PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL Faculdade de Matemática - Departamento de Matemática Estruturas Algébricas Teoria de Conjuntos Introdução: "É comum, na construção de uma teoria matemática, escolher-se um conjunto de afirmações como ponto de partida — axiomas — e obter-se então outras afirmações — teoremas — utilizando-se algumas regras estabelecidas: as regras de inferência. Analogamente, objetos da teoria são definidos a partir de alguns não definidos — conceitos primitivos." (Introdução à Matemática - Bezerra, L. H., Barros, P. H. V., Tomei, C. e Wilmer, C.). Na construção da teoria de conjuntos, admitiremos como conceitos primitivos as noções de: conjunto, elemento e relação de pertinência entre elemento e conjunto. A idéia de conjunto é a da linguagem comum, representando uma coleção bem-definida de objetos. Por exemplo: o conjunto de todos os alunos desta turma; o conjunto de todos os números primos; o conjunto de todas as linguagens de programação . Indicaremos os conjuntos por letras latinas maiúsculas: A, B, C, etc, e seus elementos por letras latinas minúsculas: a, b, c, etc. Nós escreveremos x∈ A para indicar que x é um elemento de A e x∉ A para indicar que x não é um elemento de A. Para definir um conjunto que possui um número pequeno de elementos, podemos listar os seus elementos (definição por extensão). Por exemplo, A = {1, 2, 3, 4, 5}, B = {1, {1}, {2}}. Com o uso de reticências podemos estender esta notação para conjuntos finitos com número elevado de elementos e para conjuntos infinitos, uma vez que se conheça a lei de formação desses elementos. Por exemplo, C = {1, 2, 3, ... ,n}, D = {2, 4, 6, ...., 2n, ...}. Em geral, entretanto, excetuando-se os conjuntos finitos com número pequeno de elementos, um conjunto é descrito apresentando-se a propriedade que o define (definição por compreensão). Se A(x) é uma propriedade, o conjunto de todos os elementos x que satisfazem A(x) é indicado por {x | A(x)}. Ou, se quisermos nos restringir aos elementos de um certo conjunto X, escrevemos {x ∈ X∣A x}. Por exemplo: ℕ={x∈ℤ∣x0}, { ℚ= } m ∣m , n∈ℤ∧n≠0 , n {-6, -3, -2, -1, 1, 2, 3, 6} = {x∈ℤ∣x é divisor de 6}, {- 2 , 2 2 } = {x∈ℝ∣ x =2}. Conjunto vazio: É conveniente introduzir um conjunto que não tem nenhum elemento: o conjunto vazio. É fácil ver que há somente um conjunto vazio, o qual indicaremos pela letra escandinava ∅. Por exemplo: ∅ = {x∈ℝ∣x 20}, ∅ = { x | x x }, ∅ = {x∈ℕ∣1x2}. Observe que ∅ e {∅} são conjuntos diferentes: ∅ é o conjunto vazio -- não possui nenhum elemento -- e {∅} é um conjunto que possui um elemento. O que vale neste caso é ∅∈{∅}. Igualdade de conjuntos: Def.: Dizemos que dois conjuntos A e B são iguais, e escrevemos A=B , se eles possuem os mesmos elementos, ou seja: Como mostram os exemplos acima, a igualdade de dois conjuntos não significa que eles tenham definições idênticas. A definição de igualdade reflete o fato de que um conjunto é uma coleção de objetos. Propriedades da igualdade de conjuntos: Sejam A, B e C conjuntos. Então, (i) (ii) (iii) A=A A=B B=A A=B ∧ B=C (a igualdade de conjuntos é reflexiva) (a igualdade de conjuntos é simétrica) (a igualdade de conjuntos é transitiva) A=C Relação de inclusão: Def.: Dizemos que um conjunto A é um subconjunto de um conjunto B, e escrevemos A⊆B , se todo elemento de A é um elemento de B, ou seja Também dizemos que A está contido em B ou que B contém A (neste caso escrevemos B⊇ A ). Se A⊆B e A≠B dizemos que A é um subconjunto próprio de B (ou que está estritamente contido em B), e escrevemos A⊂B. Propriedades da inclusão: Sejam A, B e C conjuntos. Então, (i) (ii) (iii) (iv) ∅⊆ A A⊆ A A⊆B A⊆B ∧ ∧ B⊆ A B⊆C A=B A=C (a inclusão é reflexiva) (a inclusão é anti-simétrica) (a inclusão é transitiva) [email protected]