HEMORIO
MANUAL DO PACIENTE - LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA
EDIÇÃO REVISADA
02/2009
INSTITUTO ESTADUAL DE HEMATOLOGIA
ARTHUR DE SIQUEIRA CAVALCANTI
Este manual tem como objetivo fornecer informações aos
pacientes e seus familiares a respeito da Leucemia
Linfóide Aguda.
Sabemos que as informações médicas são cercadas, na
maior parte das vezes, por termos técnicos, difíceis e
incompreensíveis pela maioria dos usuários. Dessa forma,
esperamos que esse encarte possa esclarecer suas
dúvidas.
Qualquer comentário é muito bem vindo, seja sobre a
clareza desse manual ou sobre a omissão de alguma
informação considerada importante e pode ser enviado
através da urna de sugestões do HEMORIO ou pelo e-mail
[email protected].
O que é Leucemia?
A palavra vem do grego e significa “sangue branco”.
A leucemia ocorre quando um determinado tipo de leucócito perde a capacidade de
amadurecer e começa a se reproduzir de forma descontrolada.
Onde a leucemia tem origem?
A leucemia tem origem no local onde o sangue é produzido: a medula óssea.
Como funciona a medula óssea?
Em condições normais o sangue é produzido de forma constante, conforme as
necessidades do organismo.
Há 3 tipos principais de células no sangue:
A. Hemácias: têm a função de transportar oxigênio para todas as células do
organismo.
B. Leucócitos: têm a função de defender o organismo contra infecções.
C. Plaquetas: são células que previnem contra sangramentos anormais ou
excessivos.
O que é leucemia linfoide aguda?
É a leucemia na qual a célula leucêmica tem características (por exames de
laboratório) de linfócitos imaturos (os linfócitos são um tipo de leucócito).
É o tipo de leucemia mais frequente na criança e o mais fácil de ser tratado.
Atualmente a chance teórica de uma criança ou adolescente ficar curado da doença e
maior que 80%. Em adultos a chance de cura não é tão boa, mas o tratamento pode
levar a remissões prolongadas da doença.
O que causa a leucemia?
A medicina não sabe ao certo o que leve uma pessoa a ter leucemia, embora existam
várias hipóteses prováveis.
Sabe-se que ela não é transmitida de pessoa para pessoa e também não é hereditária,
isto é, uma pessoa não tem leucemia porque herdou de algum parente.
O que uma pessoa com leucemia pode sentir?
Geralmente os sinais e sintomas estão associados com a parada da produção do
sangue e com a infiltração de células leucêmicas em outros órgãos.
O doente pode ter febre intermitente, cansaço fácil, palidez, manchas roxas na pele,
sangramento pela boca/nariz ou sangramento vaginal fora do período menstrual, dor
nas juntas ou nos ossos.
Pode haver aumento dos gânglios (ínguas), aumento do volume da barriga por
crescimento do fígado e baço.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico, às vezes, pode ser feito através de exames de sangue habituais. Na
maioria das vezes, porém, é necessária a aspiração de material de medula óssea
(mielograma). O exame é feito com anestesia local e geralmente é bem tolerado pelos
doentes.
Os doentes, no início e durante o tratamento, têm também que fazer exames do
líquido espinhal (líquor) através de um procedimento chamado punção lombar.
Antes dos doentes serem submetidos a qualquer destes exames, o médico os
explicará mais detalhadamente.
Como é o tratamento?
O tratamento é feito através de várias medicações, que agem de forma diferente sobre
a célula leucêmica, destruindo
ª. Estas medicações são chamadas de
quimioterápicos. Elas podem ser administradas pela boca (via oral), pela veia (via
venosa) ou através da punção lombra.
O tratamento, que a maior parte do tempo é ambulatorial, dura em torno de 2 anos,
mesmo nos doentes que tem uma boa resposta inicial.
Durante todo o tratamento, devido à doença e à própria quimioterapia, os doentes
tem mais chance de ter vários tipos de infecção, algumas vezes necessitando de
internação para uso de antibióticos. Isto não significa que haja algum problema ou
que o tratamento não esteja indo bem.
No início do tratamento, que é chamado de indução, tenta-se destruir o maior número
de células leucêmicas no menor período possível. Geralmente esta fase dura em torno
de 4 semanas. Na maioria das vezes, neste período o doente permanece internado
pois tem necessidade de transfusões (sangue, plaquetas) e frequentemente pode ter
infecções que obriguem ao uso de antibióticos pela veia. No final deste período, é
esperado que a medula do doente já tenha voltado a produzir as células normais do
sangue e a pessoa possa ter alta. Geralmente nessa época é repetido o mielograma
para verificar se o doente alcançou a remissão da doença.
Diz-se que um doente está em remissão quando ele não apresenta mais nenhum sinal
ou sintoma da doença, o exame físico está normal e na medula óssea não se
identificam mais células leucêmicas. Remissão não é sinônimo de cura.
O restante do tratamento é feito basicamente em ambulatório com internações para
quimioterapia ou quando há intercorrências (geralmente infecção).
Os doentes com LLA recebem também, durante todo o tratamento, medicações
através de punções lombares. Estas medicações tem o objetivo de evitar que o doente
desenvolva um quadro de meningite leucêmica, já que as medicações dadas pela veia
não chegam em quantidade adequada ao cérebro.
Grande parte das medicações quimioterápicas são dadas pela boca (via oral). Elas
são tão importantes para tratar a doença como as outras, e o uso correto das
medicações orais é fundamental para o sucesso do tratamento.
Quem tem indicação de transplante de medula?
Na LLA na infância / adolescência, são raros os casos de indicação de transplante de
medula.
Não há indicação de transplante usando a própria medula do doente ( o chamado
auto-transplante).
Para saber se o doente tem um doador, é preciso fazer o exame de compatibilidade
(HLA). Teoricamente, só os irmãos verdadeiros, do mesmo pai e da mesma mãe,
podem ter material genético idêntico ao nosso. Por isso, apenas eles são testados se o
doente necessita de um transplante.
Há indicação de transplante de doadores aparentados (irmãos verdadeiros) nos casos
em que não há uma boa resposta inicial ao tratamento, um retorno precoce da doença
(recaída) ou em algumas outras condições particulares que serão explicadas pelo
médico, se for o caso. Se o doente tiver indicação de transplante porém não tiver um
doador familiar, será inscrito no Banco de Medula para a procura de um doador
compatível não aparentado. Pais, meio-irmãos, tios, primos, amigos, etc. não tem
indicação de serem estudados como possíveis doadores.
A maioria dos pacientes adultos tem indicação de transplante, se há um doador
familiar. O médico dará mais detalhes, pois isto varia de caso a caso.”
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Direção Geral
Clarisse Lobo
Equipe Técnica
Fernando Sellos
Vera Marra
Editoração
Marcos Monteiro
Revisado em
Julho de 2009
TOME NOTA:
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DE SAÚDE
E DEFESA CIVIL
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Leucemia Linfóide Aguda (LLA)