NÍVEIS DE EVIDÊNCIAS NA PREVENÇÃO DE ÚLCERAS POR PRESSÃO EM IDOSOS COM SÍNDROME DO IMOBILISMO. Alexandre de Paula1, Auristela Lehoczki Boneto2, Suely Carvalho Araújo Jucá3, Tatiana Maria Tenório Cavalcanti4. Introdução: O acamamento e a inatividade prolongados em idosos são condições que resultam em declínio na capacidade funcional, podendo evoluir para uma complicação denominada de Síndrome do Imobilismo (SI). Para caracterizar a SI é necessário um conjunto de alterações e deve- se usar critérios que oriente o diagnóstico: Critério maior: déficit cognitivo médio a grave e múltipla contratura; Critério menor: sinais de dupla incontinência, disfagia leve a grave, afasia e sofrimento cutâneo ou úlcera por pressão(1). Nestes indivíduos fatores intrínsecos associados a fatores extrínsecos culminam para o elevado risco de desenvolver úlceras por pressão (UP). Entretanto, muito pode ser feito para prevenir esta complicação, através de ações preventivas de enfermagem direcionadas, descrevendo a efetividade destas ações segundo os níveis de evidências. Objetivo: Descrever quais as ações de enfermagem direcionadas a prevenção de úlceras por pressão, classificá-las segundo os níveis de evidência e associá- las aos idosos portadores da SI. Método: Revisão bibliográfica sobre o tema: “Ações de enfermagem na prevenção de úlceras por pressão”. Foram incluídos livros e artigos em língua portuguesa publicados entre 2002 – 2009, com resumo disponível no banco de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online). Após análise os dados que retratassem ações na prevenção e tratamento de UP foram extraídos, bem como informações relativas ao tipo de estudo e método utilizado. De acordo com o tipo de estudo foram classificados os níveis de evidência. Na sequência as ações de enfermagem foram classificadas, uma a uma, em função dos níveis de evidência do artigo que foram extraídas. Nos casos onde vários estudos recomendavam uma dada ação e estes eram classificados em diferentes níveis, o grau de recomendação foi determinado pelo nível mais freqüente, ou seja, aquele que correspondia a mais de 50% 1 Especialista em Educação Continuada e Permanente em Saúde, Enfermeiro de Educação Continuada do Hospital 9 de Julho. 2 Enfermeira pelo Centro Universitário São Camilo São Paulo. 3 Enfermeira pelo Centro Universitário São Camilo São Paulo. E- mail: [email protected] 4 Enfermeira pelo Centro Universitário São Camilo São Paulo. dos estudos. Em caso de empate, o nível mais elevado foi eleito. Resultados e Discussão: Foram descritas 15 ações de enfermagem na prevenção da UP. As fortemente recomendadas: mudança de decúbito de 2/2 horas; evitar posicionamento acima de 30° por tempo prolongado; hidratação da pele; higiene corporal e conforto; Escala de Norton; e treinamento da equipe. As recomendadas: Escala de Braden e Waterlow; colchão especial; proteção de saliências ósseas com coxins; avaliação física/ nutricional e suporte nutricional; uso de travessa; e avaliação de níveis séricos sanguíneos. As pouco recomendadas: evitar água muito quente; tratar incontinência. Apesar da aplicação da escala de Braden ter sido classificada como uma ação recomendada, esta ação tem maior número de artigos em nível 1 (três) do que a de Norton (um) que foi classificada como fortemente recomendada. Considera- se que a aplicação de escalas para verificar riscos para desenvolver UP é indispensável, pois a partir da avaliação preditiva são levantados os riscos e implementadas as ações. No entanto, a escolha da escala deve ser individualizada. Desta forma, fatores como alterações do nível de consciência e percepção sensorial, déficit no autocuidado, baixa ingestão de proteína, pressão diastólica menor que 60 mmHg e/ou instabilidade hemodinâmica são considerados de risco(2). Além disso, no idoso portador de SI que permanece confinado ao leito, com seis semanas de inatividade, a força muscular dos membros superiores declina 6 % e a dos membros inferiores 10% (1) . Observa-se então que o reposicionamento e movimentação desse paciente são muito importantes para a prevenção de UP, pois além de remover e redistribuir pressões em tecidos, também retarda a evolução das contraturas, haja vista que quanto mais contraturado, menores serão as possibilidades de posicionamento. As ações: mudança de decúbito de 2/2 horas; hidratação da pele; higiene corporal e evitar posicionamento acima de 30º por tempo prolongado estão entre as fortemente recomendadas. Estudos realizados evidenciaram que o tempo para o reposicionamento deve ser estabelecido mediante avaliação individual, uma vez que com menos de 30 minutos idosos sadios apresentaram os primeiros sinais de UP(3). Os pacientes portadores de SI, praticamente todos possuem dupla incontinência devido ao quadro demencial, respondendo pouco às medidas para tratamento das incontinências, portanto, não é recomendado (1) . Entretanto, a incontinência é um fator de risco para integridade da pele. O uso de cremes de barreira de proteção das áreas próximas a incontinência é um cuidado importante para manter a integridade da pele(4). Dentre outras ações recomendadas está o uso de travessa, que permite a mobilização do paciente evitando a fricção. Para que todos da equipe estejam capacitados para reconhecer riscos e implementar intervenções preventivas eficazes, uma das ações fortemente recomendada é o treinamento de toda a equipe. Consideração Final: A tomada de decisão do enfermeiro a respeito das ações para prevenção de UP deve ser estabelecida com evidências em bases cientificas, avaliando riscos, benefícios e recursos disponíveis, possibilitando a melhoria da qualidade da assistência prestada. Descritores: Úlcera por pressão, Idoso, Cuidados de enfermagem. Referências 1. Leduc, M.M.S. Imobilidade e síndrome da imobilização. In: FREITAS, E.V. et al. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan; 2006. p. 972-91. 2. Caliri MHL, Fernandes LM. Uso da escala de Braden e de Glasgow para identificação do risco para úlceras de pressão em pacientes internados em centro de terapia intensiva. Rev. Latinoam. Enferm. 2008; 16(6): 973- 8. 3. Giarreta VMA, Posso MBS. Úlceras por pressão: determinação do tempo médio de sinais iniciais em idosos sadios na posição supina em colchão hospitalar com densidade 28. Arq. Méd. ABC. 2005; 30 (1): 39- 43. 4. Barros SM, Rocha ABL. Avaliação de risco de úlcera por pressão: propriedades de medida da versão em português da escala de Waterlow. Acta Paul. Enferm. 2007; 20 (2):143-50.