TENÍASE / CISTICERCOSE
O complexo teníase-cisticercose constitui-se de duas doenças
distintas, causada pela mesma espécie de cestódeo, em fases
diferentes do seu ciclo biológico.
A cisticercose é causada pela presença, nos tecido do estágio
larvar, de T. saginata, em bovinos, ou T. solium, em suínos e
seres humanos, que ingeriram ovos das respectivas tênias.
Nomes populares:
Teníase: Tênia, Solitária
Cisticercose: Canjiquinha, Lombriga na Cabeça
Agente causador:
Taenia solium - Suínos
Taenia saginata – Bovinos
Espécies acometidas:
Bovinos, suínos e humanos
CICLO BIOLÓGICO
CICLO BIOLÓGICO
CICLO BIOLÓGICO
Após serem liberadas por um indivíduo infectado para o meio exterior,
as proglotes grávidas cheias de ovos, se rompem por contração da
sua musculatura, ou decomposição de sua estrutura pela dessecação,
e liberam milhares de ovos no solo. Se mantidos em condições
adequadas de umidade e protegidos da luz solar, esses ovos podem
se manter infectantes por vários meses.
CICLO BIOLÓGICO
O hospedeiro intermediário, no caso da T. solium – o porco, e no caso
da T. saginata – o boi, ingere os ovos, os quais atingem o estômago,
sofrem a ação da pepsina e passam a ter sua casca amolecida pela ação
conjunta da bile, do colesterol e da tripsina ao chegarem ao intestino. O
embrião hexacanto é então liberado, penetra na mucosa intestinal com
auxílio dos acúleos, permanecendo aí por aproximadamente quatro dias.
Após esse período, penetram nas vênulas, atingindo as veias e os vasos
linfáticos do mesentério.
CICLO BIOLÓGICO
Atingem a circulação e são transportados a muitos órgãos
e tecidos, até o local de implantação, podendo se alojar em
vários locais, principalmente no cérebro e nos músculos de
maior movimentação, como masseter, língua e coração. O
embrião pode crescer até cerca de um cm e manter alguma
quantidade de líquido em seu interior, originando uma
estrutura denominada cisticerco, no prazo de 10 ou 12
semanas. No caso da T. solium, o cisticerco é
denominado Cysticercus cellulosae e no caso da T.
saginata, Cysticercus bovis, que pode sobreviver por até
dois anos.
PATOGENIA
T. sollium: pode transmitir a teníase e a cisticercose.
T. saginata: causa a teníase.
Aquisição da teníase por seres humanos: ingestão de carne
suína ou bovina crua ou mal cozida.
Carne suína ou bovina crua ou mal cozida: existem
cisticercos de T. sollium e de T. saginata respectivamente.
PATOGENIA
Os cisticercos recebem estímulo do suco duodenal alcalino e
sofrem desevaginação.
O verme amadurece até a forma adulta, se aloja no intestino e
elimina proglotes que são eliminadas nas fezes.
As proglotes da T. sollium são eliminadas passivamente nas
fezes, enquanto as proglotes T. saginata possuem movimento
próprio e podem ser eliminadas independe da evacuação.
MORFOLOGIA
As proglotes maduras são quadrangulares e apresentam os
órgãos reprodutores masculinos e femininos bem definidos e
capazes de realizar a fecundação.
As proglotes grávidas são os anéis dos últimos metros.
Órgãos femininos: dois ovários, glândulas vitelínicas,
cavidade denominada oótimo e vagina (poro gential).
Órgãos masculinos: apresentam de 200 a 300 testículos.
MORFOLOGIA
Órgãos masculinos
.
Cada um deles emite um canal eferente, que
continua em canal deferente e vai se abrir no poro
genital, junto à vagina
Proglotes grávidas:
- Anéis dos últimos metros, situados mais distantes
do escólex.
- São mais compridas, e tiveram uma involução de
seus órgãos reprodutores, apresentando apenas
útero.
T. solium: pode apresentar de 30 a 40 mil ovos nas proglotes
grávidas.
T. saginata: pode apresentar até 80 mil ovos nessas
proglotes.
T. solium: os proglotes são eliminados com as fezes em
porções do estróbilo.
T. saginata: destacam-se um a um, forçam a passagem anal.
São eliminados espontaneamente, contaminando a roupa
íntima do hospedeiro.
