XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" DIFERENCIAL DE RENDA POR GÊNERO, NAS ÁREAS URBANA E RURAL, DO MERCADO DE TRABALHO INFORMAL, DO PARANÁ ADRIANE DE MATOS ALVES PEREIRA; ROSANGELA MARIA PONTILI; JANETE LEIGE LOPES; EDICLEIA LOPES DA CRUZ SOUZA. FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO (FECILCAM), CAMPO MOURAO, PR, BRASIL. [email protected] APRESENTAÇÃO ORAL REFORMA AGRÁRIA E OUTRAS POLÍTICAS DE REDUÇÃO DA POBREZA Diferencial de renda por gênero, nas áreas urbana e rural, do mercado de trabalho informal, do Paraná Grupo de Pesquisa: 10 – Reforma agrária e outras políticas de redução da pobreza Resumo A partir da década de 70, a informalidade firmou-se como coadjuvante no mercado de trabalho brasileiro. Assim, este setor de atividade passou a absorver os desempregados e as pessoas de baixa renda, com intuito de que homens e mulheres pudessem sustentar a contento suas famílias. Tendo em vista a importância da mulher neste mercado de trabalho, a presente pesquisa visa analisar a discriminação salarial, por gênero, com base na renda recebida no mercado de trabalho informal do Paraná, no ano 2003. Como base de dados utilizou-se a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, separando-se a análise de acordo com a situação do domicílio. Verificou-se, na análise de resultados, que a mulher é mais instruída que o homem, tanto na área urbana quanto na área rural. Apesar disso, ela é discriminada no mercado de trabalho informal, uma vez que recebe renda menor que o homem, mesmo quando o nível de instrução dos dois é o mesmo. Dados os resultados encontrados, propôs-se ações de combate à discriminação, por gênero, no mercado de trabalho do Paraná. Palavras-chaves: Trabalho informal, discriminação, mulher. Abstract From the 70 decade, the informality got a place as co-helper in Brazilian working market. Then this activity sector started absorbing the jobless people and the ones who had low income, aiming that men and women could improve their family supplies in a better way. Considering the important role played by the women at this kind of market, this research aims 1 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" to analyze the salary discrimination by gender, based on the income got in the informal working market in Parana, in 2003. The data were got at PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - and the analysis was done according to the situation of the home. It could be concluded that the women are more educated than the men, either in the urban or in the rural area. Even though the women are discriminated in the informal working market, they got lower wages, even when they have the same level of education as the men. For this reason, actions against the discrimination and prejudice by gender in the working market in Parana are largely pointed out in this study. Key Words: Informal working, discrimination, woman 1. INTRODUÇÃO Com o surgimento do sistema capitalista, o mercado de trabalho torna-se uma instituição fundamental para regular a economia, fazendo a ponte entre a procura por mão-deobra e a oferta de trabalho. Este mercado é o mediador do processo de negociações salariais coletivas e é de suma importância no resultado final destas negociações. Sem as negociações salariais, o crescimento econômico pode deixar de causar impacto positivo sobre a população como um todo, passando a ser benéfico somente para aqueles que tem o poder sobre o capital. Do ponto de vista macroeconômico, o mercado de trabalho ajuda a compreender a determinação do nível de demanda agregada, do produto e do emprego. Entretanto, no Brasil, uma característica marcante do mercado de trabalho é o seu alto grau de informalidade. Outra característica, diz respeito à desigualdade na distribuição de rendimentos, à flexibilidade e ao excesso de oferta de mão-de-obra. [(BLANCHARD, 2004); (DAINEZ, 2001)]. Vê-se, portanto, que o mercado de trabalho divide-se em formal e informal, fazendose necessário diferencia-los. Define-se mercado formal como sendo aquele regido por leis trabalhistas, onde o empregado possui vínculo com a previdência social e proteção do seguro desemprego e do Fundo de Garantia por tempo de Serviço - FGTS. (PINHO E VASCONCELLOS, 2004). Já no mercado informal prevalecem regras de funcionamento com um mínimo de interferência governamental. Ele é visto como uma forma de produção que não tem base no trabalho assalariado, mas sim no trabalho familiar. Neste mercado não existe acumulação e nem investimento tecnológico na atividade, por se tratar de um setor praticamente, de subsistência. Ademais o setor informal absorve os desempregados que vem do setor formal, demitidos por razão de idade avançada, sexo, condições físicas e contenção de despesas de grandes empresas, bem como pela falta de capacitação. Mesmo sem proteção legal, o trabalho informal, no Brasil, continua existindo face ao apelo social, visto que auxilia a gerência do montante dos desempregados, da economia. Sem o setor informal haveria mais violência e desmandos no país, além de mais pessoas em nível desesperador de pobreza. [(PINHO E VASCONCELLOS, 2004); (CACCIAMALLI, 1983); (THEODORO, 2002)]. Outro foco de diversos estudos econômicos diz respeito à participação da mulher no mercado de trabalho. O mercado de trabalho feminino iniciou-se na I e II Guerras Mundiais, pois os homens