II avance Meninas que foram abusadas sexualmente por seu pai no nordeste do Brasil Maria Stephanie Cartaxo 2 capitulo 2.0 SEXUALIDADE E REALIDADE FEMININA • Apesar dos diferentes aspectos envolvidos, há consenso na compreensão do abuso sexual como uma situação traumática e que, necessariamente, envolve uma questão de poder, ou seja, um indivíduo que impõe o seu desejo a outro de faixa etária inferior (Araújo, 2002; Habigzang, Koller, Azevedo & Machado, 2005; Pfeiffer & Salvagni, 2005). • Como esse estudo tem como base a psicanálise freudiana, é importante saber como se constitui o aparelho psíquico e sua evolução para compreender a feminilidade ,impulsos, desejos, recalques. Estes fatores determinantes definem o que os autores denominaram a dinâmica traumática e são baseados nas experiências de sexualidade traumática. • As experiências de sexualidade traumática dizem respeito aos sentimentos e às atitudes resultantes das vivências sexuais inapropriadas ao momento evolutivo do sujeito e das relações interpessoais disfuncionais que se estabelecem com o abusador. • Na carta 52 oferece um modelo, conta com distintos sistemas de inscrições de captação descarga dos estímulos com efeito o aparelho psíquico é um dispositivo significante retransmição de signos que são a sombra de marcas . O aparelho psíquico pode distinguir vários elementos - o perceptivo, o inconsciente, o pré-consciente. Todos ocupam um espaço entre pólos cujas funções são percebidos pela consciência. • Inicialmente, Freud introduz a Teoria da Sedução, na qual acreditava no discurso histérico, para, posteriormente, perceber que as mesmas histéricas anteriormente queixosas a respeito de um possível abuso por parte de seus pais, traziam, de fato, as suas fantasias, o que acabava por abrir um novo caminho, a Teoria Edípica . • Freud considerava o complexo de Édipo como fenômeno central do período sexual da primeira infância. É no Complexo de Édipo que a criança rivaliza com o genitor do mesmo sexo, essa situação que estabelece uma tríade de relações importantes para o seu desenvolvimento psicológico. • Freud também considerava que tão importante quanto entender o período edípico até a sua dissolução é entender a fase que o precede. Na fase pré-edípica das meninas, mesmo que a mãe se constitua como o objeto original, tal qual é para o menino, o curso se diferencia. Para elas, a zona genital é descoberta por uma ocasião que não necessariamente esteja vinculada a qualquer conteúdo psíquico. O fato que as leva a adentrarem a Fase Fálica é a descoberta do pênis em algum companheiro do sexo oposto, tendo a inveja do pênis. Logo que isto ocorra, a menina inconscientemente toma a decisão de que não o tendo, o quer (Freud, 1925). A partir deste momento, um caminho que tende a ser traçado; ou se apega vivamente à possibilidade de reivindicar um pênis para si e, com isso, ou identifica-se com o pai e é absorvida pela formação reativa. • Outro fato notório, conforme Freud 1925, pertinente à Fase Fálica, é que, tão logo a menina é tomada pela inveja do pênis é um precursor da repressão que, mais tarde, poderá dar espaço ao desenvolvimento de sua feminilidade. Logo que tudo isto se desenrole, o complexo de Édipo passa a mostrar-se com o deslizamento da libido para uma nova posição, em que a menina abandona o seu desejo de um pênis e coloca, no lugar, o desejo de um filho, tendo o pai como objeto de amor. • O mais notável neste desenrolar do desenvolvimento psíquico é que, para as meninas, o complexo de Édipo é uma formação secundária, devido ao fato do complexo de castração o preceder e o preparar. • Assim, o último introduz o Édipo e o seu desfecho não ocorre da mesma forma como nos meninos, visto que a castração já teve seu efeito (Freud, 1925). O que contribui para o término do Édipo na menina não é propriamente uma destruição, mas um abandono gradual ou uma utilização maciça da repressão. Ao término do Édipo masculino, constata-se não simplesmente uma repressão, mas uma destruição pelo choque da ameaça de castração. No caso da menina, ela não entende a falta de um pênis como sendo uma característica sexual, explica-a presumindo que, em alguma época anterior, possuíra um órgão igualmente grande e depois o perdera por castração. A menina aceita a castração como um fato consumado; ao passo que o menino, teme a possibilidade de sua ocorrência. Portanto, no Édipo feminino, observa-se um caminho diferenciado. A menina ela entra no édipo sem nada a perder pois ela não possui o pênis. A entrada no édipo é pela razão que não foi dado o pênis , assim ela terá que fazer uma troca de seu objeto de amor , sendo a solução volta-se ao pai já que a mãe lhe negou o pênis. • Sendo assim o complexo de Édipo pode ser entendido de três tempos : • 1- tempo: a criança busca como desejo de desejo de satisfazer o desejo ma mãe, sendo o objeto de desejo dela chamamos de etapa fálica. • 2 –tempo: o pai intervém como privador da mãe e o aparecimento da lei no plano imaginava no aquilo que desvincula o sujeito de sua edificação o pai como ou onipotente é aquele que priva a mãe. • 3- tempo : o pai pode dar a mãe o que ela deseja, porque a possui. A instancia paterna se introduz de forma revelada o pai é aquele quem instaura aquele que faz a lei. Depois o pai se revela como aquele que tem é a saída do édipo, onde se faz a identificação como o pai no ideal do eu que se inscreve no triangulo símbolo no pólo em que esta o filho. No pólo materno começa a constitui-se o que será realidade e no nível do pai o que será o superou. Trauma & fantasia • Freud ressalta que não são as experiências que adoecem, mas a experiência em si que agem de modo traumático, assim escrevendo saber as neuroses de defesa. “Não havia explicações sobre o modo traumático como esse podiam ter como resultado a legalização efetiva do recalque prendido, e assim abrir portas para as neuroses de defesa”. Isto não poderia estar na natureza das experiências saudáveis, apesar de terem sido expostas as causas precipitantes.” • A primeira experiência de satisfação nada trás alem de um objeto alucinado, o objeto é perdido desde sempre. O que ocorreu é a busca, que não há adequação sexual, não existe relação complementar. O sujeito busca a sua completude ilusória, sempre será uma falta, um buraco, um furo . Lacan afirma “ a relação com o outro se engendra por inteiro num processo de hianica.” • É no intervalo entre esses dois significantes que vige o desejo oferecido ao balizamento do sujeito na experiência do discurso do outro.” Onde se situa a operação de separação. • A primeira experiência de satisfação nada trás alem de um objeto alucinado, o objeto é perdido desde sempre. O que ocorreu é a busca, que não há adequação sexual; não existe relação complementar. • Uma situação traumática pode encontrar terreno fértil quando se depara com um sujeito frágil com a imaturidade de dar-se conta de situações extremas e potencialmente desorganizadoras, como, por exemplo, nos casos em que uma criança é submetida a uma situação de abuso sexual. • Surge a defesa é uma medida protetora diante de um aumento da tensão. Há uma representação carregada de afeto( carga de excitação )e quando esta se apresenta há a separação desses do componente afeto e representação. O sintoma aparece como uma formação de compromisso entre essas forças recalcadas e recalcáveis. • Neste sentido, existem implicações diversas nessas organizações, sendo uma delas as características das relações objetais que se estabelecem. Estes fatores determinantes definem o que os autores denominaram a dinâmica traumática e são baseados nas experiências de sexualidade traumática. As experiências de sexualidade traumática dizem respeito aos sentimentos e às atitudes resultantes das vivências sexuais inapropriadas ao momento evolutivo do sujeito e das relações interpessoais disfuncionais que se estabelecem com o abusador. • As experiências infantis têm importância para Freud “porque ocorrem em uma fase do desenvolvimento incompleto”. O recalcamento da lembrança de uma experiência sexual afetiva que em uma idade mais madura, só e possível para aqueles que conseguem atrair o traços neurotico de um trauma de infância. Na conferencia sobre caminhar da formação dos sintomas,Freud demonstra que o trauma aparece no segundo momento e as experiências infantis na origem das fixações quanto a experiência ocorre em fase adulta não basta desencadear uma neurose. O que apresenta é um fator constitucional. “ • A neurose sempre produz seus efeito máximos quando a constituição e a vivencia cooperam no mesmo sentido. As memórias traumáticas estarão associadas às fantasias sexuais agressivas desse período e, quanto mais precocemente ocorrer o abuso, mais sintomática será a resposta do sujeito em função da incapacidade do ego de organizar a experiência traumática. Nas neuroses, a lembrança da excitação de determinadas zonas sexuais causava uma repulsa interna, a libido não conseguiria passar pelo processo de tradução e seguiria , como nos sonhos direção repressiva, formando sintomas. A relação inconsciente ou seja necessita que algo na vida desencadeia a neurose. O evento traumático de Freud diz respeito a algo do infantil, assim fica claro que a sexualidade e sempre a mesma infantil, não como uma nova fase, mas uma versão de uma mesma vertente. • Assim Freud começa a esboçar que o trauma pensando como algo relativo a uma fantasia como expressão fantasmática de uma situação existencial infantil e não uma situacional. Roudinesco e Plon (1998) apresentam três tendências: • “Nega a existência de sedução real em prol de uma supervalorização.” • Nega a existência de da fantasia e remete qualquer forma entre de neurose ou de psicose a uma causalidade traumática, ou seja, uma violação realmente sofrida na infância. • “Aceita simultaneamente a existência da fantasia e do trauma” Podemos observar que nessa concepção aparece novamente a oposição fantasia-realidade, como se essas fossem instancias separadas e desconexas e que poderíamos em certo momento, especificar o que faz parte de um e de outra e a partir daí decidir qual o manejo do caso. CONCLUSÃO • É nesta perspectiva de análise de cada caso que a compreensão baseada na teoria psicanalítica do trauma encontra um terreno fértil para um maior entendimento do trauma na estruturação psíquica do sujeito. • Freud termina sua conferencia afirmando que seu estudo sofre que certeza será incompleto e fragmentado “Analise terminal e interminável quando vê que o estudo da feminilidade e masculinidade são temas de analise e estudo do lado masculino a luta contra a atitude passiva de feminilidade para com outro homem e na mulher a inveja do pênis na reivindicação para possuir o órgão genital masculino simbolicamente.” Referencia bibliografica • • • • • • • • • • • • • Freud, S. (1896). La herencia y la etiología de la neurosis (vol 3, p.139-156). Obras completas. Buenos Aires: Amorrortu, 1976 a. _____. (1897). Carta 69. In Fragmentos de la correspondência con Fliess. Obras completas (vol 1, p. 301-302). Buenos Aires: Amorrortu, 1976 b. _____. (1916). Conferencia 23. 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Op Cit, p 697 Levato, Mabel B- Metapsicologia:El inconsciente freudiano:Um estúdio de La constuicion y funcionamento del aparato psíquico em La obra de Freud- 1 ed.Buenos Aires :Letra viva ,2012. Roudinesco, E. e Plon, M – Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro?: Jorge Zahar Ed 1998, 697