I Workshop InfoSucro
Impactos Econômicos e Tecnológicos da
Indústria Sucroalcooleira no Brasil
O SETOR SUCRO-ALCOOLEIRO
LIBERALIZADO: UMA ANÁLISE A PARTIR
DA DINÂMICA DOS PREÇOS
Hugo Pedro Boff – IE/UFRJ
Iraci Matos Vasconcellos - InfoSucro
28 de Novembro de 2008
OBJETIVO
Fazer uma análise dos preços do setor
sucro-alcooleiro a partir da liberalização
completa do setor
Para isso, avaliamos:
1) A dinâmica dos preços relativos em ATR no período
após a liberalização
2) A validade do Princípio do Preço Equivalente
perseguido durante o período de intervenção estatal
3) A formação do preço do álcool combustível no
mercado interno.
Evolução dos Preços e o Princípio do Preço
Equivalente
• O Princípio do Preço Equivalente foi validado
artificialmente no período de intervenção estatal.
Não há evidência empírica de que sua validade tenha
ocorrido no período após a liberalização completa
do setor (ano 2000);
• Foram analisados preços equivalentes por Kg de
ATR a varejo de dezembro de 1999 a agosto de 2008
para o Estado de SP.
Evolução dos Preços e o Princípio do Preço
Equivalente
Gráfico 1: Não há evidencia do Principio da Equivalência dos Preços
Preço Relativo Açúcar/Álcool
2,5
2
1,5
1
0,5
Fonte: CEPEA
ago/08
abr/08
dez/07
ago/07
abr/07
dez/06
ago/06
abr/06
dez/05
ago/05
abr/05
dez/04
ago/04
abr/04
dez/03
ago/03
abr/03
dez/02
ago/02
abr/02
dez/01
ago/01
abr/01
dez/00
ago/00
abr/00
dez/99
0
Evolução dos Preços e o Princípio do Preço
Equivalente
Gráfico 2: Evolução dos preços deflacionados
Preços Deflacionados Açúcar X Álcool
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
Preço Álcool Kg/ATR
Preço Açúcar Kg/ATR
Fonte: CEPEA
abr/08
dez/07
ago/07
abr/07
dez/06
ago/06
abr/06
dez/05
ago/05
abr/05
dez/04
ago/04
abr/04
dez/03
ago/03
abr/03
dez/02
ago/02
abr/02
dez/01
ago/01
abr/01
dez/00
ago/00
abr/00
dez/99
0
Evolução dos Preços e o Princípio do Preço
Equivalente
Gráfico 3: Preços internos X externos
Preços internos e externos do Açúcar e Álcool Equivalente
25,00
20,00
15,00
10,00
5,00
Preço Açúcar Internacional: US$/50 Kg
Preço Álcool Defl: Equiv. US$/50 Kg
8
ju
l/0
08
7
ja
n/
ju
l/0
07
6
ja
n/
ju
l/0
06
5
ja
n/
ju
l/0
05
4
ja
n/
ju
l/0
04
3
ja
n/
ju
l/0
03
2
ja
n/
ju
l/0
02
1
ja
n/
ju
l/0
01
0
ja
n/
ju
l/0
ja
n/
00
0,00
Preço Açúcar Doméstico Defl: US$/50 Kg
Fonte: CEPEA
A DINÂMICA DOS PREÇOS NO
MERCADO SUCRO-ALCOOLEIRO
II.1 - Equilíbrio no Mercado do Álcool
Combustível: Uma Análise em Estática
Comparativa
II.2- A Dinâmica do Preço de Equilibrio no
mercado do álcool combustível: Uma
Análise Econométrica
II.1 - Equilíbrio no Mercado do Álcool
Combustível: Uma Análise em Estática
Comparativa
• A oferta de álcool é sensível ao preço relativo álcool/açúcar;
• A demanda de
álcool/gasolina;
álcool
depende
do
preço
relativo
A alta no preço do açúcar reduz o preço relativo do álcool e,
em conseqüência, reduz a oferta do produto. O excesso de demanda
de álcool forçará um aumento no seu preço logo, um aumento na sua
oferta. No novo equilíbrio todavia, as quantidades transacionadas
serão menores;
A alta no preço da gasolina reduz o preço relativo do álcool e,
em conseqüência, aumenta a demanda do produto. O excesso na
demanda de álcool forçará um aumento no seu preço logo, um
aumento da oferta do produto. No novo equilíbrio, as quantidades
transacionadas serão maiores;
II.1 - Equilíbrio no Mercado do Álcool
Combustível: Uma Análise em Estática
Comparativa
Mercado Interno do Álcool
Preço
Relativooo
b1
p2
OFERTA(pal/paçuca)
a1
Po
ro
a2
p1
b2
rd
DEMANDA(pal/pgasol)
q1
q1
Q1
Q2
Qo
Fonte: Elaboração própria
q2
Quantidades
Base de Dados:
a) Preços Álcool e Gasolina (litro) – Revenda - São Paulo (Norte) e Rio de
Janeiro. Período: 2001:07 à 2008:08
Mensal.