estavam impossibilitados de sustentarem suas famílias, por estarem no campo 2 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" de batalha ou feridos e inválidos. Assim, a mulher teve que prover o sustento próprio e de suas famílias, primeiro exercendo funções de manufaturas como crochê, bordados e etc., depois sendo absorvidas pelas fábricas, que no pós-guerra se multiplicaram. Com isso, as trabalhadoras passaram a receber salários e a terem carteira assinada. Mas, com o aumento da inserção da mulher no mercado de trabalho, aumentou a disputa por cargos no setor formal e informal, assim como a discriminação tanto de cargos, como salarial. Isto ocorre mesmo nos casos em que as mulheres têm grau de instrução superior ao homem. Apesar disso, o trabalho feminino fez com que as famílias melhorassem sua condição financeira, tirando-as da extrema pobreza e melhorando a auto-estima das mulheres. [(PROBST, 2002); (CELLA E RODRIGUES, 2004); (HOFFMAN E LEONE, 2004); (LEONE, 1999); (DOMINGUES, 2004)]. Tendo em vista o acima exposto, o objetivo deste trabalho é analisar a realidade no mercado informal, no que se refere à participação da força feminina neste setor. Pretende-se, ainda, verificar a realidade vivida por estes trabalhadores, fazendo-se comparações segundo a situação do domicílio e o sexo. Por fim, propõe-se em verificar se existe discriminação salarial, por gênero, no setor informal do Paraná. Para alcançar tais objetivos, usar-se-á os dados da PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios/2003, pois a mesma tem um conjunto de informações sobre características gerais da população, dentre elas, o trabalho e rendimento da população, para o conjunto do País, Estados e grandes regiões. A hipótese principal desta pesquisa é de que, apesar de as mulheres estarem atuantes em todas as áreas do mercado de trabalho, as mesmas não conseguiram a tão desejada igualdade profissional e igualdade salarial, inclusive no setor informal. 2. MODELO ECONOMÉTRICO, METODOLOGIA E FONTE DE DADOS Nos trabalhos já existentes sobre a análise dos fatores que influenciam a renda as variáveis mais utilizadas são: a escolaridade, a cor e raça, a idade, sexo e setor de atividade. Na pesquisa de Souza, Garcia e Pires (2004) foi feita uma análise sobre os rendimentos médios e viu-se que o ganho dos trabalhadores muda de região para região e que, na categoria de trabalhadores por conta própria, existe maior grau de desigualdade entre a população ocupada. Para Magalhães e Miranda (2005) a variável educação é a principal determinante da renda, sendo que o aumento da escolaridade eleva a renda dos trabalhadores. Além disso, comprovou-se no setor de serviços concentram-se as pessoas melhor remuneradas. Segundo estes autores, a maioria dos trabalhadores têm idade entre 18 e 45 anos, são responsáveis pela família e têm rendimentos entre um e dois salários mínimos. Na análise de Medeiros (2004) comprovou-se que os negros recebem os menores salários, quando comparados com trabalhadores brancos. Finalmente, segundo Noronha e Andrade (2004) os homens, chefes de família, são a maioria dos trabalhadores informais, sendo que possuem de rendimentos baixos e fazem longas jornadas de trabalho. Estes autores afirmam que os homens têm salário maior que as mulheres, pois as mulheres, geralmente, fazem serviços de menos complexidade, com o intuito de ajudar a renda familiar. 3 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Com base nas pesquisas acima descritas, decidiu-se o modelo econômico a ser utilizado neste estudo. Assim pretende-se verificar a influência de variáveis que afetam a renda, no mercado de trabalho informal, fazendo uso da seguinte equação: Y=f (Xc, Xm) (1) Onde: Y é a variável dependente, aqui definida como o logaritmo do rendimento por hora, obtido no mercado de trabalho informal. Xc é o vetor das características individuais da pessoa, tais como idade, escolaridade, cor ou raça e sexo. Xm é o vetor das características do mercado de trabalho, aqui definidas como o setor de atividade no qual o trabalhador está inserido. Para modelar a equação da renda obtida do mercado de trabalho, adotou-se um modelo de regressão linear múltipla, que se ocupa do estudo da dependência de uma variável, em relação a algumas variáveis explicativas. Este modelo objetiva estimar ou prever a média, ou o valor médio dependente em termos dos valores conhecidos ou fixos das variáveis explicativas. A equação deste modelo é representada a seguir: Y= α+β1X1+β2X2... +βnXn+ε (2) No modelo de regressão linear múltipla objetiva-se encontrar os parâmetros desconhecidos. Neste caso, Y é a variável dependente, ou seja, o logaritmo da renda; β1... βn são os parâmetros a serem estimados, que fornecem o efeito médio das variáveis explicativas sobre Y; X1 a Xn são as variáveis explicativas; ε é o erro aleatório e α mede a existência de uma constante que auxilia a explicação do modelo [(HILL et al., 1999); (GUJARATI, 2002)]. O método utilizado com mais freqüência em uma regressão linear múltipla é o M.Q.O. – Método dos Mínimos Quadrados Ordinários, que se tornou um dos mais populares e completos métodos de análise de regressão, por conter algumas propriedades estatísticas interessantes. Este método serve para estimar os parâmetros desconhecidos, através do princípio dos mínimos quadrados, minimizando a soma dos quadrados das diferenças entre os valores obtidos da variável dependente e seu valor esperado. Neste método existem alguns testes a serem analisados, entre eles o teste t para hipóteses individuais e o teste F para duas ou mais hipóteses. Teste t - Estudent. É um teste da hipótese ou restrição, para um único coeficiente, que analisa a variável explicativa relacionada com aquele coeficiente. É uma espécie de exame póstumo, para descobrir se a restrição linear é satisfeita depois de estimar a regressão irrestrita. Ele vai mostrar se certo coeficiente afeta ou não a variável dependente (renda), verificando a probabilidade de um parâmetro ser igual a zero (teste individual). É a hipótese de β1=0, β2=0,...,βn=0. 