CORRELAÇÕES ENTRE PREÇO E QUALIDADE DE CARCAÇAS BOVINAS NO ESTADO DO PARANÁ João Batista Padilha Jr.1 Paulo Rossi Jr.² Amanda M. S. Schuntzemberger³ Fernanda Aparecida F. Moizes4 Gustavo H. Pedroso Santos5 Caroline Bastos Balbinot5 ¹Eng. Agrônomo, Dr., Prof. Adjunto Dpto. Economia Rural e Extensão / UFPR, Coordenador do LAPBOV/UFPR ([email protected]) ²Zootecnista, Dr., Prof. Adjunto Dpto. Zootecnia / UFPR, Coordenador do LAPBOV/UFPR Zootecnista 3 Médica Veterinária, MSc Ciências Veterinárias, Pesquisadora do LAPBOV/UFPR 4 Zootecnista 5 Graduandos em Zootecnia / UFPR RESUMO: A questão sobre a qualidade da carne bovina produzida e o preço pago aos produtores ainda é muito polêmica no Brasil, onde frigoríficos modernos convivem com frigoríficos antigos e desatualizados tecnologicamente, que oferecem carne em condições sofríveis ao mercado nacional. Assim, objetivou-se verificar qual é a atual situação do pagamento por qualidade de carcaças bovina no Paraná, por meio das relações entre características de carcaça bovina que expressam qualidade e o preço pago ao produtor. Em geral, os bovinos abatidos apresentaram carcaças com reduzido padrão de qualidade, em virtude do elevado grau de maturidade e dos graus de acabamento e conformação inadequados, conseqüência da criação de animais de baixa genética em sistemas produtivos com manejo alimentar deficiente. Ferramentas como a classificação e a tipificação de carcaças, essenciais à padronização e adequação do produto para satisfazer as preferências do consumidor, devem ser estabelecidas em todos os frigoríficos brasileiros com o intuito de proporcionar produtos com melhor aceitação comercial e maior valor agregado, incentivando os pecuaristas a buscar tecnologias para produzir animais que resultem em carcaças de melhor qualidade. Palavras-chave: Carne Bovina, Pecuária de Corte, Características de Carcaça. ABSTRACT: The question about the quality of beef produced and the price paid to producers is still very controversial in Brazil, where modern slaughterhouses living with old slaughterhouses and outdated technology, which provide tolerable conditions in the meat market. The objective of this paper was to verify the current situation of paying for quality of bovine carcasses in Parana, through the relation between carcass traits cattle that express quality and price paid to producers. In general, the slaughtered cattle had carcasses with a low standard of quality, because of the high degree of maturity and degrees of fat and conformation inadequate result of breeding of low genetic systems involving poor feeding management. Tools such as the classification and characterization of carcasses, which are essential to the standardization and adaptation of products to meet consumer preferences, should be established in all Brazilian slaughterhouses in order to provide products with better commercial acceptance and greater added value by encouraging farmers to search technologies to produce animal carcasses that result in better quality. Key words: Beef Cattle, Cattle Production, Carcass Traits. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br INTRODUÇÃO Atualmente, termos como qualidade da carne, carne de qualidade e garantia de qualidade têm ocupado o centro das atenções, tanto nas pesquisas como nas práticas de produção, transformação e comercialização, pois, com maior freqüência, este atributo vem sendo exigido pelo consumidor brasileiro. Não se trata apenas de assegurar carne e produtos cárneos para a população em quantidade, mas de melhorar as perspectivas de comercialização no mercado em longo prazo, visto que a produção de carne bovina é mais do que suficiente para abastecer o mercado interno. Devido a isto, aspectos de qualidade vêm ganhando importância, já que somente a “carne de boa qualidade” consegue se destacar nas vendas. Considerando estas informações, define-se “carne de qualidade” como um produto que, primeiramente, não causará nenhum mal ou dano à saúde do consumidor por apresentar boas condições higiênico-sanitárias de obtenção, processamento e conservação. Esta carne também deve possuir um bom valor nutritivo, ou seja, deve contribuir com nutrientes para a manutenção da saúde humana, além de ter um bom aspecto visual, consistência, maciez, suculência, sabor e aroma adequados. A “carne