QUÍMICA ORGÂNICA I AULA 01 – LIGAÇÃO E ESTRUTURA MOLECULAR TÓPICO 04: HIBRIDIZAÇÃO DE ORBITAIS ATÔMICOS HIBRIDIZAÇÃO DE ORBITAIS ATÔMICOS VERSÃO TEXTUAL No estudo da química orgânica, é útil considerar a molécula com sendo feita de átomos mantidos juntos através de ligações, que podem ser entendidas como de pares de elétrons em orbitais moleculares compartilhados por dois núcleos. Quando trabalhamos com os OMs do metano, nós usamos o carbono 2s e todos os três orbitais 2p para combiná-los com os orbitais 1s do hidrogênio. Cada orbital do carbono é combinado com todos os orbitais do hidrogênio igualmente. Outro modo para considerar as ligações seria combinar os orbitais 2s e 2p do carbono primeiro para formar 4 novos orbitais. Estes orbitais seriam exatamente iguais e compostos de ¼ do orbital 2s e ¾ dos orbitais p. Estes novos orbitais são chamados de ORBITAIS HÍBRIDOS SP3 para mostrar a proporção dos orbitais atômicos em cada orbital. O processo de “mistura” de orbitais é chamado de HIBRIDIZAÇÃO (Figura 4-1). (FIGURA 4-1) Figura 4-1 - Hibridização de três orbitais 2p e um orbital 2s. Combinando-se quatro orbitais atômicos em um mesmo átomo, gera-se o mesmo número total de orbitais híbridos. Cada um destes tem ¼ de caráter s e ¾ de caráter p. O orbital s3 tem um plano nodal através do núcleo, como um orbital p. Todavia, possui um lobo é maior que o outro devido à contribuição extra do orbital 2s, o qual se adiciona a um lobo, mas subtrai-se do outro. Em um átomo de carbono, os quatro orbitais sp3 apontam para os vértices de um tetraedro e o metano pode ser formado pela sobreposição do lobo maior de cada orbital sp3 do carbono com um orbital 1s do hidrogênio (Figura 4-2) (os lobos menores dos orbitais sp3 não foram representados para simplificar os desenhos). (FIGURA 4-2) Figura 4-2 - Modelo dos orbitais das ligações da molécula metano. Cada sobreposição forma um OM (2sp3 + 1s), e nós podemos colocar dois elétrons em cada orbital híbrido para formar uma ligação C-H. Também haverá, evidentemente, um OM antiligante caso, mas estes orbitais estão vazios. * (2sp3–1s) em cada A grande vantagem deste método é que ele pode ser usado pra construir rapidamente estruturas de moléculas muito maiores, sem ter que imaginar que a molécula é feita de átomos isolados. OLHANDO DE PERTO Vejamos como podemos construir a estrutura da molécula eteno. O eteno é uma molécula planar com ângulos de ligações próximos de 120º. Neste caso, haverá uma ligação entre os dois carbonos e duas ligações C-H. Podemos hibridizar os orbitais 2s, 2px e 2py (isto é, todos os orbitais no plano) para formar três orbitais híbridos sp2 iguais, deixando o orbital 2pz inalterado. Estes orbitais híbridos sp2 terão 1/3 de caráter s e 2/3 de caráter p, e poderão se sobrepor com três outros orbitais (dois OAs 1s do hidrogênio e um OA sp2 do outro carbono) para formar três OMs . Isto deixa os dois orbitais 2pz, um em cada carbono, que combinam para formar o OM . O esqueleto da molécula tem cinco ligações (uma C-C e quatro C-H) no plano e a ligação central é formada por dois orbitais 2pz acima e abaixo do plano (Figura 4-3). (FIGURA 4-3) Figura 4-3 - Modelo de OMs das ligações na molécula do eteno. O etino (acetileno) tem uma ligação tripla. Cada átomo de carbono se liga a apenas dois outros átomos para formar um esqueleto linear. Somente o orbital 2s e 2px terão a simetria correta para se ligarem aos dois átomos, uma vez que estes orbitais se hibridizam para formar dois orbitais híbridos sp em cada átomo de carbono, deixando em cada átomo de carbono os orbitais 2py e 2pz inalterados para formarem dois OMs . Estes orbitais híbridos têm 50% de caráter s e 50% de caráter p (Figura 4-4). (FIGURA 4-4) Figura 4-4 - Hibridização entre um orbital atômico 2s e um orbital atômico 2px. Os orbitais