4 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Teste F O teste F é um método geral para testar hipóteses sobre dois ou mais parâmetros do modelo de regressão de N variáveis. Este teste analisa o nível de significância de todas as variáveis em conjunto. Se resultar em zero, significa que as variáveis utilizadas não formam um modelo que explique variações em Y. Se o resultado for diferente de zero, significa que ao menos uma variável explicativa influencia a variável dependente Y, devendo ser incluída no modelo. R2 É o coeficiente de determinação e é usado para medir a proporção da variação na variável dependente explicada por todas as variáveis aleatórias do modelo linear. Mede a capacidade previsora do modelo sobre a amostra. Ou seja, mede o grau de ajuste da equação de regressão, fornecendo a proporção ou porcentagem da variação total na variável dependente Y, explicada pelas variáveis independentes. R2 se situa entre 0 e 1 e o ajuste do modelo é tanto melhor, quanto mais próximo R2 estiver de 1. Para finalizar, é importante explicar sobre as variáveis binárias ou Dummies. Para GUJARATI (2002), são variáveis explicativas qualitativas da análise de regressão, que indicam a presença ou ausência de uma “qualidade” ou atributo, tais como homem ou mulher, branco ou negro, etc. O método para “quantificar” tais atributos é construir variáveis artificiais que tenham valores de 1 ou 0. Por exemplo, 1 pode indicar que uma pessoa é homem e 0 pode indicar que é uma mulher e assim, sucessivamente. O sinal do coeficiente associado à variável dummy indicará de que maneira o atributo em questão influencia a variável dependente. Dada a existência de variável dummy no modelo a ser estimado, o mesmo será representado da seguinte forma: Yi = α + δiDi +βiXi + ui (3) Onde: Yi é o logaritmo do rendimento anual, por hora, do trabalhador informal. α, βi e δi são os parâmetros desconhecidos. Xi é o vetor das variáveis explicativas contínuas. Di é o vetor das variáveis dummies. ui é o erro. Para fazer a análise proposta usou-se os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), que foi implantada no Brasil em 1967, que é realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Até 1970 esta pesquisa foi feita trimestralmente e, a partir de então, os levantamentos passaram a ser anuais. Os temas básicos que integram o questionário são: população, educação, trabalho, rendimento e habitação. Desde 1981, a PNAD compreende todas as regiões do Brasil, exceto a área rural da Antiga Região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima). Na PNAD, Tocantins é considerado estado da Região Norte apenas a partir de 1992, apesar de ter sido criado em 1988. 5 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" A pesquisa abrange a população residente nas unidades domiciliares (domicílios particulares e unidades de habitação em domicílios coletivos). O levantamento das características de trabalho e rendimento é feito de forma mais abrangente para as pessoas de 10 anos ou mais de idade e de forma mais restrita para as crianças de 5 a 9 anos de idade. O dia de referência da pesquisa em 2003 foi 27 de setembro. A semana de referência foi de 21 a 27 de setembro de 2003. O período de referência e de captação utilizados na classificação das características de 365 dias foi: 28 de setembro de 2002 a 27 de setembro de 2003. Os períodos de captação são intervalos de tempo utilizados na investigação de informações que devem ser consideradas para compor os resultados relativos a determinados períodos de referência. O período de captação utilizado nesta pesquisa foi o período de captação de 358 dias, que foi o período de 28 de setembro de 2002 a 20 de setembro de 2003. A agregação da semana de referência com o período de captação de 358 dias forma o período de referência de 365 dias considerado para as pessoas ocupadas. No presente trabalho selecionou-se, da PNAD/2003, somente a amostra referente ao Estado do Paraná. Desta amostra, identificou-se as pessoas que estavam trabalhando no período de captação de 365 dias, separando-as por trabalhadores do mercado formal e informal de trabalho. Destes, obteve-se uma amostra final, que representa os trabalhadores do mercado informal. A manipulação dos dados foi feita utilizando-se o Sas for Windows V8 e, objetivando-se expandir a análise para a população paranaense, os resultados foram ponderados pelo fator de expansão da amostra, da PNAD/2003. 