Avaliação de diferentes condições de secagem na
qualidade do guaco (Mikania glomerata).
PAQUELIN, M. C.¹ ; BIANCHINI, R. F.²
Ciências Agrárias/AGRONOMIA
¹ Acadêmico do curso de Agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina. [email protected]
² Engª Agrª Msc. Professora e Coordenadora do Curso de Agronomia da Universidade do Sul de Santa Catarina,
Campus Tubarão. [email protected]
Introdução
A utilização destas plantas como medicamento provavelmente seja tão antiga quanto o aparecimento do
próprio homem. As plantas adquiriram fundamental importância na medicina popular pelas suas propriedades
terapêuticas ou tóxicas. Estima-se que das 250 mil espécies de plantas existentes no globo, 35 mil a 70 mil
espécies têm sido usadas com intuito medicinal em algum país segundo o Centro Internacional do Comércio.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial faz uso de
algum tipo de planta na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. Desse total, pelo
menos 30% deu-se por indicação médica. A utilização de plantas medicinais, prática tradicional ainda existente
entre os povos de todo o mundo, tem recebido incentivos da própria OMS. São muitos os fatores que vêm
colaborando para o desenvolvimento de práticas de saúde que incluam plantas medicinais, principalmente
econômicos e sociais (CORRÊA et al., 2000). O Guaco (Mikania glomerata), pertencente à família Asteraceae,
é subarbusto trepador de ramos lenhosos, originário do Brasil, habitando comumente deste o sul da Bahia até
o Rio Grande do Sul, assim como Argentina e Uruguai. Só no Brasil existe cerca de 200 espécies de Mikania
aproximadamente, no qual muitas com composição química semelhante a M. glomerata dificultando a sua
identificação (MAGALHÃES, 1998; Benjamin Gilbert; José Pinto Ferreira; Luicio Ferreira Alves, 2005). As
partes utilizadas na preparação de infusos ou soluções charoposas populares são as folhas, onde se encontra
a cumarina, seus principais componentes fármacoativos. Entre seus principais componentes químicos se
destacam as cumarinas, os diterpenoides, os fenilpropanoides, outros derivados aromáticos, os triterpenoides
e esteróides, os componentes voláteis entre outros. Suas propriedades terapêuticas agem como
broncodilatadoras, anti-sépticas, expectorante, antiasmáticas, febrífugo, sudorífico, anti-reumático, cicatrizante,
analgésico e etc. Indicado também para a prevenção e tratamento da asma, devido às propriedades broncodilatadoras e como descongestionante das vias respiratórias. Também é indicado para picada de cobra e
inseto. Geralmente é ingerido sob forma de chá ou xarope. Uma pesquisa coordenada por Vera Lúcia Garcia
Rehder, no Centro Pluridisciplinar de Pesquisa Química, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp), comprovado o efeito do guaco contra o câncer, úlcera e afecção por
microrganismo e prevenção de cáries e das placas bacterianas. Entre os usos medicinais descritos em
famacopéias se destacam as atividades bronco-pulmonar, analgésica, antimicrobiana, antiinflamatória e
antineoplásica. A Cumarina possui odor característico amplamente utilizado como aromatizante em alimentos
industrializados. “Atualmente, pelas vantagens de seu odor acentuado, estabilidade e baixo custo, continua a
ser amplamente utilizada nas indústrias de produtos de limpeza e cosméticos (KUSTER E ROCHA, 1999).”
Resultados
Tabela - Porcentagem de cumarina nas amostras e na matéria seca de guaco (MIkania glomerata)
submetidas a diferentes temperaturas de secagem. Tubarão Unisul, 2007-2008.
Para efeito de analise estatística os dados relativos à porcentagem foram transformados em arco
seno da raiz quadrada de x. Os valores obtidos em cada coluna, seguidos pela mesma letra, não
diferem entre si ao nível de 5% pelo teste Tukey.
Na tabela observou-se que a % média de cumarina nas amostras apresentou uma diferença
positiva na amostra T4, se comparada com as outras amostras, que as análises estatísticas
mostraram que não se diferem entre si.
Já na % de cumarina da matéria seca observa-se que a amostras T4 e T2 diferem entre si
positivamente em relação as demais que são estatisticamente iguais.