de qualidade” deve ainda ter sido produzida levando-se em consideração o bem-estar animal, o respeito ao meio ambiente e a responsabilidade social. Acrescenta-se à lista a conveniência, pois diante das marcantes e aceleradas mudanças que estão ocorrendo no estilo de vida das pessoas e suas famílias, influenciando os hábitos de consumo e preferências dos consumidores, os gêneros que demandam habilidades culinárias, tempo e trabalho de preparação estão sendo substituídos por outros mais convenientes. Desta forma, seriam atendidas todas as necessidades requeridas por um consumidor de carne bovina. Porém, não se deve esquecer que o conceito de qualidade varia conforme as diferentes classes sociais. E este conceito, no todo, se aplica apenas às classes de maior poder aquisitivo. Para as classes mais baixas, nem todas estas características são levadas em consideração. (FELÍCIO, 1999; CASTILHO, 2006; LUCHIARI FILHO, 2006; MENDES e PADILHA, 2007). Em geral, não existe para o mercado interno uma produção visando produtos de qualidade. O que ocorre é que determinadas empresas classificam as melhores carcaças dentro de lotes de animais e as destinam para as marcas mais nobres, que venderão seus produtos a preços mais elevados. Como o consumidor interno não tem poder aquisitivo para comprar produtos mais elaborados, o varejo acaba pressionando o frigorífico para vender seus produtos mais baratos a fim de que o consumidor possa ser atraído. O frigorífico, por sua vez, para não ter prejuízos, pressiona o produtor que não se sente estimulado a produzir “carne de qualidade”, pois esta gera custos. Outro aspecto que possui relação direta com a qualidade é o ambiente institucional no qual a cadeia da carne bovina está inserida. Assim, duas palavras podem ser utilizadas para caracterizar tal segmento: diversidade e descoordenação. A diversidade está relacionada com as diferentes raças, rotas tecnológicas, sistemas de produção, condições sanitárias e formas de comercialização, que, no final, proporcionam produtos heterogêneos e quase sempre sem uma qualidade visível para o mercado. Segundo MENDES e PADILHA (2007), a descoordenação deste complexo agro-industrial, ou seja, a baixa relação existente entre os diversos intermediários do sistema (produtor – frigorífico – atacado – varejo – consumidor) é um fator que impede uma melhor organização do setor e a geração de um produto padronizado e com melhor qualidade. A questão sobre a qualidade de carne e o preço pago aos produtores ainda é muito polêmica no Brasil. Frigoríficos modernos, voltados prioritariamente ao mercado externo e com capacidade de oferecer carne embalada, tipificada e identificada convivem com frigoríficos antigos e desatualizados tecnologicamente, que oferecem carne para o mercado VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br estadual e nacional em condições sofríveis de higiene e qualidade. Os frigoríficos exportadores possuem sistemas de classificação de carcaças e bonificam aquelas que apresentam melhor qualidade, pressionando assim os pecuaristas a agregarem técnicas produtivas e aprimorarem o sistema de criação, mas com a certeza de que serão remunerados por isto. Já nos frigoríficos menores a realidade é outra, os pecuaristas ficam sujeitos a aceitar o preço de mercado e, muitas vezes, não têm estímulo para produzir uma carne de melhor qualidade, pois, normalmente, o diferencial de preço é o estímulo à produção de produtos com qualidade (IPARDES, 2002). Os obstáculos para o desenvolvimento modernizante da pecuária não estão apenas no interior da propriedade, em função da resistência dos pecuaristas em adotar novos procedimentos e tecnologias, mas também na esfera da comercialização, na medida em que os frutos da eficiência produtiva não são adequadamente remunerados. É fato que existe heterogeneidade na produção, da criação ao abate, em todas as regiões brasileiras e que por conta dessa heterogeneidade ainda não há um padrão de pagamento. Também não é de hoje que a relação entre a indústria e os produtores vem sendo essencialmente conflituosa em torno da margem a ser apropriada no momento da comercialização. De um lado, os produtores consideram que não receberam um preço justo pela venda de seus animais, enquanto que de outro, os frigoríficos dizem que pagam caro pelos animais que