Fonte: ANP
b) Preços Açúcar (kg): Média ponderada dos preços externos e internos –
Ponderação: Parcelas da produção exportada e não exportada na produção
total. Período: 2000:01 à 2008:08 Mensal
Fonte: CEPEA/ESALQ
PREÇOS MÉDIOS (R$/litro)
RIO DE JANEIRO
Açúcar(kg)
SÃO PAULO
Álcool
Gasolina
Álcool
Gasolina
2001:07-2008:08
0.56
1.43
2.18
1.14
2.10
Pré-Flex
0.50
1.17
1.84
1.02
1.80
0.61
1.57
2.36
1.22
2.31
+22.0%
+34.2%
+28.4%
(até 2004)
Pós-Flex (após 2004)
Var.% (nominal)
+19.3%
+27.8%
Preço do ÁLCOOL (R$/litro) no RIO (azul) e SÃO PAULO
(vermelho) - 2001:07 - 2008:08
2.4
2.0
1.6
1.2
0.8
0.4
00
01
02
03
04
PLREV
05
06
LREV
07
08
Preço da GASOLINA (R$/litro) no RIO (azul)
PAULO (vermelho) - 2001:07 - 2008:08
e
2.6
2.4
2.2
2.0
1.8
1.6
1.4
00
01
02
03
04
PGREV
05
06
GREV
07
08
SÃO
Preço
do
AÇÚCAR
(R$/kg)
BRASIL
:
média ponderada (Interno/Externo) - 2000:01 - 2008:08
1.0
0.8
0.6
0.4
0.2
00
01
02
03
04
05
PA
06
07
08
II.2- A Dinâmica dos Preços: Análise Econométrica
•
A análise conjunta dos preços internos do açúcar, do álcool, da
gasolina e do açúcar de exportação mostra que as séries são
cointegradas e existe uma relação de equilíbrio de LP entre elas;
CURTO PRAZO:
Principais Resultados:
A estimação da equação dinâmica do preço de equilíbrio do álcool
combustível mostrou que:
1. Face à perturbações exógenas ao mercado,
os ajustes de curto prazo
no preço do álcool se completam em dois períodos (meses). As
variáveis relevantes são: preço da gasolina (que afeta a demanda pelo
produto); preço do açúcar (que afeta a oferta do produto).
2.
Face à uma variação exógena no preço do açúcar, o efeito sobre o
preço do álcool opera sem defasagens, no mesmo período.
3.
Face à uma variação exógena no preço da gasolina, o efeito sobre o
preço do álcool opera parte instantâneamente, parte com inércia de 1
período (São Paulo) ou 2 períodos (Rio).
Efeitos de Curto Prazo do lançamento de veículos Flex
(álcool/gasolina): 2004 em diante.
• Impacta o preço de equilíbrio do Álcool via preço da Gasolina ;
• Impactos quantitativamente pequenos, mas estatísticamente
significativos;
Rio de Janeiro: Aumento da taxa de variação do preço do
álcool com relação ao preço da gasolina: 6.4% (na margem).
São Paulo: Redução da taxa de variação do preço do álcool com relação
ao preço da gasolina: 8.5% (na margem).
INVERSO do preço do ÁLCOOL Observado (vermelho) e Estimado no
Curto Prazo (verde) : RIO DE JANEIRO (2001:07 - 2008:08)
1.2
1.0
0.8
0.10
0.6
0.05
0.4
0.00
-0.05
-0.10
02
03
04
Res idual
05
06
Ac tual
07
Fitted
08
INVERSO do preço do ÁLCOOL Observado (vermelho) e Estimado no
Curto Prazo (verde) : SÃO PAULO - Norte (2001:07 - 2008:08)
1.4
1.2
1.0
0.2
0.8
0.1
0.6
0.4
0.0
-0.1
02
03
04
Residual
05
06
Actual
07
Fitted
08
LONGO PRAZO:
Principais Resultados
• Se o preço do álcool observado for superior ao preço de
equilíbrio de longo prazo, infere-se que existem pressões de
demanda.
Períodos detectados: 2002-I ; 2003 ; 2005-2006-I ; 2007-2008.
(Rio e São Paulo)
• Se o preço do álcool observado for inferior ao preço de
equilíbrio de longo prazo, infere-se que existem pressões de
oferta.
Períodos detectados: 2001-II ; 2002-II ; 2004 ; 2006-II.
