Universidade Camilo Castelo Branco Instituto de Engenharia Biomédica GISELE LAUER MURTA GOBI ANÁLISE CICATRICIAL DE ÚLCERAS POR PRESSÃO UTILIZANDO O ÓLEO DE COCO OZONIZADO HEALING ANALYSIS OF PRESSURE ULCER USING THE OZONIZED COCONUT OIL São José dos Campos, SP 2013 II Gisele Lauer Murta Gobi ANÁLISE CICATRICIAL DE ÚLCERAS POR PRESSÃO UTILIZANDO O ÓLEO DE COCO OZONIZADO Orientador: Prof. Dr. Ricardo Scarparo Navarro Co-orientadora: Profª Drª Dora Inés Kozusny-Andreani Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica da Universidade Camilo Castelo Branco, como complementação dos créditos necessários para obtenção do título de Mestre em Engenharia Biomédica. São José dos Campos, SP 2013 III IV V DEDICATÓRIA Dedico este trabalho às pessoas mais importantes da minha vida: meu filho Arthur, meu marido Tiago, meus pais, Gilberto e Eliane e meus irmãos Daniele e Guilherme. VI AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus que me deu e me dá forças para vencer desafios como este. A meu marido Tiago que sempre me apoiou e confiou em mim. Aos meus pais, Gilberto e Eliane, que sempre me apoiam e incentivam meu crescimento profissional e pessoal e ajudaram meu marido a cuidar de meu filho quando eu estava ausente. Ao meu filho que apesar de muito pequeno compreendeu minha ausência. Aos meus irmãos que sempre tiveram do meu lado. Aos orientadores Prof. Dr Ricardo S. Navarro e Profa Dra Dora, que me auxiliaram por todos os passos deste trabalho. E agradeço a todos que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para que esse estudo pudesse ser concluído. VII ANÁLISE CICATRICIAL DE ÚLCERAS POR PRESSÃO UTILIZANDO O ÓLEO DE COCO OZONIZADO RESUMO O processo cicatricial é considerado um fenômeno complexo que envolve uma sequência analógica de estágios bioquímicos celulares modulares por reações de oxidação e redução de um organismo. Dependendo da situação, a úlcera pode ser de difícil cicatrização, levando até anos para completo processo cicatricial, e podem ocorrer recidivas, diminuindo a qualidade de vida dos acometidos por tal, pois requer muita disciplina, por parte do acometido e eficiência nos cuidados prestados pela equipe de saúde. Representa um problema para os indivíduos afetados, pois acarreta desconforto, dificultando seu convívio social, relacionamento familiar, levando a problemas emocionais, psicossocias, econômicos, afetando a sua autoimagem e estima; fora os gastos com medicamentos, tanto, de uso tópico, como por via oral. O objetivo deste estudo foi analisar e acompanhar a evolução cicatricial e microbiológica de úlceras por pressão, através da utilização do óleo de coco ozonizado. Trata-se de um estudo qualitativo, quantitativo, experimental, descritivo. Seguindo parecer do CEP UNICASTELO (048906/2012) todos os participantes assinaram o TCLE. Foi realizado curativo em 16 pacientes com úlceras por pressão, sendo 2 moradores do município de Aparecida D’oeste-SP e 14 do município de Jales-SP, a prescrição médica dos medicamentos tópicos utilizados pelos pacientes não foi suspensa, portanto foram classificados e selecionados os indivíduos que fazem uso do mesmo medicamento tópico, para não apresentar falsos resultados. Para o estudo de casos clínicos, os indivíduos foram selecionados a partir de um critério de inclusão de pacientes entre 30 e 70 anos e com úlcera por pressão. Os 16 pacientes foram divididos aleatoriamente em tratamentos: A) grupo controle: curativo conforme prescrição médica (colagenase) (n= 8); B) grupo tratamento; curativo (colagenase) mais o óleo de coco ozonizado (n= 8). O óleo de Coco foi ozonizado pelo equipamento Ozone Life (O&L 1.5M, 10ppm, 10h). Os curativos foram realizados diariamente durante 21 dias. Foi realizada analise qualitativa microbiológica: material coletado com swab estéril na superfície da úlcera para classificação do tipo de microrganismo existente na lesão nos tempos 0, 7, 14 e 21 dias. Avaliação qualitativa- morfologia e quantitativa- áreas das feridas através de VIII fotografias digitais padronizadas em câmera digital (Sony)(8X) nos tempos 0, 7, 14 e 21 dias. Posteriormente, através do software Image J®, foi quantificada a área total das feridas pela delimitação de suas bordas e calculado o Índice de Cicatrização das Úlceras [ICU = (Área inicial – Área final)/Área inicial], onde ICU = 1 refere-se à reepitelização total; ICU = 0 sem sinais de reepitelização; ICU>0 significa redução da área da ulcera e ICU<0 aumento da área da ferida. Pode-se concluir que o óleo de coco ozonizado promoveu uma mudança no perfil microbiológico e efetivo no processo de cicatrização com redução na área da úlcera, contribuindo para o tratamento das feridas. Palavras-chave: ulcera por pressão; óleo de coco; ozônio; cicatrização. IX HEALING ANALYSIS OF PRESSURE ULCER USING THE OZONIZED COCONUT OIL. ABSTRACT The healing process is considered a complex phenomenon which involves an analogical sequence of modular cellular biochemical stages for oxidation reactions and reduction of an organism. Depending on the situation, the ulcer can present a difficult healing taking even years for the complete healing process, and it can relapse, decreasing the life quality of those stricken for it, because it requires much discipline for the stricken and efficiency in the provided care for the health team. It represents a problem for the stricken individuals, because it results in discomfort, making the living together harder and harder, family relationship, taking to emotional problems, psychosocial, economic, affecting its self-image and esteem, not counting the spending with medicines, including the topical use ones and the oral use. The goal of this study was to analyze and follow the healing and microbiological evolution of pressure ulcers, through the use of ozonized coconut oil. It is a quantitative study, experimental, descriptive. Following the notion of the UNICASTELO Research Ethical Committee (048906/2012), all the participants accepted and signed the TCLE. It was realized curative in 16 patients with pressure ulcers, which 2 from the city of Aparecida D’Oeste and 14 from the city of Jales (SP), the medical prescription of the topical medicines used for the patients was not suspended; therefore were selected the individuals who make the use of the same topical medicine (collagenase), aiming do not promote false results. For the clinical cases study, the individuals were selected and randomly divided in accordance to inclusion process of patients from 30 to 70 years old and with pressure ulcers. The sixteen patients were shared in treatments: A) Curative control group: medical prescription (collagenase) (n= 8); B) Treatment group: curative (collagenase) and the ozonized coconut oil (n= 8). The coconut oil was ozonized by equipment Ozone Life (O&L 1.5M, 10 ppm, 10h). The curatives were daily realized during 21 days. It was realized microbiological qualitative analysis: the material was collected with sterile swab on the surface of the ulcer for microbiological analysis in lab for the classification of the type of microorganism existing in the wound in 0, 7, 14 and 21 days. The wounds were evaluated morphological- qualitative and wounds area- quantitative through X patronized digital photos (Sony digital camera) (X8) in 0, 7, 14 and 21 days. After, through the software Image J®, it was quantified the total area of the wounds for the delimitation of its edges and calculated the healing index of the ulcers (ICU = (Initial area – final Area)/Initial Area], where ICU = 1 refers to total reepithelization; ICU = 0 without signals of reepithelization; ICU>0 means reduction of ulcer area and ICU <0 increase of the wound area. It can conclude that the ionized coconut oil changed microbial pattern and reduction of the ulcer area with effective action in the healing process contributing to the wounds treatment. Key words: pressure ulcers, coconut oil, ozone, healing. XI LISTA DE FIGURAS Figura 1. Ilustração representativa da anatomia da pele.................................... 23 Figura 2. Locais comuns das úlceras de pressão.............................................. 29 Figura 3. Porcentagem total de indivíduos participantes no estudo divididos por gênero.......................................................................................................... 53 Figura 4. Porcentagem de indivíduos participantes no estudo, divididos por gênero no grupo controle.................................................................................... 53 Figura 5. Porcentagem de indivíduos participantes no estudo, divididos por gênero no grupo tratado..................................................................................... 54 Figura 6. Localização das úlceras por pressão do grupo controle..................... 54 Figura 7. Localização das úlceras por pressão do grupo tratado....................... 54 Figura 8. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a drenagem em dia 0...................................................... 56 Figura 9. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a drenagem em dia 21.................................................... 56 Figura 10. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de fibrina em dia 0....................................... 57 Figura 11. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de fibrina em dia 21..................................... 57 Figura 12. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de necrose em dia 0................................... 58 Figura 13. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de necrose em dia 21.................................. 58 Figura 14. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonido quanto a drenagem em dia 0............ 60 Figura 15. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a drenagem em dia 21...... 60 Figura 16. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de fibrina em dia 0................................................................................................................... 61 XII Figura 17. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de fibrina em dia 21.................................................................................................................. 61 Figura 18. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de necrose em dia 0.................................................................................................................... 62 Figura19. Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de necrose em dia 21.................................................................................................................. 62 Figura 20. Analise microbiológica qualitativa do grupo controle dia 0............... 63 Figura 21. Analise microbiológica qualitativa do grupo controle dia 21............. 63 Figura 22. Analise microbiológica qualitativa do grupo tratado dia 0................. 65 Figura 23. Analise microbiológica qualitativa do grupo tratado dia 21............... 66 Figura 24. Porcentagem de redução das úlceras dos pacientes do grupo controle................................................................................................................ 69 Figura 25. Imagem ilustrativa da úlcera no grupo A-controle dia 0 (úlcera 1).... 70 Figura 26. Imagem ilustrativa da úlcera no grupo A-controle dia 21 (úlcera 1).. 70 Figura 27. Porcentagem de redução das úlceras dos pacientes do grupo tratado.................................................................................................................. 71 Figura 28. Imagem ilustrativa da úlcera no grupo B- tratado com óleo de coco ozonizado em dia 0 (úlcera 8).............................................................................. 72 Figura 29. Imagem ilustrativa da úlcera no grupo B- tratado com óleo de coco ozonizado em dia 21 (úlcera 8)............................................................................ 72 Figura 30. Áreas inicial e final das úlceras do grupo controle.............................. 73 Figura 31. Áreas inicial e final das úlceras do grupo tratadocom óleo de coco ozonizado.............................................................................................................. 73 XIII LISTA DE TABELAS Tabela 1. Avaliação qualitativa descritiva das características das úlceras – grupo controle..................................................................................................... 55 Tabela 2. Avaliação qualitativa descritiva das características das úlceras – grupo B – tratado................................................................................................ 59 Tabela 3. Avaliação qualitativa-descritiva das espécies microbiológicas encontradas nas úlceras - grupo A- controle...................................................... 64 Tabela 4. Avaliação qualitativa-descritiva das espécies microbiológicas encontradas nas úlceras - grupo B – tratado...................................................... 67 Tabela 5. Significância estatística do grupo controle tendo como parâmetro o ICU...................................................................................................................... 68 Tabela 6. Significância estatística do grupo tratado tendo como parâmetro o ICU...................................................................................................................... 68 XIV SUMÁRIO 1. INTRODUÇÂO................................................................................................ 16 1.1. Justificativa.............................................................................................. 20 1.2. Objetivo geral.......................................................................................... 21 1.3. Objetivos específicos............................................................................... 21 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 22 2.1. Anatomia e fisiologia da pele................................................................... 22 2.2. Úlceras.................................................................................................... 24 2.3. Classificação das úlceras quanto à etiologia........................................... 25 2.4. Úlceras de pressão.................................................................................. 27 2.5. Causas.................................................................................................... 27 2.6. Processo de cicatrização......................................................................... 29 2.7. Fases da cicatrização.............................................................................. 30 2.8. Tipos de cicatrização............................................................................... 32 2.9. Tratamentos convencionais de úlceras................................................... 33 2.10. Ozônio................................................................................................... 33 2.11. Óleo de Coco......................................................................................... 35 2.12. Óleo ozonizado...................................................................................... 37 2.13. Microbiota normal humana.................................................................... 38 2.14. Microbiota normal da pele..................................................................... 40 2.15. Escherichia coli...................................................................................... 41 2.16. Pseudomonas aeruginosa..................................................................... 42 2.17. Staphylococcus aureus......................................................................... 43 2.18. Salmonela sp......................................................................................... 43 2.19. Proteus mirabilis.................................................................................... 44 2.20. Candida albicans................................................................................... 44 3. MATERIAL E MÉTODOS............................................................................... 46 3.1. Aspectos éticos....................................................................................... 46 3.2. Tipo de pesquisa..................................................................................... 46 3.3. Local e período da pesquisa................................................................... 46 3.4. População................................................................................................ 46 3.4.1. Critério de inclusão........................................................................ 46 XV 3.4.2. Critério de exclusão....................................................................... 47 3.4.3. Coleta de dados............................................................................. 47 3.5. Método..................................................................................................... 47 3.5.1. Técnica de curativo........................................................................ 47 3.5.2. Técnica de ozonização do óleo de Coco....................................... 48 3.5.3. Técnica de análise das amostras.................................................. 