JOGANDO COM A MATEMÁTICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Farias, Airan – FAP [email protected] Omodei, Letícia Barcaro Celeste – FAP [email protected] Agência Financiadora: FUNPESQ RESUMO Este trabalho consiste em um relato de experiência da aplicação de jogos matemáticos para professores do Ensino Fundamental I, Pedagogos e estudantes de Pedagogia. Foram propostos jogos como recurso para às aulas de matemática, uma maneira diferente de se introduzir determinado assunto, trabalhando tanto o raciocínio quanto a fixação, dentre outras particularidades a serem exploradas. Este artigo traz os Jogos Matemáticos como proposta de ensino. PALAVRAS-CHAVE: Educação Matemática, recursos metodológicos, ensino e aprendizagem da Matemática. ABSTRACT This paper is an experience report on the application of mathematical games for elementary school teachers, pedagogues and students of Pedagogy. Games have been proposed as a resource for the math classes, a different way of introducing a subject, working both thinking about fixing, among other features to be explored. This paper provides the Mathematical Games as teaching proposal. KEYWORDS: Mathematics Education, methodological resources, teaching and learning of mathematics. 1 INTRODUÇÃO Ubiratan D’Ambrosio diz que “a educação matemática deve estar voltada como uma estratégia para levar o aluno a estar em paz consigo mesmo, e com seu entorno social, cultural e nacional” (2001). Atualmente escolas e professores vêm alterando suas ações em aulas de matemática, utilizando-se de metodologias e recursos. De acordo com os PCN (Brasil, 1998), dar-lhe os meios para ser um cidadão crítico, prepará-lo para o mercado de trabalho, oferecer-lhe recursos para que possa resolver situações do cotidiano por meio da matemática, por exemplo. Pensando nisso, surgiu na FAP, apoiado pela FUNPESQ, o projeto de pesquisa “Conceitos Avaliativos”, do qual são integrantes as autoras deste trabalho. Assim, este trabalho surgiu deste projeto de iniciação científica, que faz pesquisa em Educação Matemática. O projeto teve início no ano passado, para avaliar por meio de uma prova alunos do 5º ano da educação básica em relação à matemática. Conclui-se que os alunos não estão preparados como deveriam, e o objetivo do projeto em relação a isso é a elaboração de propostas de ensino que visam aperfeiçoar as aulas de matemática, buscando a melhor maneira de se ensinar a aprender a arte dos números. Foi realizada uma Oficina de jogos matemáticos, voltada para estudantes de pedagogia, pedagogos e professores de matemática, com o intuito de apresentar os jogos para serem usados nas aulas de matemática, como uma forma de ampliar o leque de possibilidades de ensino dos educadores, tornando esta disciplina, na maioria das vezes tão distante dos alunos, mais próxima e acessível a eles. 2 REFERENCIAL TEÓRICO: Hoje se fala muito de professor orientador, ou seja, o papel dele não é mais transmitir seu conhecimento para o aluno, e falando em matemática, passá-la de uma forma pronta e acabada, a qual não existe outra maneira de pensá-la e sim uma só, a do professor. Mas, levar o aluno a pensar, propor situações que o faça aprender a aprender, ser um mediador entre o conhecimento e o aprendiz. Ponte (1992) propõe uma matemática desformalizada. Acredita que os conceitos matemáticos se dão pela manipulação de objetos, e pela reflexão sobre essas ações. Por vezes a matemática é reduzida ao cálculo, sendo este importante, mas pouco explora do raciocínio, criatividade, sendo algo sistemático. A matemática é tratada pelos professores, principalmente de séries mais avançadas, mui formalmente. Contudo, esta ciência aparece separada da realidade, tornando-se a matemática escolar fechada ao currículo, não aplicada a situações do dia a dia. Por conseguinte, há educadores que querem levar a “vida real” para a escola, e segundo Rômulo Lins, do Departamento de Matemática de Rio Claro-SP, essa atitude faz com que o aluno tenha a escola como algo surreal, e concebendo a matemática aprendida no âmbito escolar diferente da matemática usada diariamente. No entanto, dentre os professores que acreditam ser a matemática construída por teoremas e axiomas, há aqueles em que creem que ela também pode ser construída pelo sujeito, através de problemas que proporcione situações que o conduza a definir estratégias, levando à solução de determinada situação problema, construindo o conceito matemático, estando à matemática numa constante evolução. Junto com essa concepção vêm às tendências metodológicas, tendo Resolução de Problemas, Modelagem, Investigação, tecnologia, Etnomatemática, História da Matemática, jogos matemáticos, à disposição dos professores. Beatriz D’Ambrosio em et al D’Ambrosio (1989), diz que essas propostas visam mudar a concepção que se tem da matemática, de como ensinar matemática, ter o aluno como ser ativo na construção do seu conhecimento, pondo-o no centro das atividades, passando o professor a ser um mediador. A respeito disso destacaremos os jogos matemáticos. Trabalhar com jogos na aula de matemática despertando nos alunos o trabalho em equipe, elaboração de estratégias, debate de ideias, consideração das opiniões alheias, raciocínio, dentre outros, que variam de acordo com o jogo a ser trabalhado. D’Ambrosio (1989), ressalta o Pentathlon Institute, conhecido no Brasil no Laboratório de Ensino de Matemática da UNICAMP, que “vê os jogos como uma forma de abordar, de resgatar o lúdico, aspectos do pensamento matemático que vêm sendo ignorados no ensino”, “desenvolvendo estratégias no raciocínio da criança por meio dos jogos, trabalhando também a estimativa e o cálculo mental”. Este grupo acredita, segundo Beatriz D’Ambrósio, “que no processo de desenvolvimento de estratégias de jogo o aluno envolve-se com o levantamento de hipóteses e conjecturas, aspecto fundamental no desenvolvimento do pensamento científico, inclusive matemático”. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Tendo como foco as novas práticas de ensino, foi realizada uma oficina de jogos matemáticos voltada para alunos de pedagogia, pedagogos e professores, onde foram apresentados diferentes jogos para se trabalhar em aulas de matemática. Foi feito um breve relato do projeto, o qual busca novas propostas de ensino. A intenção da oficina era mostrar que é possível explorar os alunos matematicamente de uma maneira divertida, questioná-los, instigálos a pensar, além de trabalhar as diferentes formas de se fazer matemática. O funcionamento era em torno do próprio jogo, onde os participantes tornavam-se jogadores, para sentirem as possíveis dificuldades, indagações, relacionar com o conhecimento de matemático que possuem, dentre outras situações, as quais os alunos poderão passar; obter um conhecimento maior sobre esse recurso, onde vários jogos foram apresentados, explorados e discutidos, proporcionando uma visão mais completa sobre este recurso. 4 O JOGO Um dos jogos apresentados foi o Jogo de Cálculo Mental, composto por 25 fichas de uma cor e 25 fichas com outra cor, um tabuleiro numérico com as respostas das operações e três dados, os quais serão à base dos cálculos, que serão elaboradas pelo jogador utilizando os resultados obtidos no lançamento dos dados; a maneira de finalizar o jogo é por quantidade de pontos ou por finalização, esta se dá quando um dos jogadores enfileira 5 peças que correspondem à sua cor, tanto na vertical, como horizontal e diagonal ou por pontuação, porém a única forma de marcar pontos é ocupando um espaço que seja adjacente à um espaço já ocupado, independente qual seja a cor da peça, e poderá marcar mais pontos com peças que possuem outras adjacentes, sendo o total de pontos a quantidade de peças adjacentes, tanto da vertical, horizontal ou diagonal. Este jogo consiste em trabalhar a fixação das quatro operações de soma, subtração, multiplicação e divisão, o raciocínio, definição de estratégias, domínio da tabuada, cálculo mental, podendo ser jogado em dupla ou em grupo. O jogo teve uma grande rejeição pelos participantes, motivos dados pela grande dificuldade com o cálculo mental, tabuada e divisão, mostraram desânimo e indagaram ser difícil desde o início. No entanto, ao começarem a partida, surgiu uma ânsia por querer formular operações que marcasse pontos, de preferência mais de um em uma jogada. Embora os acadêmicos tenham se interessado, buscaram saber como trabalhar usando este recurso, alguns professores mostraram desinteresse, jogaram sem buscar o conceito matemático, refutaram ser impossível aplicar uma atividade diferente em sala de aula, que os alunos são desinteressados, ou seja, é trabalhoso. Temos uma cultura em que matemática é ruim, onde suas aulas são taxadas de chatas, pois “ninguém entende nada”, que a matemática cotidiana é diferente da ensinada na escola, por isso a proposta de novas metodologias, para que o processo de ensino/aprendizagem mude essa realidade. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base na oficina, conclui-se que os professores do Ensino Fundamental I têm dificuldades com a matemática, a consideram difícil, e acabam por passar isso aos alunos. Buscar métodos de ensino, estudá-los, saber utilizar qual a melhor maneira, em qual assunto melhor se encaixa, considerar a turma em que será aplicado, dentre outros fatores que influenciam no processo de ensino e aprendizagem. Enfim mudar a forma de ensinar não é fácil, nem simples, demanda trabalho, perseverança e acima de tudo amor. 6 REFERÊNCIAS MEIER, Marcos, 1961 – Mediação da aprendizagem: contribuições de Feuerstein e de Vygotsky / Marcos Meier, Sandra Garcia. –Curitiba : Edição do autor, 2007. D’AMBROSIO, Beatriz S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM. Ano II. N2. Basília. 1989. P. 15-19. PONTE, J. P., Educação matemática: Temas de investigação. Lisboa: Instituto de Inovação Educacional, Lisboa, p. 185-239. 1992. D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da Teoria à Prática. Campinas, SP: Papirus.1996. D’AMBROSIO, Ubiratan. Teoria e Prática da Educação. Paz, Educação Matemática e Etnomatemática. Maringá, v. 4, n. 8, p. 15 – 33, jun. 2001.