. Marca Produto A cada produto corresponde um posicionamento e uma marca, embora não raras vezes a marca produto seja uma marca de gama, em que nesse caso abarca diferentes produtos. São disso exemplos bem conhecidos, a Compal, a Pringles, a Pantene, etc. Marca Umbrella Que identifica várias categorias de produtos muito diferentes e até de domínios de atividade variados e distintos. A marca umbrella é usada para identificar várias categorias de produtos, independentemente da sua semelhança ou posicionamento. É um aproveitar da notoriedade da marca, para promover todos os produtos. Um exemplo muito conhecido é a Honda, que comercializa debaixo da mesma marca produtos completamente distintos, como sejam as motas, os veículos automóveis, motores náuticos, etc. Do ponto de vista jurídico, entretanto, a marca pode ser de produto, quando identifica um bem de consumo, de capital ou qualquer produto em que possa ser aposta para fins de comercialização. Pode também ser de serviço, quando identifica o serviço prestado por uma empresa.. Pode, ainda, ser de certificação, quando empregada para certificar a qualidade de produtos ou serviços. Exemplos de marcas de certificação são as marcas ABIC, para café e WOOLMARK, para lã. Há ainda, de acordo com a LPI, a marca coletiva, que pertence não apenas a uma pessoa ou empresa mas a uma cooperativa, por exemplo. Valor O valor de uma marca forte e bem conhecida no mercado condiciona o preço de uma empresa uma vez que esta deixa de ser vista unicamente pelo seu valor contabilístico ou bens materiais, para levar, também em conta o “peso” que a marca representa. Este valor, que se reconhece à marca, torna-se particularmente evidente quando existe uma enorme pluralidade de escolha ou, quando estamos perante o desconhecimento, relativo a produtos ou bens substitutos, na medida em faz pender a decisão dos consumidores para as marcas que melhor conhece e onde se sente mais confortável. Outro aspecto igualmente relevante refere-se à possibilidade de gerar negócio adicional alicerçado no bom nome de uma marca. Uma vez implantada e enraizada no mercado torna-se muito mais fácil agregar novos produtos ou serviços à mesma, ou garantir o sucesso que resulta da substituição de um produto mais antigo por um mais recente. Mas, sendo a marca um sinal distintivo, com uma função identificadora e diferenciadora, ela é hoje reconhecida também como elemento essencial do marketing e geradora de valor quer para empresas, quer para consumidores. Mediação do valor A medição do valor da marca poderá ser fundamental para a avaliação da performance organizacional. A Interbrand, considera os seguintes valores para calcular a força da marca: • Liderança – consiste na capacidade da marca possuir uma força dominante, capaz de influenciar o seu mercado, chegando mesmo a definir limites de preços e a comandar a distribuição, resistindo a novos concorrentes. Uma marca líder do mercado ou do setor é mais estável e valiosa do que as suas concorrentes (peso: 25%). • Estabilidade – trata-se da capacidade da marca resistir durante um longo período de tempo, com base no seu histórico e na fidelidade dos seus clientes (peso: 15%). • Mercado – refere-se ao ambiente comercial onde a marca se insere, em termos de crescimento de potenciais clientes, à sua volatilidade e eventuais barreiras à entrada. As marcas do setor alimentícios são, por exemplo, mais valiosas do que marcas da área das novas tecnologias, uma vez que estes mercados são mais suscetíveis a mudanças (peso: 10%). • Expansão geográfica – trata-se da capacidade da marca conquistar novos mercados e culturas. Marcas internacionais são obviamente mais valiosas do que marcas nacionais (peso: 25%). • Tendência – consiste na capacidade de progresso da marca e de se conseguir manter contemporânea e relevante aos olhos dos consumidores (peso: 10%). • Suporte – baseia-se na consistência e quantidade de atividades de marketing e comunicação, efetuadas em torno da marca (peso: 10%). • Proteção – refere-se ao direito legal de propriedade da marca. A marca registada é um monopólio estatutário de um nome, logotipo ou pela combinação dos dois. A força e amplitude da proteção da marca, valorizam a mesma (peso: 5%). Valor para o consumidor • A marca cria valor para os consumidores porque : • é um “contrato” entre a empresa e os seus clientes, ao garantir um nível de qualidade independentemente da forma de distribuição; • identifica a empresa, produto ou serviço, facilitando o reconhecimento e a fidelização; e • diferencia, dando sentido aos produtos ou serviços associados. Valor para o detentor Como tal, a própria marca, pode ser uma ativo autônomo da empresa. Para que tal seja possível é necessário que