RELATO DE EXPERIÊNCIA DE UM PROJETO COLABORATIVO INTITULADO SEM FRONTEIRAS: PONTE ATLÂNTICA BRASIL E PORTUGAL Jaiane Ramos Barbosa¹ (UFC) Mixilene Sales Santos Lima (UFC) Lidiana Osmundo (UFC) Maria Auricélia da Silva (UFC) Raquel Santiago Freire (UFC) Alisandra Cavalcante Fernades (PUC) José Aires de Castro Filho (UFC) Abstract: EXPERIENCE REPORT OF A COLLABORATIVE PROJECT ENTITLED NO BOUNDARIES: ATLANTIC BRIDGE BRAZIL AND PORTUGAL. The present work aims at reporting an experience with a collaborative project whose objective was to promote collaborative interactions and practices between two schools of distinct locations using information and communication digital technologies (ICDT). The qualitative research was developed in two public schools, one of them in the city of Fortaleza/Ceará and another one in Braga/Portugal. In order to facilitate the communication and interaction among the participants, the collaborative environment Sócrates was used, a group on Facebook was created and a web conference was held. So as to collect data, field journal instruments, checklists and semi structured interviews were applied with teachers and students. Throughout the project realization, it was observed that itself provided cultural exchanges and collaborative work among the parties involved, so that benefited the use of this new dynamics in the school environment. key words: technology in education; collaborative learning; project Resumo: O trabalho com projetos nas escolas é relevante, pois constitui uma forma de integração das diversas disciplinas, de modo que possam ser trabalhadas conjuntamente, ressaltando vivências e experiências além do ambiente escolar. Sendo assim, o presente trabalho visa relatar uma experiência com projeto colaborativo, que teve como objetivo promover interações e práticas colaborativas entre duas escolas de localidades distintas através do uso das tecnologias digitais da informação e comunicação (TDIC). A pesquisa qualitativa de intervenção durou três meses e foi dividida em dois momentos. Ao longo da realização do projeto, Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -1- observou-se que o mesmo oportunizou a interação e o trabalho colaborativo entre as partes envolvidas, de modo a favorecer o uso dessa nova dinâmica no ambiente escolar. Palavras chave: tecnologia na educação; aprendizagem colaborativa, projeto 1. Introdução As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) possibilitam novas formas de comunicação interpessoal ao adentrarem o espaço escolar por meio do acesso aos computadores conectados à Internet. Nos dias atuais, diferentes formas de comunicação, interação e aprendizagem estão sendo estimuladas e vivenciadas por professores e alunos. Quando refletimos sobre a crescente presença das tecnologias na sociedade e o novo perfil dos alunos, logo fazemos relação com o processo educacional atual. Sendo assim, o uso dessas tecnologias influencia a educação e sugerem reflexões sobre as seguintes indagações: como introduzir as TIDC na escola? Como usá-las de modo que favoreçam a aprendizagem? É possível desenvolver um trabalho colaborativo entre pessoas de lugares diferentes sem o uso das TDIC? Tais perguntas favoreceram a concepção e o desenvolvimento do Projeto, intitulado, Sem Fronteiras: Ponte Atlântica Brasil e Portugal, que tinha como objetivo principal promover a interação e estimular práticas colaborativas entre estudantes de duas escolas de localidades distintas, sendo uma escola de Fortaleza/Ceará e a outra de Braga/Portugal. Nesse sentido, o presente trabalho visa relatar o processo de desenvolvimento do referido projeto, além de analisar algumas práticas colaborativas desenvolvidas pelos alunos de ambas as escolas. Ao longo do trabalho, será feita uma discussão sobre a presença da tecnologia na sociedade e na educação, apresentando o conceito de projetos Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -2- colaborativos, seus pressupostos e algumas experiências exitosas de projetos colaborativos apoiados pelo uso das TDIC. A seguir, serão apresentados os procedimentos metodológicos de investigação, seguidos dos resultados alcançados e, por fim, apresentaremos as conclusões obtidas durante a pesquisa. 