NEGOCIAÇÃO 1.5 Planejamento, estratégia e comunicação no processo de negociação Carlos Pessoa. Negociação Aplicada. Como utilizar as Táticas e Estratégias para Transformar Conflitos Interpessoais em Relacionamentos Cooperativos. São Paulo: Atlas, 2008 [email protected] 8206-0303 vivo/whatsapp 1 Dificuldades no processo de negociação Frequentemente as pessoas aceitam acordos que vão contra seus interesses. Por que isso ocorre? INSEGURANÇA – Sentimo-nos desconfortáveis e inseguros com relação ao modo como elas negociam. ESTRESSE – O processo é algumas vezes estressante. RESULTADO – Uma negociação costuma terminar de forma insatisfatória. Muitas vezes concordamos em aceitar algumas condições piores que as originalmente esperadas. LIDERANÇA – Sentimo-nos impotentes para liderar o curso do processo. RELACIONAMENTO – Às vezes o relacionamento entre as partes fica potencialmente deteriorado. 2 Por que cometemos erros banais na negociação? Em qualquer tipo de negociação que estejamos enfrentando, simples ou complexa, a FALTA DE PREPARAÇÃO representa talvez nossa mais séria deficiência. Por isso, uma das mais poderosas ferramentas que podemos utilizar para nos ajudar a obter bons resultados na negociação é PREPARAR-SE mais efetivamente. Vivemos num mundo de CAUSAS e EFEITOS Se conhecermos as causas poderemos prever os efeitos. Assim, o acaso para o ignorante não é acaso para o cientista. O acaso é apenas a medida de nossa ignorância. 3 CAUSAS da falta de preparação para a negociação 1. NEGLIGÊNCIA – confiar demais nas próprias habilidades; subestimar os perigos; exagerar os próprios talentos; acreditar demais na veracidade de suas próprias opiniões; excesso de autoimagem idealizada; ignorar ou minimizar possibilidades de ocorrências aleatórias ou incontroláveis. 2. PERCEPÇÃO DE QUE É DESPERDÍCIO DE TEMPO – pensar que “preparação toma muito tempo”; pensar que planejar é perder tempo; ter preguiça mental para planejar. “O tempo de duração da negociação é inversamente proporcional ao tempo de preparação”. 3. FALTA DE CONHECIMENTO PARA SE PREPARAR – a preparação eficaz permite a idealização e construção de alternativas inteligentes e soluções criativas. 4 CONSEQUÊNCIAS da falta de preparação para a negociação “A pior coisa que alguém pode fazer quando discute um negócio é mostrar-se despreparado para fechá-lo. O outro sujeito sente o cheiro de sangue, e aí você está liquidado.” DONALD TRUMP, empresário bilionário americano e escritor. A FALTA DE ANÁLISE PRÉVIA da situação conduz o negociador a comportamentos inadequados, como “jeitinho”, posição defensiva e fraqueza; A posição do negociador fica vulnerável, com surpresas desagradáveis, As argumentações apresentadas pela outra parte provocam impactos desastrosos e as perdas são irrecuperáveis. 5 CONSEQUÊNCIAS da falta de preparação para a negociação A FALTA DE PREPARAÇÃO (planejamento) Evidencia falta de zelo profissional; Faz com que o negociador cometa erros inaceitáveis , prejudicando sua imagem pessoal e profissional; Reflete otimismo exagerado e excesso de confiança Causa estresse e desequilíbrio do estado emocional, a respiração fica descontrolada ou ofegante, a testa franze e a razão fica turvada. O outro percebe esses sinais e se aproveita. Traz incertezas e gera o improviso. 6 Como se PREPARAR para a negociação Reunir INFORMAÇÕES sobre SEUS interesses, recursos e alternativas DA OUTRA PARTE também os Interesses, os recursos e as alternativas CUIDADO: Erros de avaliação sabotam as possibilidades de sucesso Pesquise em diferentes fontes Busque sempre dados objetivos (e não subjetivos) 7 Defina seus interesses, metas e objetivos Estabeleça suas expectativas em termos de METAS e priorize seus INTERESSES com clareza (mas não deixe de considerar também os interesses da outra parte). As METAS e OBJETIVOS são importantes porque formam a base de avaliação para as alternativas existentes. Ao identificar todas as METAS, evita-se tomar uma decisão irrefletida. O estabelecimento de METAS oferece duas vantagens: o controle e o foco. Sabendo para onde desejamos ir, podemos corrigir os desvios e concentrar toda nossa energia no OBJETIVO. 