FACESI EM REVISTA
Ano 2 – Volume 2, N.1 – 2010 - ISSN 2177-6636
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INDÚSTRIA CULTURAL E EDUCAÇÃO
Tessa Larissa dos Santos - [email protected]
Silvana de O. L. Medeiros - docente do curso de Pedagogia da Facesi [email protected]
Resumo
A indústria cultural ou cultura de massa nasce acompanhada de uma ideologia, que visa
oferecer algo a sociedade para que esta aceite sem reflexão alguma, e apenas reproduza o que
convém àqueles que detém o poder. Infelizmente o mesmo ocorre com a educação que é
tratada como uma mera reprodução da ideologia dominante que impõe ao sujeito seus valores,
costumes e o induz a seguir essas normas capitalistas, e aqueles que não seguirem sofreriam
as consequências ficando à margem da sociedade, e assim nega o sentido da educação
caracterizando os indivíduos como coisas, enquanto deveriam proporcionar o conhecimento
crítico, a autonomia e a liberdade de escolha. A mídia evidencia as múltiplas e avançadas
tecnologias que invadem os espaços de relações e cria ilusão de uma sociedade de iguais,
porém o que é proposto e o que realmente acontece é totalmente contraditório. Então para
romper com essa contradição deve-se oferecer um ensino que proporcione a apreensão da
realidade, bem como o entendimento, para que haja a emancipação do indivíduo desse
sistema perverso, que apenas se preocupa em manter a ordem vigente, que beneficia apenas os
que já são beneficiados, e ignora os que já estão ignorados.
Palavras-chave: cultura de massa, ideologia, manipulação.
1 Introdução
A Cultura de Massa vem há muito tempo influenciando as decisões das pessoas, e se
tornou fruto de pesquisa de diversos estudiosos, tendo como principais T. W. Adorno e Max
Horkheimer a partir do período da 2° Guerra Mundial. Desde então as tecnologias avançaram
assustadoramente, o que permitiu que a indústria cultural se aproveitasse de novos recursos
para disseminar suas idéias e seus inventos como internet, TV, rádio, revistas, jornais, dentre
outros.
É preciso, antes de tudo, compreender a Indústria Cultural. Entretanto, para
compreendê-la, deve-se entender a origem desses conceitos a partir do conceito mais forte e
mais carregado de conotações que é aquele de Indústria Cultural.
E assim a razão humana considerada no período Iluminista como uma doutrina, passa
a ser apenas técnica. O indivíduo perde sua autonomia e é manipulado, muitas vezes, sem
perceber.
A indústria cultural utiliza de recursos do mundo industrial moderno, para a
propagação da ideologia dominante, e é através da T.v, rádio, internet, cinema, que ocorre a
difusão desses interesses que criam necessidades nos indivíduos que nunca existiram, de
maneira com que eles nem percebam o quão são manipulados.
Todo este processo reproduz os interesses da classe dominante. A indústria cultural
produz uma padronização e manipulação da cultura, reproduzindo a dinâmica de qualquer
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outra indústria capitalista, a busca do lucro, mas também reproduzindo as idéias que servem
para sua própria perpetuação e legitimação e, por extensão, a sociedade capitalista como um
todo.
A arte em geral, as manifestações histórico-culturais e a identidade de uma região são
utilizadas como inspiração e conteúdo de obra e produto cultural. Em suma a indústria
cultural busca produzir algo que conquiste público e relevância comercial e se ramifique em
produtos licenciados, que vão ser vendidos para promover o status quo dos indivíduos.
Nesse contexto, a educação teria o papel de emancipação, em abrir os olhos do sujeito
para que ele conscientize-se de seu poder de escolha e deixe de ser um mero reprodutor dos
ideais alheios.