a marca, per si, tenha valor. O estudo do valor da marca consubstancia-se no surgimento da definição de brand equity (capital da marca) decorrente dos acontecimentos no mercado bolsista dos anos 1980. Existe consenso no entendimento de capital da marca como um fenomeno que envolve o valor acrescentado a um produto ou a uma empresa, pelas associações e percepções de um nome de marca. A importância crescente dada à marca, traduzida em inúmeras contribuições organizadas atribuindo ao conceito duas dimensões: (a) uma centrada numa óptica financeira, relativa ao valor patrimonial da marca; (b) uma segunda dimensão de valor da sua gestão resultante do impacto das ações de marketing no mercado. Das inúmeras definições de valor da marca a mais completa e abrangente é a que se baseia no customer-based brand equity, ou seja, no efeito diferencial que o conhecimento da marca tem sobre a resposta do consumidor ao marketing dessa marca. Uma marca é assim detentora de valor quando o consumidor tem uma atitude diferenciada na sua presença, entendendo atitude como o conjunto de conhecimentos, crenças e associações (nível cognitivo) que impelem ao desenvolvimento de um sentimentos (nível afetivo) do qual resulta numa intenções ou predisposições para a compra (nível comportamental). Ao criar uma atitude face à marca, o consumidor desencadeia um processo cognitivo de análise dos atributos da marca a partir da qual adquire uma determinada sensibilidade à marca. Avaliada e confirmada a relevância desses atributos para os interesses e motivações pessoais do consumidor, desencadeia-se um processo de envolvimento com a marca que, decorrendo este de uma dimensão afetiva, sustenta uma relação mais estável e duradoura. Torna-se, no entanto, crucial que na sequência destas variáveis, resulte uma terceira associada à acção, isto é, ao comportamento de compra, que sendo constante e sucessivo no tempo origina um processo de fidelidade à marca. Pode afirmar-se que existe uma ordem no processo de sensibilidade, envolvimento e fidelidade à marca, meramente retórica, pois podem ocorrer situações em que a experiência e envolvimento pelo produto acontece antes da sensibilidade aos seus atributos, especialmente em produtos cuja apreensão dos atributos é decorrente do seu uso. O valor da marca, para as empresas, pode ser, ainda, analisado nas seguintes vertentes: • constitui um valor comercial, sendo uma vantagem concorrencial quer por os consumidores se ligarem mais a marcas do que a empresas, quer por permitir alavancar o marketing e vender mais caro; • constitui um valor institucional, com efeitos positivos ao nível de atracção e retenção de colaboradores, quer ao nível da vertente comunicacional da empresa. Percepção Sensibilidade: A sensibilidade à marca agrega assim um conjunto de considerações genéricas sobre o produto, preço, garantias, etc, que envolve a análise do risco percebido na compra de um produto de determinada marca. São cinco os tipos de risco percebidos na compra e no uso de um produto: • risco funcional, relativo ao mau desempenho esperado do produto; • risco físico, de ameaça à integridade física do consumidor; • risco social, decorrente de um embaraço público pelo uso do produto; • risco psicológico, gerador de mau estar na saúde mental do consumidor; • risco financeiro, relativo ao preço pago desajustado do valor do produto. O risco financeiro envolve um conceito de preço psicológico mais alargado do que o tradicional preço economico, pressupondo na sua análise o uso das estruturas perceptivas do consumidor. Neste sentido, quando se fala de preço fala-se de duas dimensões de análise: por um lado os sacrifícios percebidos na aquisição de determinado produto como, o custo monetário, o custo da deslocação ao local de compra (caso exista), o custo de tempo (na recolha de informação, na compra), o custo de transporte e armazenamento (quando ocorre) e o custo do desgaste do produto, e, por outro, dos benefícios percebidos nessa compra, nos quais se incluem a marca, os atributos do produto e o local de venda/distribuidores. O consumidor está disposto a pagar um preço psicológico resultante do valor da sua equação de sacrifícios versus benefícios percebidos, atribuindo à marca um premium price acima e abaixo do qual não compra. No que se refere aos riscos percebidos, parece ainda interessante referir que quanto maior estes forem, maior é a sensibilidade à marca, dependendo estes riscos do tipo de produto em questão: nos bens de procura (search goods) a sensibilidade à marca é mínima na medida em que os atributos são aferidos antes da compra, nos bens de experiência (experience goods) onde é necessário experimentar os produtos para aferir dos seus atributos (por exemplo os automóveis) e nos bens de crenças (credence goods) onde os atributos são de difícil apreensão obrigando quase sempre a um processo de confiança (por exemplo os seguros), a sensibilidade à marca é crucial para a redução do risco percebido. Envolvimento • O envolvimento ocorre quando uma marca adquire uma extrema importância para o consumidor a ponto de ser adquirida e recomendada, o que resulta da conjugação de uma ou várias funções da marca. Podem ser identificadas, oito funções: • identificação: a marca identifica o produto quanto aos seus atributos; • localização: a marca localiza mais facilmente a oferta do produto; • prática: a marca permite adotar um comportamento de compra repetido; • garantia: a marca garante a qualidade do produto reduzindo o risco da compra; • personalização: a marca permite comunicar quem ou o que pretende ser o cliente; • lúdica: a marca permite prazer no ato de compra; • lúdica (hedonista):a marca origina satisfação pelo seu poder de atração; • lúdica (ética) : a marca manifesta um comportamento de responsabilidade social. Fidelidade A fidelidade traduz-se na permanência de um comportamento através do número de compras sucessivas realizadas ao longo do tempo. Esta ligação da marca ao consumidor reflete a probabilidade da marca ser trocada face a uma variação, por exemplo de preço. A fidelidade torna a marca familiar e como tal preponderante nas decisões de compra, especialmente nas compras de baixo envolvimento, onde a motivação e/ou o conhecimento dos atributos do produto são habitualmente baixos. O capital da marca corresponde ao conjunto de ativos (e disponibilidades) ligados ao nome e símbolos da marca, que acrescentam (ou retiram) valor, fornecidos por um produto ou serviço, a uma empresa ou seus clientes. Sendo as maiores categorias de ativos: a notoriedade, a qualidade, a fidelidade e as associações à marca que o consumidor faz a partir de um estimulo induzido pela suas ações de comunicação. Estes ativos constituem, pois, as fontes de valor da marca. Funções São ainda apresentadas e estudadas cinco funções de utilidade direta para o consumidor e três para o produtor decorrentes da marca: • Funções de utilidade para os consumidores • Função de ajustamento: A marca significa uma combinação de específica de atributos, tangíveis e intangíveis, que permite aos consumidores orientar as suas escolhas. A marca tem, assim, uma função de estruturação da oferta, e o ajustamento assim produzido aumenta a transparência do mercado. • Função prática: A marca é um meio prático dos consumidores memorizarem as características de um produto e de lhe associar um nome. • Função de garantia: A marca identifica e responsabiliza o produtor de uma forma duradoura. • Função de personalização: As marcas permitem aos consumidores exprimirem as suas diferenças e opções. Nesta perspectiva, as marcas são meios de comunicação dos próprios consumidores. • Função lúdica: Nas sociedades desenvolvidas a necessidade de inovação, novidade e surpresa são essenciais. As marcas permitem a associação a essas necessidades. Funções de utilidade para o produtor • Função de proteção: A marca registrada protege a empresa de imitações e falsificações. • Função de posicionamento: A marca permite, como visto, uma função de ajustamento, que agora na perspectiva do produtor serve a possibilidade de posicionamento face aos seus concorrentes. Função de capitalização: A marca permite ao produtor uma estratégia de longo prazo, sendo nela que se vão cristalizando e acumulando os resultados das ações publicitárias efetuadas ao longo dos tempos, como o “stock” de satisfações que a marca foi proporcionando aos consumidores. Neste sentido, a marca é um activo intangível resultante de muitos anos de investimento. Configuração As marcas podem conter múltiplas configurações, dependendo (entre outros) do planejamento da identidade de marca e o manual de identidade visual: • Marcas nominativas: Compostas apenas por elementos ilustrativos, tais como desenhos, imagens ou figuras. • Marcas mistas: São marcas constituídas por elementos figurativos e verbais. • Marcas sonoras: Marcas constituídas por sons. • Marcas tridimensionais: Marcas compostas pela forma do produto ou da sua embalagem. • Marcas compostas por slogans: Marcas constituídas por frases publicitárias, independentemente da proteção intrínseca conferida pelo Direito de Autor. De acordo com a LPI, as marcas podem ter apresentação nominativa, quando formadas por palavras, letras e números sem estilização gráfica; figurativas, quando compostas apenas por figuras e desenhos; mistas, quando compostas por figuras e palavras, números e letras, combinados; e tridimensionais. A legislação de propriedade