3 ANÁLISE ESTATÍSTICA DA PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO INFORMAL A tabela 01 mostra o número de trabalhadores paranaenses, nos setores formal e informal do mercado de trabalho, segundo a situação do domicílio, o sexo e a categoria. Entre os homens, da área urbana 50,61% tinham carteira de trabalho assinada, enquanto 16,98% não o tinham. Ao mesmo tempo, 23,55% destas pessoas trabalhavam por conta-própria. Com relação às mulheres, o percentual de trabalhadoras com carteira assinada diminuiu para 47,26% e a porcentagem sem carteira aumentou para 27,17%. Observando-se os trabalhadores da área rural, vê-se que existem 63,07% de mulheres desempenhando suas atividades sem remuneração e 36,93% com remuneração. Quanto ao homem da área rural 44,02% trabalha por conta própria, enquanto 22,3% trabalham com carteira assinada. Chama a atenção a realidade da mulher, no tocante à informalidade, no mercado de trabalho, pois o número de destas sem vínculo empregatício é maior que o número de homens. Segundo Cacciamalli (1983), as causas da informalidade são para os homens, a dificuldade de se inserir no mercado formal e para as mulheres a necessidade de complementar a renda da família. 6 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" TABELA 01 – Número e percentual de trabalhadores paranaenses, formais e informais, segundo situação de domicílio, o sexo e a categoria. SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO CATEGORIA DOS TRABALHADORES Urbano Homem Nº Com carteira Rural Mulher % Nº Homem % Nº 1.143.646 50,61 885.366 47,26 111.679 Mulher % Nº % 22,3 52.170 14,21 Conta-própria 532.220 23,55 256.724 13,70 220.483 44,02 26.534 7,23 Empregador 154.917 6,85 63.220 3,37 14.497 2,89 1.732 0,47 Não remunerado 45.390 2,01 159.113 8,49 66.186 13,21 231.510 63,07 Sem carteira 383.760 16,98 508.999 27,17 88.066 17,58 55.097 15,01 Fonte: PNAD/2003. A partir de agora será analisado somente o trabalhador informal, tendo sido selecionado, para este caso os trabalhadores por conta-própria, não remunerado e sem carteira, perfazendo um total de 2.574.082 trabalhadores informais. Na figura 1 vê-se que, na área rural, é maior a concentração de trabalhadores informais do sexo masculino, que do sexo feminino (54,48 e 45,52%, respectivamente). Na área urbana a diferença entre homens e mulheres é mínima, havendo 50,97% de trabalhadores informais do sexo masculino e 49,03% do sexo feminino. Na área rural a incidência da informalidade, para o sexo masculino é maior porque se procura trabalhadores braçais, serviço de campo, onde o chefe da família exerce tal atividade, auxiliado pelos outros membros familiares. Na área urbana, a realidade é diferente, onde o homem e a mulher estão inseridos no mercado informal de trabalho, a mulher atuando, principalmente, na atividade de serviços domésticos. FIGURA 1 – Percentual de trabalhadores informais, do Paraná, segundo o sexo e a situação de domicílio. Fonte: PNAD/2003. 7 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" A tabela 02 apresenta os trabalhadores do mercado informal paranaense, segundo a situação do domicílio, sexo e a idade. O maior percentual de trabalhadores informais está situado na idade de 25 a 45 anos. Nesta idade, as pessoas estão na melhor fase de sua capacidade profissional. Isto é uma perda para o Brasil, pois estas pessoas poderiam estar inseridas no setor formal, aproveitando-se melhor sua capacidade produtiva. Este percentual, tanto na área rural, quanto na área urbana, é maior para as mulheres. Verifica-se, que com idade superior a 45 anos a inserção no mercado informal é maior do que com idade inferior a 25 anos. TABELA 02 – Número e percentual de trabalhadores informais paranaenses, segundo a situação de domicílio, o sexo e a idade. SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO GRUPO DE IDADE Urbano Homem Rural Mulher Homem Mulher Nº % Nº % Nº % Nº % 18 a 25 199.883 20,79 197.355 21,34 79.479 21,21 63.499 20,28 25 a 45 433.772 45,12 459.710 49,71 174.221 46,49 151.001 48,22 45 a 60 246.853 25,68 214.199 23,16 84.223 22,48 74.822 23,89 > 60 80.862 8,41 53.572 5,79 36.812 9,82 23.819 7,61 Fonte: PNAD/2003 Nota-se, pela tabela 03, que quanto menos garantias trabalhistas o empregado tem, mais horas de trabalho ele necessita para garantir o sustento familiar. Vê-se que a maioria dos homens, da área urbana, trabalha mais de 44 horas semanais, perfazendo um percentual de 52,50%. Por outro lado, um grande percentual de mulheres, também da área urbana, trabalha menos de 20 horas semanais (32,94%). Já entre os homens, da área rural, é ainda maior a porcentagem daqueles que trabalham mais de 44 horas semanais, enquanto 36,71% das mulheres trabalham menos de 20 horas semanais. Acredita-se que as mulheres trabalham menos horas do que os homens, porque, em geral a atividade exercida por elas é de doméstica, ou vendedora autônoma, tarefas que as mesmas conciliam com as atividades exercidas no lar, como esposa, mãe e dona de casa. TABELA 03 – Número e percentual total de trabalhadores informais paranaenses, segundo situação de domicílio, o sexo e número de horas trabalhadas por semana. 