2 O AVANÇO TECNOLÓGICO E A INDÚSTRIA CULTURAL
Segundo o dicionário do Pensamento Social do Século XX, Cultura de massa é:
Usada em geral de modo pejorativo, para identificar a cultura da
SOCIEDADE DE MASSA ou, de maneira mais ampla, da massa da
população nas sociedades modernas, a cultura de massa é assim
caracterizada não apenas por se tratar da cultura das massas, ou porque é
produzida para o consumo das massas, mas porque dela se diz que lhe faltam
tanto o caráter reflexivo quanto a sofisticação da ‘cultura elevada’ das elites
sociais, culturais ou educacionais, tanto quanto o caráter direto e a
simplicidade das culturas populares das sociedades tradicionais. (ROOTES,
1996, pg.168)
Para Chauí:
A expressão comunicação de massa foi criada para se referir a objetos
tecnológicos capazes de transmitir a mesma informação para um vasto
público ou para a massa. [...] Esses objetos tecnológicos são os meios por
intermédio dos quais a informação é transmitida ou comunicada. (CHAUÍ,
2006. p.35)
Com relação à comunicação de massa, pode-se dizer que ela não é uma característica
do século XX, mas tem já suas manifestações no século XIX claramente delineadas. Uma das
primeiras formas de comunicação de massa mediadas por um veículo é identificada com o
jornal diário. Verifica-se que neste momento já existe outra realidade em ação, interferindo
profundamente em toda a sociedade. E ao mesmo tempo em que surge o jornal diário começa
a aparecer a caricatura, a fotografia e, um pouco mais adiante, o cinema. Sendo que este
último, apesar de descoberto no século XIX, só se desenvolveu realmente como indústria no
século XX.
A indústria cultural foi estudada por diversos pensadores da Escola de Frankfurt,
dentre eles T. W. Adorno, Max Horkheimer, que criaram o termo cultura de Massa. Eles
previram o mau uso dos meios de comunicação de massa no período mais crítico da 2ª Guerra
Mundial onde a cultura industrial é fabricada de acordo com o mercado. Ambos eram judeus,
foram perseguidos por Hitler e exilados nos Estados Unidos.
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Seus estudos trouxeram várias contribuições sobre a indústria cultural a partir da
análise da sociedade que se encontrava em profunda transformação, principalmente
econômica, devido ao fortalecimento do comércio no pós-revolução industrial, e por
conseguinte no avanço do Capitalismo.
A partir da segunda Revolução Industrial as artes se submetem as regras do mercado
capitalista, utilizando-se do entretenimento para vender e neste contexto surge também um
novo conceito de “Indústria Cultural” cunhado por Theodor Adorno e Max Horkheimer.
para definir a transformação das obras de arte em mercadoria e a prática do
consumo de ‘produtos culturais’ fabricados em série. Perdida a aura, a arte
não se democratizou, massificou-se e transformou-se em distração e diversão
para as horas de lazer. (CHAUÍ. 2006, p.28)
Segundo Silva (2002) os avanços tecnológicos, o grande desenvolvimento da ciência
permitiu que o homem perdesse sua autonomia e que a humanidade se tornasse cada vez mais
desumanizada. Então, neste momento, a razão humana considerada no Iluminismo uma
doutrina, passa, no capitalismo, a ser apenas técnica.
Assim a lei do mercado passaria a reger a sociedade, e aqueles que se esforçassem
para acompanhar esse ritmo e ideologia talvez viveria bem, e os outros que não conseguissem,
viveriam a mercê da “sorte” e do tempo, e por serem uma minoria eles seriam jogados à
margem da sociedade, caracterizando o individualismo que é fruto da Industria Cultural
(SILVA, 2002).
Na indústria cultural tudo se torna negócio. Segundo Adorno (in SILVA, 2009)
“Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e
programada exploração de bens considerados culturais”. A fim de caracterizar esse sistema a
indústria cultural resgata recursos do mundo industrial moderno para praticar a ideologia
dominante, principalmente pelos meios de comunicação que atinja toda a população,
oferecendo a cultura que a elite deseja, pela televisão, cinema, sem que o próprio consumidor
perceba que está sendo manipulado.
Antigamente os ensinamentos eram baseados principalmente na memorização e
escrita, mas os meios de comunicação avançaram e surge então o rádio, a televisão, o
computador que invadem as escolas e introduzem uma nova metodologia ao processo de
ensino e aprendizagem que explora principalmente a comunicação visual e sonora.