Legenda:
Gravid proglottids: proglotes grávidas
Mature proglottidis: proglotes maduras
Immature proglottids: proglote imatura
Solex: escolex
SINAIS E SINTOMAS
Teníase: dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de
peso, flatulência, diarreia ou constipação. A infestação pode
ser percebida pela eliminação espontânea nas fezes de
proglotes do verme.
Em alguns casos, podem causar retardo no crescimento e
no desenvolvimento das crianças e baixa produtividade no
adulto.
Cisticercose: sintomas neuropsiquiátricos (convulsões,
distúrbio de comportamento, hipertensão intracraniana) e
oftálmicos.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Nas crianças, geralmente:
A teníase pode determinar perturbações digestivas, gerais e
nervosas.
Dentre as manifestações digestivas:
Dispepsia, diarréia e alterações do apetite.
Dentre as manifestações gerais:
Mal-estar geral
Perda de peso e fadiga
Dentre as manifestações nervosas:
Fenômenos neuropsíquicos: inquietação, insônia e
irritabilidade.
DIAGNÓSTICO EPIDEMIOLÓGICO
Considerar:
Condições sócio-econômicas (como saneamento básico e
água tratada em sua residência)
Hábitos de vida (higiene pessoal, ingesta de carne de porco
mal cozida)
Histórico de teníase do paciente ou familiar.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
Exame parasitológico de fezes como principal opção, sendo
positivo quando são encontrados proglotes ou ovos de tênia
nas fezes.
Pode-se também realizar pesquisa de ovos na pele com a
técnica da fita adesiva na região perianal.
Sorológicos
A detecção de coproantígenos (CoAg) na ausência de ovos na matéria fecal são
utilizados para confirmação do diagnóstico de teníase.
ELISA: captura anticorpos sanguíneos formados contra a larva e os produtos por
ela excretados-secretados. É considerado um método simples e sensível.
Neurocisticercose:
cefalorraquidiano.
exames
citoquimicos
e
imunológicos
do
líquido
ELISA: presença de IgG e IgM no líquor.
A melhor técnica para o diagnóstico: técnica de EITB (Imunoblot ou EnzymeLinked Immunoelectrotransfer Blot) devido alta sensibilidade e especificidade.
Imaginológico
O diagnóstico confirmatório de neurocisticercose é realizado através de
exames de neuro-imagem.
RX pode ser utilizado. Somente cisticercos calcificados, que podem aparecer
anos após a infecção, são passíveis de serem observados.
A tomografia computadorizada e a ressonância nuclear magnética do crânio
são as técnicas imaginológicas mais empregadas por possibilitarem visualizar
número e identificação do cisticerco em diversos estágios de desenvolvimento
caracterização das formas larvárias e alterações anatomo-fisiológicas
resultantes da presença desses ovos no sistema nervoso.
A tomografia computadorizada é considerada o método de escolha por
identificar microcalcificações típicas da fase crônica.
A ressonância magnética é mais sensível quando os cisticercos são pequenos,
de localização intraventricular e subaracnóide.
Diagnóstico diferencial
Neurocisticercose: fazer o diagnóstico diferencial com
distúrbios psiquiátricos e neurológicos (principalmente
epilepsia por outras causas).
TRATAMENTO
TENÍASE
Mebendazol: 200mg, 2 vezes ao dia, por 3 dias, VO;
Niclosamida ou Clorossalicilamida: adulto e criança com 8
anos ou mais, 2g, e crianças de 2 a 8 anos, 1g, VO, dividida
em 2 tomadas;
Praziquantel, VO, dose única, 5 a 10mg/kg de peso corporal;
Albendazol, 400mg/dia, durante 3 dias.
As drogas mais utilizadas atualmente para o tratamento são o
praziquantel, mebendazol e niclosamina.
PROFILAXIA
Melhoria das condições de saneamento do meio ambiente;
Tratamento dos doentes;
Ampliação da inspeção veterinária de produtos cárneos;
Evitar o abate e consumo de produtos não inspecionados pela vigilância
sanitária e educação em saúde com destaque para necessidade de
criação de hábitos de higiene;
Conservação da carne em temperatura inferior a –15ºC durante seis dias,
seu devido cozimento e o diagnóstico e tratamento da teníase humana
em áreas endêmicas.
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teníase / cisticercose - Universidade Castelo Branco