49 3.5.4. Coleta de Amostra da Ulcera com Swab....................................... 50 3.5.5. Técnica de crescimento microbiológico......................................... 50 3.5.6. Análise microbiológica................................................................... 51 3.5.7. Analise estatística.......................................................................... 57 4. RESULTADOS............................................................................................... 53 5. DISCUSSÃO................................................................................................... 74 6. CONCLUSÃO................................................................................................. 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................... 80 APENDICE A - Carta de informação ao sujeito da pesquisa............................. 88 APENDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE.............. 89 APENDICE C - Termo de Autorização............................................................... 93 APENDICE D - Instrumento de Avaliação das Úlceras...................................... 94 ANEXO A - Aprovação do Estudo pelo Comitê de Ética e Pesquisa................. 97 16 1. INTRODUÇÃO Meireles (2007) descreve a pele como o maior órgão do corpo, constitui 15% do peso corporal total de um adulto. Trata-se de um revestimento do organismo que isola os componentes orgânicos do ambiente externo. Sua complexa estrutura de tecidos, de várias naturezas, está habilitada a exercer funções múltiplas, tais como proteção, termo regulação e percepção, entre outras. A pele não é só um órgão com seus quadros típicos de reação, mas também um espelho que reflete o meio interno e, ao mesmo tempo, o meio externo na qual se encontra exposta (MAUAD, 2008). A manutenção da integridade da pele é complexa, pois vários fatores influenciam no desenvolvimento adequado de suas funções, como a idade, a exposição aos raios ultravioletas, a hidratação, a medicações e a nutrição (KREUTZ; SILVA 1997). Existem várias causas para o surgimento de uma ulcera orgânica, como: queimaduras, acidentes, agressões, doenças crônicas e complicações póscirúrgicas. Hess (2002) define úlceras como sendo uma alteração da integridade da pele. E ainda afirma que logo que a integridade da pele é rompida e surge uma úlcera, em seguida inicia-se o processo cicatricial, este por sua vez possui fases, sendo que a primeira é a fase inflamatória, seguida pela fase proliferativa e após essas duas a fase de maturação ou remodelagem. Embora seja uma situação comum e antiga, é muito difícil classificar os mais variados tipos de úlceras, já que muitas condições podem levar ao aparecimento. Os principais tipos de úlceras encontradas na literatura são: ulcera varicosa, pé diabético, ulcera por pressão, queimaduras, feridas traumáticas, deiscência cirúrgica (SMELTZER; BARE, 2009). Por sua vez, as úlceras por pressão são definidas por Ferreira e Calil (2001) como lesões cutâneas ou de partes moles, superficiais ou profundas, de etiologia isquêmica, secundária a um aumento de pressão externa, e localizam-se, usualmente, sobre uma proeminência óssea. As úlceras por pressão são causadas por fatores intrínsecos e extrínsecos ao paciente. Existem quatro fatores extrínsecos que podem levar ao aparecimento 17 destas lesões: a pressão, o cisalhamento, a fricção e a umidade. A pressão é considerada o principal fator causador, sendo que o efeito patológico no tecido pode ser atribuído à intensidade da pressão, duração da mesma e tolerância tecidual (SHEA, 1975). Os fatores intrínsecos para o aparecimento de ulcera por pressão são: idade, estado nutricional, perfusão tecidual, uso de alguns medicamentos e doenças crônicas como o diabetes mellitus e doenças cardiovasculares (DEALEY, 2001). Historicamente o tratamento de úlceras tinha como princípio básico, a defesa das lesões contra a atuação de agentes físicos, mecânicos ou biológicos. A preocupação com a contaminação exógena por bioagentes patogênicos fez com que fossem inseridas técnicas de curativo, onde o princípio básico era a manutenção do curativo limpo e seco (SMELTZER; BARE, 2009). Neste contexto, o óleo de coco é considerado um alimento funcional, que contém ácidos graxos de cadeia média e monogliceridos, os mesmos encontrados no leite materno humano, com efetivas propriedades antimicrobianas. Ao interromper a estrutura lipídica dos microrganismos, eles são inativados. Cerca de 50% do óleo de coco consiste em ácido láurico, portanto, o óleo de coco extra-virgem tem composição semelhante ao do leite humano com efeito benéfico sobre o sistema imunológico ao se transformar no organismo humano em Monolauril, um monoglicerídeo de ação antimicrobiana contra bactérias, vírus, leveduras, fungos e parasitas (FRANCIS, 2005). Vários autores utilizaram em suas pesquisas o ozônio como agente desinfetante e também para o combate ao biofilme. Este gás possui um odor muito característico que dá origem ao nome que recebe (do grego ozon = cheiro). Este cheiro é particularmente evidente em tormentas elétricas ou descargas elétricas pontuais (CAMPOS et al., 2006). O ozônio é um gás que se forma quando o oxigênio é exposto a uma alta intensidade de luz ultravioleta (como sucede nas capas superiores da atmosfera) ou a um campo de alta energia (chamado descarga corona) capaz de dissociar os dois átomos que o compõe e dar lugar a uma nova molécula triatômica de oxigênio. É um potente agente desinfetante, desodorizante e oxidante com potencial de oxi-redução igual a 2,07 v (BLANC et al., 2005; BOCCI, 2005; FARIA et al., 2005; NOGALES; FERRARI; KANTOVOUICH, 2008; TERAO et al., 2003). 18 Em função de suas características singulares, tornou-se nas últimas décadas alvo de pesquisa de inúmeros cientistas em todo o mundo, desde experimentos evidenciando suas características bactericidas (SINGER et al., 2003; TERÃO et al., 2003; FARIA et al., 2005; BLANC et al., 2005; KIM et al., 2008) fungicidas e herbicidas (RIP; AHARON, 1984) bem como uma larga aplicação no campo da Saúde (BOCCI, 2005). O ozônio exerce forte efeito antimicrobiano devido ao seu alto potencial oxidante (AGUIAR; PINHEIRO, 1999); no tratamento de doenças Oftalmológicas (MENENDEZ et al., 2002; VERANES et al., 1999), Dermatites (LINCHETA et al., 2000), doenças articulares e degenerativas, ginecologia e urologia, úlceras crônicas e infectadas, doença auto-imune, infecções fúngicas, feridas nos pés de diabéticos (BULIES et al., 1997). A ação do ozônio como um potente oxidante ao entrar em contato com fluidos orgânicos, gerando a formação de moléculas reativas do oxigênio que influenciam os processos fisiológicos e bioquímicos do metabolismo celular proporcionando efeitos antimicrobianos e benéficos à reparação tecidual (CRUZ; BONETTI FILHO; AMPUERO, 2008). Desta forma a ozonioterapia tem sido relacionada com excelentes resultados curativos, fácil aplicação, menores custos comparados aos medicamentos e curativos, ausência de efeitos adversos e intolerância dos pacientes não sendo observadas contraindicações na aplicação do ozônio, que pode ser tópico, sistêmico ou administração local, dependendo da sua terapêutica e indicação clínica. Os riscos estão relacionados à sua aspiração pelas vias aéreas superiores, devido à alta toxicidade do gás ozônio e as características anatômicas e bioquímicas do pulmão fazem que este seja extremamente sensível aos danos oxidativos do ozônio (BOCCI, 2005). Pode ser relatado o desconforto associado ao odor muito característico do gás, sendo mais evidente durante a sua produção, e reduzido na água, cremes e óleos ozonizados. Para minimizar ou impedir tais riscos principalmente para o operador, e em menor escala para o paciente, as normas internacionais da ozonoterapia determinam que sua produção seja realizada em ambientes com intensa ventilação natural, com controlado tempo máximo de trabalho com o ozônio pelos operadores. (DECLARAÇÃO DE MADRI, 2010). O ozônio misturado com óleos por meio de descargas elétricas; os óleos, como por exemplo, os de coco são ricos em ácidos insaturados; que quando ozonizados 19 formam ozonídeos, de sua hidrólise podem ser gerados aldeidos, cetonas e peróxidos de hidrogênio, responsáveis pelo desencadeamento das reações bioquimicas. Esses compostos (aldeídos, cetonas e peróxido de hidrogênio) do óleo ozonizado possuem várias funções no organismo, como: estimulação dos sistemas enzimáticos de óxido de redução influencia sobre o transporte de oxigênio aos tecidos e sobre cadeia respiratória das mitocôndrias, ação antimicrobiana, efeito sinérgico de estimulação da capacidade fagocitária que possuem ação germicida (LINCHETA et al., 2000; SIQUEIRA et al., 2000). Além da ação antimicrobiana, o óleo ozonizado possui ação anti-inflamatória e propriedades favoráveis a reparação tecidual (RODRIGUES et al., 2004). Óleo ozonizado aplica-se em feridas, úlceras e lesões infectadas em diferentes concentrações, altas, médias e baixas, dependendo do que pretende obter (desinfecção, regeneração) e o tipo de tecido onde se aplicam (DECLARAÇÃO DE MADRI, 2010). A fabricação do óleo ozonizado solidificado necessita de dois dias de gás ozônio borbulhado continuamente em óleo vegetal, fazendo com que um grama do óleo contenha 160mg de ozônio. Quando refrigerado possui validade de dois anos. O óleo ozonizado também pode ser fabricado em menos tempo, ficando mais viscoso e com menor duração (BOCCI, 2005). A utilização do ozônio em óleos aumenta o seu tempo de meia vida, devido a sua maior viscosidade que funciona como que “se aprisionasse” o ozônio dentro do meio oleoso, além da ausência de contaminantes como o cloro em óleos essenciais ou vegetais purificados. Tornando maior o tempo de ação e efetividade do ozônio nas áreas em que será aplicado, como por exemplo, em feridas e lesões cutâneas ou mucosas (BOCCI, 2005; CAMPOS et al., 2006). Mantendo sob-refrigeração (5-10°C) a água ozonizada, cremes ou óleos essenciais aumentam o tempo de efetividade do ozônio. Existem vários protocolos de ozonização de óleos, no estudo de óleo puro ozonizado por 48h, com uma concentração de ozônio de 110 mg/L, mantido sob refrigeração (5-10ºC) apresenta validade de 6 meses (BOCCI, 2005). A associação do ozônio com o óleo, assim como a de duas terapêuticas, apresentam algumas características biológicas interessantes: ação bactericida, inativação de fungos e vírus, debridamento tecidual e com efetivo potencial de 20 estimulo à neoformação vascular, proliferação celular e tecidual (BOCCI et al., 1994; RILLING, 1983). No presente estudo como foi utilizado o óleo de coco previamente ozonizado em local apropriado e mantido sob-refrigeração, não houve o desconforto do odor e o risco de inalação do gás pelo paciente e operador. Este estudo associou ozônio com o óleo de coco para realização de curativos em úlceras por pressão, avaliando assim o processo cicatricial, porem a contaminação microbiana desta úlceras é de suma importância visto que a mesma, alem de complicar o processo de cicatrização, pode levar à bacteremia causando a morte em pacientes debilitados (GALPIN et al.,1976); também é comum a presença de osteomielite (SUGARMAN et al., 1983). A úlcera de pressão é uma patologia crônica o que faz com que o risco de infecção seja muito grande. 1.1. Justificativa O processo cicatricial é considerado um fenômeno complexo que envolve uma sequência analógica de estágios bioquímicos celulares modulares por reações de oxidação e redução de um organismo (ROY et al. 2006). Visto que a prevalência de úlceras por pressão tem aumentado nos últimos anos, devido ao aumento da expectativa de vida da população, associada aos avanços da medicina moderna, que tornaram possível a sobrevivência de pacientes com doenças graves e anteriormente letais, transformadas em doenças crônicas e lentamente debilitantes (JAUL, 2010). O aumento no número de casos de úlceras por pressão foi gerado pela maior incidência de indivíduos expostos aos fatores de risco para o desenvolvimento do problema. Em alguns casos, dependendo da situação, a ferida pode ser de difícil cicatrização, levando até anos para completo processo cicatricial, e podem ocorrer recidivas, diminuindo a qualidade de vida dos acometidos por tal, pois requer muita disciplina, por parte do acometido e eficiência nos cuidados prestados pela equipe de saúde. Representa um problema para os indivíduos afetados, pois acarreta desconforto, dificultando seu convívio social, relacionamento familiar, levando a problemas emocionais, psicossocias, econômicos, afetando a sua auto-imagem e 21 estima. Pode levar a intervenção cirúrgica, fisioterapia; além dos gastos com medicamentos, tanto, de uso tópico, como por via oral. Segundo Cardoso et al. (2000) a ozonoterapia tópica pode ser uma alternativa no auxílio do tratamento de lesões, devido seu poder antimicrobiano, estimulador da formação de novos vasos na região afetada, aumentando a irrigação local, acelerando a formação de tecido de granulação e diminuindo o tempo de cicatrização, podendo ainda, ser uma forma de induzir a adaptação ao estresse oxidativo . A ação antimicrobiana do ozônio esta baseada na exposição local de grandes concentrações de ions oxidantes (MURRAY et al., 2004). Visto que Francis (2005) destaca que o óleo de coco extra virgem tem composição semelhante ao do leite humano, é de fácil digestão, rápida produção de energia e, sobretudo, efeito benéfico sobre o sistema imunológico ao se transformar no organismo humano em monolauril, um monoglicerídeo de ação antimicrobiana contra bactérias, vírus, leveduras, fungos, e parasitas. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar se a associação do ozônio com o óleo de coco utilizado em pacientes com úlcera por pressão, tendo uma tendência na redução microbiana e acelerar o processo de cicatrização; vindo de encontro com sua importância para comunidade acadêmica e científica. 1.2. Objetivo geral Analisar e acompanhar o processo de cicatrização de úlceras por pressão tratadas com do óleo de coco ozonizado. 1.3. Objetivos específicos Analisar qualitativamente as espécies microbianas encontradas nas úlceras por pressão; Analisar quantitativamente a evolução cicatricial das úlceras por pressão, pela análise de suas áreas; Descrever qualitativamente as características clinicas das ulcera por pressão durante o processo de cicatrização. 22 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Anatomia e fisiologia da pele A pele é o maior órgão do corpo, constitui 15% do peso corporal total de um adulto. Trata-se de um revestimento do organismo que isola os componentes orgânicos do ambiente externo. Sua complexa estrutura de tecidos, de natureza variada, está habilitada a exercer funções múltiplas, tais como proteção, termorregulação e percepção, entre outras. Ela secreta e excreta água e produtos metabolizados, participa da regulação da temperatura corporal, contém terminações nervosas sensitivas, participando do feedback sensorial para equilíbrio, proteção contra ferimentos, defesa contra organismos patógenos, sendo, portanto, indispensável à vida humana (MEIRELES, 2007). Ela é uma barreira protetora contra organismos causadores de doenças, um órgão sensorial para dor, temperatura e toque, e sintetiza vitamina D (POTTER, 2009). A pele não é só um órgão com seus quadros típicos de reação, mas também um espelho que reflete o meio interno e, ao mesmo tempo, o meio externo na qual se encontra exposta (MAUAD, 2008). Candido (2006) aponta que a manutenção da integridade da pele é um processo complexo porque inúmeros fatores que influenciam a sua capacidade para dispor apropriadamente suas funções, por exemplo, a idade, a exposição à radiação ultravioleta, a hidratação, medicações, nutrição, danos, entre outros. A necessidade do conhecimento da estrutura e função da pele como fundamento, tanto para a prevenção, quanto para os cuidados eficazes da ferida. O conhecimento básico sobre a estrutura e função da pele dá ao enfermeiro a capacidade para distinguir, baseada em dados coletados através de entrevista e avaliação do paciente, cada tipo de dano à pele e, a partir daí, iniciar a prevenção e tratamento apropriado (DANGELLO; FATTINE, 1998). Dangelo e Fattine (1998) explanam em seu trabalho que a pele possui duas camadas: a epiderme, mais superficial, e a derme, subjacente àquela. A derme é rica em fibras colágenas e elásticas que dão à pele a capacidade de distender-se quando tracionada, voltando ao seu estado original quando a tração é interrompida. É ricamente irrigada, possuindo uma extensa rede de capilares e nervos. Repousa 23 na tela subcutânea, que é rica de tecido adiposo. O tecido adiposo varia de acordo com a parte do corpo. É mais espesso no sexo feminino do que no masculino e tem como funções impedir a perda de calor, e fazer a reserva de material nutritivo. Possui também numerosas glândulas sudoríparas, sebáceas e folículos pilosos. As glândulas sudoríparas estão localizadas na derme ou subcutâneo, tendo como função a regulação da temperatura corporal, porque sua secreção, o suor, absorve calor por evaporação da água, possuindo também um longo e tortuoso ducto secretor que atravessa a epiderme, abrindo-se na superfície da pele por meio de poros. As glândulas sebáceas localizam-se na derme, sendo sua secreção conhecida como sebo, que serve para lubrificar a pele e