O CONCEITO DE EMPOWERMENT O que é o empowerment? Sentimo-nos empoderados quando estamos informados, compreendemos as situações com que nos deparamos e temos capacidade e autonomia para tomar decisões em vários contextos de vida: no trabalho, na família, nos tempos de lazer, na política…. Qualquer um pode, por vezes, sentir-se impotente, com as mãos amarradas. Isto acontece por exemplo quando não somos ouvidos, quando enfrentamos a “máquina burocrática”, ou quando outros tomam decisões que afetam a nossa vida, sentindo que pouco ou nada podemos fazer para mudar a situação. Empowerment e exclusão social Da mesma maneira, as populações vulneráveis ou alvo de exclusão social experimentam este tipo de sentimento, mas de forma mais aguda. Carecem de poder e influência em várias esferas das suas vidas: a sua voz não é ouvida, faltam-lhes os recursos e as oportunidades para expressarem as suas necessidades e aspirações, ou ainda para verem valorizada a sua dignidade e experiência de vida. As pessoas desempoderadas são aquelas que não têm poder, não têm capacidade de decisão, não vêm alternativas e não têm esperança numa mudança. Esta "impotência" que os indivíduos e comunidades vulneráveis experienciam não é um resultado direto das características internas das pessoas, mas sim um produto da (in) capacidade da sociedade para integrá-los. Isso significa que é preciso intervir também no seio dos contextos ou sistemas que colocam estas populações à margem e que geram a exclusão social. A perspetiva do empowerment O empowerment, um conceito que pode ser traduzido por empoderamento, coloca um desafio à forma como a sociedade se organiza e pressupõe a participação de todos de uma forma horizontal e não hierárquica. O que está em causa nesta perspetiva é uma alteração no equilíbrio do poder. Por um lado, os indivíduos que têm pouco ou nenhum poder - tais como as pessoas vulneráveis - devem adquirir a capacidade de formular opiniões informadas, tomar iniciativas, decidir autonomamente e influenciar a mudança, constituindo-se como intervenientes ativos nas políticas que lhes dizem respeito. Por outro lado, aqueles que operam a partir de posições de poder devem delegar alguma dessa autoridade e influência e negociar com outros agentes, mudando atitudes, adaptando normas e reorganizando os processos de tomada de decisão, no sentido de incluir estas populações. No que respeita à intervenção social, esta perspetiva implica motivar as pessoas em situação de exclusão a assumir um papel ativo e a ganhar mais controlo sobre as suas vidas. Ao mesmo tempo implica agir sobre os sistemas social, económico e político de modo a permitir às pessoas e grupos vulneráveis desempenhar um papel “de corpo inteiro” na sociedade. Tratase de um conceito que levanta questões fundamentais sobre a distribuição dos papéis e das responsabilidades no processo de inclusão. ALGUMAS NOÇÕES TEÓRICAS... Pode ser visto como uma ação ou processo em que os indivíduos / grupos / comunidades exercem o seu poder de escolha, assumindo um papel de liderança nas decisões que lhes dizem respeito, e tomando posse de suas próprias circunstâncias da vida. Trata-se de um processo que implica mudança e que pressupõe vontade e capacidade de tomada de decisão, autonomia e responsabilidade. Alguns autores vêm os conceitos de autonomia e empowerment como sinónimos. (Jejeebhoy, 2000). Empowerment pode ser definido como a capacidade de uma pessoa para fazer escolhas efetivas, ou seja, a sua capacidade de transformar as escolhas em ações e resultados desejados (Alsop & Heinsohm, 2005). Moscovitch e Drover (1981) relacionam o conceito de empowerment com as noções de poder/falta de poder. Keiffer (1984) define esta ausência de poder como uma sensação de ineficácia das nossas próprias ações, no sentido em que estas serão incapazes de produzir o resultado desejado. Ou seja, trata-se da sensação de ausência total de impacto das ações de cada um: “Independentemente do que possa fazer, nada irá mudar...” Promover o empowerment é reforçar as possibilidades de as pessoas controlarem as suas próprias vidas (Rappaport, 1987). A promoção do empowerment é vista, não só, na esfera individual, associado a sentimentos de controlo ou influência, mas também na esfera comunitária, como algo relacionado com influência social real, o poder político e os direitos legais. Wallerstein (1992) definiu o conceito de empowerment como um processo que promove a participação das pessoas, cujo objetivo é de aumentar o controlo do indivíduo e da comunidade, a sua eficácia política e melhorar a qualidade de vida. A participação implica um envolvimento efetivo na tomada de decisões em grupos, organizações e comunidades (Ornelas, 2008). PODER ESCOLHA BOTTOM -UP INDIVÍDUOS E COMUNIDADES PARTICIPAÇÃO INFLUÊNCIA CONTROLO MUDANÇA AUTONOMIA ENVOLVIMENTO INICIATIVA De uma forma geral, empowerment é um conceito dinâmico que envolve toda uma série de dimensões que se interrelacionam entre si. Estas dimensões podem assumir maior ou menor impacto na vida de cada indivíduo, dependendo das problemáticas sociais associadas à sua história de vida. O esquema aqui apresentado representa algumas das dimensões centrais a este conceito.