A manipulação se dá de uma forma tão bem organizada que até o lazer se torna uma
extensão do trabalho. O consumidor não precisa nem pensar, basta escolher para comprar a
idéia da elite. Para Fadul (1994) a indústria cultural seria a principal agente da manipulação
humana, que acabava por negar os reais interesses humanos.
O sociólogo C. Wright Mills ao analisar a sociedade norte-americana nos anos 50
afirmava que a crescente especialização permitiu que a educação de massa, ao invés de elevar
o nível cultural geral, produz apenas um “analfabetismo educado” que tende a homogeneizar
os indivíduos, perde sua função crítica tornando- se integrada com as exigências da economia.
Essa ideologia tem por objetivo obscurecer a percepção de todas as pessoas,
principalmente aquelas formadoras de opiniões. A partir deste conceito a escola não deve
formar cidadãos críticos, mas sim, oferecer teorias que não permitam o raciocínio nem
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mobilidade para que o indivíduo siga a ordem vigente estipulada pela classe dominante. A
pseudo-necessidade fetichizada pela indústria cultural vai além das necessidades básicas
produzidas para sobrevivência, chegando a impor necessidades do sistema vigente sob o
slogan “consumir incessantemente”.
Esse consumir incessantemente passa a ser um vício. A indústria produz, em tempo
cada vez menor, mais atrativos aos consumidores e vendem a idéia, pela T.v, internet, cinema,
outdoors, jornais, revistas, dentre outros, provocando um fetiche no indivíduo que cada vez
consome mais (pois o consumo torna-se prazeroso), e, por conseguinte, gera lucro para as
grandes indústrias.
A lógica do equivalente acaba por fundamentar os alicerces do raciocínio
dicotômico que consagra os rótulos daqueles que são considerados
"perdedores" ou "vencedores", por exemplo. Dificulta-se a sobrevivência do
pensamento crítico numa sociedade em que os indivíduos se transformam
em "caixas de ressonância" de mensagens que seduzem pelo incentivo à
integração, muitas vezes cega, a um coletivo regido por uma palavra de
ordem autoritária. (ZUIN, 2001, pg.11)
Umas das principais formas de disseminação utilizadas por essas indústrias é a
televisão, que ensina e forma indivíduos cada vez mais cedo. Nela podem-se observar
diferentes temas e culturas expostas a qualquer horário e idade, atendendo todos os públicos
de acordo com o que supõem ser o melhor para eles, e desta forma fazem os telespectadores
realmente acreditar que aquilo é o melhor e internalizar os conteúdos oferecidos. Muitas
vezes esses conteúdos passam mensagens subliminares, que fogem do alcance dos nossos
olhos, porém não do nosso inconsciente, o que tende a provocar alienação. Diante disso,
pode-se perceber este meio cultural como um produto bom que é capaz de mostrar conteúdos
reveladores e contribuir para o desenvolvimento humano e um produto ruim capaz de alienar
uma pessoa, levando-a a pensar e agir como lhe é proposto sem qualquer tipo de
argumentação.
No Brasil, a indústria cultural não pode ser vista como homogênea, pois focaliza
temas, assuntos e culturas estrangeiras no lugar de ensinar e incentivar o interesse sobre a
história e as tradições do próprio país. No nosso país o foco da indústria cultural se baseia
apenas em objetos de compra e venda e não a propriamente cultura no qual esta se propunha.
A produção realizada pela indústria cultural é centralizada no interesse lucrativo, o que impõe
um determinado padrão a ser mostrado que transforma o espectador numa pessoa acrítica.
Um grande exemplo de manipulação cultural foi exercido por dois grandes líderes
políticos: Mussolini e Hitler, através do rádio e do cinema utilizando desse recurso auditivo
para propagação da ideologia nazista através do poder de persuasão; mas também é
importante deixar claro que estes meios podem oferecer subsídios para a libertação da
criatividade e emancipação, e não apenas ferramentas utilizadas pelo autoritarismo.