2. Tecnologias na Sociedade e Educação Quando se fala em tecnologia, é comum pensar em computador, telefone celular, Internet e outros recursos digitais. No entanto, o conceito de tecnologia é muito mais abrangente, pois refere-se a tudo que o homem criou e continua criando para satisfazer suas necessidades. De acordo com Kensky (2007) “o conceito de tecnologia engloba a totalidade de coisas que a engenhosidade do cérebro humano conseguiu criar em todas as épocas, suas formas de uso, suas e aplicações” (p. 22). Dessa forma, várias são as tecnologias existentes, dentre elas o desenvolvimento da escrita, a formação de grupos, as diversas maneiras de se relacionar, além das ferramentas manuais a serem utilizadas na realização das atividades. Essas ações são exemplos de tecnologias que foram criadas pelo homem para melhor se desenvolver em sociedade. Assim, no contexto da sociedade atual, a presença das TDIC sugere novas formas de socialização e pensar sobre o funcionamento e uso dessas ferramentas nas atividades humanas (VIDAL; MAIA; SANTOS, 2002). Com o advento das ferramentas digitais, tais como e-mail, blogs e redes sociais, a comunicação, interação e o modo como às pessoas entram em contato com o meio vêm sofrendo modificações. Portanto, com a introdução das TDIC na educação, as dinâmicas sociais, culturais e tecnológicas sofreram alterações, pois modelos pedagógicos tradicionais foram tornando-se inadequados frente aos novos meios de difusão da informação, Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -3- já que “cada nova tecnologia traz novos fazeres, novas produções, novas formas de pensar e agir” (TORNAGHI, 2010, p. 6). Sendo assim, para a educação acompanhar o desenvolvimento tecnológico, é preciso mais do que se tinha anteriormente, como caderno, livro, calculadora e quadro negro, pois as TDIC “trazem novos condicionantes para o fazer escolar” (idem, p. 6). Sobre isso, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) enfatizam que as TDIC “além de serem veículos de informações, possibilitam novas formas de ordenação da experiência humana, com múltiplos reflexos, particularmente na cognição e na atuação humana sobre o meio e sobre si mesmo” (BRASIL, 1998, p. 135). Diante dessas reflexões, pode-se observar as possibilidades que as TDIC proporcionam à educação, desde que pensadas e usadas pedagogicamente e com metodologias voltadas para o aluno participante ativo, construtor do conhecimento. Nesse sentido, o desenvolvimento de projetos na perspectiva colaborativa favorece a realização desses anseios. Sobre isso, no tópico seguinte, será discutida a proposta do desenvolvimento de um projeto, na perspectiva colaborativa, com o suporte das TDIC. 2.1. Projetos colaborativos O trabalho com projetos nas escolas é relevante, pois constitui uma forma de integração das diversas disciplinas, de modo que possam ser trabalhadas conjuntamente, ressaltando vivências e experiências dos envolvidos além do ambiente escolar. Almeida (2000) destaca que, quando os projetos são realizados pedagogicamente: Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -4- Criam possibilidades de ruptura por se colocarem como espaço corajoso, onde é possível juntar a Matemática com a Biologia, a Química com a História, o Português com a formação de uma identidade cultural. É uma forma de facilitar a atividade, a ação, a participação do aluno no seu processo de produzir fatos sociais, de trocar informações, enfim, de construir conhecimento. (ALMEIDA, 2000. p. 14). Pode-se compreender que o trabalho com projetos vai além da sala de aula e da aprendizagem de conteúdos formais, este propõe uma visão interdisciplinar de disseminação da informação para gerar conhecimento. O tema do projeto deve ser baseado na realidade vivenciada pelos alunos, propor discussões, debates e buscar promover a autonomia, senso crítico e o conhecimento. Dessa forma, a partir da interação com os colegas e do contato com diversas situações que o levam à reflexão e à busca de soluções, o aluno passa a ter um papel ativo e fundamental na construção de seu conhecimento. Sendo assim, pensar no uso das TDIC para o trabalho com projetos pode alcançar resultados significativos em relação à colaboração entre os participantes, pois além do desenvolvimento de atividades envolvendo o trabalho conjunto, essa prática faz uso de ferramenta digital, que aperfeiçoam a comunicação, interação, colaboração e aprendizagem entre os pares, o que oportuniza a aprendizagem colaborativa apoiada por computador. Nessa perspectiva, várias são as experiências de projetos utilizando as TDIC que oportunizaram a construção de uma aprendizagem colaborativa entre os seus participantes. Sobre a realização desse tipo de projetos, o grupo Proativa vem desenvolvendo experiências exitosas entre escolas do estado do Ceará e de outros países. O Grupo iniciou esse tipo de experiência, no ano de 2008, com o projeto intitulado Interligando Mundos que consistia na criação de materiais digitais de forma colaborativa por estudantes e professores de duas escolas, uma de Fortaleza, Ceará e a outra na cidade de Iwata, no Japão. O projeto tinha como objetivo valorizar os aspectos culturais de ambos os países. Nos dois anos seguintes, o grupo desenvolveu, em 2009, o projeto Me Perdi e Me Achei no Brasil, Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -5- com a participação de uma escola francesa. No ano de 2010 desenvolveu o projeto Brincando no Brasil, agora com a participação de alunos americanos. Ambos os projetos consistiam na criação de um conto digital entre as turmas de alunos envolvidas. Posteriormente, no ano de 2011, o grupo realizou mais dois projetos de forma colaborativa envolvendo alunos de localidades distintas. Os projetos intitulados Nossos Lugares no Mundo e Vizinhança Americana consistiam na interação e construção de materiais digitais destinados a alimentação de um blog e de um site do projeto. Todos os projetos citados tinham como característica comum o uso das tecnologias a favor da interação, promoção das trocas culturais e construção de materiais digitais de forma colaborativa. Sendo assim, observamos que o trabalho com projetos já vem sendo uma realidade no espaço escolar. A seguir, apresentaremos os procedimentos metodológicos, seguidos dos estágios de desenvolvimento de um projeto colaborativo realizado sobre as mesmas condições dos projetos citados anteriormente. 3. Metodologia A presente pesquisa, qualitativa de intervenção, foi realizada entre duas escolas públicas de localidades distintas. A primeira escola localizava-se no município de Fortaleza, Ceará, e a segunda na cidade de Braga, Portugal. As duas escolas participaram de um programa do Governo Federal, de ambos os países, que tinha como objetivo distribuir ou favorecer a compra de laptops educacionais com propósito de promover a inclusão digital dos alunos e professores pertencentes á comunidade escolar inserida. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -6- 3.1. Duração e participantes A referida pesquisa teve duração de três meses e foi dividida em dois momentos. O primeiro momento foi composto pela visita dos pesquisadores à escola de Fortaleza e planejamento online das atividades que seriam desenvolvidas durante o projeto com os alunos. Nesse primeiro momento, as ideias do projeto foram idealizadas e planejadas pelos pesquisadores que posteriormente apresentaram as propostas de atividades para os professores envolvidos. Estes formularam os temas que seriam discutidos no projeto de acordo com os temas abordados no currículo institucional de cada escola. O segundo momento consistiu na realização do projeto no âmbito escolar. Foi desenvolvido em um mês e meio ao longo de seis encontros, com uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental da escola Brasileira, chamada de B, e uma turma de 10º ano do Ensino Secundário da escola de Portugal, chamada de P. Participaram da pesquisa alunos, professores e pesquisadores. No total participaram 45 alunos, 25 da escola de Fortaleza e 20 de Portugal, os alunos de ambas as turmas tinham entre 15 e 16 anos; Um professor de Cultura e História das Artes, da escola de Portugal; Um professor de História e uma professora de Geografia, ambos da escola de Fortaleza. Durante o desenvolvimento do projeto os professores envolvidos participaram como mediadores do Projeto juntamente com os cinco pesquisadores da universidade. 