EFEITO DA APLICAÇÃO DE NBITROGÊNIO COMPLEMENTAR VIA FOLIAR SOBRE A PRODUTIVIDADE E MASSA DE MIL GRÃOS DE SOJA Juliano Burko (IC/Fundação Araucária), Valmiler Vidal, Luana dos Reis Piovesan, Rafael Royer, Jaqueline Huzar Novakowiski e Itacir Eloi Sandini (Orientador), e-mail: [email protected] Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná/Setor de Ciências Agrárias e Ambientais/Departamento de Agronomia/Guarapuava, PR Área e subárea: Ciências Agrárias/Agronomia Palavras-chave: Glycine max, fertilizante líquido,uréia formaldeído. Resumo: Com o objetivo de se avaliar o efeito da aplicação do nitrogênio complementar no estádio de florescimento da cultura da soja foi conduzido um experimento na cidade de Guarapuava – PR, na safra 2012/13. A aplicação do nitrogênio complementar foi realizada com o produto comercial Nitamin® (33% de N) com diferentes doses de 0, 5, 10, 15, 20 L ha-1 sendo avaliadas a produtividade e a massa de mil grãos. Foram observados resultados significativos, sendo que a aplicação de 10,3 L ha-1 proporcionou máxima produtividade de 3.635 kg ha-1 e de 10,5 L ha-1 a máxima massa de mil grãos. Introdução A cultura da soja destaca-se como uma das principais oleaginosas produzidas no mundo. No Brasil, na safra 2012/13 ocupou uma área estimada em 27,7 milhões de hectares com produção de 81,4 milhões de toneladas fazendo com que o Brasil seja o segundo maior produtor de soja. A média brasileira de produtividade foi de 2.398 kg ha-1 (CONAB, 2013). Há vários fatores que podem afetar a produtividade da cultura da soja, dentre estes, destaca-se o adequado suprimento de nitrogênio (N), uma vez que, é o nutriente absorvido em maiores quantidade pelas plantas, estando, portanto, diretamente relacionado com o crescimento e desenvolvimento das plantas (Taiz e Zeiger, 2004). O nitrogênio pode ser oriundo da decomposição da matéria orgânica, dos fertilizantes nitrogenados sintéticos e orgânicos e fixação biológica (FBN) (Taiz e Zeiger, 2004). Atualmente no Brasil, a FBN é a principal forma de fornecimento de N, a qual é realizada pela associação simbiótica com bactérias do gênero Bradyrhizobium por meio de nódulos formados nas raízes. No entanto, o pico de fixação ocorre no enchimento de grãos, e após este estádio há considerável redução da FBN (Ritchie, 1997). Fatores como o desenvolvimento de cultivares com maior potencial de produção, o avanço da semeadura direta na região do Cerrado, e resultados obtidos em pesquisas nos Estados Unidos (Lamond e Wesley, 2001) com aplicações tardias de N no pré-florescimento e início do enchimento de grãos, ocasionaram dúvidas se somente a inoculação seria suficiente para alcançar elevadas produtividades. Tais fatos têm contribuído para o levantamento de hipóteses de que uma suplementação de N no estádio reprodutivo, quando há redução da FBN, poderia contribuir para o aumento da produtividade da soja. Neste contexto, o objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de diferentes doses de nitrogênio complementar no estádio de florescimento sobre a produtividade da cultura da soja. Materiais e métodos O experimento foi realizado no município de Pinhão (PR), na fazenda Pinhão Ralo, durante a safra agrícola de 2012/13. O clima da região é Cfb e o solo da área experimental é do tipo Latossolo Bruno Distroférrico Típico. Foi utilizado delineamento experimental de blocos casualizados, com quatro repetições, cada unidade experimental constituída de quatro linhas com espaçamento de 0,40 m e comprimento de 6,0 m sendo avaliadas as duas linhas centrais, desprezando-se 0,5 metros da extremidade da parcela, com área útil para avaliação de 5,4 m². O experimento foi implantado no dia 10/12/12 em sistema de semeadura direta sobre palhada de cevada. A cultivar utilizada foi ND 5909RR. Para adubação realizou-se uma aplicação, antes da semeadura, de 100 kg ha-1 de cloreto de potássio, e