8 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO HORAS TRABALHADAS POR SEMANA Urbano Homem Mulher Nº % < 20 68.251 7,76 20 a 36 93.208 36 a 44 > 44 Rural Nº Homem % Mulher Nº % Nº % 259.359 32,94 11.347 3,07 108.627 36,71 10,60 157.827 20,05 37.637 10,19 92.255 31,17 256.119 29,13 172.566 21,92 85.570 23,17 44.434 15,69 461.559 52,50 197.550 25,09 234.761 63,57 48.614 16,43 Fonte: PNAD/2003 A figura 2 demonstra que, tanto na área rural, quanto na urbana o homem ganha mais do que a mulher, havendo uma diferença expressiva. Enquanto o homem possui uma renda média, na área rural, de R$ 427,99, para a mulher esta renda é de apenas R$ 56,68. Na área urbana o homem possui uma renda média de R$ 691,82 e a mulher de R$ 305,63. Cabe ressaltar que existe uma diferença expressiva entre a renda média da área urbana e da área rural. Comparando-se os resultados verificados nesta figura com aqueles observados na tabela 3, nota-se que as mulheres tem uma média salarial baixa, mas também exercem atividades remuneradas durante poucas horas do dia. Neste caso, é possível que o número diário de horas trabalhadas esteja influenciando em seu rendimento. Por esta razão, na análise econométrica a ser feita posteriormente, optou-se por adotar o rendimento por hora como variável dependente. FIGURA 2 – Renda Média dos trabalhadores informais paranaenses, segundo o sexo e a situação do domicílio. Fonte: PNAD/2003 9 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Segundo Probst (2002) vê-se um aumento enorme da mulher como chefe de família. Com as separações e abandono por parte do homem, a mulher assume seu papel como pai e mãe, ficando como mantenedora do lar. Na tabela 04 nota-se que a mulher sempre tem renda inferior ao homem, independente de grau de instrução. Nota-se, também, que as pessoas com mais de 11 anos de estudo, tanto na área rural, quanto na área urbana, são mais bem remuneradas. Ou seja, quanto maior a escolaridade, maior a renda auferida no trabalho. Na área rural vê-se que a mulher continua sendo discriminada, pois seu salário é muito baixo, independente do seu grau de instrução. Isto acontece tanto em relação às mulheres da área urbana, quanto em relação aos homens da área rural. TABELA 04 – Renda média dos trabalhadores informais paranaenses, segundo a situação de domicílio, o sexo e a escolaridade. SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO NÚMERO DEANOS DE ESTUDO Urbano Rural Homem Mulher Homem Mulher Renda Média Renda Média Renda Média Renda Média S/ instrução 241,52 126,27 274,79 76,29 1a4 465,12 190,74 431,40 43,02 5a8 566,94 244,02 441,47 74,71 9 a 11 758,84 347,95 495,83 52,48 > 11 1.728,94 745,90 721,97 76,40 FONTE: PNAD/2003 Comparando-se a renda média de acordo com a situação do domicílio vê-se que a mulher da área urbana, com mais de 11 anos de estudo, possui uma renda média dez vezes maior que a mulher na área rural. Na área rural, sempre os salários são menores, excetuandose a categoria sem instrução, onde o trabalhador rural do sexo masculino ganha mais que o homem da área urbana. Por outro lado, o homem da área rural, com mais de 11 anos de estudo, ganha R$ 721,97 enquanto o morador da zona urbana recebe, em média, R$ 1.728,94. Segundo Cella e Rodrigues (2004) apesar de as mulheres apresentarem maior nível de instrução e as mesmas condições de trabalho que os homens, seus salários continuam menores. A justificativa para isso é que as mulheres se concentram no mercado informal e em serviços que tem características tipicamente precárias. A tabela 05 mostra que a renda média obtida no mercado de trabalho informal, da área rural, é maior nos setores de atividade pública e de serviços, para o trabalhador do sexo 10 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" masculino. Para o sexo feminino, as rendas maiores concentram-se nas atividades de serviço e social. Na área urbana, tanto para o sexo masculino, quanto para o feminino, as maiores rendas concentram-se na categoria outros setores de atividade, assim como nos setores público e social. Mantendo-se o padrão observado nas outras tabelas, os trabalhadores do sexo masculino continuam com salários maiores do que as trabalhadoras do sexo feminino. Vê-se, ainda, que o setor agrícola é o que percebe salários menores, no mercado de trabalho informal, à exceção dos homens, da área rural, para os quais, os piores salários são obtidos em outros setores de atividades. TABELA 05 – Valor total da renda média dos trabalhadores informais paranaenses, segundo situação de domicílio por setor de atividade. SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO SETOR DE ATIVIDADE Urbano Rural Homem Mulher Homem Mulher Renda Média Renda Média Renda Média Renda Média Agrícola 281,21 20,39 399,23 39,80 Comércio 730,40 340,24 660,48 103,26 Construção Civil 443,23 155,70 366,84 - Doméstico 184,00 202,27 357,36 158,95 Indústria 758,07 276,68 310,77 179,57 Outros 1.285,19 690,97 201,10 215,00 Público 1.051,60 722,99 1.004,88 - Serviços 958,72 466,87 1.246,78 241,29 Social 1.045,70 602,14 745,00 234,64 Fonte: PNAD/2003 A tabela 06 mostra que o homem é o maior colaborador na renda familiar, tanto na área rural quanto na urbana, mas a mulher também colabora com esta renda. Isto porque, a maioria dos homens contribui com mais de 50% da renda familiar. Já a maioria das mulheres da área urbana participa com menos de 25% da renda familiar. 