os pelos. A Figura 1 ilustra as camadas da pele e sua composição. Figura 1: Ilustração representativa da anatomia da pele. Fonte: Junqueira e Carneiro (2008) Dangelo e Fattine (1998) descrevem que a cor da pele depende da quantidade de pigmentação, da vascularização e da espessura dos estratos mais superficiais da epiderme. Entre os pigmentos encontrados na pele, a melanina é o mais importante e sua quantidade varia com a raça, com a pigmentação após inflamação, exposição ao calor, aos raios solares e aos raios UV. A conscientização do profissional enfermeiro sobre a complexidade da assistência de enfermagem em dermatologia, podendo ser considerado o principal fator para o abandono da ideia de “curativo” como uma técnica padronizada, simples e possível de serem delegadas aos profissionais de nível médio da enfermagem, ou 24 mesmo pessoas sem preparo. Tanto a prevenção, quanto o tratamento requer um planejamento individualizado e preciso, exigem dedicação intensa, preparo especialização e atualização constante do profissional, tanto nas questões teóricopráticas, como em relação aos avanços tecnológicos, para uma intervenção de enfermagem competente e eficaz (CANDIDO, 2006). Conforme foi possível observar, Meireles (2007) explica que cada camada da pele possui capacidades específicas, por conta de uma estruturação diferenciada, e em função disso, esse tegumento constitui-se em um órgão capaz de desempenhar múltiplas funções tais como: • Proteção: Conforme mencionado anteriormente, todas as camadas da pele exercem função protetora, por meio de diferentes mecanismos: mecânicos, humorais (sebo), celulares (melanina), e imunológicos (células de langerhans). A camada córnea presta valiosa contribuição para a proteção da pele, pois impede a perda de água, eletrólitos e outras substâncias do meio interno, limita a entrada de substâncias exógenas, e sua superfície relativamente seca dificulta a proliferação de microorganismos. • Termorregulação: o controle homeostático da temperatura orgânica é processado pela pele por meio de dois mecanismos: a sudorese, que resfria a superfície cutânea, e a constrição e dilatação da rede vascular cutânea, que permite maior ou menor dissipação de calor. • Percepção: É exercida por uma complexa e especializada rede cutânea de terminações nervosas que capta estímulos dolorosos, táteis, térmicos (frio e calor). • Secreção: a secreção sebácea exerce função antibacteriana e antifúngica; além disso, atua na manutenção da integridade da pele, particularmente da camada córnea, evitando a perda de água. O sebo também contém substâncias precursoras de vitamina D (MEIRELES, 2007). 2.2. Úlceras Úlcera é o nome genérico dado a quaisquer lesões superficiais em tecido cutâneo ou mucoso, popularmente denominadas feridas. Nessas lesões ocorre a ruptura do epitélio, de modo a haver exposição de tecidos mais profundos à área lesada 25 (O´MEARA et al, 2000). Úlcera é definida como qualquer lesão no epitélio, mucosas ou órgãos com alteração de suas funções primordiais, podendo ser causadas por fatores externos como incisão cirúrgica e as lesões acidentais, por corte ou trauma ou por fatores internos, como as úlceras produzidas por infecção, as úlceras crônicas, as causadas por alterações vasculares, defeitos metabólicos ou neoplasias. Já o curativo é todo material colocados diretamente sobre à úlcera a fim de favorecer a cicatrização (HESS, 2002). Blanes (2004) descreve que a classificação de úlceras constitui importante forma de sistematização necessária para o processo de avaliação e registro. Assim, as úlceras podem ser classificadas, de acordo com o tempo de reparação tissular, em agudas e crônicas. As úlceras agudas são originadas de cirurgias ou traumas e a reparação ocorre em tempo adequado, sem complicações. As úlceras crônicas são aquelas que não são reparadas em tempo esperado e apresentam complicações. Smeltzer e Bare (2009) relatam que historicamente o tratamento de úlceras tinha como principio básico, a defesa das lesões contra a atuação de agentes físicos, mecânicos ou biológicos. A preocupação com a contaminação exógena por bioagentes patogênicos fez com que fossem inseridas técnicas de curativo, onde o princípio básico era a manutenção do curativo limpo e seco. 2.3. Classificação das úlceras quanto à etiologia O´Meara et al (2000) classificam as úlceras quanto a etiologia da seguinte maneira: • Úlceras traumáticas: são ferimentos causados por agentes externos que lesam tecidos por impacto, abrasão, lesão por radiação ionizante, perfuração, laceração, sucção etc. • Úlceras de pressão: são ferimentos oriundos de degeneração progressiva de tecidos submetidos ao efeito contínuo da pressão mecânica contra área de pele; • Úlceras varicosas: são lesões que surgem espontaneamente ou a partir de pequenos traumas desproporcionalmente leves em áreas nas quais a pele foi se adelgaçando ao longo do tempo em função de dilatação progressiva de alguma porção de sistema venoso superficial. É muito mais frequente em porção mais distal de membros inferiores; 26 • Úlceras isquêmicas: são lesões que surgem espontaneamente ou a partir de pequenos traumas desproporcionalmente leves em áreas nas quais a pele foi se adelgaçando ao longo do tempo em função de isquemia relativa persistente de tegumento, geralmente por insuficiência arterial crónica; • Úlceras de pé de diabético: são lesões que surgem geralmente a partir de pequenos traumas em áreas nas quais a pele foi se adelgaçando ao longo do tempo ou houve descolamento progressivo da interface derme / epiderme. Surge, possivelmente, devido à insuficiência arterial de microvasculatura cujo endotélio foi deteriorado em função do Diabetes. Habitualmente são feridas de muito difícil tratamento, passíveis de múltiplas intervenções cirúrgicas ao longo do tempo e onde se tem empregável com relativo sucesso a Oxigenoterapia hiperbárica. É muito mais frequente em pés ou porções mais distais de pernas, daí o nome de "pé de diabético"; • Úlceras por vasculite: são lesões que surgem espontaneamente em áreas nas quais se tenha observado estigmas de vasculite num período imediatamente prévio. A causa exacta do surgimento das lesões é incerta mas infere-se que surjam devido à isquemia progressiva e intensa do tecido irrigado por determinada artéria ou arteríola, cujas paredes se encontram com processo inflamatório consistente (que é a própria definição de vasculite), e que resulta na perda de vitalidade e, inclusive, de necrose deste tecido; • Úlceras pépticas: são lesões que surgem espontaneamente em áreas da mucosa de estômago (úlcera gástrica) ou duodeno (úlcera duodenal), possivelmente devido à corrosão das paredes mucosas destas estruturas pelo suco gástrico. Há modalidades de úlceras nestas regiões que não se devem à corrosão por suco gástrico, contudo sendo muito raras. São conhecidos dois grandes modos de o suco gástrico induzir às lesões: por excesso de produção de suco gástrico ou por déficit na produção de muco protetor. Há uma correlação estatística muito bem definida entre consumo de anti-inflamatórios e a redução de produção de muco gástrico protetor, com aumento consequente de risco de desenvolvimento de lesão de mucosa. Há, também, correlação de maior incidência de lesões de mucosa gástrica e a colonização desta mucosa por uma bactéria denominada Helicobacter pylori; 27 • Úlceras mistas: são combinações de fatores acima dispostos que contribuem concorrentemente para o surgimento e manutenção das feridas. 2.4 Úlceras de pressão As úlceras de pressão (úlceras de decubito, úlceras cutâneas) são lesões cutâneas decorrentes de uma insuficiência do fluxo sangüíneo e da irritação da pele localizada sobre uma proeminência óssea, nas zonas onde a pele foi pressionada por uma cama, por uma cadeira de rodas, por um aparelho gessado, por uma tala ou por outro objeto rígido durante um período prolongado (BERKOW; FLETCHER, 2009). 2.5 Causas Berkow e Fletcher (2009) descrevem que a pele possui um suprimento sangüíneo abundante que fornece oxigênio a todas as suas camadas. Quando este suprimento sangüíneo é interrompido por mais de 2 ou 3 horas, a pele morre, começando por sua camada mais externa (a epiderme). Uma causa comum de redução do fluxo sangüíneo para a pele é a pressão. O movimento normal faz a pressão variar e, dessa forma, a circulação sangüínea não é interrompida durante um longo período. Uma camada de gordura subcutânea, especialmente sobre as proeminências ósseas, atua como um coxim para a pele e evita que os vasos sangüíneos sejam comprimidos e obstruídos. Os indivíduos que não podem se mover apresentam um risco maior de apresentar úlceras de decúbito. Esse grupo é formado por indivíduos com paralisia, muito fracos ou submetidos a alguma forma de contenção. Quando a pressão interrompe o fluxo sanguíneo, a área da pele privada de oxigênio inicialmente torna-se vermelha e inflamada e, a seguir, ulcera. Mesmo quando o fluxo sanguíneo encontra-se apenas parcialmente interrompido, a fricção e outros tipos de lesão da camada externa da pele podem causar a formação de úlceras. As vestimentas inadequadas, as roupas de cama enrugadas ou o atrito dos calçados contra a pele podem contribuir para a lesão cutânea. A exposição prolongada à umidade (frequentemente transpiração, urina ou fezes) pode lesar a superfície cutânea e possibilitar a formação de úlceras de decúbito (BERKOW; FLETCHER, 2009). 28 A úlcera por pressão ocorre quando a pressão intersticial excede a pressão intracapilar, originando uma deficiência de perfusão capilar, o que impede o transporte de nutrientes ao tecido. Esta situação é mais comum em áreas de proeminências ósseas, onde o osso e a superfície de contato onde o paciente se apoia (cama ou cadeira) exercem uma pressão sobre a pele e partes moles sobre o osso maior do que a pressão capilar. Quando esta isquemia tecidual gerada pela pressão é mantida por um tempo maior do que o necessário à recuperação do tecido frente à isquemia, ocorre a liberação de fatores inflamatórios. Os fatores inflamatórios alteram a permeabilidade vascular, gerando edema e piorando a isquemia, caso a pressão intersticial permaneça aumentada. A isquemia no nível celular leva à morte celular, gerando a liberação de mais fatores inflamatórios e fatores de necrose tecidual. Com a manutenção deste estado inflamatório, ocorre desequilíbrio na quantidade de metaloproteases e inibidores de metaloproteases, com diminuição destas últimas, o que leva a redução das proteínas necessárias à proteção de tecidos lesados. Desta forma, o ciclo de destruição tecidual se intensifica, e a pressão mantida torna a lesão progressivamente maior e mais intensa (CANNON; CANNON, 2004). Outros fatores como infecção local e edema pioram a capacidade de defesa tecidual, por alteração da função imunológica local. Umidade local, presença de fissuras na pele e contato com urina ou fezes também participam deste mecanismo de lesão tecidual por alterarem a barreira de proteção cutânea e permitirem a contaminação local por microrganismos (BAUER; PHILLIPS, 2008). A pressão excessiva aplicada sobre a proeminência óssea é exercida sobre todos os tecidos abaixo deste osso. Portanto, a pele, tecido celular subcutâneo, fáscia e músculo são afetados concomitantemente. Porém, a resistência dos diferentes tecidos à isquemia não é igual entre eles. O músculo, por exemplo, tem uma resistência menor à isquemia, enquanto a pele tolera períodos maiores de isquemia. Além disso, a distribuição da pressão elevada sobre os tecidos segue uma forma cônica, com a base maior na profundidade, e menor na superfície. Devido a estas duas características locais, a lesão tecidual tem o aspecto de um “iceberg”, com a área acometida de pele em geral menor do que a área muscular lesionada (BAUER; PHILLIPS, 2008). Dois outros fatores podem contribuir para a formação da ulcera por pressão, e para a progressão da lesão. Um dos fatores é à força de cisalhamento, que é a 29 tração exercida sobre a pele, fazendo-a deslizar sobre o plano muscular, o que ocasiona a oclusão ou mesmo rompimento dos capilares responsáveis pela perfusão da pele neste local. A consequência desta separação capilar é a isquemia local, morte celular por isquemia, e todos os fenômenos decorrentes da falta de nutrição tecidual. O outro fator é a fricção, que é a lesão causada pelo atrito entre duas superfícies (a pele e a superfície de apoio), levando à formação de ferida por lesão direta da pele (MUSTOE; O´SHAUGHNESSY; KLOETERS, 2006). A Figura 2 ilustra os locais comuns de úlceras de pressão: Figura 2: Locais comuns das úlceras de pressão. Fonte: Berkow e Fletcher (2009) 2.6. Processo de cicatrização. O reparo de feridas, uma solução de continuidade dos tecidos, decorrente da lesão por agentes mecânicos, térmicos, químicos e bacterianos, é o esforço dos tecidos para restaurar a função e estruturas normais, assim o processo cicatricial é uma reposição do tecido normal, por tecido conjuntivo fibroso até a completa restauração do local lesado. 30 Meireles (2007), diz que cicatrização em tese: “Consiste em uma complexa seqüência de eventos coordenados e desencadeados pelo organismo, que objetivam reconstituir estrutural e funcionalmente o tecido comprometido em sua plenitude”. Compreender o processo cicatricial é de grande importância para a avaliação evolutiva da ferida, porque os produtos para o tratamento de uma ferida podem variar de acordo com a fase do processo cicatricial. A lesão tissular estimula imediatamente uma série de processos metabólicos, visando o restabelecimento dos tecidos lesados. Quando não há perda de tecido ou se esta não foi significativa, há possibilidade de se aproximar as bordas da ferida e o processo de reparação tecidual necessária será mínimo (COSTA, 2005). Entretanto, se a área de lesão ou a perda tecidual for extensa, as diversas fases do processo cicatricial serão visivelmente afetadas e o processo será retardado pela presença de fatores adversos, como por exemplo, a presença de microrganismos. Segundo Geovanine (2007) a cicatrização envolve processos catabólitos de degradação, limpeza e digestão enzimática e processos anabólicos de proliferação e reparação. As respostas metabólicas do organismo compreendem fatores celulares e bioquímicos do tecido agredido. A evolução da cicatrização está correlacionada com inúmeros fatores locais e sistêmicos que podem interferir na evolução fisiológica da cicatrização. 2.7. Fases da cicatrização Pires e Starling (2006) descrevem as seguintes etapas de reparação de úlceras: • Fase inflamatória: se origina após o trauma e o aparecimento da lesão, e a partir daí acontece a diminuição do calibre dos vasos sanguíneos local, transitoriamente, que é logo substituída por vasodilatação. Acontece o aumento da permeabilidade capilar e consequentemente extravasamento de plasma próximo ao ferimento. A histamina é o mediador inicial que promove esta vasodilatação e o aumento da permeabilidade, tendo efeito curto (30 min.). Ela é liberada de várias células presentes no local: mastócitos, granulócitos e plaquetas. Inicialmente, predominam os granulócitos, que após algumas horas são substituídos por linfócitos e monócitos. Os monócitos, ao lisarem tecidos lesados, originam macrófagos, que por sua vez fagocitam detritos e destroem 31 bactérias. Os linfócitos agranulocitos, em especial os monócitos e os macrófagos, representam papel importante na síntese do colágeno; na ausência desses dois tipos de células, ocorre redução intensa na deposição de colágeno no interior da ferida. • Fase de epitelização: começa horas após o traumatismo. Enquanto na profundidade da lesão ocorre a fase inflamatória, nas bordas da ferida suturada surgem células epiteliais novas que para lá migram. Desta forma, após 24 e até 48 horas, toda a superfície da lesão estará recoberta por células epiteliais. E com essas células migratórias novas na ferida, após alguns dias, as células da superfície se queratinizam. O fator de crescimento da epiderme é importante nesta fase. • Fase celular: em resposta à lesão, fibroblastos, células com formato de agulha e núcleo ovalados, derivados de células mesenquimais locais, residentes nos tecidos contíguos, multiplicam-se por três dias e no quarto dia migram para o local do ferimento. A partir de dez dias da lesão os fibroblastos transformam-se as células predominantes no local. Os fibroblastos têm 4 diferentes ações no interior de uma ferida: primeiramente, multiplicando; após essa proliferação eles migramse, e em seguida secretando o colágeno, tecido matricial da cicatriz e por último, formam feixes espessos de actina como miofibroblastos. A matriz que se forma inicialmente no interior de uma ferida tem como componentes a fibrina (fibronectina) e o glicosaminoglicano ácido hialurônico. A fase celular da cicatrização dura algumas semanas, porém o número de fibroblastos vai diminuindo progressivamente até a quarta ou quinta semana após a lesão. Neste período, a rede de neovascularização já se definiu por completo. • Fase de fibroplastia: É a fase caracterizada pela presença do elemento colágeno, proteína insolúvel existente em todos os animais vertebrados. O colágeno é secretado pelos fibroblastos numa configuração do tipo “hélice tripla”. Mais da metade da molécula e composta por apenas três aminoácidos: glicina, prolina, e hidroxiprolina. Para a síntese das cadeias de colágeno é necessária a hidroxilação da prolina e da lisina. Esta hidroxilação, que ocorre no nível dos ribossomos, requer enzimas específicas, as quais necessitam de vários cofatores, tais como oxigênio, ascorbato, ferro e alfacetoglutarato. Deste modo, é fácil entender por que uma deficiência de vitamina C ou a baixa concentração de 32 oxigênio sérico pode levar ao retardo da cicatrização, pela menor produção das moléculas de colágeno. Pires e Starling (2006) relatam que as primeiras fibras de colágeno surgem na profundidade da ferida, cerca de cinco dias após o traumatismo. A fase de fibroplastia não tem um final definido, sua periodicidade oscila de acordo com a localidade da lesão, sua profundidade, o tipo de tecido lesado e se existem ou não as deficiências já descritas anteriormente (oxigenação, ácido ascórbico, etc.). Estes autores ainda destacam que a cicatriz continua remodelando-se com o passar do tempo, ocorrendo alterações progressivas em seu volume e forma. 