Rendimento do feijão-caupi em função de doses de K2O Ademar P. de Oliveira1; Edson B. Lopes2; Lucia Helena A. Araújo2; Erllens È. Silva2; Jandiê A. da Silva2; Valéria V. Ribeiro2; ; Eliziete P. de Souza2 1 UFPB - Centro de Ciências Agrárias, Caixa Postal 02, CEP 58397-000, Areia-PB, Bolsista em produtividade em 2 pesquisa CNPq, E-mail: [email protected]. UFPB - Programa de Pós-graduação em Agronomia, CEP 58397000, Areia-PB. RESUMO O feijão-caupi, também conhecido como feijão macassar, feijão-de-corda ou fradinho é uma das principais culturas da região Nordeste do Brasil. No estado da Paraíba, é cultivado em quase todas as regiões e representa 75% da área cultivada com feijão no Estado, sendo consumido na forma de grãos verdes e secos. Foi realizado um trabalho na Universidade Federal da Paraíba, entre julho e setembro/2005, com o objetivo de avaliar os efeitos de doses de K2O sobre o rendimento do feijão-caupi, cultivar Pitiúba, em NEOSSOLO REGOLIÍTCO Psamitico típico. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados, com seis tratamentos representados pelas doses de 0, 50, 100,150, 200 e 250 kg ha-1 de K2O, em quatro repetições. As parcelas eram compostas por 40 plantas, espaçadas de 0,8 x 0,4 m. Foram calculadas as doses de 236, 162 e 155 kg ha-1 de K2O, como aquelas responsáveis pelas máximas produções de vagens (4347 kg ha-1), de grãos verdes (3594 kg ha-1) e de grãos secos (1821 kg ha-1). Palavras-chave: Vigna unguiculata, adubação mineral, feijão-caupi, vagens, grãos verdes, grãos secos, rendimento. ABSTRACT Cowpea bean yield in function of K2O levels Cowpea bean plant also known as bean macassar, bean-of-rope or friar is one of the main cultures of the Northeast area in Brazil. In Paraíba´s state, it is cultivated in almost all areas and it represents 75% of cultivated area with bean on the State, being used as green and dry grains. The work was accomplished at Universidade Federal da Paraíba, Brazil, among July to september/2005, objectiving evaluate K2O levels effects on cowpea yield Pitiúba cv., in ustipsamment soil. Experimental design used was randomized blocks, with six treatments represented by 0, 50, 100,150,200 and 250 kg ha-1 of K2O levels, in four replications. The plots were compost by 40 plants, spaced of 0.8 x 0.4 m. The levels of 236, 162 and 155 kg ha-1 of K2O, were responsible for higher pods yield (4347 kg ha-1), of green grains (3594 kg ha-1) and of dry grains (1821 kg ha-1). Keywords: Vigna unguiculata, mineral fertilization, cowpea, green grains, dry grains, yield. INTRODUÇÃO O feijão-caupi (Vigna unguiculata (L.) Walp), também conhecido por feijão macassar, feijão-de-corda ou feijão fradinho é uma das alternativas de renda e alimento para a população de baixa renda da região Nordeste do Brasil, que o consome sob a forma de grãos maduros ou grãos verdes ("feijão-verde" com teor de umidade entre 60 e 70%). No estado da Paraíba, é cultivado em quase todas as micro-regiões, onde detém 75% das áreas de cultivo com feijão. Contudo, níveis baixos de produtividade têm sido constatados, possivelmente, decorrente do plantio de cultivares tradicionais com baixa qualidade agronômica, e ausência de um programa de manejo de nutrientes (OLIVEIRA et al., 2001). O feijão-caupi é tão exigente em nutrientes quanto o feijão-comum. Para manter a cultura em desenvolvimento pleno, faz-se necessário colocar nutrientes à sua disposição, durante todo o ciclo da planta, além dos cuidados especiais nos períodos críticos da cultura, como nas fases de floração e enchimento de vagens. O ciclo da cultura pode ser reduzido ou aumentado, caso as condições de fertilidade do solo sejam consideradas de inferior a boa, respectivamente (OLIVEIRA; DANTAS, 1988) O objetivo do presente trabalho foi avaliar o rendimento do feijão-caupi submetido a diferentes doses de K2O. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Universidade Federal da Paraíba, em Areia, PB, no período de julho a setembro de 2005, com o objetivo de avaliar o rendimento do feijão-caupi, em função de doses de K2O. O delineamento experimental adotado foi de blocos casualizados, com seis tratamentos representados pelas doses de 0, 50, 100, 150, 200 e 250 kg ha-1 de K2O, fonte cloreto de potássio, em quatro repetições. O solo da área foi classificado como do tipo NEOSSOLO REGOLÍTICO Psamítico típico, cuja análise química na camada de 0-20 cm, previamente à aplicação dos tratamentos resultou: pH = 6,3; P = 93,0 mg dm-3; K = 165,0 mg dm-3; Al+3 = 0,0 cmolc dm-3; Ca+2 = 2,80 cmolc dm-3; Mg+2 = 1,20 cmolc dm-3, e matéria orgânica = 10,40 g dm-3. O preparo do solo constou de aração, e abertura de covas de plantio. As parcelas foram compostas de 40 plantas úteis espaçadas de 0,8 m x 0,4 m, sendo 20 empregadas para avaliar a produção de vagens e de grãos verdes e 20 para avaliar a produção de grãos secos. O plantio foi realizado de forma manual, colocando-se cinco sementes por cova da cultivar Pitiuba, realizando o desbaste para uma planta por cova, quinze dias após. A adubação de plantio consistiu da aplicação das doses de K2O, definidas no delineamento experimental, de 100 kg ha-1 de superfosfato simples e de 20 t ha-1 de esterco bovino. Na adubação de cobertura, foi fornecido 300 kg ha-1 de sulfato de amônio, parcelado em partes iguais aos 20 e 40 dias após a semeadura. Durante a condução da cultura foram realizadas capinas manuais, irrigações pelo sistema de aspersão convencional e pulverizações à base de Deltametrina 2,5 E, para controlar cigarrinha-verde (Empoasca kraemeri). No período de ausência de chuvas foi realizada irrigação por aspersão. Efetuaramse também capinas com auxílio de enxadas, procurando-se manter a cultura livre de plantas invasoras. As colheitas, em número de quatro, tiveram início aos 60 dias após a semeadura. Nas plantas selecionadas para avaliar o rendimento de vagens e de grãos verdes, as colheitas foram efetuadas quando as vagens iniciavam sua maturação, enquanto que naquelas selecionadas para avaliar o rendimento de grãos secos, as colheitas ocorreram à medida que as vagens secavam. Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão. RESULTADOS E DISCUSSÃO A resposta do feijão-caupi ao emprego do potássio foi de natureza quadrática (Figura 1), onde foram calculadas as doses de 236, 162 e 155 kg ha-1 de K2O, como aquelas responsáveis pelas máximas produções de vagens (4347 kg ha-1), de grãos verdes (3594 kg ha-1) e de grãos secos (1821 kg ha-1). Embora Melo et. al. (2005) afirmarem que raramente o feijão-caupi responde a adubação potássica, as produções de vagens, de grãos verdes e de grãos secos obtidas pelo uso do K2O, evidenciam uma boa produtividade do feijão-caupi, cultivar Pitiúba na micro-região de Areia- PB, superando os resultados obtidos por Silva e Oliveira (1993) e Silva e Freitas (1996) em cultivos convencionais. É provável que durante o crescimento e desenvolvimento das plantas, as doses de K2O responsáveis pelas máximas produções, juntamente com os nutrientes adicionados ao solo, supriram de forma equilibrada as necessidades nutricionais da cultura, favorecendo a formação e translocação de carboidratos e melhorando o uso eficiente da água pela planta. Contudo, as reduções de produções em doses acima daquelas responsáveis pelas produções máximas, possivelmente foi conseqüência direta do seu efeito tóxico, o que reduziu a absorção de outros cátions, isto é, exerceram forte efeito competitivo sobre os nutrientes Ca, Mg, N e P (FILGUEIRA, 2000). LITERATURA CITADA FILGUEIRA, F. A. R. Novo manual de olericultura: agrotecnologia moderna na produção e comercialização de hortaliças. Viçosa: UFV, 2000. 402 p. MELO,F.B.;CARDOSO,M.J.;SALVIANO,A .A.C. Fertilidade do solo e Adubação.IN: FeijãoCaupi; Avanços tecnológicos.Brasília, EMBRAPA Meio – norte,2005.p 228 -242. OLIVEIRA, A. P.; ARAÚJO, J.S.; ALVES, E.U.; NORONHA, M.A S.; CASSIMIRO, C.M.; MENDONÇA, F.G. Rendimento de feijão-caupi cultivado com esterco bovino e adubo mineral. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 84-85, 2001. OLIVEIRA, I.P.; DANTAS, J.P. Nutrição mineral do caupi. In: ARAÚJO, J.P.P.; WATT, E.E. O caupi no Brasil, Brasília, EMBRAPA-CNPAF, p. 65-69, 1988 SILVA, P.S.L.; FREITAS, C.J. Rendimento de grãos verdes de milho e caupi em cultivos puros e consorciadas. Revista Ceres, Viçosa, v. 43, n. 245, p. 28-38, 1996. SILVA, P.S.L.; OLIVEIRA, C.N. Rendimentos de feijão verde e maduro de cultivares de caupi. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 11, n. 2, p. 133-135, 1993. y1 = 2864,5 +12,563x - 0,0266x2 -1 Doses de K2O (kg ha ) 5000 R2 = 0,6611 4000 3000 y2 =1878,1 + 21,225x - 0,0656x2 R2 = 0,7967 2000 y3 = 1027,6 + 10,222x - 0,0329x2 1000 R2 = 0,7318 0 0 50 100 150 200 250 -1 Produtividade (kg ha ) Figura 1. Produção de vagens (y1), de grãos verdes (y2) e de grãos secos (y3) de feijão-caupi, em função de doses de K2O. Areia, CCAUFPB, 2006.