8 Interesses numa negociação O estabelecimento de METAS deve observar sua exequibilidade e seu desafio, ou seja, uma meta não pode ser estabelecida de forma exagerada e irresponsável. Quanto mais tivermos refletido sobre nossos INTERESSES, mais provavelmente vamos atingi-los. Todos os negociadores têm INTERESSES que são representados por seus problemas, medos, sonhos, desejos ocultos, gostos, valores humanos, as expectativas, as esperanças, exigências, prioridades, preferências, as aspirações, metas, motivações. 9 IDENTIFIQUE no planejamento de uma negociação Quais são as verdadeiras questões (posição e interesse) que estão em jogo? – “Quero uma Ferrari (POSIÇÃO); quando na verdade se precisa de prestígio (INTERESSE). Priorize seus verdadeiros interesses; Cuidado para não ficar preso a uma ideia predeterminada sobre o que a outra parte precisa ou está interessada em obter; Decida o que você fará, caso não conclua o acordo; Qual é sua melhor alternativa disponível? Qual o limite aceitável além do qual não é vantajoso prosseguir na negociação e é melhor optar pela melhor alternativa disponível? 10 Faça AUTOAVALIAÇÃO no planejamento de uma negociação APARÊNCIA: Como está sua aparência física e psicológica? CAPACITAÇÃO: E sua capacitação técnica? ESTILO: Qual seu estilo dominante? Como se adequar ao estilo do outro? EMOCIONAL: Como você reage em situações de tensão aguda? FORTALEZAS e FRAQUEZAS: Quais são os pontos fortes e fracos do seu estilo, da sua ideia/proposta, da sua empresa ou da situação? PONTOS FRACOS: Como reduzir (ou gerenciar) seus pontos fracos? PONTOS FORTES: Como utilizar e potencializar seus pontos fortes para sensibilizar o outro? PERCEPÇÃO DELE: Qual sua importância para ele? O que você, sua empresa, seu produto, sua ideia significam para ele? 11 Obtenha INFORMAÇÕES no planejamento de uma negociação NUNCA: Conseguiremos juntar todas as informações Conheceremos ao certo a qualidade de nossas informações NUNCA VOCÊ TEM CERTEZA A informação que você dispõe não é a informação que você deseja A informação que você deseja não é a informação que você necessita A informação de que você necessita não é a informação que você consegue obter A informação que você obtém custa mais do que você deseja pagar 12 INCERTEZAS e SUPOSIÇÕES das informações INCERTEZA – Grande parte da informação de que dispomos é incorreta e incompleta. SUPOSIÇÕES – Na falta de informações, geralmente recorremos ao raciocínio indutivo para tentar adivinhar as chances, ou seja, fazemos suposições. CERTEZA RELATIVA – As suposições nos permitem apenas as inferências de certeza relativa, pois expressam somente probabilidade ou possibilidade. INFERIR é concluir, é deduzir pelo raciocínio apoiado apenas em indícios. 13 Apenas um PALPITE PALPITE é parte de uma sensação é um misterioso pedacinho de alguma coisa que não chega a ser conhecimento, não totalmente confiável é um quase-conhecimento, originado das quantidades colossais de informação que absorvemos diariamente e que geralmente arquivamos em nosso subconsciente MAS, CUIDADO: Por melhor que pareça a suposição, não permite que tenhamos excesso de confiança Infelizmente, quando queremos muito alguma coisa, passamos a acreditar que tal coisa acontecerá 14 Diferença entre OTIMISMO e CONFIANÇA AMBAS AS ATITUDES ESTÃO ERRADAS: Ridicularizar categoricamente as suposições ou Confiar nelas indiscriminadamente A SUPOSIÇÃO pode ser um útil instrumento especulativo, desde que tratada com cuidado e ceticismo. OTIMISIMO significa esperar o melhor. CONFIANÇA significa saber como se lidará com o pior. 15 OTIMISMO na negociação A SENSAÇÃO produzida pelo otimismo é boa, daí ser ele tão traiçoeiro. É uma SENSAÇÃO HIPNÓTICA, como as sereias da antiga lenda grega, que com seus cantos atraíam os marinheiros para a morte nos rochedos. Qualquer negócio tem um número ilimitado de POSSIBILIDADES futuras, algumas boas, outras más, todas igualmente possíveis. As possibilidades que você acha mais provável são as BOAS. O otimismo é do SER HUMANO, e provavelmente incurável. Geralmente esperamos o MELHOR, nos convencemos a esperar o melhor. Mas talvez seja impossível a vida sem otimismo. O próprio ato de ARRISCAR é uma afirmação de otimismo em relação ao resultado desconhecido. 