3.2. Ambientes online utilizados Dos seis encontros realizados, durante o desenvolvimento do projeto, cinco ocorreram no laboratório de informática da escola B e o outro na sala de videoconferência do Instituto UFC Virtual. Os cinco encontros realizados no Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -7- laboratório de informática da escola serviram para estabelecer discussões assíncronas entre os alunos das turmas das escolas B e P e promover a criação de materiais digitais de forma colaborativa. O encontro no qual foi realizada a videoconferência promoveu o contato síncrono entre os estudantes dos dois países. Além dos encontros presenciais, foram utilizadas ferramentas online para facilitar a interação entre os alunos. Utilizou-se a ferramenta projetos, disponível no ambiente virtual Sócartes¹, e um grupo de discussão na rede social Facebook². 3.3. Instrumentos de coleta de dados Os instrumentos de coleta de dados utilizados durante o desenvolvimento do projeto, foram: Checklist, respondido no primeiro encontro do projeto, a fim de sondar, caracterizar e descrever o perfil da escola, turma e participantes envolvidos; Entrevistas semiestruturadas com professores e alunos, que objetivaram afirmar situações observadas durante os encontros; Anotações no diário de campo dos pesquisadores, realizados durante e ao final de cada encontro do projeto; Filmagens e captura de imagens que serviram como apresentação mais abrangente e precisa dos fatos ocorridos. Posteriormente, as etapas realizadas para o desenvolvimento do projeto serão descritas. 4. Desenvolvimento do projeto O presente projeto foi realizado em três etapas de desenvolvimento: 1) contato inicial entre pesquisadores, professores e escola; 2) planejamento do projeto entre professores e pesquisadores; e 3) execução do projeto na escola. A seguir, as etapas citadas serão descritas. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -8- 4.1. Contato inicial O primeiro momento do projeto consistiu no contato inicial entre pesquisadores e professores das escolas. Como as escolas pertenciam a localidades distintas, inicialmente foi utilizado o correio eletrônico para estabelecer o contato inicial com o professor da escola P. Na B, o primeiro contato foi realizado através de uma visita às dependências da mesma, mediante conversa com a diretora que ao conhecer a proposta do projeto, logo indicou um professor de História, que segundo ela, era bastante envolvido com as atividades e realização de projetos na escola. Posteriormente, os pesquisadores conversaram com o professor sugerido que após conhecer a proposta, concordou em participar. Após essa etapa, em ambas as escolas, foram realizadas a escolha das turmas que seriam contempladas com o projeto. Na escola P o professor participante apresentou a proposta do projeto para seus alunos deixando livre a opção de participação dos mesmos no projeto. Já na escola B, a escolha da turma foi feita após a divulgação da idade dos alunos da escola B. 4.2. Planejamento do projeto O planejamento do projeto consistiu na comunicação síncrona e assíncrona entre os pesquisadores e professores envolvidos. Vários foram os e-mail trocados com os professores de ambas as escolas, objetivando o planejamento dos encontros e criação do cronograma das atividades do projeto. No total, foram trocados 27 emails e realizadas 3 web conferências, por meio do Google+³. Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação -9- A seguir será apresentada uma imagem da ultima web conferência de planejamento, antes do inicio do projeto na escola, entre os dois professores envolvidos e uma das pesquisadoras. Figura 1: web conferência de planejamento Foto: Jaiane Ramos 4.3. Execução do projeto O projeto na escola teve duração de um mês e meio, período em que ocorreram, nas duas escolas, seis encontros presenciais. Os dados relatados, a seguir, serão específicos da escola B por considerar a constante presença e observação dos pesquisadores nessa realidade. No primeiro dia do encontro, o professor da escola B e os pesquisadores fizeram a apresentação do projeto para os alunos do 9º ano, indagando sobre o envolvimento que eles teriam com uma turma de alunos de Portugal. Após a apresentação, iniciaram as discussões sobre o nome do projeto que ficou conhecido por Sem fronteiras: Ponte Atlântica Brasil e Portugal. O nome escolhido para o projeto foi uma junção das sugestões dos alunos da escola P e B. Posteriormente, foram criados os e-mails dos alunos que não possuíam Gmail e realizado o cadastramento no ambiente online Sócrates, utilizado para Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 10 - promover o contato