Aula – 21.05.2010
O texto, coerência e coesão
textuais, conectores
Funções dos diferentes gêneros de texto:
a) narração – simular o mundo como um processo;
b) descrição – simular o mundo como um quadro;
c) dissertação – explicar o mundo.

Exposição dos pontos de vista do produtor de texto:
a) dissertação – apresentação explícita;
b) descrição – apresentação implícita por meio dos aspectos
selecionados e dos termos escolhidos;
c) narração – apresentação implícita, por meio de, por
exemplo, construções e contraposições de percursos
figurativos.

Coerência e coesão textuais


Coerência – do latim, cohaerentia = “estar preso
junto a”; relação que se estabelece entre as partes
do texto e cria uma unidade de sentido; refere-se à
não-contradição de sentidos entre as partes do
texto; é ela que proporciona a unidade do texto. A
incoerência é a violação das articulações de
conteúdo do texto, isto é, o estabelecimento de
contradições entre as partes.
Coesão – encadeamento linear das unidades
lingüísticas presentes no texto; auxilia no
estabelecimento da coerência.
Coerência textual

Níveis de coerência:
a)
Coerência narrativa: Ex.: um personagem vai a
uma partida de futebol esperando ver um mau
jogo, depois sai decepcionado com o péssimo
futebol apresentado.
b)
Coerência argumentativa: Ex.: “O senhor é
contra ou a favor da legalização do jogo no
Brasil? O Brasil tem muitos problemas sociais
que é preciso resolver. Nosso empenho é dar
melhores condições de vida ao povo brasileiro”.
Coerência textual
c)
Coerência figurativa: Ex.: “Os peixes durante a
gravidez ficam agressivos”. Peixes engravidam?
d)
Coerência temporal: Ex.: “Maria colocou o arroz
no fogo,depois escolheu-o”.
e)
Coerência espacial: Ex.: “Embaixo do único
lustre, colocado no meio do teto, algumas
pessoas conversavam animadamente. Quando
Fulana entrou, todos pararam de falar e olharam
para ela. Sem se importar, foi também se sentar
embaixo do lustre num dos cantos da sala”.
Coerência textual
f)
Coerência no nível da linguagem: é incoerente colocar
expressões coloquiais num trabalho de conclusão de
curso, ou expressões inadequadas numa carta ao reitor.
Ex.:
“Magnífico Reitor da Universidade de São Paulo
Tendo tomado conhecimento pelos periódicos da capital
paulista de que o Prefeito da Cidade Universitária, onde
está situada a Universidade que Vossa Magnificência, com
alto descortino, dirige, resolveu interditar a acesso da
população ao campus nos finais de semana, ouso vir à
presença de Vossa Magnificência para manifestar-lhe meu
repúdio ao fato de uma instituição pública querer subtrair
da população um espaço de lazer. Francamente, achei a
maior sujeira da parte da USP, sacanagem, nada a ver.”
Coerência textual

Tipos de coerência – relacionados a conceitos distintos de
verdade:
a) coerência extratextual – relacionada ao conceito de
verdade como adequação do que foi dito à realidade; diz
respeito à adequação do texto a algo que lhe é exterior: o
conhecimento de mundo, como a lei da gravidade, o
carnaval no Brasil, o Natal em dezembro etc.;
b) coerência intratextual – vinculada ao conceito de verdade
como pressuposição entre os enunciados; concerne à não
contradição entre as partes do texto.
Coerência textual

Fatores de estabelecimento da coerência:
a)
Contexto. Ex.: “(1) Cruzar a Ipiranga e a Av. São
João, (2) um chopps, (3) dois pastel, (4) trânsito,
(5) todo mundo estar usando cinto de
segurança”.
100 motivos para gostar de São Paulo
Coerência textual
b)
Regras do gênero a que o texto pertence:
cada um possui um conjunto de regras
para que o texto fique adequado. Por ex.,
usar palavrões numa carta dirigida ao
diretor, ou ser muito formal com os amigos
numa mesa de bar.
Coesão Textual

Coesão – conexão entre as palavras, expressões ou frases
do texto.