abatem. Problemas presentes em determinados elos ou comportamentos oportunistas de determinados agentes comprometem o desempenho da cadeia como um todo. Porém, aqueles que possuem uma cadeia produtiva mais estruturada e melhor coordenada beneficiam-se mais rapidamente dessa situação, pois quando há maior integração entre todos os intermediários envolvidos no processo de produção as informações são transferidas de forma mais ágil, fornecendo melhores resultados e transparência para o mercado. Dessa forma, os agentes envolvidos podem se adaptar mais facilmente às mudanças do mercado. Diante deste cenário, este trabalho objetivou verificar qual é a atual situação do pagamento por qualidade de carcaças bovina no Paraná, por meio das relações entre características de carcaça bovina e o preço pago ao produtor paranaense. MATERIAL E MÉTODOS Analisou-se a relação existente entre as características de carcaça bovina que expressam qualidade e os preços pagos pelos animais abatidos, em R$/@, no período de março a julho de 2010. Para tanto foram coletados dados de sexo, peso, idade, grau de conformação (grau de musculatura do animal) e grau de acabamento (espessura de gordura subcutânea) de 30.953 carcaças bovinas abatidas em um frigorífico localizado no Estado do Paraná. As informações sobre o sexo e o peso quente das carcaças foram retiradas dos romaneios do frigorífico. A idade da carcaça foi avaliada pela dentição, observando a quantidade de pares de dentes incisivos permanentes na porção anterior do maxilar inferior. Os bovinos possuem na porção anterior do maxilar inferior 8 dentes incisivos, sendo 2 pinças, 2 primeiros médios, 2 segundos médios e 2 cantos ou extremos. A Figura 1 apresenta o esquema utilizado para estimativa da idade. O grau de conformação (Figura 2) e o grau de acabamento (Figura 3) das carcaças foram analisados pela avaliação visual subjetiva, atribuindo escores às carcaças segundo a classificação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e da equipe de qualidade de carnes da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA/USP), para a conformação e o acabamento respectivamente. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br FIGURA 1. Esquema da dentição dos bovinos de acordo com a idade FONTE: LUCHIARI FILHO (2000) Ausente Escasso Mediano Uniforme Excessivo FIGURA 2. Classificação de carcaça quanto ao acabamento FONTE: Equipe de qualidade de carne – FZEA/USP VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Côncavo 0 1 Retilíneo 2 3 Convexo 4 5 FIGURA 3. Demonstração da classificação quanto à conformação FONTE: MAPA Os resultados obtidos foram agrupados em correlações técnicas, entre as características de carcaça que expressam qualidade, e correlações financeiras, ou seja, correlações entre as características de carcaça e o preço pago ao pecuarista (preço por arroba, à vista ou a prazo). RESULTADOS E DISCUSSÕES A TABELA 1 apresenta as porcentagens de abate de machos e fêmeas quanto às características de carcaça que expressam qualidade. Do total de carcaças avaliadas, 21,44% era de fêmeas (6.636 carcaças) e 78,56%, de machos (24.317 carcaças). Os resultados apresentados são a realidade encontrada na maioria dos frigoríficos de bovino do país. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br TABELA 1 – Porcentagem (%) de fêmeas e machos abatidos em relação à idade aproximada, grau de conformação e grau de acabamento. PARES DE DENTES PERMANENTES (No) IDADE APROXIMADA FÊMEAS MACHOS 0 6 a 20 meses 7,40 2,45 1 24 meses 15,82 14,27 2 30 meses 12,07 26,82 3 36 meses 14,57 34,94 4 48 meses 50,14 21,49 GRAU DE CONFORMAÇÃO TIPO DE CONFORMAÇÃO FÊMEAS (%) MACHOS (%) 0 Destinada à industrialização 0,24 0,02 1 Côncava 9,89 0,40 2 Subcôncava 74,52 49,64 3 Retilínea 14,99 48,65 4 Subconvexa 0,36 1,23 5 Convexa 0,00 0,07 GRAU DE ACABAMENTO TIPO DE ACABAMENTO FÊMEAS (%) MACHOS (%) 0 Ausente (sem gordura) 15,60 13,20 1 Escasso (1 a 3 mm) 56,06 62,55 2 Mediano (4 a 6 mm) 23,73 21,29 3 Uniforme (7 a 10 mm) 3,19 2,62 Excessivo (acima de 10 mm) 0,42 0,35 4 FONTE: Dados da pesquisa, 2010 Mais da metade das fêmeas abatidas (50,14%) possuía quatro pares de dentes permanentes, o que indica que foram abatidas tardiamente, com quatro ou mais anos de idade. Este abate tardio está relacionado à taxa de descarte de vacas que, em sua