entre os alunos da escola B e P. Após a realização dessas ações, os alunos foram divididos em quatro equipes e participaram de um sorteio para definir o quadro de assuntos que seriam trabalhados durante todo o projeto, por cada equipe. Os tópicos sorteados foram os seguintes: 1. O que vocês gostariam de saber sobre Portugal/Brasil?; 2. O que vocês gostariam de fazer em Portugal/Brasil?; 3. Falem sobre um fato que vocês conhecem sobre Portugal/Brasil?; 4. O que vocês acham que os portugueses/brasileiros devem saber sobre Portugal/Brasil?. Após a divisão das equipes e sorteio dos temas, os alunos da escola B participaram do fórum 1 intitulado Apresentação. Nos exemplos abaixo é possível observar as interações ocorridas entre os alunos, no fórum citado. Usaremos A1 (B) para alunos brasileiros e A1(P) para alunos Portugueses. Exemplo 1- Interação no Ambiente Virtual Sócrates- Fórum 1 A1 (B)- falem um pouco de como voces se sente de ter sido o colonizado do nosso pais e falem mais de vocês A1 (P)- eu acho que se voces nao fossem colonizados por portugal, nao falavam a mesma lingua e nao estavamos a fazer este intercambio agora... por isso foi bom :) Exemplo 2- Interação no Ambiente Virtual Sócrates A2 (B)- Equipe - 2 2.-História do Brasil após a independencia (opiniões, factos etc) -O que acham de Portugal e da sua população? -O que acham do futebol Português? -Na nossa opinião Portugal teve uma importância fundamental na cultura e língua do povo brasileiro, haja vista, nós (brasileiros) falarmos a língua portuguesa. Em relação ao futebol português estamos vendo um grande avanço. Nos sentimos bastante orgulhosos em termos um brasileiro naturalizado português como idolo do futebol de seu país (Deco). Sem contar o fato do maior artilheiro do futebol português ser um brasileiro, cearense, de nome Jardel. D1 (P) Muito bem A1! És realmente um profundo conhecedor do futebol português e como sabes há imensos jogadores brasileiros a jogar nas Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 11 - equipas portuguesas. Alguns jogadores chegam cá e praticamente ainda não são conhecidos no Brasil, como foi o caso do Deco ou mesmo do Liedson e depois têm sucesso e viram "craques". Como deves saber a seleção portuguesa está a preparar-se para o campeonato da Europa e entre os jogadores selecionados está um que nasceu no Brasil, o Pepe que atualmente joga no Real Madrid. Observou-se que nas conversas estabelecidas nos fóruns ocorreu interação e trocas culturais entre os alunos participantes. Sobre isso, Torres (2007) destaca que quando ocorre interação entre pessoas de forma colaborativa por meio de atividades significativas, os alunos realizam esquemas próprios de pensamento e perspectivas para a atividade proposta. Nesse âmbito, no encontro seguinte os alunos iniciaram a construção de materiais digitais, no google Docs, respondendo aos tópicos definidos anteriormente durante o primeiro encontro do projeto. Ao final da construção dos materiais, os alunos iniciaram a disponibilização dos links das apresentações no Fórum 2, intitulado Interação: Nossas curiosidades e meu país é assim. Porém essa atividade só pode ser concluída no quarto encontro, pois os alunos da escola B apresentaram dificuldades ao manusear o computador e utilizar ferramentas da internet. Dessa forma, os dois encontros seguintes foram destinados a realização das apresentações online. De acordo com o planejamento, feito por professores e pesquisadores, o quinto encontro seria realizado para oportunizar a visualização das apresentações feitas pelos alunos, das duas escolas, por meio de uma web conferências, porém problemas técnicos relacionados à velocidade da internet na escola B dificultaram a realização da atividade proposta. Apresentadas as limitações, foi marcado um novo encontro, mas agora objetivando a realização de uma videoconferência na Universidade Federal do Ceará, em uma sala apropriada, pertencente ao Instituto UFC Virtual. A videoconferência foi realizada, durante o sexto encontro, também como forma de culminância do projeto. Os pesquisadores levaram os alunos da escola B, com autorização dos pais, até as dependências do instituto UFC Virtual, local que Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 12 - seria realizada a videoconferência. Durante a videoconferência os alunos