industrial brasileira não admite o registro de marcas que não sejam perceptíveis visualmente, ou seja, marcas sonoras e olfativas não são registráveis no Brasil, embora possam existir de fato. Elementos • Como defende Philip Kotler , podem-se definir seis critérios para a escolha dos elementos da marca. • Os três primeiros: “memorável”, “significativo” e “desejável”, são elementos “construtores” da marca, no contexto de como o brand equity (patrimonio da marca) pode ser construído através de uma escolha ponderada de um elemento de marca. • Os três últimos, “transferível”, “adaptável” e “protegido”, têm uma componente mais defensiva, pensados na forma como o brand equity contido num elemento de marca pode ser estimulado e preservado, na presença de distintas limitações ou oportunidades. Memorável A facilidade com que o elemento da marca pode ser lembrado ou reconhecido, tanto na compra como no consumo, são fatores a ter em linha de conta. Nomes de marca curtos, como SKIP, OMO, BP, GALP, podem ajudar. Significativo O elemento de marca deve ser digno de crédito e sugestivo para a categoria correspondente. Pode lembrar por exemplo um ingrediente de um produto, a finalidade do mesmo ou o tipo de pessoa que o poderia usar. Neoblanc, Nespresso, IceTea, são produtos cuja marca nos elucida sobre a sua natureza. Desejável É importante também, que o elemento da marca seja esteticamente cativante. Deve ser por si só desejável visualmente, oralmente e em outros aspectos. Nomes de marcas concretos como Brilhante, Seda, ou Água viva, evocam imagens. Transferível Poderá ser vantajoso que o elemento de marca, possa ser usado para apresentar novos produtos, na mesma ou um outras categorias. Adaptável A capacidade de o elemento da marca poder ser adaptável e atualizável, poderá ser mais um fator a ter em consideração. A longa história da Coca Cola poderia levar a um cansaço da imagem, no entanto a constante adaptação que lhe foram conferindo, mantém-na com uma imagem sempre jovem. Protegido A proteção jurídica do elemento da marca é um fator fundamental, por isso há que se ter atenção se o nome escolhido pode ser registrado, para que não seja copiado facilmente. Nomes como Gillette ou Xerox, tornaram-se sinonimos da sua categoria de produtos, pelo que foi muito importante para os detentores destas marcas a proteção jurídica das mesmas, senão estes elementos de marca tornar-seiam genéricos. O brand equity não pode ser confundido com a avaliação da marca, uma vez que a primeira caracteriza o valor agregado atribuído a produtos e serviços e a segunda representa o esforço de estimar o valor financeiro total da marca. Vantagens • Segundo Philip Kotler , as vantagens de Marketing que uma marca forte confere são: • Percepção melhorada do desempenho do produto; • Maior fidelidade; • Menores vulnerabilidades às crises de marketing; • Menor vulnerabilidade às investidas de marketing lançadas pela concorrência; • Maiores margens; • Maior cooperação e suporte comercial; • Comunicações de marketing mais eficazes; • Menor sensibilidade do consumidor aos aumentos de preço; • Maior sensibilidade do consumidor às descidas de preço; • Possibilidade de licenciamento; • Oportunidades acrescidas de extensão à marca. Resumidamente pode-se dizer que para o consumidor, a marca traduz um conhecimento ou mesmo a confiança que a mesma lhe transmite, com base em experiências anteriores, influência de campanhas publicitárias ou experiência relatada por terceiros. Para a empresa a marca é uma forma de conquistar e fidelizar clientes e de se valorizar institucionalmente. Numa vertente mais detalhada podemos ver como o Mercator XXI (2008) caracteriza esta visão: Criação de valor para o consumidor “A marca é um contrato”, porque diminui o risco da compra para o consumidor. Este fator é tão mais importante quanto maior for o risco da compra. Por exemplo, um cliente ao adquirir um produto para o seu bebê, ou um produto inovador e com poucas ou nenhuma prova dada no mercado, vai tender a preferir uma marca de confiança, ainda que tenha de dispor de maiores recursos financeiros para a sua aquisição. “A marca identifica”, porque perante produtos similares ou pouco diferenciáveis, como são por exemplo os bens de consumo de primeira necessidade (leite, ervilhas, peixe congelado, etc.), as marcas com a sua identidade própria e notoriedade, influenciam a decisão da compra. “A marca diferencia”, uma vez que transmite a identidade do produto às pessoas. Em produtos de “status social”, como os automóveis, o vestuário ou os relógios, a marca valoriza socialmente o seu utilizador, realizando um processo duplo de identificação e projeção. Criação de valor para a empresa “A marca tem valor