11 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" TABELA 06 – Número e percentual da participação da renda pessoal na renda familiar dos trabalhadores informais paranaenses, segundo situação de domicílio. SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO PARTICIPAÇÃ O DA RENDA (%) Urbano Homem Nº Rural Mulher % Nº Homem % Nº Mulher % Nº % < 25 25 a 50 174.083 20,18 420.010 54,19 101.269 27,96 248.872 86,90 234.590 27,19 239.337 30,88 70.174 19,38 23.228 8,11 50 a 75 > 75 178.520 20,69 275.640 31,95 46.772 69.012 6,03 8,90 43.128 11,91 147.608 40,76 6.691 7,595 2,34 2,65 Fonte: PNAD/2003 4 ANÁLISE ECONOMÉTRICA DA PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO MERCADO INFORMAL A tabela 07 mostra os resultados econométricos da equação do logaritmo do rendimento por hora, recebido no mercado de trabalho informal, do Paraná. Nota-se que, a partir do teste F, as variáveis explicativas, em conjunto, tanto na área urbana, quanto na área rural, são altamente significativas em relação a variável dependente. Mas quando analisados individualmente, há uma variação no nível de significância, de um coeficiente para outro. O R2 , que é o coeficiente de determinação, indica que as variáveis explicativas escolhidas para a análise explicam 41% das possíveis mudanças na variável dependente (logaritmo do rendimento por hora no mercado de trabalho informal paranaense), para a área rural e 28% para a área urbana. Quanto à idade dos trabalhadores, nota-se que quanto maior a idade das pessoas, tanto na área rural, quanto na urbana, maior a renda obtida no mercado informal. Comparando-se com a tabela 02, vê-se que na idade de 25 a 45 anos, que é a fase de maior capacidade profissional de uma pessoa, os trabalhadores recebem maiores salários neste período. Entretanto, depois dos 45 anos, esta renda tende a reduzir-se, sendo que este percentual é maior na área rural para homens e na área urbana para mulheres. Dentre as características da pessoa, o coeficiente da variável sexo foi significativo, tendo sinal positivo. Logo, a mulher ganha menos que o homem, tanto na área urbana, quanto na rural, havendo uma diferença expressiva. Na variável referente a anos de estudo, o coeficiente foi positivo, mostrando que quanto maior o grau de instrução, maior a renda recebida no mercado de trabalho. Ou seja, quando se tem mais instrução, surgem mais oportunidades dentro do mercado de trabalho e a possibilidade de auferir maiores rendimentos. Entretanto, este coeficiente foi maior na regressão para a área urbana. Talvez isto seja explicado pelas características peculiares a cada mercado de trabalho. Por exemplo, na área rural as atividades a serem desenvolvidas são, tipicamente, de lavrar a terra, plantar e colher, independente de a pessoa ser bem escolarizada, 12 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ou não. Já na área urbana, existem diversos profissionais que prestam serviço por contaprópria e são bem escolarizados. Este seria o caso do eletricista, de alguns advogados, jornalistas, etc. Com relação à cor ou raça a variável parda teve o coeficiente significativo na regressão para a zona urbana e, comparando-se com os profissionais de cor branca, estas pessoas ganham menores rendimentos. Os coeficientes das cores preta, amarela e indígena apresentaram o sinal esperado, em comparação à cor branca, mas não foram significativos, ao nível de 10%. Não tem valor para a cor amarela da área rural, porque na pesquisa da PNAD/2003 não houve nenhum trabalhador que se declarou oriental. Nas características do setor de atividade, exclui-se, para fins de comparação, o setor agrícola. Neste caso, todas as variáveis foram significativas, com maior ou menor importância. Em função do sinal positivo do coeficiente, pode-se dizer que todos os setores têm remuneração maior que o setor agrícola, tanto na área rural, quanto na urbana. Além do acima exposto, pode-se afirmar que no setor social, da área urbana, obtêm-se os maiores rendimentos, em função do tamanho do seu coeficiente. Talvez porque neste setor se concentram os médicos, dentistas e etc.. Já na zona urbana, os maiores rendimentos são auferidos pelos trabalhadores do setor público. TABELA 07 – Estimativa dos coeficientes para a equação do logaritmo do rendimento por hora recebido nas áreas urbana e rural, do mercado de trabalho informal, do Paraná - 2003. Variáveis Intercepto Urbano Rural Coeficiente Teste t Coeficiente Teste t -0,492 -5,36* -0,517 -4,19* Características Pessoais Idade 0,014 9,81* 0,017 7,78* Anos de Estudo 0,064 12,78* 0,019 2,12** Sexo 0,698 16,77* 1,308 24,27* Preta -0,068 -0,68 -0,092 -0,42 Amarela -0,173 -0,90 - - Parda -0,169 -4,05* -0,054 -0,86 Indígena 0,349 1,02 -1,857 -2,34** Setores de Atividade Indústria 1,033 14,50* 1,296 6,73* Construção Civil 0,805 11,55* 0,359 2,20** 13 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Comércio 1,019 16,50* 0,758 3,76* Serviços 1,146 15,44* 1,066 5,53* Público 1,232 8,18* 1,538 3,88* Social 1,440 18,62* 1,459 4,27* Domésticos 1,196 17,84* 0,976 7,53* Outros 1,377 14,99* 0,532 1,48 Teste F 92,53* 59,33* 0,279 0,410 R2 Número de Observações 3587 1207 Fonte: resultados da pesquisa. * denota significância ao nível de 1%, ** denota significância ao nível 5%. Dado que existe um diferencial de renda, pôr gênero, no mercado de trabalho informal, do Paraná, optou-se por fazer uma análise mais detalhada da variável sexo. Para encontrar o valor da constante, nas equações descritas abaixo, foi montada a equação completa com todos os coeficientes da análise de regressão, multiplicados pelo valor médio da variável de interesse. Também se escolheu a variável referente a anos de estudo para ser colocada no eixo horizontal porque, na regressão, esta variável foi significativa. Assim, é possível verificar a existência de diferenças por gênero nos