(Rio e São Paulo)
PREÇO do ÁLCOOL Observado (vermelho) e
Previsto no Equilibrio do Longo Prazo (azul)
Mercado: RIO DE JANEIRO: 2001:07 – 2008:08
2.2
2.0
1.8
1.6
1.4
1.2
1.0
0.8
00
01
02
03
04
FITREV
05
06
PLREV
07
08
PREÇO do ÁLCOOL Observado (vermelho) e
Previsto no Equilibrio do Longo Prazo (azul)
Mercado: SÃO PAULO - Norte: 2001:07 – 2008:07
1.8
1.6
1.4
1.2
1.0
0.8
0.6
00
01
02
03
04
FITREVSP
05
06
LREV
07
08
ELASTICIDADES DO PREÇO DO ÁLCOOL NO
EQUILIBRIO DE LONGO PRAZO
Intepretação: Face à uma variação exógena no preço do açúcar ou da
gasolina, quanto maior (menor) o valor da elasticidade, maior
(menor) é a variação necessária no preço do álcool para reequilibrar
o mercado (oferta álcool = demanda álcool).
ELASTICIDADES MÉDIAS
RIO DE JANEIRO
Açúcar
2001:07-2008:08
Pré-Flex (até 2004)
Pós-Flex (após 2004)
Var.%
0.36
0.34
0.38
+11.7%
SÃO PAULO
Gasolina
Açúcar
Gasolina
0.64
0.66
0.62
- 6.0%
0.46
0.47
0.46
- 2.0%
0.54
0.53
0.54
+1.8%
ELASTICIDADE
COM
RELAÇÃO
DO PREÇO DE EQUILIBRIO DO
AO
PREÇO
DO
ÁLCOOL
AÇÚCAR:
RIO e SÃO PAULO (2001:07 - 2008:08)
Médias: 0.36 (Rio) ;
0.46 (São Paulo)
0.55
0.50
0.45
0.40
0.35
0.30
0.25
00
01
02
03
04
ELAREVRJ
05
06
07
ELAREVSP
08
ELASTICIDADE DO PREÇO DE EQUILIBRIO DO ÁLCOOL
COM RELAÇÃO AO PREÇO DA GASOLINA:
RIO e SÃO PAULO (2001:07 - 2008:08)
Médias:
0.64 (Rio)
;
0.54 (São Paulo)
0.75
0.70
0.65
0.60
0.55
0.50
0.45
00
01
02
03
04
ELGREVRJ
05
06
07
ELGREVSP
08
1. Face à um aumento exógeno no preço do açúcar de 10%:
• Aumentos médios no preço do álcool (revenda) de 3,6% (Rio) e 4.6%
(São Paulo) serão suficientes para restabelecer o equilíbrio no
mercado do álcool combustível;
2.
Face à um aumento exógeno no preço da gasolina de 10%:
•
Aumentos médios no preço do álcool (revenda) de 6.4% (Rio) e
5.4 % (São Paulo) serão suficientes para restabelecer o
equilíbrio do mercado;
3. Face à um aumento simultaneo (mas independente) nos preços
do açúcar e da gasolina de 10%, o equilibrio do mercado requererá
um aumento no preço do álcool também de 10% (Rio e São Paulo).
Conclusões(preliminares)
•
•
Preço do Álcool Combustível:
1. Aumenta com aumentos no preço do açúcar (interno ou externo) e da
gasolina;
•
2. Face a perturbações exógenas ao mercado do álcool, em média, um
novo preço de equilíbrio é alcançado em 2 períodos (meses);
•
3. Com relação à uma variação exógena no preço do açúcar (interno
ou externo):
•
•
No curto prazo, o efeito sobre o preço do álcool opera sem
defasagens, no mesmo período;
No longo prazo, a elasticidade do preço do álcool apresenta
tendência crescente mas irregular ao longo do tempo (Em 2006, aumento
excepcional do preço do açúcar). Face à aumentos no preço do açúcar,
aumentos no preço do álcool cada vez maiores são necessários para
equilibrar a oferta com a demanda de álcool.
Conclusões (cont.)
4. Com relação à uma variação exógena no preço da gasolina
(revenda):
•
No curto prazo, efeito sobre o preço do álcool opera parte
instantâneamente, parte com inércia de 1 mês (São Paulo) ou 2
meses (Rio);
•
No longo prazo, a elasticidade do preço do álcool apresenta
tendência decrescente, mas irregular ao longo da amostra. (Em
2006: aumento excepcional do preço do açúcar). Face à aumentos
no preço da gasolina, aumentos no preço do álcool cada vez
menores serão suficientes para requilibrar a demanda com a oferta
de álcool combustível;
Conclusões (cont.)
• Existe
evidência
(quantitativamente
pequena,
mas
estatísticamente significativa), no mercado Carioca, de que a
entrada dos veículos flex (álcool/gasolina) favorece a
estabilidade do equilibrio: Face à uma variação exógena no
preço da gasolina, variações menores no preço do álcool são
agora suficientes para restaurar o equilíbrio do mercado;
• Em ambos os mercados do álcool combustível analisados (RJ
e SP), o preço de equilíbrio é mais resistente a choques
exógenos no preço do açúcar do que a choques no preço da
gasolina.
Todavia, esta ordem pode ser revertida no futuro, tanto
no mercado Carioca como no mercado Paulista, a persistirem o
aumento tendencial da elasticidade do equilíbrio ao preço do
açúcar, e o declínio tendencial da elasticidade ao preço da
gasolina.
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