2.8. Tipos de cicatrização Pires e Starling (2006) descrevem os seguintes tipos de cicatrização: • Cicatrização por primeira intenção: ocorre quando as bordas de uma ferida são aproximadas, o método mais comum é a sutura. A contração nestes casos é mínima, e a epitelização começa a ocorrer dentro de 24 h, sendo a ferida fechada contra contaminação bacteriana externa. • Fechamento primário retardado: na presença de lesão intensamente contaminada, o seu fechamento deve ser protelado, até que verifiquem as respostas imunológicas e inflamatórias do paciente. Utilizam-se antibióticos e curativos locais. No segundo ou terceiro dia, ao observar que não se apresenta contaminação no ferimento, este poderá ser fechado. Um exemplo de fechamento primário retardado seria a utilização deste procedimento após remoção de um apêndice supurado, quando o fechamento primário simples (primeira intenção) é utilizado. Procede- se a sutura desses planos quando se constata em torno de três dias, a inexistência de infecção de pele ou de tecido subcutâneo. • Fechamento por segunda intenção: cicatrização por meio de processos biológicos naturais. Ocorre nas grandes feridas abertas, principalmente naquelas em que há perda de substância tecidual. Neste tipo de ferida, a contração é um fenômeno que ocorre mais intensamente. 33 2.9. Tratamentos convencionais de úlceras O tratamento de úlceras cutâneas ou mucosas externas deve ser orientado por profissional habilitado para tanto e direcionado pelo tipo de úlcera e por características físicas da mesma, bem como por detalhes específicos de cada indivíduo acometido pelas mesmas. Atualmente, a medicina conta com inúmeros tratamentos possíveis para diversos tipos de feridas em suas mais diversas evoluções possíveis. Dentre eles, podem-se citar: • Curativos simples: empregáveis na maioria das feridas têm seu efeito prático baseado na própria capacidade regenerativa do corpo humano (ou seja, a cicatrização espontânea) e sua eficácia aumentada por conceitos introduzidos por estudos médicos e biológicos (como a higiene local, que aumenta a chance de não contaminação com subsequente evolução desfavorável; • Curativos especiais: diversos grupos de substâncias e aparatos são empregáveis no tratamento de diversos tipos diferentes de feridas. Em geral, para feridas complexas especialmente enfermeiros ou de desenhadas especializados difícil cicatrização, por profissionais em estomatologia modalidades de cuidados especializados (médicos, e feridas) tendem a ser empregadas com grande índice de sucesso no tratamento de tais feridas; • Medicações específicas. Antibióticos / supressores de adesão bacteriana (O´MEARA et al., 2000). 2.10. Ozônio Christian Friedrich Schonbien descobriu em 1840 uma variante mais ativa que o oxigênio: o ozônio (VERANES et al., 1998; VERANES et al., 1999). Nogales, Ferrari e Kantovouich (2008), destacam que o ozônio como um componente químico formado por três átomos de oxigênio, organizados numa forma mais energética que a molécula de oxigênio. Devido a sua capacidade de filtrar os raios ultravioletas, ele é um dos gases mais importante na estratosfera. Sua molécula é a terceira oxidante mais potente, após o fluoreto e persulfato. Tem maior poder oxidante em relação ao oxigênio, ação seletiva sobre os 34 componentes orgânicos, é muito mais instável, é 1,6 mais denso e dez vezes mais solúvel em água (BOCCI, 2004). O primeiro gerador de ozônio foi desenvolvido por Werner Von Siemens, na Alemanha por volta de 1854, e o primeiro relato do seu uso terapêutico foi feito por C. Lender em 1870 com o proposito de purificar o sangue. Atualmente há vários tipos de geradores de ozônio com o proposito de aplicações clinicas (GROOTVELD et al., 2004). Desde a primeira guerra mundial os efeitos do uso de agentes oxidativos, como o ozônio é estudado para o tratamento de feridas infectadas, devido a sua ação antimicrobiana, capacidade de reparação tecidual e resposta imunológica (BOCCI, 2006; RE et al., 2008). Os efeitos tóxicos da ozonioterapia estão frequentemente associados com a via de aplicação, volume, concentração, velocidade de administração e materiais utilizados de forma inadequados. Desta forma esta terapia só deve ser realizada por pessoas preparadas, para que um erro não coloque em risco a vida de pacientes e o futuro da ozonioterapia (BOCCI, 2005). A utilização do ozônio possui algumas contraindicações: Gestação, principalmente nas fases iniciais, para evitar o risco de mutações; em casos de hipotireoidismo, trombocitopenia ou instabilidade cardiovascular; pacientes em tratamento com inibidores de acetilcolina. Segundo Bocci (2004) o ozônio é um gás que traz controvérsias porque ao mesmo tempo em que apresenta grande possibilidade de utilização terapêutica, é um gás altamente toxico por via respiratória, embora seja útil na estratosfera para absorção da radiação de raios ultravioletas B e C. Assim é proibida a utilização do ozônio por via inalatória devido seus efeitos tóxicos na traqueia e brônquios; a aplicação direta do ozônio por via endovenosa e intra-arterial também está proibida desde 1984 pela utilização inadequada desta, pois quando grandes volumes são administrados em um pequeno intervalo de tempo provocam êmbolos de oxigênio que podem levar a morte (BOCCI, 2005). De acordo com Bocci (2006) e Re et al. (2008) por muito tempo a ozonioterapia foi utilizada de forma empírica por profissionais não adequadamente qualificados, criando um ceticismo com relação aos seus efeitos. Tais fatos junto da falta de precisão dos geradores de ozônio, a dificuldade de se estabelecer dose terapêutica adequada, o charlatanismo das empresas, a falta de interesse das autoridades governamentais para regulamentar seu uso, o pouco suporte financeiro para 35 pesquisas cientificas, a inexistência de veemência por parte da indústria farmacêutica por não ser produto patenteável, a escassez de pesquisas controladas que estabelece sua real eficiência clinica e sua toxidade, ao lado da existência clinica e sua toxidade, ao lado da existência de trabalhos com metodologias inadequadas, tem mantido a ozonioterapia questionável na medicina e tem impedido sua maior utilização. O contato da molécula de ozônio com fluidos orgânicos acarreta a formação de moléculas reativas de oxigênio, que influenciam eventos bioquímicos do metabolismo celular, o que pode segundo alguns autores proporcionar benefícios a reparação tecidual (CARDOSO et al., 2000; RE et al., 2008). A atividade do oxigênio na reparação tecidual não se restringe ao componente antimicrobiano, mas também atua nos processos de oxido-redução que modulam a reparação tecidual (BOCCI, 2006). Inúmeros estudos tem investigado a ação do ozônio para tentar elucidar os efeitos tóxicos decorrentes da sua exposição e para estabelecer a dose terapêutica correta (BOCCI, 2006; CARDOSO et al., 2000; VALACCHI et al., 2004; VALLACHI, FORTINO, BOCCI, 2005). Segundo Re et al. (2008), atualmente a literatura sobre o tema vem sendo ampliada, ainda com incertezas sobre seu potencial toxico e sua eficiência clinica. Al-Dalain (2001) relata que o ozônio vem sendo utilizado como agente terapêutico pela observação clinica dos seus efeitos benéficos, sendo que seus mecanismos bioquímicos e farmacológicos precisam ser melhores elucidados, necessitando de mais pesquisas cientificas. A ozônioterapia tem sido relacionada com excelentes resultados curativos, fácil aplicação, menores custos e ausência de efeitos adversos ou intolerância. A literatura mostra que não há contraindicações na aplicação do ozônio, que pode ser tópico, sistêmico ou de administração local. 2.11. Óleo de coco Na extração do óleo do coco utiliza-se inicialmente a prensagem para reduzir o teor de óleo na torta a até, cerca de 10% a 15%, nas prensas mais modernas. O restante é extraído por solvente (TANDY, 1991). Na extração por solvente, os equipamentos 36 mais modernos chegam a extrair até 98% do óleo, deixando um teor de óleo residual inferior a 1% no farelo e pode, em alguns casos, chegar a 0,5%. O endocarpo, que representa 60% do coco, é matéria-prima para a fabricação de isolantes e para a produção de álcool metílico, ácido acético, alcatrão e carvão. As amêndoas encontram-se inseridas no interior do endocarpo e constituem aproximadamente 6% do coco. Mais de 60% da amêndoa é óleo e o restante é a torta, que é usada para ração animal e adubo. O óleo de coco é rico em ácido láurico, com concentração acima de 40% (PINHEIRO; FRAZÃO, 1995). As gorduras láuricas, caso do óleo de coco, são muito importantes na indústria. São resistentes à oxidação não enzimática e ao contrário de outras gorduras saturadas, elas têm temperatura de fusão baixa e bem definida (ROBINSON, 1991). A composição em ácidos graxos confirma o alto teor de ácido láurico (acima dos 44%) nas amostras de óleo de coco. Os valores dos índices de acidez, de peróxido e a densidade relativa se enquadraram dentro dos recomendados pelos órgãos regulamentadores de Identidade e qualidade de óleos e gorduras (MACHADO; CHAVES; ANTONIASSI, 2006). As principais fontes de gorduras láuricas no mundo são os óleos de coco e palmiste (coquinho do dendê ou palma). Os principais produtores são as Filipinas e a Malásia (HAUMANN, 1992). No Brasil as principais fontes de gorduras láuricas são os óleos de coco, de palmiste e de babaçu. O perfil de ácidos graxos do óleo de coco tem sido avaliado por alguns pesquisadores (BEZERRA, 1999), demonstrando o alto teor de ácido laurico. O ácido láurico é um ácido saturado de cadeia média presente no óleo de coco em torno de 44 a 52% de sua composição sendo seu principal componente. É importante salientar que o óleo de coco é denominado como extra-virgem, pelo fato, de possuir um índice de acidez inferior a 0,5%. Além disso, o teor de gordura saturada do óleo de coco é semelhante ao do leite humano, o que significa que ele é de fácil digestão, gerando energia rapidamente e efeito benéfico sobre o sistema imunológico (BONTEMPO, 2008). O espectro antimicrobiano de monolauril é amplo, incluindo diferentes as espécies microbianas como Bacillus areus (ABABOUCH; BOUQARTACHA; BUSTA, 1994), Pseudomonas sp. (BAUTISTA et al., 1993), e ainda Aspergillus sp. (MANSOUR; YOUSEF; KIM, 1996), Penicillium sp. (MANSOUR; YOUSEF; KIM, 37 1996; PLOCKOVÁ; ŘIHÁKOVÁ; FILIP, 1999), Cladosporium sp., Fusarium sp., Alternaria sp. (PLOCKOVÁ; ŘIHÁKOVÁ; FILIP, 1999). Francis (2005) descreve que o óleo de coco tem efeitos anti-inflamatórios, com efeitos benéficos para os pacientes com doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn. O óleo de coco parece ter um efeito direto na supressão da inflamação e reparação de tecidos, e podem também contribuir através da inibição de microrganismos intestinais nocivos que causam inflamação crônica. Destaca ainda que o óleo de coco tem efeito benéfico para a pele, pois rejuvenesce a pele e retarda o envelhecimento da mesma. Usado como loção, protege contra os danos do sol e fortalece os tecidos subjacentes, alem de hidratar, colaborar na cicatrização de úlceras e lesões. O óleo de coco: não necessita de refrigeração, e é estável à temperatura ambiente por um periodo de um a cinco anos; aumenta a função pulmonar através do aumento da fluidez da superfície das células; regula o açúcar no sangue e evita a hipoglicemia, proporcionando um fornecimento de combustível não é afetado por insulina; Aumenta a energia em fadiga crônica e suprime herpes e vírus Epstein Barr, que não oxidam facilmente, protegendo o corpo contra a peroxidação lipídica. 2.12. Óleo ozonizado O ozônio pode ser administrado por via endovenosa, oral, uretral, intra arterial, intramuscular, subcutânea, insuflação retal e vaginal, auto-hemoterapia menor, auto hemoterapia maior, intra articular, intra peritoneal, intra pleural, intra discal, intra foraminal no caso dos dentistas, intra lesional quando houver uma fistula ou abcesso, insuflação em bags, intramamária A aplicação tópica pode ser feita através da utilização de água, óleo e cremes ozonizados. Possui baixo custo, elevada eficácia no combate de vírus e bactérias, não possui contraindicação além do tempo de cicatrização ser inferior quando comparado aos tratamentos convencionais. A aplicação do ozônio tópico desempenha ação antisséptica e estimulante da cicatrização já que promove a proliferação e remodelação de células teciduais (BOCCI, 2005). O óleo ozonizado também pode ser administrado em cápsulas por via oral, supositórios, colírios, aplicados diretamente no reto e vagina (BOCCI, 2005). 38 O ozônio quando misturado com óleo (LOPEZ, 2003) exerce vantagens, uma vez que o veículo se mantém em contato com as superfícies por mais tempo, exercendo suas funções por um período superior. Enquanto a meia vida do ozônio sob a forma gasosa é efêmera, sob a forma de óleo o mesmo permite estocagem por vários meses, dispensando com isto a necessidade de gerador (BOCCI, 2005). Estas vantagens oferecidas fazem com que haja diminuição dos custos, servindo como estratégia interessante do ponto de vista biológico e econômico. O ozônio misturado com óleos por meio de descargas elétricas; como por exemplo, os de coco, são ricos em ácidos insaturados; que quando ozonizados formam ozonídeos, de sua hidrólise podem ser gerados aldeidos, cetonas e peróxidos de hidrogênio, responsáveis pelo desencadeamento das reações bioquimicas. Esses compostos (aldeídos, cetonas e peróxido de hidrogênio) do óleo ozonizado possuem várias funções no organismo, como: estimulação dos sistemas enzimáticos de óxido de redução influência sobre o transporte de oxigênio aos tecidos e sobre cadeia respiratória das mitocôndrias, ação antimicrobiana, efeito sinérgico de estimulação da capacidade fagocitária que possuem ação germicida. Assim o óleo ozonizado contribui de forma benéfica na reparação tecidual de úlceras e feridas. 2.13. Microbiota normal humana A expressão microbiota normal refere-se a população de micro-organismos que habita a pele e as mucosas dos indivíduos normais e sadios. Pesquisas têm mostrado que microbiota normal, fornece a primeira linha de defesa contra patógenos microbianos, auxilio na digestão, desempenha um papel na degradação das toxinas e contribui para a maturação do sistema imunológico. Mudanças na microbiota normal ou na estimulação da inflamação por esses comensais podem causar doenças (BROOKS; CARROLL; BUTEL, 2012). Em uma ampla tentativa de compreender o papel exercido pelos ecossistemas microbianos residentes na saúde humana e na doença em 2007, o National Institute of Health (NIH) lançou o Projeto Microbiano Humano. Um dos aspectos deste projeto diz respeito ao envolvimento simultâneo de diversos grupos de pesquisa fazendo a vigilância das comunidades microbianas da pele humana e em áreas das membranas mucosas (MANDELL, 2010). 39 Existem incontáveis micro-organismos no ambiente, contudo nosso contato mais íntimo é com o grande número desses agentes que vivem dentro e sobre os nossos corpos. Quando ocorre um desequilíbrio na microbiota residente, os micróbios transitórios podem, então, reproduzir-se e causar doenças (CHAN; KRIEG; PELCZAR, 1996). Granato (2007) destaca que a pele e as membranas mucosas são colonizadas por uma variedade de micro-organismos que podem ser classificados em dois grupos: (1) microbiota residente, que consiste em tipos relativamente fixos de microorganismos encontrados com regularidade em determinadas áreas e em certa idade e que quando perturbadas, recompõe-se prontamente; e (2) microbiota transitória que consiste em micro-organismos não patogênicos, os quais permanecem na pele ou mucosa por horas, dias ou semanas, vindo do meio ambiente, não causando doença e nem se estabelecendo permanentemente na superfície. Ainda destaca que em geral os membros da microbiota transitória são de pouca importância, enquanto a microbiota residente normal permanece intacta, porém, se a microbiota residente for perturbada, os micro-organismos transitórios poderão colonizar e proliferar-se ocasionando doenças. Os principais micro-organismos encontrados na pele, de acordo com Granato (2007) são: Staphylococcus epidermides, Staphylococcus aureus (em pequeno número), espécies de Micrococcus, Streptococcus mites, espécies de: Corynebacterium, Propionibacterium, Peptostreptococcus, Acinelobacter; Candida (em pequena quantidade) e Pseudomonas aeruginosa (em pequena quantidade). Brooks, Carroll, Butel (2012) descrevem que os micro-organismos presentes nas superfícies corporais geralmente são comensais. Seu crescimento depende de fatores fisiológicos como: temperatura, umidade, presença de certos nutrientes e substancias inibitórias. Sua presença não é essencial para a vida, visto que podem ser criados animais germ-free (livres de germes) na ausência completa da microbiota normal. Nas mucosas e pele, a microbiota residente pode impedir a colonização por patógenos e o possível desenvolvimento de doença por “interferência bacteriana”. A supressão da microbiota normal cria um local parcialmente vazio que tende a ser preenchido por micro-organismos provenientes do ambiente ou de outras partes do corpo; comportando-se como oportunistas, podendo tornar-se patógenos, como por exemplo, a Candida albicans. 