casos em que o homem e a mulher têm a mesma escolaridade. As equações finais, com as quais foram elaborados os gráficos, estão descritas a seguir. Equações para área urbana Homem Renda = 1,643966+0,06446*anos de estudo (4) Mulher Renda = 0,950406+0,06446*anos de estudo (5) Equações para área rural Homem Renda = 1,564682+0,01919*anos de estudo (6) 14 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Mulher Renda = 0,256982+0,01919*anos de estudo (7) O painel (a), da figura 3, mostra o gráfico resultante das equações 4 e 5. No painel (b) tem-se os resultados para as equações 6 e 7. A inclinação da reta confirma que, quanto maior o número de anos de estudo, maior a renda obtida no mercado de trabalho informal, tanto na área rural, quanto na área urbana. Percebe-se, também, que a mulher sempre ganha menos que o homem, em todas as faixas de escolaridade observadas. Por exemplo, uma pessoa com 11 anos de estudo teria escolaridade correspondente ao ensino médio completo. Neste caso, o logaritmo do rendimento por hora é 2,35 para homem e 1,66 para mulher, residentes na área urbana. Isto demonstra que a mulher ganha 70% da renda obtida pelo homem. Na área rural a realidade é ainda pior, pois mulher ganha apenas 26% desta renda. Maldaner, Staduto e Wadi (2005) mostraram que as mulheres ganham menos que os homens, no decorrer de toda sua idade ativa e, na velhice, ganham menos ainda. Além disso, as trabalhadoras adoecem e estressam-se mais que os homens, sofrendo com a discriminação no decorrer de toda sua existência. Sua atividade é caracterizada por um trabalho marginal e duro, mal remunerado, de dupla ou até tripla jornada de trabalho, para ajudar no sustento de sua família. A presente pesquisa comprova que a discriminação contra as mulheres repete-se em todas as áreas de trabalho inclusive no setor informal. A mulher sempre recebe um salário menor que o homem, independente de sua capacitação e da sua idade. Martins (2005) mostrou, em sua pesquisa, que as mulheres são mais capacitadas que os homens e, apesar de terem mais anos de estudo, não são valorizadas no mercado de trabalho. Isto reforça o caráter preconceituoso da sociedade atual. No trabalho de Reis (2005) foi comprovado que as mulheres tem mais anos de estudo que os homens, provavelmente porque os homens começam a trabalhar antes que as mulheres, o que muitas vezes não os deixam continuar os estudos. FIGURA 3 – Inclinação da reta da equação do logaritmo do rendimento por hora, do mercado de trabalho informal, do Paraná. Log rendim ent o por hora Urbano hom em m ulher Log ren dim ent o por hora Rural hom em m ulher 6 3,6 5 3 4 2,4 3 1,8 2 1,2 1 0,6 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Anos de estudo 0 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 Anos de estudo 15 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" Fonte: Resultados da pesquisa. 5. CONCLUSÕES Esta pesquisa teve por finalidade estudar a participação da mulher no mercado de trabalho informal paranaense. Mais especificamente objetivou-se verificar se as diferenças salariais, pôr gênero, confirmam-se no mercado de trabalho informal do Paraná. Para tanto, usou-se o modelo econométrico de regressão linear múltipla, tendo o logaritmo do rendimento por hora como variável dependente. Além disso, a fonte dados utilizada foi a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do ano 2003. Nas análises efetuadas no modelo econométrico, verificou-se que, quanto maior a idade, maior a renda no setor informal, especialmente até a fase de maior produtividade, entre 25 e 45 anos, nas zonas urbana e rural. Para que haja uma melhoria nas condições de vida destes trabalhadores, sugere-se que o mercado formal deverá inseri-los, para que os mesmos tenham garantia de seus direitos trabalhistas, ao longo de sua vida produtiva. Viu-se ainda, que quanto menores as garantias trabalhistas, mais os trabalhadores têm que aumentar sua jornada de trabalho, para conseguir sustentar suas famílias. Tal fato foi comprovado porque a maioria dos trabalhadores informais do Paraná cumpre uma jornada superior a quarenta horas semanais, tanto na área urbana, quanto na área rural. Estas pessoas precisam de um ou mais empregos, ou fontes de renda, para se manterem, geralmente em condições precárias e sem seguridade social. Com relação à cor ou raça, somente o coeficiente da variável parda foi significativo comprovando-se que estes trabalhadores são menos remunerados que os brancos, independente de seu local de moradia. As cores pretas, amarela e indígena, apesar de apresentarem os sinais esperados, não foram significativas. Para amenizar a disparidade entre pardos e brancos vê-se a necessidade de que haja maior incentivo na qualificação profissional dos trabalhadores da cor parda, para assim poderem disputar melhores colocações no mercado de trabalho, conseqüentemente, sendo melhor remunerados. No tocante à variável setor de atividade, usou-se para fim de comparação o setor agrícola e comprovou-se que os trabalhadores deste setor são sempre menos remunerados, tanto na área rural, quanto na urbana. O setor melhor remunerado foi o social, visto que nele se concentram os profissionais liberais como médicos dentistas e etc. Vê-se, portanto, que políticas voltadas para proteger os trabalhadores agrícolas ainda são necessárias. De modo especial, sugere-se a manutenção de subsídios