brasileiros e portugueses tiveram a oportunidade de conversar e apresentar suas produções já postadas e comentadas nos ambientes online Sócrates e grupo no Facebook. Foi observado que os materiais digitais criadas pelos alunos, em forma de apresentações, focaram aspectos culturais relacionados ao tipo de comida, clima predominante, pontos turísticos das cidades envolvidas, diferenças e semelhanças entre os dois países, entre outros aspectos culturais. A criação das apresentações assim como as curiosidades apresentadas durante a videoconferência, foram respondidas a partir das orientações dos professores de História e Geografia da escola B. Figura 2: web conferência de culminância Foto: Alisandra Cavalcante A partir dos checklistes e anotações no diário de campo dos pesquisadores, é possível observar, nos exemplos abaixo, os momentos de interação entre os alunos e professores ocorridos durante a videoconferência. Exemplo 3- Interação entre alunos A3 (B) pergunta: “Qual o tipo de músicas que vocês escutam ai, qual vocês preferem?” Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 13 - Um aluno (P) diz : “Rock n’ Roll e músicas pop” e ele complementa dizendo que algum colega poderia dizer mais alguma coisa. Exemplo 4- Interação entre alunos Uma aluna (P) pergunta: “O beach park é o parque aquático daí?” A4 (B) fala: “É sim, o beach park, que tem escorregador”. Durante todo o projeto constatamos que a curiosidade sobre ambas as culturas foi explícita, bem como a percepção das importâncias culturas e históricas dos dois países. Ao final do projeto na escola,os ambientes online continuaram ativados e recebendo postagens dos alunos envolvidos. Isso identifica a riqueza do trabalho colaborativo realizado a partir de assuntos de interesse dos participantes. 5. Conclusão No Projeto, Sem Fronteiras: Ponte Atlântica Brasil e Portugal, a tecnologia foi o elo que possibilitou a construção colaborativa e promoção de trocas culturais entre os alunos brasileiros e portugueses, por meio da plataforma usada e rede social adotada, Sócrates e Facebook. Isso acaba por responder alguns dos questionamentos iniciais deste trabalho. A partir do uso das plataformas os alunos, professores e pesquisadores envolvidos puderam interagir e colaborar entre si com um único objetivo comum, o de aprender. Outra ferramenta de grande contribuição foi à plataforma de videoconferência, através da qual os alunos de ambos os países puderam conversar em tempo real e discutir sobre as apresentações e curiosidades que emergiram durante a realização do projeto. Nesse sentido, foram observadas a valorização e a participação dos alunos na construção do conhecimento a partir de processos coletivos. Ou seja, trabalhar coletivamente, com objetivos compartilhados, com a intenção explícita de somar Universidade Federal de Pernambuco NEHTE / Programa de Pós Graduação em Letras CCTE / Programa de Pós Graduação em Ciências da Computação - 14 - algo, criar algo novo e diferente através da colaboração, e não somente uma simples troca de informação ou instruções (BARROS; 1994). Sendo assim, os fatores observados durante o projeto nos mostrou uma nova forma de pensar e fazer educação, incorporando as TDIC no cotidiano da escola e levando seus alunos a aprenderem de forma colaborativa. Para Torres e Irala (2007), a aprendizagem colaborativa é bastante reconhecida como uma metodologia que promove uma aprendizagem mais ativa. Portanto, o aluno, a partir da colaboração, possui participação ativa no processo de aprendizagem, ele interage durante o processo, aceita facilmente as diversidades e diferenças no grupo, além de desenvolver autonomia e gerar uma nova relação e visão da figura do professor, que passa de detentor de todo o conhecimento para um importante mediar do processo de aprendizagem. A partir dos dados analisados, pretendemos focar nos trabalhos futuros uma análise mais detalhada sobre as interações emergidas durante o trabalho com projetos colaborativos, bem como observar os conteúdos curriculares institucionais e ocultos abordados e emergidos durante o projeto, além de enfatizar as limitações e pontos de sucesso destinados a realização do desenvolvimento do projeto colaborativo. Referências Bibliográficas ABEGG, Ilse; Bastos, F. P. e MÜLLER, F. M. 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