40 Por outro lado, Brooks, Carroll, Butel (2012) destacam que os próprios membros da microbiota normal podem provocar doenças em algumas circunstancias, como: os micro-organismos estão adaptados ao modo de vida não invasivo definido pelas limitações do meio ambiente. Se forem removidas as forças das restrições desse ambiente e introduzidos na corrente sanguínea ou em tecidos, poderão tornar-se patogênicos. O principal aspecto é que as bactérias da microbiota residente normal são inócuas, podendo ser benéficas em sua localidade normal no hospedeiro e na ausência de anormalidades, portanto, poderão provocar doenças se forem introduzidas em grande número em locais estranhos na presença de fatores predisponentes. 2.14. Microbiota normal da pele Devido sua constante exposição e contato com o meio ambiente, Brooks, Carroll, Butel (2012) relatam que a pele é propensa a abrigar micro-organismos transitórios. Porem existe uma microbiota residente constante e bem definida, modificada em diferentes áreas anatômicas por secreções, uso habitual de roupas ou proximidade de membranas mucosas. Os micro-organismos residentes encontrados na pele são os bacilos difteróides aeróbicos e anaeróbicos; estafilococos aeróbicos e anaeróbicos não hemolíticos; bacilos Gram-positivos aeróbicos e formadores de esporos, onipresentes no ar, na água e no solo; estreptococos; e bacilos Gramnegativos coliformes e Acinetobacter. Com freqüência, verifica-se presença de fungos e leveduras nas dobras cutâneas; ocorrem micobactérias não patogênicas álcool-ácido resistentes em áreas ricas em secreções sebáceas. Entre os fatores que podem ser importantes na eliminação de micro-organismos não residentes da pele, destacam-se pH baixo, ácidos graxos nas secreções sebáceas e presença de lisozima. Nem a sudorese, lavagem e banhos são capazes de eliminar ou modificar significativamente a microbiota residente normal. O número de micro-organismos superficiais pode ser diminuído por escovação vigorosa diária com sabão que contenha hexaclorofeno ou outros desinfetantes, portanto a flora recupera-se rapidamente a partir das glândulas sebáceas e sudoríparas mesmo quando o contato com outras áreas da pele ou com o meio ambiente é totalmente evitado (BROOKS; CARROLL; BUTEL, 2012). 41 Com frequência, bactérias anaeróbicas unem-se para causar infecções sinérgicas (gangrena, necrose, celulite) na pele e nos tecidos moles. As bactérias frequentemente fazem parte da microbiota normal. Em geral, é difícil apontar um micro-organismo especifico como responsável pela lesão progressiva, visto que em geral esses processos são gerados por interações microbianas (BROOKS; CARROLL; BUTEL, 2012). Exemplos de micro-organismos da microbiota normal humana em pele, olhos e cavidade oral: Staphylococcus, Micrococcus, Propionibacterium, Corynebacterium, Streptococcus, Malassezia, Pityrosporum, entre outros (LEVY, 2004). 2.15. Escherichia coli A Escherichia coli é uma bactéria bacilar Gram-negativa, que, juntamente com o Staphylococcus aureus é a mais comum e uma das mais antigas bactérias simbiontes do homem. O seu descobridor foi o alemão-austríaco Theodor Escherich, em 1885 (MURRAY, 2004). A E. coli assume a forma de um bacilo e pertence à família das Enterobacteriaceae. São aeróbias e anaeróbias facultativas. O seu habitat natural é o lúmen intestinal dos seres humanos e de outros animais de sangue quente. Possui múltiplos flagelos dispostos em volta da célula. É um dos poucos seres vivos capazes de produzir todos os seus componentes celulares, a partir de compostos básicos e fontes de energia suficientes. É lactase positiva, uma enzima fermentadora de açúcares que é grandemente responsável pela flatulência de cada pessoa, especialmente após o consumo de leite e seus derivados. Possuem fímbrias ou adesinas que permitem a sua fixação, impedindo o arrastamento pela urina ou diarreia. Muitas produzem exotoxinas. São susceptíveis aos ambientes secos, aos quais não resistem. Possuem lipopolissacarídeo (LPS), como todas as bactérias Gram-negativas. Esta molécula externa ativa o sistema imunitário de forma desproporcionada e a vasodilatação excessiva provocada pelas citocinas produzidas podem levar ao choque séptico e morte em casos de septicemia (MURRAY, 2004). Cepas de E.coli que existem normalmente nos intestinos de um determinado indivíduo são bem conhecidas e controladas pelo sistema imunitário, e raramente causa problemas exceto quando há debilidade do indivíduo. A maioria das doenças 42 é devido a E.coli vindas de indivíduos diferentes, e portanto, de cepas diferentes, não reconhecida pelos linfócitos. A E.coli foi e ainda é muito estudada enquanto modelo geral para os mecanismos biológicos das bactérias, na disciplina de biologia molecular, tendo também um papel muito importante em bioengenharia e microbiologia industrial. É usada pela engenharia genética para produzir proteínas recombinantes. Em 1977 foi usada pela primeira vez para produzir insulina "humana" em laboratório. 2.16. Pseudomonas aeruginosa Pseudomonas aeruginosa é uma bactéria gram-negativa, aeróbia, baciliforme. Seu ambiente de origem é o solo, mas sendo capaz de viver mesmo em ambientes hostis, sua ocorrência é comum em outros ambientes. É um patogênico oportunista, ou seja, que raramente causa doenças em um sistema imunológico saudável, mas explora eventuais fraquezas do organismo para estabelecer um quadro de infecção. Essa característica, associada à sua resistência natural a um grande número de antibióticos e antisépticos a torna uma importante causa de infecções hospitalares. Patogênico de indivíduos com sistema imunológico comprometido, a P. aeruginosa normalmente infecta o aparelho respiratório, aparelho urinário, queimaduras, e também causa outras infecções sanguíneas. Em raras circunstâncias pode causar pneumonia por contágio entre humanos. Se a infecção ocorrer em áreas vitais ela pode ser fatal (FINE; SMITH; CARSON, 1996). A piocianina é um dos fatores de virulência da bactéria, conhecidos, em teste de laboratório, por causar morte em Caenorhabditis elegans por estresse oxidativo. No entanto, pesquisas indicam que o ácido salicílico pode inibir a produção de piocianina (PRITHIVIRAJ et al., 2005). Outro fator de virulência é Exotoxina A, que inibe a capacidade da células eucariotas sintetizarem proteínas, o que causa necrose. Em indivíduos com sistema imunológico saudável a liberação do conteúdo celular resulta em uma resposta imunológica. Poucos antibióticos atuais são eficazes no tratamento da P. aeruginosa, mas ainda assim são eficazes apenas contra algumas variantes da bactéria. 43 2.17. Staphylococcus aureus O Staphylococcus aureus, também conhecido como estafilococo-dourado, é uma espécie de coagulase-positivos. Juntamente com a Escherichia coli, é uma das mais antigas bactérias simbiontes do homem. Porém, em grandes quantidades, pode ser virulenta, devido à presença de toxinas. Têm forma esférica, cocos com cerca de 1µm de diâmetro, e formam grupos com aspecto de cachos de uvas com cor amarelada, devido à produção de carotenoides, sendo daí o nome de "estafilococo dourado". Cresce bem em ambientes salinos. Cerca de 15% dos indivíduos são portadores de S.aureus, na pele ou nasofaringe. A infecção é frequentemente causada por pequenos cortes na pele. 2.18. Salmonela sp A Salmonella é um gênero de bactérias, pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo conhecida há mais de um século. Tem, em seu nome, uma referência ao cientista estadunidense chamado Daniel Elmer Salmon, que associou a doença à bactéria pela primeira vez. São bactérias Gram-negativas, em forma de bacilo, na sua maioria móvel (com flagelos peritríquios), não esporulada, não capsulada, sendo que a maioria não fermenta a lactose. As salmonelas são um gênero extremamente heterogêneo, composto por três espécies, Salmonella subterranea, Salmonella bongori e Salmonella enterica, esta última possuindo quase 2000 sorotipos. A classificação em serogrupos depende do antígeno O, enquanto que a classificação em sorotipos depende do antígeno H (ALMEIDA; MASSIS; FERREIRA, 2002). Dentre as de maior importância para a saúde humana, destacam-se a Salmonella typhi (Salmonella enterica enterica sorovar Typhi), que causa infecções sistêmicas e febre tifóide – doença endêmica em muitos países em desenvolvimento – e a Salmonella Typhimurium (Salmonella enterica enterica sorovar Typhimurium), um dos agentes causadores das gastroenterites (ALMEIDA; MASSIS; FERREIRA, 2002). 44 2.19. Proteus mirabilis O Proteus é um gênero de bactérias gram-negativas da família Enterobacteriaceae. Produtor de urease, cliva a ureia em dióxido de carbono (CO2) e amônia aumentando o pH facilitando a formação de cálculos renais. O aumento da alcalinidade da urina é tóxico para o epitélio urinário. Acomete pacientes cateterizados, pós-cirúrgicos. P. mirabllis e P. vulgaris estão associados ao diabetes e anomalias do trato urinário (GUENTZEL, 1996). 2.20. Candida albicans Brynes (2000) descreve que a Candida albicans e a Candida tropical, são os nomes que recebem as leveduras comuns que as vezes se encontram no intestino e em certas membranas mucosas, por exemplo na garganta. A patogenicidade da Candida albicans não pode ser atribuída a apenas um fator isolado; é da produção concomitante dos diversos fatores que este organismo se transforma numa célula adaptada à invasão dos tecidos de um hospedeiro imuno deprimido. Como forma de resistência, tem capacidade de se multiplicar unicelularmente por gemulação. Na presença de compostos que induzem à sua patogenicidade, soro de mamíferos, a Candida albicans expressa os seus fatores de virulência, tal como a formação de hifas; estas capacitam a célula para exercer força mecânica, ajudando na sua penetração nas superfícies epiteliais, e uma vez na corrente sanguínea tem uma ação danosa sobre o endotélio, o que permite que a Candida albicans invada os tecidos profundos do organismo (KUNAMOTO, 2002). As leveduras do gênero Candida são consideradas micro-organismos oportunistas presentes na microbiota normal da cavidade bucal, tratos gastrointestinal e urogenitais de seres humanos. Entretanto quando ocorre ruptura do equilíbrio biológico, geralmente resultante de fatores predisponentes patológicos, fisiológicos, imunológicos e mecânicos - há um aumento na multiplicação e invasão destes micro-organismos nos tecidos, ocasionando infecções denominadas candidíases (MATOS et al., 2009; SUZUKI, 2009). Candida albicans é a mais patogênica dentre as leveduras e frequentemente está associada às formas clínicas de candidíase oral: pseudomembranosa, hiperplásica crônica, eritematosa e queilite angular (LUIZ et al., 2008). Esta levedura 45 é dimórfica e pode se apresentar sob a forma leveduriforme de blastósporo (comensal) ou sob a forma micelial de hifa ou pseudo-hifa (patogênica) (DINIZ et al., 2010). Além de características inerentes ao paciente, fatores de virulência desta levedura têm um papel essencial na gênese do processo infeccioso. Aderência, formação de biofilme, dimorfismo (formação de micélio), variabilidade fenotípica (switching), produção de enzimas extracelulares e toxinas constituem os principais fatores relacionados a esta levedura (RIBEIRO, 2008). A espécie C. albicans é considerada atualmente o patógeno humano com maior capacidade de crescer em biofilme. A capacidade de formar biofilmes permite a persistência da levedura e facilita a colonização, invasão e disseminação da infecção (ROY et al., 2006). Células em biofilme possuem fenótipo alterado e uma resistência extraordinária a muitos antifúngicos, tornando sua erradicação um difícil processo (NETT et al., 2007). . 46 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Aspectos éticos O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Camilo Castelo Branco sob o número do comprovante 048906/2012 e numero de CAAE: 09258412.5.0000.5494 (Anexo A). Todos os participantes foram esclarecidos quanto aos objetivos e procedimentos executados no experimento através da leitura de uma carta de informação ao sujeito da pesquisa (Apêndice A) e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (Apêndice B), autorizando o uso de seus dados para essa pesquisa. 3.2. Tipo de pesquisa Pesquisa cicatricial qualitativa e quantitativa, microbiológica qualitativa, experimental e descritiva. 3.3. Local e período da pesquisa A etapa clinica do presente estudo (seleção dos indivíduos, tratamento, coleta do material, avaliação clinica e fotográfica) em 14 pacientes do município de Jales-SP e em 2 pacientes do município de Aparecida D’oeste-SP, com autorização prévia das Secretarias de Saúde dos municípios (Apêndice C) e termos de consentimento livre e esclarecido dos pacientes. O processamento do material e análises microbiológicas foi realizado no Laboratório de Microbiologia da Universidade Camilo Castelo Branco (UNICASTELO) – (Campus Fernandópolis, SP, Brasil). Os sujeitos da pesquisa foram avaliados durante o mês de Janeiro de 2013. 3.4. População 3.4.1. Critério de inclusão Indivíduos portadores de úlceras por pressão, de ambos os sexos, numa faixa etária de 30 a 70 anos. Fazer uso tópico, com prescrição médica, de colagenase, visto que 47 esta é a opção inicial disponibilizada pelos municípios gratuitamente para realização dos curativos das úlceras. Que estes indivíduos não tenham alergia aos componentes utilizados (ozônio e o óleo de coco) e não sejam diabéticos. 3.4.2 Critério de exclusão Clientes que não sejam portadores de úlceras por pressão, de ambos os sexos, fora da faixa etária de 30 a 70 anos, pacientes com debilidades nutricionais, alterações imunológicas, portadores ou em tratamento oncológico, e com diabetes. E caso algum indivíduo tivesse desenvolvido alguma reação alérgica no uso do óleo de coco ozonizado. E que não utilizam a colagenase como prescrição medica. 3.4.3 Coleta de dados No decorrer desta pesquisa, foram respeitados os princípios Éticos de direitos dos clientes, de acordo com a Lei 10.241. A coleta de dados e realização dos curativos foi realizada no mês de Janeiro de 2013. 3.5. Método 3.5.1. Técnica de curativo De acordo com Koch, Motta e Walter (2003), a técnica de curativo de feridas simples e limpas deve: 1. Lavar as mãos para evitar infecção; 2. Explicar o procedimento ao paciente e familiar, para assegurar sua tranquilidade e colaboração. 3. Reunir todo o material em uma bandeja auxiliar; 4. Fechar a porta para diminuir corrente de ar ; 5. Colocar o paciente em posição adequada 6. Manipulação do pacote de curativo com técnica asséptica, incluindo a utilização de luvas. 7. Remover o curativo antigo com pinça dente de rato 48 8. Fazer a limpeza da incisão com pinça de Kelly com gaze estéril umedecida em soro fisiológico 0,9%, com movimentos semi-circulares, de dentro para fora, de cima para baixo, utilizando-se as duas faces da gaze, sem voltar ao início da incisão. 9. Secar a incisão de cima para baixo. 10. Secar as laterais da incisão de cima para baixo 11. Colocar medicamentos de cima para baixo, nunca voltando a gaze onde já passou. 12. Retirar o excesso de medicação, 13. Lavar as mãos 14. Recolher o material Ainda, de acordo com Koch, Motta e Walter (2003), a técnica de curativo de feridas abertas ou infectadas, possui diferenças básicas que podem ser resumidas como: 1. Os curativos de ferida aberta, independente do seu aspecto, serão sempre realizados conforme a técnica de curativo contaminado, ou seja, de fora para dentro. 2. Para curativos contaminados com secreção, principalmente em membros, colocar uma bacia na área a ser tratada, lavando-a com soro fisiológico a 0,9%. 3. Quando houver necessidade de troca de vários curativos em um mesmo paciente, deverão iniciar pelos de incisão limpa e fechada, seguindo-se de ferida aberta não infectada, depois os de ferida infectada. 4. Utilizar máscaras, aventais e luvas esterilizadas. Após a limpeza da ferida conforme descrito por Koch, Motta e Walter (2003), era colocado gaze estéril umedecida com óleo de Coco ozonizado em uma concentração de 65 mg/L, e ocluído com atadura estéril. 3.5.2. Técnica de ozonização do óleo de Coco. Antes do processo de ozonização o óleo de coco foi submetido à estufa de modelo Olidefcz da marca Linea a uma temperatura de 67°C por 20 min., para liquefação total. O óleo de Coco foi ozonizado por um aparelho de modelo Ozone & Life 1.5M a 10ppm, por 10 horas. 