O Caráter Autoritário do Desenvolvimento Capitalista no Brasil A permanência do mandonismo: A industrialização brasileira teve como um de seus resultados a permanência do autoritarismo. Algumas características do autoritarismo: - exclusividade do exercício do poder - arbitrariedades - empregos de métodos ditatoriais e compulsórios de controle político e social - agressividade à oposição - alteração da legislação institucional criando regras para auto manutenção do poder O desenvolvimento capitalista no Brasil não significou o fim do mandonismo e de todas as práticas que marcaram a dominação oligárquica e coronelística na sociedade brasileira ( o paternalismo, a prática de favor, o uso privado do poder público com a regra “para os amigos pão, para inimigos pau”, a exclusão das classes dominantes da vida política, a repressão às formas de protesto e de organização). A constituição da ordem social capitalista no Brasil não foi acompanhada pela eliminação da estrutura agrária latifundiária, base do poder das oligarquias, ao contrário, concentrou ainda mais a propriedade da terra. A peculiaridade da industrialização brasileira constitui na acomodação dos interesses dos setores “tradicionais” (oligarquias agrárias) dominadas pelos setores “modernos” (a burguesia financeira e industrial). A marca da modernização brasileira foi a conciliação entre a burguesia urbana e as oligarquias agrárias. As revoluções burguesas européias A expansão do capitalismo na Europa foi acompanhada por revoluções burguesas. Na Inglaterra no século XVII e na França no século XVIII - adoção de princípios liberais. As idéias liberais atacavam o absolutismo(no caso, o poder absoluto dos reis) no exercício do poder político e defendiam a liberdade e a igualdade de todos frente à lei. Liberdade e igualdade na relação capitalista era só na aparência, ocultava -se a existência de uma desigualdade social - exemplo da extração da mais-valia do trabalho assalariado. A vigência de princípios liberais na esfera da produção econômica(trabalho livre) e na organização do Estado permitiu as classes trabalhadoras européias a conquista de importantes direitos: cidadania política, principal - possibilitou a participação da vida política e de tentar interferir nas ações do Estado. A revolução burguesa no Brasil Dá-se o nome de revolução de 30 ao movimento armado liderados pelos estados de Minas Gerais e Rio grande do Sul em 3 de outubro. O movimento de 1930: uma revolução burguesa? O movimento liderado por Getúlio Vargas em 1930 significou com efeito, o fim do domínio exclusivo do poder político pelas oligarquias (a do café principalmente). Ao contrário do que aconteceu na Inglaterra e na França, não ocorreu à conquista da cidadania política das massas trabalhadoras, limitando-se a uma modernização econômica. Para alguns estudiosos a revolução de 30 tem caráter de contrareforma. Uma contra-reforma para conter a rebeldia das classes dominadas. Fica descartado, portanto a revolução de 30 como uma revolução burguesa semelhante às européias. Getúlio Vargas na Revolução de 30 Conservadorismo da Burguesia Brasileira A influência oligárquica na formação e na mentalidade da burguesia brasileira. Dependência externa durante a industrialização no século XX, na era do capitalismo monopolista A Herança do Mandonismo Oligárquico Existia os vínculos que ligavam a burguesia urbana que estava no início com a oligarquia agrária do café, no caso. A continuidade que se estabeleceu entre a dominação oligárquica e a dominação burguesa A burguesia industrial e o protesto operário de inícios do século Autoritarismo paternalismo/ mobilizações operárias Enfoque conspirativo e comportamento repressivo dos grandes industriais. A Burguesia e o Capital Estrangeiro Envolvimento burguês com os interesses das oligarquias A burguesia foi criada a partir de bases formada por grandes latifundiários agrários (pessoas com grande parte de terras), por causa disso compartilham os mesmos interesses e que não pregavam mudanças sociais e políticas. A relação entre a burguesia e o capital estrangeiro Para que o capital estrangeiro firmasse no país ele exigiu garantias da burguesia, pois sendo um capital monopolista ele não queria perder suas garantias conquistadas. Capital estrangeiro / movimentos sociais Para que eles continuassem investindo no país queriam segurança para seu investimento, então eles exigiam uma expansão controlada através do autoritarismo que abafava e controlava qualquer movimento social (trabalhistas) que poderia apresentar risco para eles, às vezes isso acontecia até de forma violenta. O Ciesp e a dominação burguesa A partir da fundação do Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) aos poucos surgiu a burguesia industrial e foi um momento decisivo para a elaboração de seu projeto de dominação sobre as demais classes sociais. O Ciesp constituiu-se no órgão através do qual a burguesia industrial conciliava as suas divergências internas e difundia seu projeto de dominação social. O que estava em jogo era orientar a ação (e os recursos) do Estado para a continuidade da industrialização sob o domínio da grande indústria. Um dos líderes mais destacados era Roberto Simonsen. Simonsen procurava identificar o “destino” da Nação e o progresso com a industrialização. Tratava-se de conduzir o Brasil à civilização industrial sem que ocorressem grandes rupturas sem maiores traumatismos para as classes dominantes. A expansão industrial, seria o caminho para evitar o colonialismo, fica evidente o esforço de Simonsen de mudar o “destino agrícola” do Brasil e apresentar a industrialização como forma de colocar o País em pé de igualdade com os países capitalistas desenvolvidos. Propunha também que o Estado dirigisse seus esforços para racionalizar e aumentar a produção industrial. No pensamento de Robert Simonsen estão presentes algumas das principais idéias que legitimam a dominação burguesa sobre a sociedade brasileira, a idéia de nação é invocada para encobrir a existência de classes sociais com interesses opostos que poderiam formular “destinos” diversos para a sociedade brasileira. As idéias de Simonsen sobre industrialização, formulada nos finais dos anos 30 no Ciesp , ressurgiram depois com contextos políticos diversos, mas estava presente a idéia de que o Brasil só se tornaria uma grande nação (à altura dos países desenvolvidos) pelo caminho da expansão industrial. Roberto Simonsen, um dos principais ideólogos brasileiros. Segundo ele, a industrialização afastaria duas ameaças que “rondavam a nação” a regressão do país de produtor de produtos primários e o perigo da revolução socialista. Ponto importante para a Burguesia industrial dominar as demais classes sociais foi a criação da fundação do Centro de Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) em 1928: Ciesp foi importante para a burguesia porque: Através dela a indústria impunha seus padrões e normas na qual a burguesia conciliava as suas divergências internas e difundia seu projeto de dominação social; A industrialização era fruto de luta política e contava com o social; Burguesia era ligada à grande indústria e era formada de oligarquias e pequenos e médios industriais e por isto tinha muita força; Seu maior interesse era orientar a ação (e os recursos) do Estado. Um dos líderes mais destacados da Ciesp era Roberto Simonsen, e seus interesses eram: Identificar o "destino" da Nação e o progresso, com a industrialização; “Queria fugir da ameaça” do socialismo e evitar o colonialismo; Buscava igualdade com os países capitalistas desenvolvidos. Pregava que o Brasil só se tornaria uma grande nação (à altura dos países desenvolvidos) pelo caminho da expansão industrial; Queria o aumento da produção industrial e sua expansão, para mudar o destino agrícola” do Brasil. A industrialização era a forma de colocar o país em pé de igualdade com os países capitalistas desenvolvidos. E todas estas s idéias acabaram de legitimar a dominação burguesa sobre a sociedade brasileira.