para a agricultura familiar. O coeficiente da variável anos de estudo foi positivo e significativo, demonstrando que, quanto maior o grau de instrução, maior a renda recebida no mercado informal de trabalho. Além disso, os trabalhadores da área urbana são mais capacitados e instruídos, visto que têm mais oportunidade de aprendizado. Para que os trabalhadores da área rural tivessem mais acesso a escolaridade, deveriam ser disponibilizadas, na área rural, mais escolas, cursos 16 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" profissionalizantes específicos para a atividade agrícola e cursos direcionados, principalmente, para a mulher, visto que são as que obtêm menores rendimentos. Com relação ao sexo, viu-se que, nas duas situações de domicílio, a mulher ganha menos que o homem. Poder-se-ia acreditar que isto ocorra porque ela exerce atividades menos complexas, sendo menos especializadas, por atuarem em áreas precárias. Assim, a trabalhadora não conseguiria se inserir no mercado de trabalho formal, por não ter experiência e preparação adequada. Estas trabalhadoras seriam, então, meras colaboradoras da renda familiar. Entretanto, este trabalho comprovou que, mesmo quando tem o mesmo nível de escolaridade que o homem, a mulher recebe uma remuneração que corresponde a 70% da renda masculina na área urbana e 26% na zona rural. Ou seja, a discriminação, em relação a mulher, no mercado de trabalho informal paranaense, ocorre independente do grau de instrução e da cor ou raça, em todas as idades e setores de atividade. Para amenizar o problema da segregação, por gênero, no mercado de trabalho paranaense, os governantes deveriam criar mecanismos de proteção ao trabalho feminino, valorizando e incentivando a contratação de mulheres para o mercado formal. Além do mais, deveriam ser criadas políticas públicas de combate à discriminação, de qualquer espécie, em todas as camadas sociais. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BLANCHARD, O. Macroeconomia: Teoria e Política. Rio de Janeiro: Campus, 2.ed., 2001. CACCIAMALI, M. C. Setor Informal Urbano e formas de participação na produção. 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Rio de Janeiro, 2003. 17 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" LEONE, E. T. Renda familiar e trabalho da mulher na região metropolitana de São Paulo nos anos 80 e 90, Campinas: Unicamp, 1999. 12 p. (Texto para discussão n. 81). MAGALHÃES, J. C. R; MIRANDA, R. B. Dinâmica da renda, longevidade e educação nos municípios brasileiros. Brasília: IPEA, 2005. 49 p. (Texto para discussão, n. 1098). MALDANER, I. de S.; STADUTO, J. A. R.; WADI, Y. M. Diferenças salariais por gênero no mercado de trabalho paranaense. In: Encontro de economia paranaense, 2005, Toledo. Anais... Toledo: IV ECOPAR/UNIOESTE, 2005 – CD-Room. MARTINS, M. A. Verificação da influência da escolaridade na renda. Campo Mourão, 2005, 78p. Monografia (Graduação) – Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, Universidade Estadual do Paraná (FECILCAM/UNESPAR). MEDEIROS, M. As oportunidades de ser rico por meio do trabalho estão abertas a todos? Brasília: IPEA, 2004. 25 p. (Texto para discussão, n. 1026). NORONHA, K. V. M. de S; ANDRADE, M. V. A importância da saúde como um dos determinantes da distribuição de rendimentos e pobreza no Brasil. In: XXXII Encontro Nacional de Economia, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: ANPEC, 2004. PINHO, Diva Benevides; VASCONCELOS Marco Antonio Sandoval de (ORG.). Manual de Economia. São Paulo: Saraiva, 4.ed., 2004. p. 381-387. PROBST, A. Mercado de Trabalho da Mulher. Campinas: UNICAMP, 2002. 20p. REIS, M. Infra-estrutura escolar x características da família: qual a sua influência sobre a escolaridade da população paranaense? Campo Mourão, 2005, 45p. Monografia (Graduação) – Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão, Universidade Estadual do Paraná (FECILCAM/UNESPAR). SOUZA, R. C; GARCIA, F; PIRES, J. O. Os efeitos da evolução da produtividade total de fatores sobre a dinâmica da distribuição da renda. Belo Horizonte: ANPEC, 2004. 14 p. THEODORO, M. O Estado e os diferentes enfoques sobre o informal. Brasília: IPEA, 2002. 21 p. (Texto para discussão n. 919). 18 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural XLV CONGRESSO DA SOBER "Conhecimentos para Agricultura do Futuro" ANEXO I TABELA 08 – Média e desvio padrão das variáveis a serem utilizadas nas regressões da equação do rendimento por hora, recebido no mercado de trabalho informal, do Paraná 2003. Variáveis Urbano Rural Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão Renda 451,07 18.459,44 253,46 11.619,37 Rendimento por hora 12,17 623,28 6,26 257,87 Logaritmo do rendimento por hora 1,74 27,38 1,06 27,53 Idade 38,54 306,22 39,30 325,17 Anos de Estudo 6,85 96,06 4,73 79,44 Sexo 0,50 11,35 0,54 11,81 Branca 0,71 10,25 0,74 10,45 Preta 0,03 3,91 0,02 2,93 Amarela 0,01 2,03 - - Parda 0,24 9,75 0,25 10,23 Indígena 0,002 1,13 0,001 0,79 Agrícola 0,15 8,00 0,86 8,27 Indústria 0,11 7,01 0,02 3,18 Construção Civil 0,13 7,53 0,03 3,87 Comércio 0,21 9,22 0,02 3,05 Serviços 0,09 6,61 0,02 3,18 Público 0,01 2,74 0,004 1,55 Social 0,10 6,67 0,007 1,92 Doméstico 0,16 8,23 0,045 4,90 Outros 0,06 5,19 0,005 1,70 Fonte: Resultados da pesquisa. 19 Londrina, 22 a 25 de julho de 2007, Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural