Ano V • no 67 • Janeiro de 2012 Telecom em perspectiva Investimentos crescem: É a competição que está chegando O marco regulatório pouco avançou para estimular a competição que, por sua vez, gera inovação e novos investimentos. Porém as pressões de demanda estão incentivando investimentos e podem criar um ciclo virtuoso de crescimento. competitivas a contratarem blocos de numera ção de concessionárias como única alternativa para oferecer recurso de numeração ao cliente final. A ausência da numeração representa uma violação direta ao direito do consumidor de pó der se comunicar com usuários de outras redes via interconexão. Outra vez, ganham as conces sionárias e perdem os operadores competitivos e os consumidores. Como sabemos, as iniciativas de regulamentação pró-competição da Anatel têm sido tímidas e lentas. Enquanto outras agências reguladoras mundo afora se tornaram primordialmente agências de fomento à competição, as prioridades da nossa Anatel não demonstram inequivocamente sua aposta na competição como instrumento principal para a dinamização do mercado. Desde a privatização, várias medidas prócompetição foram previstas na legislação e regulamentação setorial. Na prática muito pouca coisa saiu do papel ou dos discursos, de forma a estimular o desenvolvimento do mercado. A interconexão direta com qualquer outra rede, tais como as redes do SMP pelas operadoras SCM, ainda não é uma realidade. Somam-se ainda custos desnecessários para interconexão que criam barreiras à competição e expansão de serviços. A lista abaixo sumariza temas onde decisões O congelamento, por muie ações do regulador teriam tido Desde a privatização, várias forte impacto sobre a dinâmica de medidas pró-competição tos anos, de liberação de licenças de TV a cabo e a atualização da crescimento do setor, mas que foram previstas na legislação para TV por assinatununca foram implantadas de fato: regulamentação setorial, porém pouca coisa saiu do papel O mercado de exploração industrial de linhas dedicadas (EILD) que permitiria grande agilidade na expansão de serviços SCM e de STFC de operadoras autorizadas não funciona adequadamente e sujeita as operadoras competitivas aos interesses exclusivos e à conveniência das concessionárias locais. A desagregação de redes (unbundling) e revenda: assim como a EILD, a regulação atual parece que foi concebida propositalmente para não funcionar. Por isto nunca se tornou realidade. Isto é uma barreira à entrada de operadoras competitivas e priva os consumidores de ofertas alternativas com melhor relação qualidadepreço. Plano de numeração próprio para operadoras do SCM: apesar de previsto na regulamentação, não existe na prática e obriga as operadoras ra limitam a oferta de serviços. O modelo de custo para balizar preços de atacado: outra providência que daria agilidade e transparência à contratação e corrigiria graves distorções nos valores praticados ainda é um projeto, apesar de ter sido previsto por Decreto Presidencial emitido há quase 10 anos. Procedimentos para resolução de conflitos célere e eficaz, com baixos custos de transação e acessíveis aos operadores menores, que não têm recursos para gastar com advogados caros ou para peregrinarem em Brasília. O planejamento para a evolução do modelo de concessão e prestação de ser viços de telefonia em regime público, para um novo modelo ajustado à realidade de mercado atual e que equacione questões em aberto como a dos bens reversíveis e da assinatura básica, é de suma importância para proporcionar previsibilidade e (continua) Informativo TelComp é o boletim de notícias da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas — www.telcomp.org.br — email: [email protected] Diretoria Executiva: Alfredo Ferrari (Presidente do Conselho Consultivo); Alexandre Costa e Silva (Vice-Presidente do Conselho Consultivo); Alexandre Martinez, Ayrton Capella, Cristiene Abadia Evaristo, Emiliano Gomes e Jacques Nasser (Diretores). Presidente Executivo: João Moura; Gerente de Infraestrutura: Luiz Henrique Barbosa da Silva; Gerente Regulatório: Jonas Antunes Couto; Regulação e Competição: Marcos de Lucca Fonseca Av. Iraí, 438 conj. 44 - Moema - São Paulo (SP) - Tel: (11) 5533-8399 - Fax: (11) 5533-0051. Investimentos crescem segurança jurídica tanto para concessionárias como para competidores e usuários. E por último, mas não menos importante, o próprio acordo feito no âmbito do PGMU e