maioria, são utilizadas apenas para a produção de bezerros. Para os machos, a distribuição quanto à idade foi mais uniforme do que a das fêmeas, mas o resultado ainda não é dos mais desejáveis, visto que mais de 55% dos animais foram abatidos com idade igual ou superior a três anos. O abate tardio é uma característica típica da pecuária de corte brasileira, o que demonstra a pouca preocupação com a qualidade e a falta de maior incremento tecnológico nas propriedades para mudar esta posição (ABRAHÃO et al., 2005). Carnes de animais mais velhos são mais escuras (por conta da maior quantidade de hemoglobina nas fibras musculares) e possuem maior quantidade de colágeno intramuscular que resulta numa carne mais dura após o preparo para consumo. Quanto à conformação, no abate de fêmeas, a concentração dos resultados ocorreu no tipo subcôncava, com 74,52% dos abates. Já para os machos, em mais de 98% dos abates, a conformação predominante foi subcôncava ou retilínea. A conformação subcôncava resulta em carcaças com maior proporção de ossos e pouco volume muscular, tendo como conseqüência uma menor porção comestível e um menor rendimento de cortes no momento da desossa. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Com relação ao acabamento, a pesquisa revelou que 71,66% das carcaças de fêmeas e 75,75% das carcaças dos machos apresentaram ausência ou escassez de gordura subcutânea. Carcaças sem gordura de cobertura ou com fina espessura (1 a 3 mm) ocasionam maior perda de fluidos na refrigeração, resultando em carcaças menos macias e com maior probabilidade de sofrerem o processo de encurtamento das fibras musculares pelo frio frigorífico, processo este também conhecido como “cold shortening”, que endurece ainda mais as carnes mais superficiais. Vale salientar que uma gordura subcutânea com espessura entre 4 e 10 mm (mediana a uniforme) é desejável pelos frigoríficos, pois esta afeta a velocidade de resfriamento das carcaças, funcionando como um isolante térmico e interferindo positivamente na conversão do músculo em carne. A qualidade da carcaça e da carne depende da interação de fatores como genética, meio ambiente e manejo alimentar. Estudos demonstram que animais alimentados com dietas à base de concentrado (ricas em energia) apresentam maiores teores de gordura que os alimentados apenas com volumosos. A alimentação também influencia a composição física e a porção comestível das carcaças, isto é, afeta o grau de conformação das mesmas, sendo que animais que recebem dietas com maiores níveis energéticos apresentam melhor conformação de carcaça (RIBEIRO et al., 2002; BREN, 2003; ABRAHÃO et al., 2005, COSTA et al., 2005). De acordo com os resultados da pesquisa para conformação e acabamento das carcaças, fica evidente que grande parte dos animais abatidos, sejam fêmeas ou machos, é oriunda de propriedades que possuem deficiências no manejo nutricional dos animais. É necessário que se façam melhorias no sistema de criação de gado de corte, visando à produção de animais com melhor padrão comercial. Vale salientar, que segundo os autores supracitados, a suplementação a pasto e o confinamento são alternativas que, além de produzir carcaças de alta qualidade, podem reduzir a idade de abate dos animais. No estudo também são apresentados os resultados das correlações técnicas e financeiras (TABELA 2). Nenhuma correlação entre as variáveis que expressam qualidade apresentou-se forte (valor de “r” superior a 0,7), o que sugere que não há padronização nas carcaças abatidas. TABELA 2 – Correlações (r) técnicas e financeiras entre as características de carcaça que expressam qualidade e o preço pago pelos animais abatidos CORRELAÇÕES TÉCNICAS Conformação x idade Conformação x peso Conformação x acabamento Acabamento x idade Peso x idade Acabamento x peso Sexo x peso CORRELAÇÕES FINANCEIRAS Peso x preço Idade x preço Conformação x preço Acabamento x preço Pecuarista x preço Vendedor x preço Sexo x preço FÊMEAS MACHOS -0,0612 0,4237 0,2425 0,0954 0,2013 0,2935 -0,0466 0,2825 0,2671 0,0270 0,2030 0,1334 0,5799 FÊMEAS MACHOS 0,1412 -0,0919 0,1723 0,2045 0,0823 -0,0542 0,1410 -0,0617 0,1050 0,1561 0,1460 0,0831 0,7020 FONTE: Dados da Pesquisa, 2010 VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Para ambos os sexos, a correlação entre a conformação e a idade