A Peste dos Médicos, Sherwin B. Nuland Trabalho Biologia – 3º C Professora Cris Sucupira Grupo: Adriana Salles, nº1 Daniel Okret, nº13 Gabriela Huffenbaecher, nº17 Semmelweis e a queda na mortalidade materna após a lavagem das mãos. Rafaela Kahvegian, nº30 Ricardo Leite , nº31 O Nome da Enfermidade: A febre puerperal tem esse nome pois ela é observada no período do puerperio, um período de 10 dias após o parto. O que é a febre puerperal? Ela apresenta um quadro perigoso, que possibilita muitas complicações a mulher. A febre é causada por uma infecção generalizada, que começa no útero e se espalha por todo o corpo, causada por estreptococos. Germes entram por meio de mãos sujas, instrumentos sujos e roupas infectadas. Essa infecção era de fácil acesso pois o útero da mulher ficava ferido apos o parto. Ela consiste em uma temperatura da pessoa maior ou igual a 38°C. Sintomas iniciais: Febre, delírio, dores muito intensas até a infecção atingir todos os órgãos e pode até levar a morte, se não for usado um tratamento adequado. Onde ocorria? Ela era observada principalmente nas maternidades e hospitais, dificilmente encontrada nas mulheres que faziam partos em suas casas com enfermeiras. Qual a época? As maiores epidemias ocorreram durante o século XVIII. Mortalidade: A febre puerperal matava uma em cada dez mães, e normalmente bebes também morriam apresentando sintomas parecidos. Em fases mais intensas, podiam até morrer todas as mulheres do hospital. Antigo hospital da classe burguesa de Berna, Suíça. Em 1846, Semmelweis inicia o seu trabalho em Viena, na Primeira Clínica Obstétrica. Causa: atmosféricas, como miasmas ou variações no clima? Semmelweis observou que havia uma constante mortalidade, indiferente da época do ano ou clima. Alem disso, mulheres que realizavam o parto em suas casas raramente ficavam doentes e quando a epidemia se intensificava e a maternidade era fechada, as mortes diminuíam. Mortalidade na Primeira Clínica = 4x Mortalidade na Segunda Clínica Medo poderia ser uma influência ou até uma causa? Semmelweis argumentou que o medo só poderia ter surgido num momento em que ocorressem mais mortes na Primeira Clinica do que na Segunda, e que este fator não poderia ser responsável por causar algo tão mortal. Ignaz Semmelweis Chegou a modificar a atuação do padre dentro da clínica, fazendo-o dar uma volta por fora dos quartos das parturientes e exigiu que o sacristão não tocasse mais o sino, acreditando que isso podia criar um terror entre as mulheres e agravar a doença. – Não ocorreram mudanças. Outra tentativa fracassada foi a modificação da posição das parturientes. Antes elas eram colocadas deitadas de costas durante o parto, mas para se assemelharem às da Segunda Divisão, foram postas de lado. -Não houve melhoras. Morre seu amigo, professor de Medicina Legal. Ele feriu-se com o bisturi após fazer uma autópsia e a ferida resultou numa infecção generalizada, chamada de “piemia”, matando-o pouco depois. Conclusão: os sintomas de seu colega eram idênticos aos das mulheres que desenvolviam febre puerperal. Princípio das “partículas cadavéricas”: Encontradas no corpo das mulheres por causa dos próprios médicos que as examinavam. (Os estudantes e os médicos da Primeira Clínica realizavam muita dissecação de cadáveres e lavavam apenas apressadamente as mãos com a água. Logo depois cuidavam de seus pacientes, levando consigo muitas dessas partículas, o que podia-se provar pelo cheiro. - Ao examinar as mulheres grávidas ou em trabalho de parto, as mãos contaminadas passariam para os órgãos genitais algumas dessas partículas, que se espalhariam pelo sangue e produziriam, assim, a febre puerperal - Infecção por contato com substancias de cadáveres. Algumas explicações: A diferença entre as duas divisões = apenas na Primeira os médicos realizavam autópsias. Parto em casa = mulheres eram atendidas, na maioria das vezes, por médicos que não realizavam autópsias. Até o século XIX, era comum a dissecação de cadáveres em hospitais, sem que os médicos tomassem quaisquer cuidados higiênicos. Solução Inicial: Antes de entrar na clínica, limpar as mãos na solução de cloreto de cálcio – destruição das partículas cadavéricas das mãos dos médicos. Redução na Mortalidade: de 12,24% a 3,04% (semelhante à Segunda Clínica) Nova observação: A doença devia ter sido transmitida às mãos dos estudantes e médicos depois deles entrarem na clinica (não era necessariamente uma matéria “cadavérica”). Solução Final: Era necessário desinfetar as mãos com cloreto de cálcio depois de qualquer contato com alguém que tivesse feridas ou alguma outra doença, e posteriormente isolou dos pacientes qualquer pessoa que tivesse alguma doença que pudesse infectá-los. 1746 – No Hotel-Dieu de Paris ocorre a primeira epidemia hospitalar documentada de febre puerperal. Em fevereiro, vinte mulheres que deram à luz contraíram a doença, das quais nenhuma sobreviveu. Essa epidemia repetiu-se todos os invernos até 1781. 1767 – A Rotunda (Maternidade de Dublin) sofre a primeira série de epidemias, que se estendeu até 1788. Entre 1764 e 1861, ocorreu um total de 23 surtos distintos da febre. 1770 – Dezenove das 63 mulheres que deram a luz no Westminster Hospital contraíram a doença, das quais quatorze morreram. 1773 – Um artigo sobre um surto da doença na Enfermaria Real de Edimburgo diz: “Quase todas as mulheres, logo após o parto, ou talvez 24 horas depois, foram acometidas com a doença, e todas morreram, embora os todos os médicos fossem tentados contra a doença. Essa doença não existia antes na cidade”. 1790 – Joseph Clarke, diretor da Rotunda, relatou que “ela predomina mais ou menos nas estações frias”. Entre 1790 e 1810 – Na Europa e na Grã-Bretanha a taxa de mortalidade em partos domiciliares foi de quarenta a cinqüenta em cada 10 mil parturientes, enquanto as grandes instituições tinham cifras assustadoras. Entre 1825 e 1834 – Na Maternidade de Dresden, 304 a cada 10 mil mulheres que deram a luz morreram de febre puerperal. Entre 1830 e 1834 – Na Maternidade de Paris, 547 a cada 10 mil parturientes morreram, sendo que a taxa anual mais alta no período chegou a 880, que é no mínimo dezessete vezes superior à dos partos domiciliares. Entre 1831 e 1843 - Somente dez mães em cada 10 mil morreram ao darem a luz em casa sob assistência da Royal Maternity Charity, enquanto seiscentas em casa 10 mil morreram nas enfermarias da Maternidade Geral da cidade. Entre 1833 e 1842 – Na Maternidade de Londres, 587 em cada 10 mil mulheres que deram a luz morreram da febre. 1846 – Na Primeira Divisão do Allgemeine Krankenhaus, 459 mulheres morreram, porém esse numero poderia ser bem maior já que não incluía as pacientes transferidas para medicinas internas ou para outras divisões. 1847 – Uma em cada seis mulheres que deram a luz na Primeira Divisão do Allgemeine Krankenhaus morreram de febre puerperal. Em cada uma das duas divisões do Allgemeine Krankenhaus ocorria o mesmo numero de partos, geralmente entre 3000 e 3500. Na Primeira Divisão (a dos médicos e aprendizes, que realizavam autopsias em cadáveres mortos pela febre) morria uma media de 600 a 800 mães por ano. Na Segunda divisão (a de parteiras) essa cifra era de 60. Em maio desse ano foi colocada uma vasilha contendo cloreto diluído na porta da Primeira Divisão. Em junho do mesmo ano, torna-se evidente que algo notável estava ocorrendo, com uma diminuição considerável da mortalidade pela febre puerperal. 1848 – A Primeira Divisão registra taxa de mortalidade de apenas 1,2%, menor inclusive eu a da Segunda Divisão, que era da 1,3%. O médico Semmelweis, com seu espírito observador, e suas pesquisas, inaugurou a era do controle de infecção hospitalar, como a febre puerperal. Até hoje, 153 anos após sua descoberta, a higienização das mãos continua sendo a principal forma de controlar e prevenir as infecções no ambiente hospitalar. Os órgãos de controle são recentes no Brasil. Só em 1993 uma portaria lançada pelo Governo Federal obrigou os hospitais de médio e grande porte a terem Comissões formadas por funcionários do próprio hospital. "A partir de hoje, 15 de maio de 1847, todo estudante ou médico, é obrigado, antes de entrar nas salas da clínica obstétrica, a lavar as mãos, com uma solução de ácido clórico, na bacia colocada na entrada. Esta disposição vigorará para todos, sem exceção". (Semmelweis) Nos dias 14 e 15/5 de 2001 o Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina (FMRP), lançou sua campanha de Controle de Infecção Hospitalar, "Infecção Hospitalar: O Controle está em nossas mãos”, sob a coordenação do prof. João Carlos da Costa, do depto de Clínica Médica da FMRP. O objetivo é conscientizar a comunidade e usuários que este controle é responsabilidade de todos. No dia 15/5 é comemorado o Dia Mundial de Controle da Infecção Hospitalar e a abertura da Campanha foi feita pelo prof. Marcos Felipe Silva de Sá, superintendente do HC. A febre puerperal é rara hoje em dia. Para combatê-la, apesar de já existirem muitos remédios para evitar a febre, o melhor tratamento continua sendo a prevenção do quadro. É recomendada a triagem e tratamento das anemias e infecções maternas durante o pré-natal, a resolução da gestação em casos de ruptura de membranas com feto maduro, a restrição de toques vaginais e a indicação consciente da operação cesariana. (Quando indicada, deve-se utilizar a antibioticoprofilaxia com Cefazolina, 1-2 g/EV no momento da indução anestésica ou após o clampeamento do cordão umbilical, em dose única.) www.ifi.unicamp.br/~ghtc/Contagio/cap09.html www.cefetsp.br/edu/eso/semmelweisjussara.html www.paulomargotto.com.br/documentos/febrepuerperal.doc http://www.incor.usp.br/conteudo-medico/decourt/semmelweis.html http://www.ccih.med.br/semmelweis.html http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/contagio/imagens/contagio-67.jpg