comercial”, pois como já foi mencionado antes, é um ativo negociável e muitas vezes o mais importante da empresa, podendo atingir valores consideráveis. Uma marca forte, pode vender mais caro. Quem duvida que hoje em dia qualquer marca de relógios cumpre a sua função principal com o maior rigor ao longo do tempo? No entanto a diferença de preços destes produtos é por vezes absurda. A diferença de preços permitida por uma marca deve ser continuamente percebida pelos consumidores, em simultâneo com o valor da imagem e pelo valor do uso. “A marca tem um valor institucional”, uma vez que pode desenvolver um forte sentimento de pertença, entre os colaboradores da empresa. Uma marca forte confere à sua detentora uma vantagem nas ações de recrutamento, atraindo os melhores candidatos, ao contrário de uma marca desacreditada, que os afasta. Posicionamento Kotler apresenta um estudo minucioso da marca no contexto da política de marketing das empresas e estrutura os processos para a construção de marcas fortes, isto é, de valor. De particular relevância é o estudo elaborado pelos autores sobre os diferentes posicionamentos possíveis da marca, consoante o nível a que a mesma seja colocada pelos seus gestores: • Posicionamento pelos atributos: considerado como o nível base em que uma marca pode ser posicionada, reflete aquelas situações em que à marca se associam determinados atributos dos produtos, como, por exemplo, “durável”, “bem construído”, etc.; • Posicionamento pelos benefícios: constitui um nível mais elevado de posicionamento de uma marca, associando-se um benefício desejado à marca (por exemplo, segurança, qualidade ou performance); Posicionamento pelas crenças e valores: para além dos atributos e benefícios, as marcas podem atingir o posicionamento superior da associação a fortes crenças e valores, naquelas situações em que estabelecem uma forte ligação emocional entre os consumidores e o produto ou a empresa (por exemplo, Louis Vuitton, Cartier, Prada, etc.). Comportamento do Consumidor face à Marca As marcas representam para os consumidores, um conjunto de importantes funções. Uma leitura das várias correntes teóricas sobre esta matéria permite identificar as principais funções, a seguir descritas: Fator de garantia e diminuição de riscos. As marcas têm um papel de garantia dados que identificam o seu fabricante e/ou distribuidor e conseqüentemente, o responsabilizam. Desta forma as marcas diminuem os riscos associados ao processo de compra, dos quais se destacam alguns: • Risco funcional: O produto não corresponde às expectativas do consumidor; • Risco físico: O produto põe em causa a segurança, o bem – estar, ou a saúde do consumidor; • Risco financeiro: o produto não vale seu preço de aquisição; • Risco social: O produto torna-se embaraçoso perante terceiros; • Risco psicológico: O produto afeta a saúde mental do seu consumidor; • Risco temporal: A falha do produto recai na necessidade de localizar um produto alternativo. Fator de identificação, reconhecimento e aprendizagem. Através da identificação dos produtos, os consumidores vão capitalizando as experiências passadas no reconhecimento das marcas. Vão desta forma adquirindo conhecimento sobre as quais são as marcas que satisfazem as suas necessidades e desejos. Neste processo, para além da marca do produto, a imagem de marca da empresa também desempenha um papel importante na medida em que também influencia as percepções do consumidor ao nível da reputação e integridade da empresa que satisfaz as suas necessidades. Redutor dos custos de pesquisa através duma perspectiva econômica, as marcas facilitam o processo de pesquisa e localização dos produtos, reduzindo dessa forma os custos e os esforços de pesquisa. Símbolo de auto – estima: Para além de vantagens funcionais, a marca tem um papel importante no plano emocional. De certo modo a marca funciona como um elemento simbólico que permite ao consumidor projetar a sua imagem desejada. Este sentimento “aspiracional” funciona através da associação dos valores da marca aos valores dos grupos de identificação desejados, por parte dos consumidores. Para vários grupos de consumidores as marcas têm uma função quase fraterna e de grande impacto no seu equilíbrio; uma função similar a certas organizações religiosas, socias ou comunitárias. Ícone de amor/ódio. É inegável a importância funcional da marca para os consumidores na medida em que funciona como um elemento de grande utilidade e ajuda no processo de compra. Inclusive numa dimensão mais psicológica, a marca funciona como elemento de equilíbrio emocional numa dinâmica consumista. Funciona como uma projeção do alter – ego, assumindo várias vezes um papel aspiracional junto do consumidor.