foi negativa e fraca (valor de “r” menor que 0,3). Este resultado indica que quanto mais velho o animal for abatido, pior é a conformação da sua carcaça, sendo interessante abater os animais com idades mais jovens (até 30 meses). Conforme se pode analisar na Tabela 2, para as fêmeas, a correlação entre a conformação e o peso é a maior das correlações técnicas. Este resultado indica que apenas 42,37% das carcaças apresentaram certa padronização e que o restante das carcaças apresentou conformação não condizente com o peso, ou seja, carcaças irregulares, sem padrão algum. Dos machos, 28,25% das carcaças apresentaram relação entre o peso e a conformação. Praticamente não houve correlação entre o acabamento e a idade o que confirma a falta de padronização das carcaças. As relações entre o peso e a idade e entre o peso e o acabamento, mesmo sendo fracas, permitem afirmar que os animais são abatidos tardiamente, com pouco peso e com acabamento inadequado, tendo como conseqüência carcaças leves e com menor rendimento e carnes mais duras e escuras, isto é, de baixa qualidade. A moderada correlação existente entre o sexo e o peso dos animais confirma a existência de dimorfismo sexual entre os bovinos, evidenciando que os machos, geralmente, apresentam maior peso ao abate quando comparados com as fêmeas. Quanto às correlações financeiras, vale salientar que o preço utilizado nesta pesquisa refere-se ao valor, em reais, pago pela arroba do animal abatido ao produtor, seja à vista ou a prazo. É visível nos resultados que não existe um padrão utilizado pelo frigorífico para efetuar o pagamento, a não ser o pagamento diferenciado por machos e fêmeas. A forte correlação entre sexo e preço (0,7020) evidencia esta diferença de pagamento entre machos e fêmeas, sendo que normalmente, o preço da arroba dos machos é maior do que o das fêmeas. Esta diferença pode ocorrer pelo fato das carcaças dos machos serem mais pesadas que as das fêmeas. Nem sequer com o peso, que, muitas vezes, é a única característica mensurada pelos frigoríficos, ocorreu uma forte correlação, o que sugere que nem este fator é substancial para realizar o pagamento ao produtor. Entre o acabamento e o preço houve maior correlação para as fêmeas, pois o acabamento tem certa relação com a idade das carcaças, sendo que carcaças mais velhas, geralmente, apresentam melhor acabamento. Tendo em vista que, no geral, a idade de abate das fêmeas tende a ser mais tardia que a dos machos se justifica, então, a maior correlação nas fêmeas A correlação entre o vendedor (agente intermediário) e o preço foi menor que a correlação entre o pecuarista e o preço, o que indica que o agente intermediário não tem influência no pagamento ao pecuarista. Isto significa que os intermediários do sistema de comercialização não levam vantagens sobre o produtor, contrariando os ditos populares. CONCLUSÕES Os bovinos abatidos no Paraná apresentaram, em grande parte, carcaças com reduzido padrão de qualidade, em virtude do elevado grau de maturidade e dos graus de acabamento e conformação inadequados. E esta é a realidade encontrada em todos os estados brasileiros. A principal meta que deve ser atingida pelos elos do agronegócio da carne bovina é a obtenção de produtos de qualidade que venham satisfazer os consumidores. E neste sentido, a classificação e a tipificação de carcaças bovinas, por um conjunto de critérios técnicos, são ferramentas essenciais à padronização e adequação do produto para satisfazer os gostos e preferências do consumidor. VII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br Essas ferramentas devem ser estabelecidas em todos os frigoríficos brasileiros com o intuito de padronizar as carcaças, proporcionando produtos com melhor aceitação comercial e maior valor agregado, incentivando os pecuaristas a buscar tecnologias para produzir animais que resultem em carcaças de melhor qualidade. Não importa se esta mudança será gradual, o essencial é que ela aconteça e que se inicie o quanto antes. REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS ABRAHÃO, J.J.S. et al. Características de carcaças e da carne de tourinhos submetidos a dietas com diferentes níveis de substituição do milho por resíduo úmido da extração da fécula de mandioca. Rev. Bras. 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