Segundo CHAUÌ (2006 p.14) “Para muitos, o maior malefício trazido à cultura pelos
meios de comunicação de massa tem sido a banalização cultural e a redução da realidade à
mera condição de espetáculo.” A questão que a autora evidencia é que o problema não está na
cultura em si, nem nos recursos de propagação de informações, mas sim na utilização
inadequada destes recursos audiovisuais, bem como por pessoas impróprias, que muitas vezes
utilizam do sensacionalismo para evidenciar alguns fatos, pregar ideologias políticas,
enquanto outros acontecimentos de suma importância a nós cidadãos são omitidos, pois estes
não interessam aos mantenedores da ordem vigente. Contudo esses recursos apresentam
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mensagens elaboradas por uma elite de especialistas que estão, quer queira ou não, a serviço
da classe dominante.
2.1 A INDÚSTRIA CULTURAL NA EDUCAÇÃO
O papel da escola é oferecer subsídios aos alunos, que permitam sua reflexão, e aguce
o seu senso crítico, para que ele saiba analisar os produtos oferecidos pelo mercado, a fim de
não ser manipulado pelas classes dominantes que querem manter a ordem vigente e obter
lucro.
Também devemos nos atentar quando esse valores culturais são impostos sobre as
crianças, nos desenhos animados, nas propagandas, filmes, tornando-as consumistas ao
extremo, manipulando-as por meio da informação à comprarem, e quando conseguem o
produto se sentem satisfeitas, até que apareça outro que lhe chame a atenção, tornando se
assim um ciclo vicioso.
No afã de participar da sociedade, o indivíduo relativiza valores e ideais. A
cultura apresenta um efeito regressivo, conserva a dependência e a servidão,
contribuindo para com a ilusão de que é possível apreender, apenas no
universo objetivo (econômico), instrumentos capazes de combater a
dominação. O espetáculo, efeito subjetivo produzido pela indústria cultural,
constitui um elemento de estímulo. O engano é claro e problema como a
violência é tratado no seu extremo: como elemento de dominação material,
ou meramente espiritual. (ZANOLLA, 2007.p.1334)
Adorno acredita que a cultura da sociedade capitalista atribui um mecanismo de
construção da heterônomia (ou seja, a sujeição do individuo à vontade de terceiros), fazendo o
homem ser igual ao coletivo e perder, assim, sua individualidade. Assim, o indivíduo perde a
capacidade de pensar e agir por conta própria e, por conseguinte, de ser solidário e respeitar o
próximo. Contudo apenas essa alienação poderia explicar uma situação tão grave como a
barbárie presente na sociedade.
A educação pode ser vista como a única via para a desmistificação e rompimento com
a barbárie: segundo Adorno (apud ZANOLLA 2007, p. 1334) “A Educação só teria pleno
sentido como educação para a auto-reflexão crítica”. Essa barbárie apontada seria o silêncio
frente ao avanço da coisificação.
A indústria cultural tenta passar uma falsa idéia de felicidade abordada através do
encantamento do assistencialismo. No interior das escolas se vê a repetição do trabalho, em
termos ideológicos, assim como a do consumo. A escola tem a responsabilidade de atentar a
esses problemas e abrir os olhos dos alunos, oferecendo a eles o poder de pensar, refletir sobre
seus atos e desmistificar a idéia de consumo excessivo.
A cultura de massa aproveita desta necessidade humana e utiliza dos meios de
comunicação para transformar tudo em entretenimento desde guerras à obras de pensamento e
assim:
Visto que a destruição dos fatos, acontecimento e obras segue a lógica do
consumo, da futilidade, da banalização e do simulacro, não espanta que tudo
se reduza, ao fim e ao cabo, a uma questão pessoal de preferência, gosto,
predileção, aversão, sentimentos. É isto o mercado cultural. (CHAUÍ, 2006.
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p.22)
A ciência evolui a cada dia, e proporciona diversas tecnologias no ramo da diversão e
tenta garantir cada vez mais lucro por meio da cultura e do lazer. Um dos atrativos atuais para
as crianças e alguns adultos são os jogos eletrônicos, como vídeo games. Mas nestes mesmos
jogos eletrônicos também se verifica o grande fluxo de jogos violentos e poucos são
educativos. A escola, segundo Zanolla (2007), tem de se preparar para esse novo universo que
se delineia, pois a indústria continua a oferecer atividades para as crianças exercerem no seu
tempo livre, que nem sempre são educativas, e tentar proporcionar às crianças jogos
educativos que atendam as suas necessidades.
A visão de mundo do adulto em relação à visão da criança torna-se mais
fetichizada do que realista- mais coisificada do que os próprios brinquedos- e
pior, molda nesse modelo, o universo infantil, tornando ilusória a realidade
social. (ZANOLLA, 2007.p.1342)
Desta forma podemos dizer que os adultos ensinam os significados às crianças, e elas
vão agir de acordo com eles. Sendo assim as crianças são moldadas desde a inserção no
contexto familiar onde lhe serão atribuídas regras, valores, costumes, com que ela deverá
seguir. Assim podemos dizer que a escola também tem esse poder de construir saberes e
transmiti-los às crianças de forma que possa moldá-las atribuindo-lhes os valores que lhe
convém, porém é evidente que terá as conseqüências dessa ideologia. Se atribuir valores que
permitam a reflexão do aluno, seu modo de ensino poderá ser contestado, ou a escola também
pode optar em manter o ensinamento em que o aluno não precise pensar, mas apenas executar
o que lhe mandam.
A formação de cidadãos, característico da escola, passa hoje obrigatoriamente pela
capacitação do cidadão pra ler os meios de comunicação, no intuito de oferecer subsídios aos
educandos que proporcionem a identificação e entendimento dos implícitos que a edição
esconde e assim sejam capazes de diferenciar, entre os valores dos produtos dos meios,
aqueles que estão mais de acordo com a identidade de sua noção; reconhecendo os
posicionamentos ideológicos de manutenção do status quo ou de construção de uma variável
histórica mais justa e igualitária. Mas, para isso, a escola não pode esquecer-se das relações
comunicativas que circundam e fazem parte integrante da realidade do. Ou seja, ou a escola
colabora para democratizar o acesso permanente a esse sistema comunicativo ou continuará a
operar no sentido da exclusão, tornando maiores os abismos existentes.
Aprender a respeito do mundo editado pela mídia, ler além das aparências,
compreender a polifonia presente nos enunciados da narrativa jornalística, não é tarefa fácil,
porém é necessária para uma leitura crítica da mídia. Desta forma é preciso que os professores
sejam capacitados para o entendimento desses discursos midiáticos e, por conseguinte estes
ensinem os alunos a pensarem, refletirem e a terem uma leitura crítica dos meios
comunicativos, e então, desenvolver formas autônomas de pensar o mundo.
A indústria cultural com sua diversidade de produtos, suportes e formatos (cinema,
música, teatro, e mídia em geral) faz parte da construção do imaginário dos alunos,
professores, pais e sociedade, e por fazer parte do cotidiano das pessoas, precisa ser
incorporada ao processo de aprendizagem numa relação crítica, em que o aprender a pensar
(Pedro Demo) seja parte integrante do aprender a aprender (Paulo Freire) para o aprender a
fazer (Célestien Freinet).
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A favor desta idéia lembra-se, por exemplo, que as crianças hoje dominam muito mais
cedo a linguagem graças a veículos como a TV. O acúmulo de informação acaba por
transformar-se em formação dos indivíduos, isto é, a quantidade provocando alterações na
qualidade.
A apreensão da informação para a transformação em conhecimento crítico e
transformador passa, necessariamente, pela leitura do mundo, sem o que a leitura da palavra
não levará a nada. Segundo Paulo Freire a leitura de mundo precede a leitura da palavra,
portanto é necessário que se respeite as vivências do indivíduo e a partir dela se possa realizar
a intervenção educativa, que proporcione a partir do que o aluno já conhece os conhecimentos
necessários para complementar seu entendimento sobre determinado assunto, pois apenas a
leitura da palavra não lhe servirá de nada se não houver a contextualização com sua realidade.
Então é de suma importância que haja essa ligação entre a leitura de mundo e, por conseguinte
a leitura da palavra.
Evidencia se então o papel da escola em oferecer subsídios que proporcionem e
despertem nos alunos à leitura do mundo no qual está inserido para que este seja parte
integrante do seu conhecimento, e não apenas se aproprie do que lhe é oferecido. Contudo se
define a aquisição do pensamento crítico como resultado da percepção direta do aluno como
agente mobilizador na sua realidade.
é só através de seu conhecimento (indústria cultural) que se pode propor uma
nova política educacional, cultural e comunicacional capaz de fornecer
subsídios para a alteração da própria Indústria Cultural. É só por meio da
informação de alunos críticos, de alunos que tenham conhecimento da
Indústria Cultural que se pode ter a possibilidade de interferir para
aperfeiçoá-la e melhorá-la. Não para piorá-la. (FADUL, 1994, pg.54)
A educação pode ser vista como um processo de emancipação do indivíduo da
manipulação ideológica, pois a partir do momento em que o indivíduo racionaliza as
situações, ele detém do poder de escolha.
3 Conclusão
A indústria cultural trouxe diversas mudanças à sociedade, e com o desenvolvimento
de tecnologias permitiu o fortalecimento das indústrias no mundo capitalista. Originou
também um consumir incessante, em que os indivíduos acabam sendo influenciados por uma
minoria que detém o poder (elite), através dos meios de comunicação, como rádio, TV,
internet, dentre outros.
Gera-se uma dependência em consumir, muitas vezes incutido na sociedade sem que o
indivíduo perceba que está sendo manipulado. Assim acontece na educação familiar onde a
criança recebe a cultura dos pais, que também a eles foi passada por seus ascendentes, e assim
sucessivamente.
Na instituição escolar a criança também vai se deparar com conceitos que vão
transformar sua vida, podendo ser eles mera reprodução do que convém a uma elite
manipuladora, ou o mais viável, que é o exercício da autonomia embasada num pensamento e
num olhar crítico da realidade onde está inserido, expondo suas opiniões e contribuindo para a
transformação social.
Adorno acreditava que a libertação do homem se dá através da formação acadêmica,
porém uma formação de intensidade humanística. Para ele, o ensino deve ser uma arma de
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resistência à indústria cultural na medida em que contribui para a formação da consciência
crítica e permite que o indivíduo desvende as contradições da coletividade.
Desta forma, o processo educacional seria capaz de criar e manter uma sociedade
baseada na dignidade e no respeito às diferenças. Segundo Adorno, o mundo estaria
danificado pela falta de capacidade dos indivíduos de resistir ao processo de sua própria
alienação. O caminho para romper com a alienação é formar um indivíduo culto, com
conhecimentos científicos, humanos e artísticos, preparado para uma vivência democrática.
Portanto, é importante ressaltar a influência da mídia sobre as ações do seres humanos,
podendo ser ela positiva ou negativa. Por isso é necessário que a escola ensine seus alunos a
usufruírem desses conhecimentos sem que sejam transformados em fantoches que recebem
informações e nada mudam, mas sim, sujeitos críticos numa sociedade que precisa ganhar
autonomia para o bem estar social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAUÍ, Marilena. Simulacro e poder: Uma análise da Mídia. São Paulo: Editora Fundação
Perseu Abramo, 2006.
FADUL, Anamaria. Indústria Cultural e Comunicação de Massa. Disponível
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Disponível
http://www.infoescola.com/cultura/industria-cultural/ Acesso em: 22 out.2009.
em:
ROOTES, C.A. Dicionário do Pensamento Social do séc XX. Rio de Janeiro. Ed. Zahar.
1996. p.168-170.
SILVA, Daniel Ribeiro da. Adorno e a Indústria Cultural.Urutágua.Maringá, Ano I,n. 04,
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ZANOLLA, Silvia Rosa Silva. Indústria cultural e Infância: Estudo sobre formação de
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http://www.scielo.br/scielo.php, Acesso em: 21 out. 2009.
ZUIN, Antônio Alvares Soares. Sobre a atualidade do Conceito de Indústria Cultural.
Cadernos
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Disponível
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http://www.scielo.br/scielo.php, Acesso em: 20 out.2009.
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