49 Todo o procedimento de ozonização foi realizado em Laboratório seguindo as normas internacionais de segurança (DECLARAÇÃO DE MADRI, 2010). Foi utilizado um cilindro de oxigênio que foi regulado a uma vazão de 1/8 de litro; conectado ao aparelho de modelo Ozone&Life, O&L 1.5M a 10ppm, (aparelho com capacidade de ajuste de 0 a 65 mg/L de oxigênio) por 10 h. O óleo foi depositado em uma proveta de 1000 mL onde foi mergulhado o borbulhador ate o fundo para amenizar o tamanho das bolhas. O processo de ozonização foi conduzido em uma capela de exaustão da marca Quimis modelo 216.11, visando minimizar os riscos de aspiração do gás ozônio. Após ozonização o óleo foi avaliado quanto a sua esterilidade. Foram retirados 0,1mL de óleo e inoculado em placas de Petri, contendo meio ágar tritecaseina soja (Oxoid®), incubados a 37ºC por 24/48 h., quando foi verificada a ausência de crescimento microbiano. Foi considerado estéril o óleo que não apresentou nenhuma colônia. O mesmo foi mantido sob-refrigeração (5-10ºC), controlado por um termômetro tipo capela, a temperatura foi mensurada e registrada diariamente no período matutino. 3.5.3. Técnica de análise das amostras A prescrição médica dos medicamentos tópicos utilizados pelos indivíduos, não foi suspensa, portanto foram classificados e separados os clientes que fazem uso do mesmo medicamento tópico (colagenase), para não apresentar falsos resultados. A amostragem de 16 pacientes foi dividida em dois grupos, o grupo A que foi o grupo controle, que foi realizado o curativo somente conforme prescrição médica – grupo controle (colagenase). E o grupo B, aquele que foi realizado o curativo conforme prescrição médica (colagenase) e acrescentado o óleo de coco ozonizado – grupo tratamento. Foram realizadas avaliações das feridas, nos períodos determinados de 0, 7, 14 e 21 dias, quanto aos seguintes tópicos: - Qualitativa microbiológica: foi coletada com um swab estéril uma amostra para análise em laboratório para a classificação dos micro-organismos existente na lesão; -Qualitativa do aspecto geral visual da ulcera (Apêndice D); 50 -Quantitativa cicatricial: As feridas foram avaliadas através de fotografias digitais padronizadas – 8X (câmera digital Sony) nos tempos 0, 7, 14 e 21 dias. Posteriormente, através do software Image J®, foi quantificada a área total das feridas pela delimitação de suas bordas e calculado o Índice de Cicatrização das Úlceras [ICU = (Área inicial – Área final)/Área inicial], onde ICU = 1 refere-se à reepitelização total; ICU = 0 sem sinais de reepitelização; ICU>0 significa redução da área da ulcera e ICU<0 aumento da área da ferida. 3.5.4. Coleta de Amostra da Ulcera com Swab Com um swab foram coletadas amostras das úlceras, pressionado em 1cm da área da ferida por 5 s. Em seguida, o swab foi depositado em tubo de ensaio estéril com 1 mL de solução de NaCl (0,9%), Esta amostra foi mantida refrigerada até o processamento, não ultrapassando o período máximo de 24 h. da amostra coletada. 3.5.5. Técnica de crescimento microbiológico As amostras foram agitadas vigorosamente por aproximadamente um minuto e comprimido na parede do tubo de ensaio, para permitir desprendimento das bactérias do swab e homogeneização da amostra, de cada amostra foram retiradas alíquotas (50 µL) e inoculados em diferentes meios de cultura. Para isolamento de bactérias anaeróbias estritas, 0,1 mL de cada amostra foi semeado em meio seletivos Bacteroides Bile Esculina (BBE, Oxoid®) e Brain Heart Infusion Agar suplementado para anaeróbios. Para obtenção de anaerobiose se utilizou jarra de anaerobiose onde foram depositados envelopes geradores de anaerobiose (PROBAC), sendo incubados a uma temperatura de 37° ± 2°C por 48 h. O isolamento de bactérias anaeróbias facultativas e bactérias aeróbias estritas o material foi cultivado em Ágar MacConkey e ágar triptecaseina soja (Oxoid®). Para pesquisa de Pseudomonas utilizou-se ágar cetrimide (Oxoid®) e o para cultivo de fungos foi utilizado ágar sabouraud dextrose (Oxoid®). Após semeadura, todo o material foi incubado em estufa bacteriológica a 37°C durante 24 a 48 h. Após incubação as culturas positivas foram submetidas à coloração de Gram, como descrito por Cappucino e Shermam (1983) e analisados em microscópio de luz 51 convencional (modelo ZEISS), utilizando a objetiva de 100X com óleo de imersão ocular de 10X. Empregou-se uma escala de classificação das culturas de presença e ausência de micro-organismos. As culturas positivas foram avaliadas pelas características morfológicas e depois pelas bioquímicas. As bactérias Gram positivas foram identificadas pelo sistema API20E (Analytical Profile Index, BioMérieux®), enquanto que as bactérias Gram positivas foram submetidas aos testes: coagulase, catalase, NaCl 5%, oxidase, suscetibilidade a novobiocina e DNAse. As leveduras foram semeadas em CHROMagar (Difco®) e posteriormente identificadas pela formação do tubo germinativo, provas da urease e fermentação de carboidratos (maltose, sacarose, lactose, galactose, xilose e dextrose). 3.5.6. Análise microbiológica Para coloração das laminas foi seguido o procedimento descrito por Cappucino e Sherman (1983) para coloração de Gram: em uma lâmina, contendo o esfregaço seco, cubra-o pingando gotas de violeta-de-metila e deixe agir por 60 s. Após o tempo corrido, escorra o corante e lave o esfregaço em um filete de água corrente. Cubra a lâmina com lugol ou Iodo de Gram e deixe por 60 s. Escorra todo o lugol e lave em um filete de água corrente. Aplique álcool etílico a 95%, para descorar a lâmina e lave em seguida em um filete de água corrente. Cobrir o esfregaço com fucsina por 45 s. e lave a lâmina em um filete de água. Deixe a lamina secar ao ar livre. As diferenças da estrutura da parede bacteriana, principalmente com relação à espessura da camada de peptidoglicano, são responsáveis pelo diferente comportamento das bactérias diante da coloração de Gram (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). 3.5.7. Analise estatística Foi utilizada analise paramétrica (ANOVA), seguida pelo teste Tukey Kramer, com nivel de significância de 95% (p< 0,05). O teste de Tukey mostra entre todos os procedimentos que resultam em intervalos de confiança com mesmo tamanho para 52 todas as diferenças duas a duas com coeficiente de confiança, resultando em intervalos menores. 53 4. RESULTADOS Após coleta e análise dos dados de 8 pacientes do grupo controle (grupo A) e 8 pacientes do grupo tratamento (grupo B), foram obtidos os resultados apresentados na Figura 3. Do total dos 16 pacientes pesquisados, 75% eram do sexo masculino e 25% do sexo feminino. Figura 3: Porcentagem total de indivíduos participantes no estudo divididos dividido por gênero Sendo que do grupo controle o sexo feminino correspondeu a 12,5% e o sexo masculino 87,5% (Figura 4) e no grupo tratado o sexo feminino correspondeu a 37,5% e o sexo masculino a 62,5% (Figura 5). Porcentagem de sexo do grupo controle 12,5 Sexo Masculino Sexo Feminino 87,5 Figura 4: Porcentagem de participantes no estudo divididos por gênero no grupo controle 54 Porcentagem de sexo do grupo tratado 37,5 Sexo Masculino 62,5 Sexo Feminino Figura 5: Porcentagem de indivíduos participantes no estudo divididos por gênero no grupo tratado As úlceras do grupo controle apresentavam-se nas seguintes localidades: 5 úlceras na região sacrococcígea, 2 em calcâneo e 1 em glúteo inferior (Figura 6). 1 2 Calcâneo Sacrococcígea Glúteo inferior 5 Figura 6: Localização das úlceras por pressão do grupo controle. Calcâneo 2 2 1 5 Sacrococcígea Glúteo inferior Trocanter Figura 7: Localização das úlceras por pressão do grupo tratado. 55 As úlceras do grupo tratado com óleo e coco ozonizado apresentavam-se nas seguintes localidades: 5 úlceras na região sacrococcígea, 2 em calcâneo e 1 em glúteo inferior e 2 em trocanter (Figura 7). As úlceras foram avaliadas em seu aspecto geral conforme tabelas abaixo: Tabela 1: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras - grupo A – controle P 1 2 3 4 5 6 7 8 U 1 2 3 4 5 6 7 8 DIA COR DRENAGEM FIBRINA NECROSE 0 Amarela Serosa +++ + 21 Amarela e Vermelha Serosa ++ + 0 Amarela Serosa + - 21 Amarela Serosa + - 0 Vermelha e Amarela Serosa + - 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - 0 Vermelha e amarela Serosanguinolenta ++ - 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta ++ - 0 Preta Purulenta ++ +++ 21 Amarela e preta Purulenta +++ + 0 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - 21 Vermelha Serosanguinolenta - - 0 Vermelha e amarela Serosa ++ - 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - 0 Vermelha e Amarela Serosanguinolenta + - 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - Presente em grande quantidade: (+++); Presente em média quantidade (++); Presente em pequena quantidade (+); Ausente: (-) Observa-se na Tabela 1 que não houve mudanças significantes no aspecto geral da ulcera; podem se destacar as úlceras 2, 3 e 4 que permaneceram com o mesmo aspecto durante o período de avaliação. 56 12,50% 50% 37,50% SEROSA SEROSANGUINOLENTA PURULENTA Figura 8: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a drenagem em dia 0 12,50% 25% 62,50% SEROSA SEROSANGUINOLENTA PURULENTA Figura 9: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a drenagem em dia 21 57 100% COM FIBRINA SEM FIBRINA Figura 10: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de fibrina em dia 0 12,50% 87,50% COM FIBRINA SEM FIBRINA Figura 11: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de fibrina em dia 21 58 25% 75% COM NECROSE SEM NECROSE Figura 12: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de necrose em dia 0 25% 75% COM NECROSE SEM NECROSE Figura 13: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo controle quanto a presença de necrose em dia 21 59 Tabela 2: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras - grupo B – tratado P U DIA COR DRENAGEM FIBRINA NECROSE 1 1 0 Amarela Serosanguinolenta ++ - 21 Vermelha Serosanguinolenta - - 0 Amarela Serosa +++ + 21 Vermelha Serosanguinolenta - - 0 Amarela Serosanguinolenta + - 21 Vermelha Serosanguinolenta - - 0 Amarela Serosa +++ - 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - 0 Vermelha e amarela Purulenta +++ ++ 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta ++ - 0 Vermelha e amarela Serosa + - 21 Vermelha Sanguinolenta - - 0 Vermelha, amarela e preta Purulenta e serosa +++ ++ 21 Vermelha, amarela e preta Serosa + + 0 Preta e amarela Serosa +++ ++ 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - 0 Vermelha e amarela Serosanguinolenta ++ - 21 Vermelha Sanguinolenta - - 0 Amarela Serosa +++ - 21 Vermelha e amarela Serosanguinolenta + - 2 2 3 4 3 5 4 5 6 7 8 6 7 8 9 10 Presente em grande quantidade: (+++); Presente em média quantidade (++); Presente em pequena quantidade (+); Ausente: (-). 60 Na Tabela 2, observam-se alterações significantes no aspecto geral das úlceras; destacando-se as úlceras 2, 5 e 8 que apresentaram eliminação de necrose e redução de fibrina (de grande quantidade para pequena quantidade). 18,18 % 27,27 % 54,54 % SEROSA SEROSANGUINOLENTA PURULENTA Figura 14: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a drenagem em dia 0 20% 10% 70% SEROSA SEROSANGUINOLENTA PURULENTA SANGUINOLENTA Figura 15: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a drenagem em dia 21 61 100% COM FIBRINA SEM FIBRINA Figura 16: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de fibrina em dia 0 50% 50% COM FIBRINA SEM FIBRINA Figura 17: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de fibrina em dia 21. 62 40% 60% COM NECROSE SEM NECROSE Figura 18: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de necrose em dia 0. 10% 90% COM NECROSE SEM NECROSE Figura 19: Avaliação qualitativa-descritiva das características das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado quanto a presença de necrose em dia 21 Das oito úlceras do grupo controle, no dia 0, uma apresentou Pseudômonas aeruginosa (correspondendo a 12,5% do total de úlceras controle), sete apresentaram Candida albicans (corresponde a 87,5% do total de úlceras controle), uma apresentou Proteus mirabilis (corresponde a 12,5% do total de úlceras controle), e duas apresentaram Escherichia coli (corresponde a 25% do total de úlceras controle) conforme demonstrado na Figura 20. 63 2 1 Pseudomonas aeruginosa Cândida albicans 1 Proteus mirabilis 7 Escherichia coli Figura 20: Analise microbiológica qualitativa do grupo controle no dia 0. No dia 21, duas apresentaram Pseudômonas aeruginosa (corresponde a 25% do total de úlceras controle), sete apresentaram Candida albicans (corresponde a 87,5% do total de úlceras controle), duas apresentaram Salmonela sp (corresponde a 25% do total de úlceras controle), e uma apresentou Escherichia coli (corresponde a 12,5% do total de úlceras controle), uma apresentou Staphylococcus aureus (corresponde a 12,5% do total de úlceras controle). O que demonstra que teve úlceras infectadas por outra espécie de micro-organismos, como o paciente 8 pelo Staphylococcus aureus e os pacientes 4 e 7 pela Salmonela sp (Figura 21). 1 2 2 Pseudomonas aeruginosa Cândida albicans 1 0 Proteus mirabilis Escherichia coli 7 Figura 21: Analise microbiológica qualitativa do grupo controle no dia 21 A Tabela 3 apresenta o resultado da analise microbiológica nos dias 0, 7, 14 e 21, do grupo controle (Grupo A), observa-se que nenhum paciente teve redução significativa nas espécies de micro-organismos encontradas em suas respectivas 64 úlceras. Pode-se destacar o paciente 1 que no dia 0 apresentava duas espécies de microrganismos (Pseudômonas aeruginosa e Candida albicans) que permaneceram até o vigésimo primeiro dia. Outro destaque relevante é o paciente 4, que no dia zero apresentava duas espécies de micro-organismos (Candida albicans e Escherichia coli) e no vigésimo primeiro dia apresentava três espécies de microorganismos (Candida albicans, Escherichia coli e Salmonela). Tabela 3: Avaliação qualitativa-descritiva das espécies microbiológicas encontradas nas úlceras grupo A- controle P U Local Dia 0 Dia 7 Dia 14 Dia 21 1 1 Calcâneo Pseudômonas aeruginosa, Candida albicans. Pseudômonas aeruginosa, Candida albicans. Pseudômonas aeruginosa, Candida albicans. Pseudômonas aeruginosa, Candida albicans. 2 2 Calcâneo Proteus mirabilis Candida albicans. Candida albicans. Candida albicans. 3 3 Sacrococcígea Candida albicans e Escherichia coli Pseudômonas aeruginosa Pseudômonas aeruginosa Pseudômonas aeruginosa 4 4 Sacrococcígea Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans, Salmonela sp, Escherichia coli Candida albicans, Salmonela sp, Escherichia coli Candida albicans, Salmonela sp, Escherichia coli 5 5 Sacrococcígea Candida albicans Candida albicans Escherichia coli Candida albicans Escherichia coli Candida albicans 6 6 Glúteo inferior Candida albicans Candida albicans, Proteus mirabilis Candida albicans Candida albicans 7 7 Sacrococcígea Candida albicans Candida albicans e Salmonela sp Candida albicans e Salmonela sp Candida albicans e Salmonela sp 8 8 Sacrococcígea Candida albicans Candida albicans Staphylococcus aureus, Candida albicans Staphylococcus aureus, Candida albicans P: paciente/ U: úlcera Das dez úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado, no dia 0, quatro apresentaram Pseudômonas aeruginosa (o que corresponde a 40% do total de ulcera tratadas), dez apresentaram Candida albicans (o que corresponde a 100% do total das úlceras tratadas), uma apresentou Salmonela sp (o que corresponde a 10% do total das úlceras tratadas), quatro apresentaram Escherichia coli (o que corresponde a 40% do total das úlceras tratadas) e uma apresentou Staphylococcus 65 aureus (o que corresponde a 10% do total das úlceras tratadas) as); como demonstra a Figura 22. Figura 22: Analise microbiológica qualitativa do grupo tratado no dia 0. No dia 21, uma apresentou Pseudômonas aeruginosa (o que corresponde a 10% do total das úlceras tratadas), nove apresentaram Candida albicans (o que corresponde a 90% do total das úlceras tratadas), nenhuma apresentou Salmonela sp (o corresponde a 0% do total das úlceras tratadas), e duas apresentaram Escherichia coli (corresponde corresponde a 20% do total das úlceras tratadas), nenhuma apresentou Staphylococcus aureus (o que corresponde a 0% do total das úlceras tratadas). O que demonstra que foram eliminadas as especies Staphylococcus aureus e Salmonela sp e diminuição das especies Candida albicans, Pseudômonas aeruginosas e Escherichia coli, observando assim a efetividade antimicrobiana do óleo de coco ozonizado (Figura 23). 23 66 Figura 23: Analise microbiológica qualitativa do grupo tratado no dia 21 A Tabela abela 4 apresenta o resultado da análise an lise microbiológica do grupo tratado em que se observa uma tendência na redução das especies de micro-organismos. micro Destaca-se se a ulcera 2 do grupo B, no dia zero apresentava Candida albicans, albicans e no vigésimo primeiro dia com ausência de espécies de microrganismos. microrganis Pode-se ressaltar também nas as úlceras lceras 3, 5, 6, 8 e 9 do grupo B, que no dia zero apresentavam mais de uma espécie de microrganismo (Salmonella Salmonella sp, Escherichia coli, Candida albicans)) e no vigésimo primeiro dia apresentavam apenas Candida albicans. 