Pólo de Gemas e Jóias do Estado do Mato Grosso • CUIABÁ E VÁRZEA GRANDE ANTECEDENTES O atual estágio do conhecimento geológico nacional dá conta de que o Estado constitui-se em uma importante província mineral, notadamente de ouro, diamantes (Juína) e quartzo. Foram encontradas, mais recentemente, reservas de ametista e turmalina na bacia do Rio Manso. No entanto, Mato Grosso não possui informações sistematizadas e atualizadas, dos diversos elos da cadeia produtiva, que lhe permita planejar e implementar um plano de ação objetivando fortalecer essas atividades no Estado. Assim, o governo estadual, via Secretarias de Indústria, Comércio e Mineração e do Trabalho, Emprego e Desenvolvimento Social, juntamente com o SEBRAE, vêm buscando levantar informações e colher subsídios, com o objetivo de desenvolver um Pólo de Gemas e Jóias. No final de 2004, o SEBRAE promoveu um evento na área de gemologia, que tratou, mais especi.camente, dos aspectos relativos à mineração e à extração. Ainda em 2004 o IBGM foi visitado por representantes da SICME/MT, oportunidade em que foram informados sobre o Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de Gemas e Jóias e os trabalhos que estavam sendo realizados nos principais Pólos e em alguns Arranjos Produtivos Locais, além dos mecanismos de apoio que o governo federal tem utilizado para estimular essas iniciativas. A partir de então, a Secretaria tem estado presente nas reuniões do Fórum e trabalhado em conjunto com outros parceiros nas atividades preliminares para criar e desenvolver um pólo no Estado. SITUAÇÃO ATUAL No corrente ano, representantes da SICME e do SEBRAE/MT visitaram a FENINJER, ocasião que mantiveram contatos com empresários e realizaram reunião com o MDIC e o IBGM, quando informaram das iniciativas em curso, em particular da pesquisa junto à cadeia produtiva. Para tanto, foi contratado o IEL/MT, que desenvolveu estudo intitulado Levantamento Técnico dos Agentes Produtivos e da Cadeia de Gemas e Jóias de Cuiabá e Várzea Grande. Este trabalho identi.cou os lapidadores, ourives, designers e joalheiros, formais e informais, destes dois municípios. A relação das empresas a serem objeto da pesquisa foi fornecida pelo SINDIMINÉRIOS, entidade de classe regional. Foram realizadas 73 entrevistas, 90% delas, efetuadas em Cuiabá, e 10% na cidade vizinha de Várzea Grande. A amostra do estudo revelou a existência de 45 empresas formais e 28 informais. A maioria delas (62%) é constituída por micro empresas que possuem até cinco funcionários, sendo que 60% deles não são registrados. A matéria-prima (ouro, prata e pedras coradas), utilizada na fabricação das mercadorias, é, notadamente, originária dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e do próprio Mato Grosso. O documento registrou que as principais linhas de produção são: alianças (64%) e anéis (43,84%), seguidas de correntes e braceletes. Importante aspecto assinalado na pesquisa é que cerca de 85% das empresas nunca receberam assessoria técnica ou tecnológica de nenhum órgão ou entidade de ensino, pesquisa e fomento. A realização de cópias das peças de terceiros é uma prática comum na região, registrada em 62% dos entrevistados. As vendas das empresas pesquisadas destinam-se, basicamente, para o mercado local/regional, sendo realizadas diretamente nas próprias lojas e/ou nas unidades fabris. Entrevistas realizadas diretamente pelo IBGM para o presente trabalho evidenciaram que apenas dois ou três designers e uma empresa de maior porte e tradição fornecem mercadorias para outros mercados, além do de Cuiabá. Esta empresa opera no mercado de diamantes, há mais de 50 anos, realizando atividades de garimpo e lapidação de diamantes assim como de produção e comercialização de jóias. Possui ainda, lojas nos municípios de Cuiabá, Campo Grande e São Paulo. Das unidades pesquisadas pelo IEL, 88% não participam de nenhuma associação e/ou entidade de classe, sendo que 93% desconhecem qualquer mecanismo de incentivo ao Setor. Além do SINDIMINÉRIOS, existe, também no Estado, o Sindicato dos Garimpeiros, que possui uma longa experiência na área de extração mineral. Tais constatações da pesquisa fornecem o claro entendimento de uma atuação isolada da maioria das empresas, caracterizando uma relação fragmentada do Setor de Gemas e Jóias, com frágil atividade associativista, agravada pelo desconhecimento de informações de mercado e da atuação dos órgãos de ensino, pesquisa e fomento. PERSPECTIVAS A SICME, juntamente com a Companhia Mato-grossense de Mineração (METAMAT) pretendem realizar um abrangente diagnóstico do Setor Mineral, com vista a melhor caracterizar as províncias e suas potencialidades, identi.cando áreas e processos produtivos mais adequados para sua exploração, inclusive, buscando avaliar as exigências dos órgãos responsáveis pelos aspectos ambientais e as repercussões dos processos de lavra. Neste sentido, pretendem buscar a parceria do Ministério de Minas e Energia e dos seus órgãos vinculados (DNPM e CPRM). No que se refere ao diamante, além da exploração em Juína, cabe ressaltar o recente investimento realizado na Chapada dos Guimarães – localizada a 80 km de Cuiabá – pela empresa australiana Elkedra que, até o .nal de 2005, estará produzindo cerca de 30 mil quilates/ano. A empresa tem planos de, no médio prazo, elevar sua capacidade produtiva para 100 mil quilates/ano. Paralelamente, a mencionada SICME está determinada em realizar ações concretas no Setor de Gemas e Jóias. Para tanto, no corrente exercício, alocou recursos em seu orçamento, com o objetivo de realmente criar condições que permitam estruturar um projeto de apoio setorial visando à sua modernização e ao aumento de sua competitividade. A Secretaria de Emprego e Salário e o SEBRAE/MT também estão comprometidos com esta iniciativa. No momento, as secretarias de Estado e o SEBRAE estão examinando e definindo as ações estratégicas a serem adotadas. Neste sentido, consideram que, associado à grande potencialidade das reservas minerais, há um efetivo dinamismo de atividades regionais de turismo, que poderão favorecer o desenvolvimento e a integração dessas atividades pela melhor exploração de subprodutos de matérias regionais, associada a projetos turísticos regionais e ecológico-ambientais. Para tanto, a implementação de um projeto SEBRAE/GEOR, abrangendo conjunto de ações prioritárias, está sendo devidamente considerado. Neste sentido, há o interesse da SICME em conhecer o Pólo de Gemas e Jóias do Pará, por representar iniciativa bem-sucedida, por possuir uma governança devidamente estruturada e pelas condições da cadeia produtiva de gemas e jóias dos Estados do Pará e do Mato Grosso guardarem similaridades. De imediato, a Secretaria pretende levar, ao governador do Estado, os resultados da citada pesquisa, além de proposta no sentido de adequar a carga tributária reduzindo as alíquotas do ICMS para gemas e jóias, como mecanismos de estímulo. Pretendem, também, incentivar a criação de uma associação do setor produtivo envolvendo os diversos agentes para constituir-se em interlocutor junto ao governo na formulação e execução das políticas e ações de desenvolvimento do Setor em Mato Grosso.