Autor: Data: Pág.: Temática: Mónica Silvares Sexta-feira, 7 de Março de 2008 13 Economia Notários privados devem milhares ao Estado Só ao Ministério da Justiça a dívida ascende a 550 mil euros. Os notários privados estão sob investigação conjunta da Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça e da Inspecção-Geral de Finanças desde Janeiro de 2007. Segundo apurou o Diário Económico, foram detectadas verbas em falta de vários milhares de euros, ao nível do IVA, IRS, mas também da percentagem dos honorários dos notários que revertem a favor do Ministério da justiça. Neste caso, especificamente, são 550 mil euros que estão em dívida à pasta tutelada por Alberto Costa, um valor muito inferior face ao que está em falta ao Fisco. Os notários foram privatizados em 2005, mas até ao momento ainda não existe um regulamento para as inspecções, que "está a aguardar publicação". Ainda assim, desde Janeiro do ano passado que começaram a ser seguidos pela Inspecção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ) e da Inspecção-Geral de Finanças, em especial em Lisboa, Porto e agora Viseu. As equipas no terreno são sempre acompanhadas por um antigo notário público, e enquanto a IGSJ leva entre três semanas e um mês e meio a fazer a vistoria, a equipa das Finanças permanece muito mais tempo no terreno. As Finanças voltaram a definir os notários privados como alvo da sua atenção especial em 2008, no Relatório de Combate à Fraude e Evasão Fiscais - uma atitude fortemente criticada pela Ordem dos notários, que ontem em comunicado, acusava o Executivo de "fiscalizar o ‘polícia’ em vez do ‘ladrão’, e de "dar um ‘tiro no pé’ nos interesses públicos" -, mas a IGSJ vai terminar a sua acção inspectiva, neste campo, no terceiro trimestre deste ano. Já o Instituto do Registo de Notariado, que esteve na elaboração da regulamentação das inspecções, de acordo com a nova lei orgânica, tem como atribuição a fiscalização dos notários privados. Apesar da reacção violenta que gerou a notícia da atenção especial que o Fisco vai dedicar aos notários privados, "as inspecções não têm agora uni terço dos problemas" detectados inicialmente, apurou o Diário Económico junto da IGSF, que justifica estas melhorias com "a necessidade de inspecção". A Ordem dos Notários, que ontem completou dois anos, sublinha que este período foi "caracterizado pela ‘explosão’ de eficiência" e dá como exemplo as mais de dez mil escrituras da Casa Simples contra "as escassas centenas da Casa Pronta", uma ideia que reclamam como sua e que o "Governo se apropriou, aplicando-a às repartições públicas (conservatórias)". CONSELHO Antes de solicitar os serviços de um notário deve pedir um orçamento e fazer uma comparação entre vários notários.