16 CRIAR DEFESAS contra o otimismo PARADOXO: o otimismo dá uma sensação boa e pode até ser necessário, mas, escapando ao controle, pode nos levar à catástrofe numa negociação. CRIAR DEFESAS – É preciso criar defesas contra o canto dos otimistas, mas jamais conseguiremos controlar totalmente, afinal somos humanos. INCLINAÇÃO OTIMISTA – Mas podemos nos manter atentos à inclinação otimista e ficarmos alertas aos seus perigos. CONTRADIZER: não existe praticamente nada que tenha sido afirmado por um sábio que não tenha sido contraditado por outro. 17 Colha INFORMAÇÕES sobre o outro negociador Conheça o que é IMPORTANTE para o outro negociador e para as pessoas às quais ele se subordina. Pense também no que o outro QUER. Considere também os INTERESSES do outro lado. É quase certo que outro lado VÊ O MUNDO diferente de você. Leia ARTIGOS sobre o outro e sobre seu negócio. Procure NOVOS INSIGHTS solicitando a outras pessoas que lhe digam como veem a situação: um membro da família, um amigo com conhecimento de causa, alguém que tenha passado por situação similar ou um profissional da área em questão. 18 FATORES DE SATISFAÇÃO do outro negociador Procure SABER sobre o outro negociador: Como ele é O que ele dá valor O que ele “não diz” (seus fatores de satisfação: seus sonhos, aspirações, desejos ocultos) Os “FATORES DE SATISFAÇÃO” nunca aparecem, mas participam da negociação em silêncio e são eles que decidem a negociação. ESTRATÉGIA – Quanto mais você souber e atender os fatores de satisfação, mais você reduz as resistências da outra parte. 19 Estude o seu oponente Qual sua experiência anterior e como ele se comportou? Qual seu estilo pessoal dominante? Quais seus pontos fortes e fracos? Quais seus valores humanos? Como é seu ego, vaidade, motivações, necessidades, exigências, expectativas, segurança, limitações, gostos e crenças? Como ele percebe as pessoas e a situação? Se você fosse ele, o que gostaria de obter ou evitar? Classifique e priorize os interesses dele. Que alternativas ele possui? Quais são os interesses ocultos dele? 20 Seu oponente pode querer MANTER status, reputação, prestígio e respeito SENTIR-SE competente EVITAR riscos, problemas, conflitos, insegurança, ansiedade, tensão (quer sossego), BUSCAR conforto ou comodismo SER valorizado pela própria empresa LIVRAR-SE de trabalho desnecessário TERMINAR logo a negociação SER visto como honesto, justo, íntegro “APARECER” ou mostrar serviço para colegas e chefes EVITAR ira, fadiga, medo ou “dor de cabeça” 21 Seu oponente pode querer SER ajudado se tiver problemas NECESSITAR de uma explicação por ter cedido tal coisa SER ouvido, considerado ou admirado PARECER ser presunçoso ou indiferente EVITAR algum constrangimento em negociar GANHAR experiência, aprender ou expandir seus conhecimentos TER tranquilidade, evitar ser pressionado ou ir contra a natureza ou forma de ser 22 A “terceira pessoa” da negociação Lembre-se sempre da “TERCEIRA PESSOA”, ou seja, pessoas a quem ele deve satisfação dos resultados da negociação: Pode ser o chefe O diretor O colega do departamento O sócio O cônjuge Os filhos O subordinado direto Etc. 23 Convencer também a “terceira pessoa” CONVENCER AS TERCEIRAS PESSOAS – Às vezes, pensamos que é um problema ou tarefa dele convencer esses terceiros das decisões da negociação, mas não é; a tarefa é nossa também. ELE PODE PRECISAR DE NOSSA AJUDA PRÁ CONVENCER OUTROS – A principal razão é porque, mesmo que ele concorde com nosso ponto de vista ou argumentação, se ele entender que esses “terceiros” não concordarão, ele nem perde o tempo dele e nem quer se desgastar para convencê-los: ele simplesmente não concordará também. AJUDAR DE ALGUMA FORMA – Por isso é que é um problema nosso “pavimentar” a estrada com argumentos, provas, fatos e dados para que ele possa convencer facilmente seus terceiros. 24