67 Tabela 4: Avaliação qualitativa-descritiva das especies microbiológicas encontradas nas úlceras grupo B – tratado P 1 U 1 Local Trocanter Dia 0 Candida albicans e Escherichia coli Dia 7 Candida albicans e Escherichia coli Dia 14 Candida albicans e Escherichia coli Dia 21 Candida albicans e Escherichia coli 2 Sacrococcígea Candida albicans. Candida albicans. Candida albicans. Ausente 2 3 Sacrococcígea Candida albicans, Pseudômonas aeruginosa Candida albicans, Pseudômonas aeruginosa Candida albicans 3 4 Trocanter Candida albicans, Pseudômonas aeruginosa, S. aureus Candida albicans Candida albicans Candida albicans Candida albicans 5 Sacrococcígea Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans 4 6 Sacrococcígea 7 Calcâneo Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans Pseudômonas aeruginosa Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans 5 Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa 6 8 Calcâneo Salmonella sp, Escherichia coli Candida albicans Escherichia coli, Candida albicans Escherichia coli Candida albicans Candida albicans 7 9 Glúteo inferior Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans e Pseudômonas aeruginosa Candida albicans 8 10 Sacrococcígea Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans, Escherichia coli Candida albicans Pseudômonas Aeruginosa P: paciente/ U: úlcera A Tabela 5 demonstra a área inicial, a área final, o índice de cicatrização da úlcera, a porcentagem de redução e a significância estatística do grupo controle. O índice de cicatrização da ulcera demonstra que os pacientes 2 e 3 do Grupo A, a redução não foi estatisticamente significante (p > 0,05), e o paciente 4 teve aumento da úlcera. A análise estatística foi não significante nos pacientes 2 e 3 (p > 0,05), e por sua vez foi estatisticamente significante nos pacientes 1, 5, 6, 7 e 8, com redução efetiva das áreas das úlceras (p < 0,05). 68 Tabela 5: Significância estatística do grupo controle tendo como parâmetro o ICU. Pacientes Área inicial (cm²)* Área Final (cm²)** ICU % de Redução Significância estatística P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 19,585 0,177 3,406 13,080 12,913 0,141 0,337 1,134 17,994 0,176 3,310 14,799 9,979 0,086 0,282 0,965 0,08 0,005 0,03 -0,13 0,23 0,39 0,16 0,15 8 0,5 3 -13 23 39 16 15 *** NS NS ˗ *** *** *** *** * Dia 0, ** Dia 21, *** estatisticamente significante (p < 0,05) P: paciente/ U: úlcera Enquanto na Tabela 5 (grupo A) verificou-se que a redução não foi estatisticamente significante em dois pacientes (p > 0,05), e um paciente com aumento da úlcera, A Tabela 6 que corresponde ao grupo tratado, demonstra que somente no paciente 5 (grupo B) a redução não foi estatisticamente significante (p > 0,05), os demais pacientes apresentaram significância (p < 0,05) na redução da área e evolução das úlceras. Tabela 6: Significância estatística do grupo tratado tendo como parâmetro o ICU. Pacientes Área inicial (cm²) P1 U1 P1 U2 P2 U3 P3 U4 P3 U5 P4 U6 P5 U7 P6 U8 P7 U9 P8 U10 13,761 22,068 41,124 21,690 119,927 13,830 18,504 11,641 9,530 14,107 Área Final (cm²) ICU % de Redução Significância estatística 13,029 17,549 20,953 15,068 98,173 6,841 18,040 8,216 2,038 9,776 0,05 0,20 0,49 0,31 0,18 0,51 0,03 0,29 0,79 0,31 5 20 49 31 18 51 3 29 79 31 *** *** *** *** *** *** NS *** *** *** * Dia 0, ** Dia 21, *** estatisticamente significante (p < 0,05). P: paciente/ U: úlcera As úlceras por pressão são significativamente consideradas curadas quando o Índice de Cicatrização da Úlcera é maior ou igual a 40%. Sendo assim, 30% das úlceras do grupo tratamento foram consideradas curadas após os 21 dias de 69 curativos. No grupo controle nenhuma ferida foi considerada curada após o período de estudo. No grupo controle 37,5% não foram significantes (p > 0,05), e por sua vez em 62,5% foi estatisticamente significante (p < 0,05), enquanto que o grupo tratado apresentou valores de 10% sem significância (p > 0,05) para 90% significante (p<0,05). A Figura 24 demonstra a porcentagem de redução da úlcera dos pacientes do grupo controle, observa-se que o paciente 4 teve aumento da área da ulcera, e o % de Redução paciente 2 não teve nenhuma evolução, revitalização. 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 -10 -20 *** *** *** *** 1 NS NS 2 3 *** NS 4 5 6 7 8 Úlceras Controle *** estatisticamente significante (p < 0,05). Figura 24: Porcentagem de redução das úlceras dos pacientes do grupo controle. As Figuras 25 e 26 representam a ulcera do individuo 1 do grupo A e demonstram uma discreta diminuição na área da ulcera e fibrina, após 21 dias de curativos, porem não se observa grande quantidade de tecido de granulação. 70 DIA 0 Figura 25: Imagem ilustrativa da úlcera no grupo A-Controle A Controle dia 0 (úlcera 1) DIA 21 Figura 26: Imagem ilustrativa da úlcera no grupo A-controle A ontrole dia 21 (úlcera 1) A Figura 27 demonstra a porcentagem de redução da úlcera dos pacientes do grupo tratado, observa-se observa se que todos os pacientes tiveram evolução na cicatrização da úlcera. A úlcera de número 9 apresentou maior evolução, enquanto a úlcera de número 7 respondeu menos ao tratamento, tratamento, no entanto nenhum paciente teve aumento da área da úlcera, como ocorreu no grupo controle. 71 *** *** *** *** *** *** *** *** *** NS Figura 27:: Porcentagem de redução das da úlceras dos pacientes do grupo tratado. *** estatisticamente significante (p < 0,05). As Figuras 28 e 29 apresentam imagens da ulcera do paciente 6, 6 ulcera 8. Foi observado que após 21 dias de curativos com óleo de coco ozonizado houve uma redução na área total da ulcera de 30%. A taxa de cicatrização da úlcera, previamente denominada como 8, foi de 30%. A lesão avaliada e denominada como úlcera 8, acometia a epiderme, derme e camada subcutânea; na primeira avaliação a ulcera apresentava odor fétido, abundante quantidade de exsudato seroso, grande quantidade de fibrina coloração rósea esbranquiçada, característico de tecido desvitalizado, pele circunvizinha circun desidratada, eczematosa, edemaciada e escamativa, presença de miiase e uma área de 11,6 cm² (Figura 16). Após 21 dias área desta ulcera apresentou diminuição da área total (8,2 cm²). No decorrer dos curativos (21 dias) o aspecto da úlcera melhorou, substituindo a coloração rósea por uma coloração vermelho intenso característico de tecido de granulação, denotando a efetiva ação do óleo de coco ozonizado na angiogênise (Figura 29). 72 DIA 0 Figura 28:: Imagem ilustrativa de úlcera do grupo B-tratado B com óleo de coco ozonizado em dia 0 (úlcera 8) DIA 21 Figura 29: Imagem ilustrativa de úlcera do grupo B-Tratado B com óleo de coco ozonizado em dia 21 (úlcera 8) A Figura 30 compara a área inicial com a área final do grupo controle. ObservaObserva se que o paciente 4 teve aumento da área da ulcera e os pacientes 2 e 3 não tiveram evolução significante. 73 Figura 30: Áreas inicial e final das úlceras do grupo controle. *** estatisticamente significante (p < 0,05). A Figura 31 compara a área inicial com a área final do grupo tratamento, notanota se que todos os pacientes tiveram diminuição na área da ulcera. Observa-se Observa que a ulcera 9 foi a que apresentou maior evolução. 140 *** Área da úlcera (cm²) 120 100 Área inicial 80 Área Final 60 *** 40 20 *** *** *** *** *** NS *** 0 Úlcera 1 Úlcera 2 Úlcera 3 Úlcera 4 Úlcera 5 Úlcera 6 Úlcera 7 Úlcera 8 Úlcera 9 Úlcera 10 Figura 31: Áreas inicial e final das úlceras do grupo tratado com óleo de coco ozonizado. *** estatisticamente significante (p < 0,05). 74 5. DISCUSSÃO A cicatrização de feridas consiste em uma perfeita e coordenada cascata de eventos celulares e moleculares que interagem para que ocorra a repavimentação e a reconstituição do tecido. Tal evento é um processo dinâmico que envolve fenômenos bioquímicos e fisiológicos que se comportem de forma harmoniosa a fim de garantir a restauração tissular (MANDELBAUM; DI SANTIS; MANDELBAUM, 2003). Bearzatto, Vaiano e Franzini (2003) relataram a importância da ozonioterapia no tratamento de úlceras crônicas, uma vez que o ozônio demonstrou propriedades antissépticas, induziu a formação de tecido de granulação e a neoangiogênese; resultados semelhantes foram observados no presente trabalho, após 21 dias de tratamento com óleo de coco ozonizado verificou-se que as úlceras apresentaram tecido de granulação (Figura 17). Sharma e Hudson (2008) demonstraram que 25 ppm de ozônio gasoso em umidade relativa do ar de 90% é um potente antimicrobiano que promove redução de cepas bacterianas Gran positivas e Gran negativas incluindo esporos e especies de Mycobacterium relacionadas as causas mais comuns de infecções. Salientaram que o efeito antimicrobiano é conseguido por meio de um curto período de exposição, por volta de 20 min., o que torna o sistema baseado no emprego do ozônio muito pratico e de baixo custo. O ozônio também é capaz de inativar alguns tipos de vírus como o norovirus (SHARMA; HUDSON, 2008). Outros estudos mostraram que a exposição do ozônio reduz a infectividade viral pela peroxidação lipídica e subsequente dano ao envelope lipídico à camada proteica de vários tipos de vírus (MURRAY et al, 2008). A ação antimicrobiana do ozônio esta baseada na exposição local de grandes concentrações de ions oxidantes. Duarte (2006) e Alvim et al. (2006) descrevem que as propriedades antimicrobianas de substâncias e óleos essenciais inerentes às plantas como produtos de seu metabolismo secundário têm sido reconhecidas empiricamente durante séculos, mas a busca e verificação de sua eficácia científica são recentes. Por outro lado, os micro-organismos que causam prejuízos à saúde humana estão 75 se mostrando resistentes à maioria dos antimicrobianos conhecidos, o que incentiva ainda mais a procura por antibióticos de ocorrência natural. Bonfim e Cavalcante (2011) em estudo sobre o potencial cicatrizante do óleo de coco em feridas cutâneas: um estudo histomorfométrico em ratos demonstrou que a aplicação tópica do óleo de coco originou um comportamento estável da ferida com cicatrização gradual e com quantidades superiores de tecido de granulação e reepitelização no 7º e 14º dias quando comparados os grupos controle (GC) e tratamento (GT). O uso do óleo de coco favoreceu com igual veemência a neoangiogênese em ambos os grupos: GC e GT. Macroscopicamente não se registrou diferença entre os grupos tratamento no 21º dia, haja vista que ambos atingiram a cicatrização total. Microscopicamente, entretanto, a intensa organização das fibras colágenas ao 21º dia, permite inferir que o óleo de coco acelerou o processo de reepitelização reparando a área lesionada com maior veemência no grupo GT quando comparado com o grupo GC. Matsumoto et al. (2001) demonstraram a eficácia do óleo ozonizado aplicado em pacientes com fístulas e feridas recorrentes. Foram selecionados 20 pacientes que apresentavam feridas e fístulas incuráveis pelos métodos convencionais, sendo submetidos à administração de 1 a 3 mL de óleo ozonizado. Dos 20 pacientes tratados, 19 apresentaram cura ou remissão dos sinais e sintomas da infecção, havendo eliminação de pus, reepitelização e fechamento das feridas. Almeida et al. (2012) demonstraram o potencial antimicrobiano do óleo de coco no tratamento de feridas e como amostra foram usados três tipos de extrato oleoso do albúmen sólido deste fruto (polpa do coco), sendo: 1) óleo A - obtido através de extração a quente; 2) óleo B - comprado no comércio local (industrializado), e 3) óleo C - obtido de extração a frio, com uso de centrífuga, todos utilizando cocos derivados do estado de Alagoas, sendo A e C obtidos artesanalmente. Os óleos de coco A, B e C na concentração de 1000 µg/mL apresentaram uma atividade antimicrobiana do tipo Intermediária contra S. aureus, com halo de inibição de 09 mm. Para S. epidermidis e E. coli, a atividade foi resistente, com halos de inibição de 8 mm e para os demais micro-organismos não foi visualizado halo de inibição. Verificou-se nesta pesquisa que as potencialidades antimicrobianas do extrato estudado, classificadas entre intermediária e resistente, respectivamente, frente ao S. aureus, S. epidermidis e E. coli, divergindo com trabalhos anteriormente realizados com espécies vegetais, da mesma família, como a Syagrus olerace, conhecida como guariroba que é 76 relatada com potencial antibacteriano. Silveira et al (2005) descrevem que nesta espécie vegetal foi identificada na sua composição química a presença de ácidos graxos, dentre eles, o ácido láurico sendo este o responsável pela atividade antimicrobiana inativando tanto bactérias Gram positivas quanto Gram negativa. A aplicação tópica do óleo ozonizado mostrou-se eficaz no tratamento das úlceras por pressão, devido ao seu potencial de ação antimicrobiana e estimulante da cicatrização. O resultado foi obtido rapidamente sem efeitos colaterais, além de ser baixo custo com rápido resultado, além de dispensar a utilização de antibióticos e anti-inflamatórios orais na maioria das úlceras, o que já não ocorre com os tratamentos convencionais. Garcia; Neves e Naves (2008) descrevem a cicatrização de lesão grave na pata de um eqüino devido traumatismo com arame farpado, utilizando como terapia água e óleo ozonizados e insuflação em bags. Após 45 dias, a lesão não estava mais inflamada, com aspecto seco e com dimensões bem menores. Caso a ozonioterapia não tivesse sido aplicada o custo do tratamento seria maior, além da necessidade da antibioticoterapia que poderiam causar efeitos colaterais. A avaliação da cicatrização com a terapia tópica de ozônio também já foi estudada em ratos com a aplicação de água ozonizada, relatados por Traina et al (2008), havendo comprovada diferença na reparação tecidual da ferida. Oliveira (2007) realizou uma revisão sistemática de literatura sobre o uso terapêutico do ozônio em feridas, constatando que a maioria dos estudos analisados considerou como desfecho a cicatrização total da ferida e a estimulação do processo de cicatrização (62,2%), seguidos da melhora do aspecto da ferida (43,5%), diminuição da dor/sintoma (17,4%), assim o ozônio poderia ser uma importante opção de tratamento para úlceras e trazer diversos benefícios aos seus portadores. Rodrigues et al. (2004) realizaram um estudo utilizando o ozônio com óleo de girassol em ratos, em que os resultado mostraram os efeitos da substância sobre alguns tipos de bactérias, como Escherichia coli, Cândida albicans e Staphylococcus aureus, indicando ação anti-inflamatória e efeitos protetores na pele, ao agir nos tecidos conjuntivos, o que caracterizou o potencial de cicatrização. No presente trabalho observou-se que o óleo de coco foi eficiente no controle de S. aureus e de P. aeruginosa na maioria das úlceras (Tabela 4) Rocha, Miranda e Andrade (2006), descrevem que é necessária uma abordagem da colonização e infecção nas Úlceras de Pressão, uma vez que a 77 contaminação é universal e inevitável, sendo recomendada, no seu tratamento, a aplicação de antibióticos tópicos de amplo espectro que abordem, dentre outras bactérias, o Staphylococcus aureus. Portanto, o uso do ozônio como adjuvante no tratamento da infecção de pele é benéfico, pois inibe o crescimento desta bactéria assim como de outras; como foi observado no presente trabalho. Sanchez (2008) realizou um estudo de caso em que utilizou óleo ozonizado para tratamento tópico de lesões em porquinho da índia (Cavia porcellus) e, após três dias de aplicação em ferida de segunda intenção com curativo tópico de óleo ozonizado, observou-se a formação de crostas e início da retração tecidual. Depois de oito dias, já havia praticamente cicatrização completa da pele, demonstrando que a aplicação tópica do gás ozônio é eficaz no tratamento de diversas patologias, disponibilizando mais uma ferramenta para o tratamento de lesões de pele em animais domésticos e selvagens. Houve uma resistência antimicrobiana maior na levedura Candida albicans. Roy et al. (2006) descrevem que a espécie C. albicans é considerada atualmente o patógeno humano com maior capacidade de crescer em biofilme. A capacidade de formar biofilmes permite a persistência da levedura e facilita a colonização, invasão e disseminação da infecção. Nett et al. (2007) complementa que células em biofilme possuem fenótipo alterado e uma resistência extraordinária a muitos antifúngicos, tornando sua erradicação um difícil processo (NETT et al., 2007). Nos casos descritos nesta pesquisa, o óleo de coco ozonizado pode ter agido: Induzindo a neoangiogênese, aumentando o fluxo sanguíneo no local da ulcera evitando a proliferação de microrganismos, principalmente com desinfecção e limpeza da ferida; promovendo a adaptação do tecido ao estresse oxidativo. No presente estudo observou-se um aumento significativo do tecido de granulação na ulcera, fato esse que pode ser explicado pelo aumento que o óleo de coco ozonizado pode causa na proliferação de fibroblastos e consequente liberação de colágeno e fibras elásticas, além da formação de novos vasos no leito da úlcera, auxiliando assim o processo de cicatrização e consequente diminuição na área das úlceras. Estes efeitos encontrados no presente estudo, não foi homogêneo em todas as úlceras, uma vez que o índice de cicatrização das mesmas foram diferentes, isso se deve ao fato dos efeitos fisiológicos do óleo de coco, com isso, é possível que a área total da ulcera e o tecido encontrado no inicio, possa ter influenciado na recuperação da vitalidade celular, acelerando o processo de cicatrização, porém 78 com maior velocidade na úlcera de maior diâmetro e menor velocidade nas úlceras de menor diâmetro. E também a influencia do tecido encontrado, com menos fibrina e necrose maior velocidade na cicatrização e com mais fibrina e necrose menor velocidade na cicatrização. Foi possível observar o benefício do ozônio veiculado em óleo de coco, podendo ser incorporada, como uma técnica segura, de fácil manuseio e pouco onerosa, no tratamento de diversas lesões dermatológicas, dentre elas a úlcera por pressão, reduzindo assim os custos ao sistema de saúde e trazendo uma melhora na qualidade de vida do doente. A realização deste trabalho permitiu também, mostrar que o profissional de enfermagem tem grande importância na realização destes curativos, pois possui conhecimentos que auxiliam no processo de reparo destas úlceras. Visto que poucos estudos nessa área são realizados por enfermeiros, fazem-se necessários mais estudos acerca da utilização do ozônio associado com óleos, em úlceras desse tipo com o intuito de se conhecer a real efetividade dessa modalidade terapêutica. Porém vale ressaltar que prevenir o aparecimento da úlcera de pressão ainda é o tratamento mais fácil, além de permitir que este paciente permaneça inserido na sociedade com uma boa qualidade de vida. 79 6. CONCLUSÃO A melhor forma de tratamento das úlceras de pressão é a prevenção; mas depois de instaladas, são de difícil cicatrização, necessitando de técnicas eficazes de tratamento. A partir dos achados do presente pode-se concluir que o óleo de coco ozonizado promoveu uma mudança qualitativa no perfil microbiológico das úlceras, efetiva modificação qualitativa da morfologia e quantitativa das áreas nas úlceras, sendo efetivo no processo de cicatrização com redução significante na área das úlceras, contribuindo para o tratamento das feridas. 