Investimentos brasileiros na África:
características, tendências e agenda de
políticas
Pedro da Motta Veiga (CINDES)
São Paulo, 25 de agosto de 2014
Estrutura da apresentação
• Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África
• Políticas públicas e IDE do Brasil na África
• Elementos para uma agenda de apoio ao IDE brasileiro
na África
Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 1
• primeiro ciclo de investimentos (80): Petrobrás e grandes construtoras
(Angola, Congo, Líbia, Argélia). Construtoras permanecem, Petrobrás em fase
de desinvestimento. Nigéria, Tanzânia, Angola, Benin, Gabão e Namíbia (50%
dos ativos na África).
• segundo ciclo: anos 00 => mais diversificado, em termos de atores, setores e
países visados
• CINDES: De 29 empresas com IDE na África hoje (BNDES), apenas 3 estavam
na região antes de 2000. Os primeiros investimentos de 21 delas são de 2005
ou posteriores. Para 11, primeiros investimentos são de 2009 ou depois.
• países de entrada (via IDE) na África: Angola (10 de 29), África do Sul (8),
Moçambique (3).
Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 2
Países
Nº empresas
Setor de Atividade
Construção Civil, Mineração,
Exploração e Produção de
Petróleo e Gás e TI
Exploração e Produção de
Petróleo e Gás, Mineração,
Agro P&D e Construção Civil
Construção Civil, Mineração,
Carrocerias, Motores
Elétricos e TI.
Exploração e Produção de
Petróleo e Gás e Construção
Civil
Construção Civil, Carrocerias
e Frigoríficos
Angola
14
Moçambique
10
África do Sul
10
Líbia
4
Egito
4
Guiné
5
Construção Civil e Mineração
Namíbia
3
Exploração e Produção de
Petróleo e Gás
Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 3
• concentração do IDE brasileiro:
• setorial: mineração, petróleo e construção pesada. Poucos investimentos
em indústria e agro.
• empresarial: cerca de 30 empresas no total.
• geográfica: Sul (Angola, Moçambique e África do Sul) e Norte (Argélia,
Egito e Líbia).
• situação hoje: peso dominante de serviços, relativa e absoluta.
• em serviços estão os grandes (construtoras) e investidores menores (comércio,
etc). Heterogeneidade de perfis (porte, setor) e motivações (atender cliente
brasileiro, por ex.) ou market-seeking
Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 4
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• mineração ganha importância, mas um só ator (Vale).
• petróleo: desinvestimento da Petrobrás, investimentos na Namíbia (COWAN,
HRT).
• indústria: IDE market-seeking com entrada “gradual” em etapas da produção
(montagem) e por joint venture com parceiros locais, na entrada, como na
diversificação geográfica. Mitigação de riscos?
• JV também adotada como modalidade de entrada para alguns investimentos de
diversificação setorial e/ou geográfica de construtoras e mineradora:
Odebrecht (etanol / Angola), Vale (cobre / Zâmbia, ferro / Gabão, logística /
Moçambique), Camargo Correia (cimento / Moçambique)
• agro: investimentos da Pinesso e da Odebrecht Agro. Presença da Embrapa
em Gana (2006) e em três outros países.
Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 5
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• diversificação gradual em curso: principalmente de cunho geográfico, por
parte das empresas que já entraram na África.
• diversificação geográfica: empresas de construção pesada (AG e Odebrecht) e
mineração (Vale) em 9 países, Petrobrás em 8 (mas em fase de
desinvestimento), Randon em 4. Doze empresas só estão em um país.
• alguma diversificação geográfica para “seguir” cliente brasileiro.
• diversificação setorial das empresas: 3 (Odebrecht, Vale - dentro da mineração
- e Camargo Correia). Perfil diversificado: setorialmente: Odebrecht em
Angola.
• empresas brasileiras prospectando África para investimentos apontam para
algum potencial de diversificação setorial: energia, papel, processadora de
alimentos, vidro e têxteis (maioria é indústria). Países visados são Angola,
Moçambique, África do Sul e países do Norte da África (Argélia).
Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 6
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• Brasil: investidor ainda secundário (inclusive entre os BRICS) na África. Grande
parte do que se denomina IDE brasileiro é, na realidade, exportação de serviços
(de construção, engenharia e outros).
• exceto pelo setor de construção e pela Petrobrás, Brasil é um newcomer (ou late
comer?) no mercado africano.