na revisão dos contratos de concessão em 2003, sobre a introdução de um Plano Geral de Metas de Competição, que só agora começa a ser discutido. A quem interessa esse cenário? Certamente não é ao consumidor final. O ambiente regulatório marcado por conduta reativa e lenta da Agência, que não prioriza a competição, estimula a inércia das concessionárias locais e se reflete nos baixos investimentos, na ausência de inovação ou melhoria de serviços como tem sido visto nos últimos anos, apesar das condições favoráveis de mercado onde a demanda por conectividade e serviços de comunicação é cada vez maior. novos investimentos vêm sendo anunciados, ainda que timidamente. Enfim, pode parecer um ciclo virtuoso! A pergunta que surge é porque então precisamos de regulação se as forças de mercado parecem produzir as correções necessárias mesmo na ausência de ação efetiva da Anatel? Infelizmente pelas características do mercado de telecomunicações a intervenção regulatória é e continuará a ser essencial, se se pretendem ganhos significativos para a sociedade. É bem sabido que investimentos neste setor têm forte efeito multiplicador sobre a economia como um todo e, portanto, não se pode depender de conveniências (ou limitações) privadas momentâneas para que a sociedade possa contar com uma infraestrutura crítica para o seu desenvolvimento. As necessidades de investimentos são altas e crescentes. A duplicação desnecessária de ativos não interessa à sociedade. A regulação tem papel crucial (e absolutamente legítimo) para estimular De um lado dezenas de novos operadores desenvolvimento setorial, com chegam ao mercado a cada dia, eficiência e racionalidade, para A regulação tem papel construindo redes, implantando que o consumidor final seja serviços e trazendo soluções ino- crucial (e absolutamente legítimo) para estimular mais bem atendido indepenvadoras que o consumidor demandentemente de interesses de da. São operadores de perfis varia- desenvolvimento setorial empresas individuais. dos, desde multinacionais de grancom eficiência e de porte até pequenos empreenderacionalidade Isto não se confunde com dores locais, que mesmo com as planejamento estatal centralizado nos moldes da restrições do marco regulatório, têm realizado inantiga União Soviética, como argumentam alguns. vestimentos, fazendo o mercado avançar. Por ouPelo contrário, trata-se de criar condições para tro lado, operadoras de grande porte já estabeleci- viabilizar o empreendedorismo e coibir o abuso das percebem que a ausência de investimentos das de posições dominantes que tornam o investimenconcessionárias locais, com um mercado forte- to de novos entrantes inviável. mente demandante, é uma bela janela de oportuniAs medidas regulatórias clássicas são bem dade. Para aproveitá-la não se pode esperar. É conhecidas. Não é necessário, portanto, inventar preciso investir e conquistar clientes rapidamente. soluções, mas quebrar a inércia que beneficia alE é isto o que está acontecendo. guns e prejudica a maioria. Se os operadores competitivos não têm caA nova liderança da Anatel, com seu Consepacidade imediata de suprir a lacuna de investimentos deixada pelas concessionárias locais, em lho completo e o reforço em seus quadros técnialgum momento vão tirá-las da zona de conforto, cos, alinhados com as políticas públicas emanadas pelo Minicom e o clamor do mercado por mais e para reagirem e defender parte do seu patrimônio legado, que hoje vai se erodindo dia a dia. Isto, melhores serviços, compõem um conjunto positivo de fatores para fazer o mercado crescer vigoropor sua vez, parece que já está acontecendo e samente. Como não existem males que durem para sempre, esta situação tem provocado movimentos interessantes no mercado: Informativo TelComp é o boletim de notícias da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas — www.telcomp.org.br — email: [email protected] Diretoria Executiva: Alfredo Ferrari (Presidente do Conselho Consultivo); Alexandre Costa e Silva (Vice-Presidente do Conselho Consultivo); Alexandre Martinez, Ayrton Capella, Cristiene Abadia Evaristo, Emiliano Gomes e Jacques Nasser (Diretores). Presidente Executivo: João Moura; Gerente de Infraestrutura: Luiz Henrique Barbosa da Silva; Gerente Regulatório: Jonas Antunes Couto; Regulação e Competição: Marcos de Lucca Fonseca Av. Iraí, 438 conj. 44 - Moema - São Paulo (SP) - Tel: (11) 5533-8399 - Fax: (11) 5533-0051.