BROTÉRIÀ 82 que vem a ficar na parte externa da cortica. S ó mais tarde, quando a nova cortica já tem alguma grossura, é que a fémea do Coroebus vem nella por os ovos, provàvelmente ñas fendas da mesma cortica. A larvazinha, sahida do ovo, fura a cortica e vai para o interior della, em contacto com o entrecasco, onde a seiva é abundante, e comeca a fazer a sua galería, a principio estreita, alargando-a depois, à medida que vai crescendo. Por esta forma, a cortica que já por fora tinha as galerías das antigas cobrilhas, agora fica também minada na face interna pelas novas cobrilhas que invadem a mesma cortina. Creio portanto que o leitor fica bem comprehendendo a razáo por que a cortica fica damnificada ñas duas superficies — na externa, que annos atrás correspondía à parte externa do entrecasco, e na interna que está sobreposta agora ao entrecasco; as galerías exteriores, claro está, nao foram feitas pelas mesmas cobrilhas que abriram as interiores, mas foram minadas essas duas faces por insectos diversos, e com varios annos de intervallo, sendo as interiores muito mais recentes. 0 Insecto. — Sao duas as especies de cobrilha, ambas pertencentes ao género Coroebus Castelnau, da familia das Bupresfidae (Coleópteros) ('). O género conta cérca de 8 0 especies que vivem na Europa, Asia e Norte da Africa ( ). As duas especies que no Sobreiro atacam, no estado de larva ou cobrilha, a cortica, sao : 1 ) Coroebus undafus P. — Tamanho pequeño, 8 a 12 mm., de comprimento. O coleóptero nos meses de maio a junho pode ser apanhado no matto e silvas, e principalmente ñas flores das giestas. Tem sido mencionado da Europa Central e do Sul da Europa. A cobrilha desta especie faz grandes estragos nos sobreiros do Sul da Franca, na Espanha e em Portugal. A-pesar da sua predileccáo pelo Sobreiro, pode viver também noutros Carvalhos. 2 (') Cumpre-me agradecer aqui as informaçôes que sobre as cobrilhas me forneceram dois naturalistas distincfíssimos — os Srs. Dr. José Maximiano Correa de Barros e o Prof. Manuel de Sousa da Cámara. O primeiro levou a amabilidade ao ponto de me enviar os dois insectos que tinha na sua riquíssima collecçâo de Coleópteros. ( ) Além das duas especies damninhas— Coroebus undalus F. e Coroebus bifasciaíus 0 1 . , Paulino de Oliveira, no seu « Catalogue », cita de Portugal outros dois Coroebus, o C. gibbicollis 111. (Àlentejo), e C. amefhysfinus OÍ. cuja larva ou cobrilha noutras naçoes da Europa Central se cria na haste do Cirsium echinaíum D C , Composta aínda nao encontrada ao lado de varias outras especies dêsfe género que vicejam em Portugal. 2