• peso dos setores de infraestrutura e mineração no IDE do Brasil:
• sensibilidade política e sócio-ambiental dos investimentos: relações
complexas com stakeholders (Governo: atividades potencialmente
geradores de novos recursos fiscais; ONGs: impactos sobre comunidades
tradicionais; etc).
• competição direta com China: perfil de IDE do Brasil tem similaridade
com o chinês , à diferença dos IDE dos demais emergentes (Cirera, 2013).
Políticas públicas e IDE do Brasil na África - 1
• instrumentos de política com implicações potenciais sobre IDE na África
• linhas de financiamento às exportações de bens e serviços: inclusive
buyer’s credit (BNDES Exim automático).
• linha do BNDES de apoio à internacionalização produtiva.
• escritório do BNDES na África do Sul (final de 2013).
• créditos concessionais (tied aid).
• perdão de dívidas.
• diplomacia: abertura de embaixadas, etc.
• acordos de cooperação e facilitação de investimentos.
Políticas públicas e IDE do Brasil na África - 2
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•
comentários sobre as políticas brasileiras:
• até hoje instrumentos mais efetivos estão relacionados ao comércio de
bens e à exportação de serviços (linhas de crédito às exportações do
BNDES), perdão de dívida, créditos concessionais. Mas diversificação das
exportações é incipiente (carnes e açúcar dominam a pauta).
• instrumentos especificamente voltados para IDE ainda pouco efetivos:
acordos de investimentos, linha de apoio à internacionalização do
BNDES).
• existência de obstáculos horizontais à internacionalização e às atividades
de IDE das empresas: tributação desfavorável (Documento CNI)
Agenda – condicionantes e perspectivas - 1
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• competição com China (nos setores atuais e novos) e com outros emergentes
(inclusive África do Sul), em outros setores.
• limitações do Brasil e competição desigual com China no que se refere aos
recursos para financiamento de comércio e IDE.
• evolução lenta - e heterogênea segundo países – do marco regulatório e do
ambiente político e de negócios => convergência ou divergência das condições
econômicas e políticas?
• investimentos em infraestrutura e avanços graduais em integração regional.
Agenda – condicionantes e perspectivas - 2
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• dimensão do país receptor como referência única para investimentos marketseeking ou mercados regionais podem se tornar uma referência relevante?
• emergência de novas agendas de políticas públicas de relacionamento com IDE
em alguns países: conteúdo local, taxação de lucros de mineradoras, etc
• disseminação de iniciativas de stakeholders e temas de RSC: questão da
distribuição de custos e benefícios do IDE .
= > perfil atual do IDE do Brasil sensível a estas tendências.
Agenda – condicionantes e perspectivas - 3
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• balanço:
• intensificação da concorrência, mas deficit competitivo dos IDE do Brasil,
em função de assimetria de instrumentos de política;
• evolução lenta e heterogênea de fatores políticos, econômicos e
infraestruturais que impactam investimentos: dimensão regional ainda
secundária restringe IDE market-seeking.
• peso crescente dos stakeholders locais na interlocução com investidores:
relevante para setores de infraestrutura e mineração.
Agenda: objetivos e instrumentos - 1
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• diante do quadro atual e dos condicionantes e tendências apontados:
• quais os objetivos do Brasil como investidor na África?
• há instrumentos específicos a mobilizar para atingir estes objetivos?
• como as dimensões de comércio, investimentos e cooperação podem se
reforçar mutuamente?
Agenda: objetivos e instrumentos - 2
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• pensar a relação entre a agenda de IDE e as de comércio e de cooperação e
como lograr relações virtuosas entre as três dimensões de política.
• comércio / cooperação: créditos concessionais e perdão de dívida como
instrumentos clássicos.
• investimento / comércio: relações dependem dos produtos e regiões ,
mas diversificação de X parece gerar incentivos para IDE, em certos
casos.
• investimentos / cooperação: espaço de ação para empresas (RSC), mas
algo que a política possa fazer? Instrumentos intergovernamentais (OCDE
– Brasil aderiu às Diretrizes para TNs) e público-privados (EITI – Brasil
não é membro, empresas sim).
Agenda: objetivos e instrumentos - 3
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• Discutir o papel do Banco dos BRICS na estratégia brasileira em relação a IDE
na África. Que perfil deveriam ter as políticas operacionais do Banco para
facilitar o IDE brasileiro na África?
• como adequar o perfil de atuação do BNDES aos objetivos de IDE e comércio do
Brasil na região?
• os ACFIs funcionam como mecanismo de proteção – e de promoção – do IDE
brasileiro na África?
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Mapeamento e perfil do IDE brasileiro na África - 1