de 150 kg ha-1 do fertilizante formulado 14-34-00 (NPK) no sulco de semeadura. O experimento apresentou 5 tratamentos, consistindo em diferentes doses de N foliar por meio do produto Nitamin® (33% de nitrogênio) que foram: 0 L ha-1; 5 L ha-1; 10 L ha-1; 15 L ha-1 e 20 L ha-1. A aplicação foi realizada por meio de pulverizador costal de pressão constante à base de CO 2, com pontas de pulverização de jato leque XR 110:02, espaçadas em 50 cm. A pressão de trabalho foi de 30 lb pol-2, resultando num volume de calda de 200 L ha-1. Após a maturação, a soja foi colhida e trilhada, determinando-se, então, a produtividade de grãos a 13% de umidade. A massa de mil grãos foi obtida através da contagem de 300 grãos, e extrapolado para 1000 grãos. Os resultados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão por meio do software SISVAR. A máxima eficiência técnica produtividade e massa de mil grãos foram obtidas por meio da equação gerada. Resultados e Discussão Na Figura 1A estão apresentados os resultados da aplicação das doses crescentes de N, por meio do produto Nitamin®, sobre a produtividade da soja e na Figura 1B os resultados para massa de mil grãos. Em ambos os casos, foram obtidas respostas quadráticas com 1% de significância. A B ® Figura 1 - Produtividade (A) e massa de mil grãos (B) de soja com doses de Nitamin no florescimento. ** Significativo a 1% de probabilidade pelo Teste F. Coeficiente de variação para produtividade de 9,05% e para massa de mil grãos de 2,83%. Guarapuava, PR, 2013. A máxima eficiência técnica sobre a produtividade foi de 3.635 kg ha-1 com aplicação de 10,3 L ha-1 de Nitamin®. Este valor representa um incremento de 13,8% quando comparado a produtividade de 3.216 kg ha-1 para o controle onde não houve aplicação do produto. As respostas estão de acordo com Wesley et al. (1998) que realizando experimentos nos EUA obtiveram aumento médio da produtividade com a aplicação tardia de N. A máxima massa de mil grãos de 171,15 g foi obtida com a aplicação de 10,5 L ha-1 de Nitamin®, representando incremento de 2,82% sobre o controle. Com base nos resultados obtidos, foram observados efeitos positivos com a utilização do N complementar, pelos bons resultados consideráveis sobre a produtividade; e, a massa de mil grãos é um dos indicadores deste aumento. Estudos envolvendo doses e épocas de aplicação do N via foliar são extremamente importantes, uma vez que, busca-se aumentar cada vez mais a produtividade sem aumentar as áreas de cultivo, obtendo-se máxima eficiência produtiva. Conclusões A aplicação do N complementar proporcionou incremento na produtividade e massa de mil grãos. A máxima produtividade foi obtida com 10,3 L ha-1. Agradecimentos À Fundação Araucária pela concessão da bolsa de iniciação científica. Referências CONAB. Acompanhamento de safra brasileira: grãos, décimo primeiro levantamento de grãos, agosto 2013. Brasília: Conab, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/13_08_09_10_43_ 44_boletim_portuges_agosto_2013_port.pdf>. Acesso em: 25 ago. 2013. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Nutrição Mineral. In: TAIZ, L.; ZEIGER, E. (Ed.). Fisiologia vegetal. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004, 96-101. LAMOND, R,; WESLEY, T. L. Adubação nitrogenada no momento certo para a soja de alta produtividade. Informações Agronômicas, v. 95, 2001, 6-7. RITCHIE, S.W.; HANWAY, J.J.; THOMPSON, H.E.; BENSON, G.O. Como a planta de soja se desenvolve. Traduzido do original: Hoe a soybean plant develops. Special Report n.53 (Reprinted June, 1997). Ames,Iowa State University of Science and Technology Cooperative Extension Service, 1997.(POTAFOS. Arquivo do Agronômico, 11). WESLEY, T.L.; LAMOND, R.E.; MARTIN, V.L.; DUCCAN, S.R. Effects of lateseason nitrogen fertilizer on irrigated soybean yield and composition. Journal of Production Agriculture, v.11, 1998, 331-336.