80 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABABOUCH, L.H.; BOUQARTACHA, F.; BUSTA F.F. Inhibition of Bacillus cereus spores and vegetative cells by fatty acids and glycerylmonodecanoate. Food Microbiol.11: 327–336, 1994. AGUIAR, C.M.; PINHEIRO, J.T. 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A avaliação da lesão ocorrerá no primeiro dia (dia zero), 7 dias após o inicio do tratamento, 14 dias após o início do tratamento e 21 dias após o início do tratamento. Pedimos sua leitura atenciosa a esta carta e as instruções dadas pelo aluno pesquisador. Caso concorde com os termos e condições, juntamente com o fato de que os dados obtidos nessa avaliação serão utilizados para pesquisa e ensino (respeitando sempre sua identidade), você ou seu responsável legal assine o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e esta Carta de Informação ao Participante de Pesquisa. O nome e telefone dos responsáveis por esta pesquisa constam no final do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Você tem a liberdade de abandonar a pesquisa a qualquer momento, sem ônus algum. Por estarem entendidos, assinem o presente termo. Sujeito de Pesquisa:_________________________________ 89 APENDICE B Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE I. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU LEGAL RESPONSÁVEL 1. Dados de Identificação Nome do Paciente:____________________________________________________ Documento de Identidade Nº:____________________________________________ Idade: _______________ Data de Nascimento:______/_______/______________. Endereço:___________________________________________________Nº______ Bairro:_______________________Cidade:________________CEP:_____________ Telefones:___________________________________________________________ II – DADOS SOBRE A PESQUISA Título do Protocolo de Pesquisa: “Análise microbiológica e cicatricial de úlceras por pressão utilizando o óleo de coco ozonizado”. Pesquisadora Responsável: Gisele Lauer Murta Gobi Documento de Identidade Nº 28.633.949-3 Sexo: ( ) M (x )F Cargo/Função: Enfermeira e aluna do Curso de Pós Graduação Stricto Sensu Mestrado em Engenharia Biomédica da UNICASTELO Departamento: Pós-Graduação Strito Senso UNICASTELO Nº de inscrição no órgão de classe: 0115645 - COREN Colaborador na pesquisa (orientador):Prof Dr. Ricardo S. Navarro Documento de Identidade Nº 155506845 SSP/SP Sexo: ( X ) M ( )F Cargo/Função: Professor e orientador do Curso de Pós Graduação - Mestrado em Engenharia Biomédica da UNICASTELO Departamento: Pós-Graduação Stricto Senso UNICASTELO Nº de inscrição no órgão de classe: CROSP 55446 Colaborador (es) na pesquisa: Sra Patrícia Albarelo Ribeiro Oliveira (Diretora de Serviços de Saúde da Coletividade do município de Jales/SP); Drª. Angélica Rosa Maluf (médica Angiologia/Cirurgia Vascular do município de Jales/SP). Endereço do CEP ao qual o trabalho foi submetido: Comitê de Ética em Pesquisa da UNICASTELO, Rua Carolina Fonseca, 584 – Vila Santana – Itaquera – 90 São Paulo – CEP 08230-030 – tel. (11) 2070-0092 – e-mail: [email protected] Endereço dos Pesquisadores: Gisele Lauer Murta Gobi(Rua Bom Jesus n. 1699 Jd. Bom Jesus - Jales – SP – 15704-180 Brasil/ tel: 17 97215535 / [email protected]) e Ricardo S. Navarro (Centro de Engenharia Biomédica– CEB UNICASTELO/ Parque Tecnológico de São José dos Campos; Rod. Presidente Dutra Km 139 - São José dos Campos - SP - 12247-004 Brasil/ tel 12- 39054401/ [email protected]). III – REGISTRO DAS EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO SUJEITO DA PESQUISA OU SEU RESPONSÁVEL É importante e necessário que você leia atentamente as informações abaixo para esclarecer e autorizar sua participação voluntária nesta pesquisa intitulada: “Análise microbiológica e cicatricial de úlceras por pressão utilizando o óleo de coco ozonizado”. Primeiramente, deve esclarecer o seu direito de não querer participar ou de interromper a sua participação nesta pesquisa a qualquer momento, sem perda dos benefícios que esteja recebendo na unidade de saúde. Justificativa: A ocorrência de feridas do tipo úlceras por pressão tem aumentado nos últimos anos, devido ao aumento da expectativa de vida da população, associada aos avanços da medicina moderna, que tornaram possível a sobrevivência de pacientes com doenças graves e anteriormente letais. Tais fatos associado ao surgimento de novas tecnologias alternativas no auxílio do tratamento de lesões, devido ao seu poder antimicrobiano e/ou estimulador da cicatrização, como a associação do ozônio com o óleo de coco. Assim torna-se importante a realização de estudos clínicos em pacientes com úlcera por pressão, para observar os efeitos no processo de cicatrização, da associação dessas terapêuticas alternativas. Procedimentos: Este estudo tem como finalidade avaliar e acompanhar o processo cicatricial em úlceras por pressão através da utilização do Óleo de Coco Ozonizado, nos curativos. Para a avaliação de úlceras por pressão serão utilizados questionários contendo: Identificação, Antecedentes Patológicos, Avaliação da ferida e Evolução da ferida. 91 Nas consultas de tratamento das feridas antes e após o curativo/tratamento serão coletadas amostras, passando cuidadosamente um algodão estéril na sua superfície chamado de swab, para avaliar a descontaminação. Em cada consulta serão tiradas fotografias digitais das feridas para posterior avaliação da cicatrização. A pesquisa será realizada nos domicílios dos clientes, os participantes serão visitados todos os dias para realização do curativo em um período de 21 dias, cada consulta de enfermagem terá duração de aproximadamente 40 minutos. A avaliação da lesão ocorrerá no primeiro dia (dia zero), 7 dias após o início do tratamento, 14 dias após o inicio do tratamento e 21 dias após o início do tratamento. Riscos e Benefícios: A pesquisa será desenvolvida em coerência com os aspectos legais da ética, obedecendo, sempre, os princípios morais da autonomia e não- maleficência. Tratase de um procedimento não invasivo, sem prejuízos físicos, financeiros ou psicológicos ao indivíduo participante. A sua participação terá como benefícios uma avaliação das feridas e o seu tratamento, trazendo informações clinicas e terapêuticas que poderão servir para futuros tratamentos de feridas para a população. O desconforto pode estar associado ao odor muito característico do gás ozônio, que é maior durante a sua produção, reduzido na água, e mínimo ou ausente em cremes e óleos ozonizados. Se for observado desconforto intenso, piora ou pouco efeito do tratamento, este será suspenso imediatamente e as feridas receberão o tratamento convencional. Os riscos em relação ao óleo de coco ozonizado esta relacionado à aspiração do gás ozônio pelas vias aéreas superiores durante a sua produção, que no caso do presente estudo não ira ocorrer, pois os pacientes irão receber o tratamento das feridas com óleo de coco ozonizado previamente em Laboratório seguindo às normas internacionais de segurança. IV – ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS DO SUJEITO DA PESQUISA É garantido o acesso, a qualquer tempo, às informações sobre procedimentos, riscos e benefícios relacionados à pesquisa, inclusive para tirar dúvidas através do contato: Gisele L. M. Gobi (17 – 97215535). Respeitando-se a autonomia do voluntário, a pesquisa será suspensa e encerrada sempre que o indivíduo achar necessário, sendo soberana a sua opinião em qualquer que seja a 92 situação, mesmo que este tenha assinado o termo de consentimento livre esclarecido. É importante o relato de qualquer desconforto em decorrência do tratamento ou o recebimento de algum outro tratamento durante o período da pesquisa. A(s) ferida (s) envolvida (s) no estudo não poderá (ão) receber nenhum outro tipo de tratamento por outro profissional, durante a realização do estudo, sem o conhecimento e autorização prévia dos pesquisadores. Os questionários, fotografias, resultados de exames clínicos e laboratoriais, e quaisquer outros documentos referentes ao tratamento, serão concedidos aos pesquisadores e poderão ser divulgados (dentro das normas vigentes) em congressos ou revistas científicas. As informações obtidas neste estudo serão sigilosas e não serão utilizadas para divulgar a identidade das crianças ou de seus responsáveis. Uma cópia do presente TCLE ficara em posse do responsável e outra com a pesquisadora. Muito obrigado pela sua cooperação. Atenciosamente, Gisele L. M. Gob (17 – 97215535 / [email protected]) V- CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO Declaro que li e entendi as informações contidas neste documento. E aceito a minha participação na pesquisa por livre e espontânea vontade, sem qualquer despesa de minha parte, e sem qualquer tipo de pagamento por esta participação; tenho a total liberdade de retirar o consentimento quanto à participação em qualquer fase do estudo, sem nenhuma penalização ou perda dos benefícios que esteja recebendo no tratamento. Caso ocorra qualquer desconforto em decorrência do tratamento ou o recebimento de algum outro tratamento durante o período da pesquisa os pesquisadores serão comunicados. Estou ciente que a(s) ferida (s) envolvidas no estudo não poderão receber nenhum outro tipo de tratamento por outro profissional, durante a realização do estudo, sem o conhecimento e autorização prévia dos pesquisadores. NOME ______________________________________________________________ RG:______________________ DATA: _________, _____ de __________201____. Assinatura: _________________________________________________________ 93 APENDICE C Termo de Autorização Autorizo, em posse do cargo de _________________________________________ Município de _______________, com sede: ________________________________ __________________________________________ CEP: ____________________ Telefone: __________________, e declaro ter conhecimento do projeto de pesquisa do trabalho de Pós Graduação Stricto Sensu em Engenharia Biomédica, intitulado “Análise da cicatrização de úlceras por pressão utilizando o óleo de coco ozonizado” de autoria da aluna Gisele Lauer Murta Gobi regularmente matriculada no Programa de Pós Graduação Stricto Senso da Universidade Camilo Castelo Branco S/P (UNICASTELO), sob a orientação do professor Dr Ricardo Scarparo Navarro. Assim dando-lhe consentimento para realizar o trabalho com os pacientes da rede pública vinculados as Unidades de Saúde do município de ___________________, a coletar dados, realizar curativo, registrar dados através de imagens (fotografias) para avaliar a evolução do processo de cicatrização de clientes com ulcera por pressão, quando em uso do óleo de coco ozonizado, em curativo. Estou ciente e concordo com a publicação dos resultados encontrados, sendo obrigatoriamente sigilosa a identificação dos pacientes participantes desta pesquisa. _________________, ____ de ________________de 201____. _______________________________________ (assinatura e carimbo) 94 APENDICE D Instrumento de Avaliação das Úlceras 1- ANAMNESE 1.1- Identificação Nome:________________________________________________________________ Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Data de nascimento:_________________________________ Idade:___________________ Raça:__________________ Endereço:_________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ Contato telefônico:_______________________________ Estado Civil:____________________Escolaridade:____________________________ Profissão:_____________________________________________________________ 1.2.Histórico do Diabetes Quando soube que tem Diabetes:__________________________________________ Como soube que tem Diabetes ____________________________________________ Tem casos na família? : ( ) sim Esta sob controle médico: ( ) sim ( ) não qual(is)?____________________ ( ) não Qual tratamento realiza para diabetes:______________________________________ Qual a frequência de consultas médicas:________________________________ Faz uso de insulina: ( ) sim ( ) não como______________________ Costuma apresentar feridas na pele: ( ) sim ( ) não Qual o local das feridas na pele___________________________________________ Procurou cuidado médico ( ) sim ( ) não Qual tratamento realizado nessas feridas____________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ O tratamento foi indicado: pelo médico ( ) sim ( ) não por amigos, parentes, vizinhos ( ) sim ( ) não outros _______________________ Como foi o resultado (resposta) ao tratamento realizado nessas feridas____________ _____________________________________________________________________ ____________________________________________________________________ 1.3. Antecedentes Patológicos 95 Doenças Pré-Existentes:_________________________________________________ Tratamentos Anteriores:__________________________________________________ Antecedentes Familiares:_________________________________________________ Antecedentes Pessoais:__________________________________________________ Fatores de Riscos Modificáveis:____________________________________________ _____________________________________________________________________ Fatores de Risco Não Modificáveis:_________________________________________ _____________________________________________________________________ Medicamentos de uso geral:______________________________________________ _____________________________________________________________________ _____________________________________________________________________ DATA____________________ 2- AVALIAÇÃO DA FERIDA 2.1- CLASSIFICAÇÃO DA FERIDA Estágio ou Grau:________________________________________________________ Profundidade:__________________________________________________________ Cor: ( ) Vermelha ( ) Amarela ( ) Preta 2.2- LOCALIZAÇÂO DA FERIDA Local:________________________________________________________________ 2.3- MEDIDAS DA FERIDA Comprimento e Largura:__________________________________________________ Profundidade:__________________________________________________________ Volume:______________________________________________________________ Formação de Túneis:____________________________________________________ 2.4- ASPECTOS DA FERIDA Presença de Corpo Estranho:_____________________________________________ Pele Circundante:_______________________________________________________ 2.5- DRENAGEM DA FERIDA ( ) Serosa ( ) Sanguinolenta ( ) Serosanguinolenta ( ) Purulenta 2.6- TEMPERATURA DA PELE Temperatura:__________________________________________________________ 2.7- DOR Intensidade:___________________________________________________________ Localização:___________________________________________________________ Qualidade:____________________________________________________________ Início:________________________________________________________________ Duração:______________________________________________________________ 96 Variações:_____________________________________________________________ Fatores de Alívio:_______________________________________________________ Fatores Agravantes:_____________________________________________________ Efeitos da Dor:_________________________________________________________ 3- EVOLUÇÃO DA FERIDA __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ 4- DESENHO DA FERIDA __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ Fonte: HESS, C. T. Tratamento de feridas e úlceras. 4. ed. Rio de Janeiro: Reichman & Affonso Editores, 2002. 226p. 97 ANEXO A Aprovação do Estudo pelo Comitê C de Ética e Pesquisa esquisa 98 99