Fotos:
1) Estufa com circulação de ar
2) Guaco (Mikania glomerata)
Objetivos
Avaliar o uso de temperaturas mais elevadas para a secagem do guaco como forma a reduzir o tempo gasto
com secagem, melhorar a eficiência de utilização dos secadores e reduzir os custos de operação sem
prejudicar a qualidade
Metodologia
Com o presente trabalho objetivou-se avaliar as curvas de secagem das folhas de guaco “Mikania glomerata”.
As plantas foram produzidas, devidamente identificadas e cultivadas no viveiro do Centro de Treinamento da
Epagri de Tubarão e produtores da região, com as práticas culturais adequadas e adubação orgânica. Foi
utilizada a estrutura da horta do Curso de Agronomia, bem como os Laboratórios de Bromatologia e de
Farmacologia no desenvolvimento deste trabalho. A parte utilizada neste experimento foram as folhas de onde
se extrai a cumarina, seu principal componente farmacoativo. As folhas foram coletadas no dia 17 de setembro
de 2007 e levadas para unidade da horta do Curso de Agronomia de Tubarão. Picadas com tesoura, pesadas e
armazenadas em embalagens de papel pardo, e levadas a estufa de secagem com circulação de ar onde
foram submetidas a temperaturas de 50, 60 e 80°C, com duas repedições, colocando em media 100g de
amostra em cada saco. O tempo das amostras nas estufas variaram, até chegarem ao peso constante. Após
isto, as amostras secas foram trituradas, identificadas e armazenadas em embalagens plásticas. As amostras
foram levadas ao Laboratório de Farmacologia onde foram feitos as análises de Umidade Relativa das
Amostras e as análises de extração de cumarina. O padrão de cumarina utilizado tinha solução contendo 0,004
ml de cumarina. Das soluções obtidas foram injetados 50 microlitros no Comatógrafo Liquido de Alta Eficiência
(CLAE) com fase móvel de 40% acetonitrila e 60% água que analisa a quantidade de principio ativo das
amostras. Foram utilizados três repetições de análises para cada solução objetivando ter mais precisão nos
cálculos que indicaram a % de cumarina nas amostras e na matéria seca. A análise de variância estatística do
experimento foi realizada em blocos ao acaso utilizando-se análise de regressão obtida através do Sistema
Integrado de aplicações para a análise de dados The SAS System.
Conclusões
O uso de altas temperaturas no processo de secagem do guaco acarretou resultados positivos,
pois agiliza o processo de secagem, reduz custo além de aumentar a taxa de utilização deste
secador. A temperatura de 80°C por um tempo de 4 horas teve uma melhor resposta
correspondente à conservação de cumarina. A amostra T4 apresentou melhor conservação da
cumarina em suas folhas submetidas ao procedimento de secagem e analises estatística.
Verificou-se que a secagem em menor tempo a temperatura mais alta foi eficiente e sem afetar a
composição de cumarina, assim como na pesquisa de Ronicely onde os melhores resultados foram
em temperaturas mais elevadas. Muito pouco se sabe sobre os efeitos da temperatura e umidade
do ar de secagem na qualidade dos princípios ativos de plantas medicinais, durante o préprocessamento. Onde há necessidade de aprofundar os estudos sobre estes efeitos e ver a
interferência na concentração de outros princípios ativos. Isto nos leva para um mundo de
pesquisas que ainda podem ser feitas para o maior entendimento da influencia dos efeitos da
temperatura e umidade do ar na concentração dos diferentes princípios ativos de plantas
medicinais e aromáticas que possuem um nicho de mercado significativo com um grande potencial
a ser explorado.
Bibliografia
Monografia de plantas medicinais brasileiras e aclimatadas / Benjamin Gilbert; José Pinto Ferreira;
Luicio Ferreira Alves – Curitiba: Abifito, 2005
Ronicely Pereira Rocha / Monografia - AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE SECAGEM E
PRODUÇAO DE ÓLEO ESSENCIAL DE GUACO / UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - 2002
Sites:
http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A20unicampcomprova.htm acessado em 4/06/2008
http://apl.unisuam.edu.br/augustus/download/23/ArtigoTatiana.pdf acessado em 15/06/2008
http://educar.sc.usp.br/biologia/prociencias/medicinais.html acessado em 05/07/2008
http://www.faced.ufba.br/~dacn/planta.htm acessado em 07/07/2008
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