Mecanismos de coesão:
I) coesão por retomada ou antecipação:
(a) retomada ou antecipação por uma palavra gramatical.
Ex.:
anáfora: A empresa faliu. Mas ela não estava no vermelho.
Somos todos inteligentes. Isso é óbvio.
catáfora: Meu amigo disso isto: não sei nada!
Coesão Textual
(b) retomada (ou substituição) por palavra lexical:
sinônimos: apelido ~ alcunha
hiperônimos: flores  rosas, margaridas
hipônimos: ipê, pinheiro  árvores
contiguidade: termos que pertencem ao mesmo campo
semântico. Ex.:
rio
correnteza
águas
turbilhão
Coesão Textual
II) coesão por encadeamento de segmentos textuais:
(a) conexão – concatenação por conectores
discursivos;
(b) justaposição – estabelecimento da seqüência
textual com ou sem seqüenciadores.
Exs.: Preciso sair. Tenho compromisso.
Primeiramente, falarei do item (a).
(a) Principais tipos de conectores
1) os que marcam uma gradação numa série de argumentos
orientada no sentido de uma determinada conclusão:
i) os que indicam o argumento mais forte: até, mesmo, até
mesmo, inclusive;
ii) os que introduzem um argumento, deixando
subentendida a existência de uma escala com outros
argumentos mais fortes: ao menos, pelo menos, no
mínimo, no máximo, quando muito;
(a) Principais tipos de conectores
2) os que ligam argumentos em favor de uma mesma
conclusão: e, também, ainda, nem, não só ... mas também,
tanto ... como, além de, além disso, a par de;
3) os que introduzem argumentos que levam a conclusões
opostas: ou, ou então, quer ... quer, seja ... seja, caso
contrário;
4) os que marcam uma relação de conclusão: portanto, logo,
por conseguinte, pois;
(a) Principais tipos de conectores
5) os que estabelecem uma comparação de superioridade, de
inferioridade ou de igualdade entre dois elementos, sempre
com vistas a uma conclusão a favor ou contra: tanto ...
quanto, tão ... quanto, mais ... (do) que, menos ... (do) que;
6) os que introduzem uma explicação ou justificativa ao que
foi dito no enunciado anterior: porque, já que, pois;
7) os que contrapõem enunciados de orientação
argumentativa contrária: mas, porém contudo, todavia, no
entanto, entretanto, embora, ainda que, mesmo que,
apesar de que;
(a) Principais tipos de conectores
8) os que introduzem um argumento decisivo, apresentado
como um acréscimo, como se fosse desnecessário,
justamente para dar o golpe final no argumento contrário:
aliás, além de tudo, além disso, ademais;
9) os que indicam uma generalização ou uma amplificação do
que foi dito anteriormente: de fato, realmente, aliás,
também, é verdade que;
10) os que especificam ou exemplificam o que foi dito
anteriormente: por exemplo, como, tais como;
(a) Principais tipos de conectores
11) os que introduzem uma correção, um esclarecimento, um
desenvolvimento ou uma redefinição do conteúdo do
primeiro enunciado, atenuam ou reforçam seu conteúdo de
verdade: ou melhor, de fato, pelo contrário, ao contrário,
isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras, em outros
termos;
12) os que servem para introduzir uma explicitação, uma
confirmação ou uma ilustração do que foi dito antes: assim,
desse modo, dessa maneira, dessa forma.
(b) Principais tipos de operadores de sequenciação
1) os que marcam a seqüência temporal: depois, meses
depois, uma semana antes, um pouco mais cedo etc.;
2) os que marcam a ordenação espacial: à esquerda, atrás,
na frente, atrás etc.;
3) os que servem para especificar a ordem dos assuntos no
texto: primeiramente, em seguida, a seguir, finalmente, por
fim;
4) os que, na conversação, servem para introduzir um dado
tema ou para mudar de assunto: a propósito, por falar
nisso, mas voltando ao assunto, fazendo um parêntese.
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