moleculares formados são mostrados na Figura 4-5. Cada OA híbrido sp se sobrepõe a um OA 1s do hidrogênio ou ao OA sp híbrido do outro carbono. Os conjuntos de orbitais p de cada átomo de carbono se combinam mutuamente para formar dois OMs perpendiculares. (FIGURA 4-5) Figura 4-5 - Estrutura e modelo de hibridização das ligações no acetileno. Os esqueletos dos hidrocarbonetos são construídos a partir de: • átomos de carbonos hibridizados sp3 (tetraédricos), • sp2 (trigonal planar), • ou sp (linear). Não é necessário hibridizar orbitais sempre que desejar conhecer o formato de uma molécula. Tudo o que se tem que a fazer é contar o número de ligações que cada átomo de carbono faz na molécula. Se o átomo de carbono faz: • duas ligações, aquele átomo de carbono é linear (hibridizado sp); • se ele faz três, aquele átomo de carbono é trigonal (hibridizado sp2); e • se ele faz quatro ligações, aquele átomo de carbono é tetraédrico (hibridizado sp3). O hidrocarboneto hex-5-en-2-ino (Figura 4-6), por exemplo, tem dois carbonos sp (C2 e C3), dois carbonos sp2 (C5 e C6), e um átomo de carbono sp3 no grupo CH2 no meio da cadeia (C4), e outro no grupo metila (C1) no início da cadeia. (FIGURA 4-6) Figura 4-6 - Estrutura do hidrocarboneto hex-5-en-2-ino. DICA Confira as animações [1]das hibridizações sp, sp2 e sp3 Fazer link HIBRIDIZAÇÃO DE OUTROS ÁTOMOS A hibridização é uma propriedade dos orbitais atômicos e não especificamente do átomo de carbono. Uma vez que todos os átomos têm orbitais atômicos, teoricamente podemos hibridizar qualquer átomo. Um arranjo tetraédrico de átomos em torno de um átomo central pode ser racionalizado pela descrição de um átomo central com hibridização sp3. As três primeiras moléculas(a,b,c) da Figura 4-7 possuem estruturas tetraédricas, e em cada caso o átomo central pode ser considerado hibridizado sp3. (FIGURA 4-7) Figura 4-7 - Estruturas do ânion boroidreto, metano, ânion amônio e borano. Cada uma destas três moléculas possui um átomo central (B,C ou N) fazendo quatro ligações sigma ( ) equivalentes. Todas têm o mesmo número de elétrons ligantes, e são chamadas de ISOELETRÔNICAS. O boro, o carbono e o nitrogênio são átomos que se encontram seguidamente na tabela periódica, de tal forma que cada núcleo tem um próton a mais que o seu anterior: B tem 5, C tem 6 e N tem 7. Isto explica porque a carga sobre o átomo central varia. Já o borano, BH3 (Figura 4-7d), tem três pares de elétrons ligantes. O átomo de boro central liga-se a apenas três outros átomos. Portanto, devemos descrevê-lo como sendo hibridizado sp2 com um orbital p vazio. Cada uma das ligações B-H é resultante da sobreposição de um orbital sp2 com o orbital 1s do hidrogênio. O borano é isoeletrônico com o cátion metila, CH3+ (Figura 4-8) e, portanto, ambos são hibridizados sp2 e têm um orbital p vazio. (FIGURA 4-8) Figura 4-8 - Estruturas do borano, cátion metila, ânion metila, amônia e íon hidrônio. O que ocorre com a amônia, NH3 (Figura 4-8)? A amônia não é isoeletrônica com o borano e com o cátion metila, Me+. Ela tem três ligações N-H, cada uma com dois elétrons, e o nitrogênio central tem um par de elétrons livres a mais. Neste caso, o nitrogênio será hibridizado sp3 e o par de elétrons livres do nitrogênio serão colocado em um orbital sp3, definindo uma geometria piramidal, próxima da tetraédrica, para a amônia. Experimentalmente, os ângulos da ligação H-N-H foram determinados como sendo todos iguais a 107,3º, valor diferente dos 109,5º encontrado em geometrias tetraédricas. Desta forma, o nitrogênio da amônia não pode ser descrito como sendo hibridizado sp3 puro. FONTES DAS IMAGENS 1. http://www.mhhe.com/physsci/chemistry/essentialchemistry/flash/hyb rv18.swf Responsável: Prof. Jose Nunes da Silva Junior Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual