men AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO REDUÇÃO BACTERIANA COM DIODO EMISSOR DE LUZ AZUL ASSOCIADO AO FOTOSSENSIBILIZADOR RODAMINA ÁCIDA B: ESTUDO IN VITRO SOBRE STREPTOCOCCUS MUTANS MARIA CRISTINA EIKO HASHIMOTO Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre Profissional na área de Lasers em Odontologia. Orientadora: Profa. Dra. Martha Simões Ribeiro Co-orientador: Prof. Dr. Edgar YujiTanjl São Paulo 2005 14-002: r .OIIlISl tpen AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO REDUÇÃO BACTERIANA COM DÍODO EMISSOR DE LUZ AZUL ASSOCIADO AO FOTOSSENSIBILIZADOR RODAMINA ÁCIDA B: ESTUDO IN VITRO SOBRE STREPTOCOCCUS MUTANS MARIA CRISTINA EIKO HASHIMOTO Dissertação apresentada como parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre Profissional na área de Lasers em Odontologia Orientadora: Profa. Dra. Martha Simões Ribeiro Co-orientador: Prof. Dr. Edgar Yuji Tanji São Paulo 2005 CSPSssfo mxm. ce ENERSJA NUOEWSPÄI / \ / MESTRADO PROFISSIONALIZANTE LASERS EM ODONTOLOGIA ene*^g¿a>'aXrôrnCccu a/ vontcuíe^ " A o- me<.<y fíXho- Vicente^, motíÁ/o- do- vneA^o or^dho- fonte/ day ynónhoy corcu^^-vn/ Aoy m&uífpcuyy, pelaypr&i€yiça/em/todx>y pelo-cunor oy momerítoy, comtarite^, e/ p rinoCpcdm€4^tey por acred¿tarem/ Aoy Júlio- vneAjjy írmdoy, Qy M (Xr'UKy CéXlO/, pelo-carónhiO-j ctpoio-e/Oncer[tí\/o-. É pctrcv vocéy em/eypecíal/quey dedico- ejite^ tralyalho-. em^ pela^ (>portuA\íd.ad&y conce^tída^y empela/ Lliimlvuxçã<> ca4nlviho: do-me4Á/ Agradeço especialmente, À minina querida orientadora Ritjeiro, que com seu carinlio, contagiante Profa. Dra. Martina Simões profissionalismo e bom humor me conduziu até aqui. Meu sincero agradecimento pela sua paciência e dedicação e pela honra de sua orientação neste trabalho. A o Prof. Dr. Edgar Yuji Tanji pela sua co-orientação, pela sua boa vontade, ajuda e incentivo. À Prof*. Dra. Silvana Cai, do Depto. de Microbiología do ICB-USP, pela sua orientação na área de Microbiología, pela sua paciência e boa vontade em ensinar e pela seriedade de seu trabalho. A o Prof. Dr. Laércio G o m e s , pelo uso do Laboratorio de Espectroscopia. A o s c o l e g a s A é c i o Y a m a d a Jr., Renato de Araújo Prates e Luiz Cláudio Suzuki, por t o d o s os m o m e n t o s durante a fase do experimento, pela solidariedade, pelo carinho e incentivo e principalmente pela amizade. A o O s v a l d o , da MMOptics, Brazil, pelo uso do equipamento Bright Lee II. À CCI Q u í m i c a Importação Exportação e Representações Ltda., pela amostra cedida d a rodamina ácida B. A o Prof. Dr. G e s s é Eduardo Calvo Nogueira, pela sua orientação no primeiro projeto de pesquisa, pela sua boa vontade e m ajudar, pela sua competência, meu sincero reconhecimento. A o Prof. Dr. Eduardo M a k o t o A d a c h i , minha gratidão por ter sido m e u professor e amigo, por todos os ensinamentos, por mostrar o caminho e torcer pelas minhas conquistas. Obrigada pelo apoio d a d o para que eu iniciasse o mestrado, pelo incentivo e pela sinceridade de sua amizade. A o Prof. Dr. Michel Nicoiau Youssef, pela oportunidade de estágio no Depto. de Dentística da F O U S P e pelo incentivo para que e u iniciasse o mestrado. A o Prof. Dr. Flávio Carnevale Filho, pela sua amizade, pelo seu incentivo, m e u sincero agradecimento. À amiga Patrícia Ebel, pela solidariedade, pela amizade sincera e generosidade. Muito obrigada. À amiga Ana Paula Franchi, pela solidariedade nos m o m e n t o s difíceis, pela amizade incondicional e pela sua imensa bondade. A o colega Aguinaldo Silva G a r c e z Segundo, pelo auxílio nas fotos das colônias de Streptococcus A todos os mutans. professores e funcionários do mestrado profissionalizante pela paciência e dedicação, muito obrigada. A todos os colegas d o mestrado profissionalizante e acadêmico, pelos momentos de descontração e alegria e pela amizade. A todas as pessoas q u e direta ou indiretamente, contribuíram para que eu concluísse este trabalho, m e u sincero agradecimento. R e d u ç ã o b a c t e r i a n a c o m d i o d o e m i s s o r d e luz a z u l a s s o c i a d o a o f o t o s s e n s i b i l i z a d o r r o d a m i n a á c i d a B. E s t u d o in vitro s o b r e Streptococcus mutans. Maria Cristina Eiko H a s h i m o t o RESUMO A terapia fotodinâmica (PDT) consiste no uso de um fotossensibilizador (FS), oxigênio e uma fonte de luz com c o m p r i m e n t o de onda ressonante c o m o agente fotossensibilizador. Estes fotossensibilizadores absorvem a energia luminosa e são levados a um estado excitado, produzindo espécies reativas de oxigénio q u e resultam e m morte celular. Os objetivos deste trabalho foram avaliar a redução de Streptococcus mutans, in vitro, utilizando como FS a rodamina ácida B, utilizada e m soluções evidenciadoras de cárie, associada a um diodo emissor de luz azul (LED) de Â=470 nm; comparar o efeito bactericida de duas diferentes doses e investigar por espectroscopia de absorção óptica a interação do FS c o m o S. mutans, antes e após a irradiação. A s a m o s t r a s bacterianas foram divididas e m cinco grupos: controle, rodamina, LED, P D T 3 minutos (D= 17,52 J/cm^), P D T 5 minutos (D= 29,2J/cm^). A redução bacteriana foi de 96,74% para At=3 min e de 9 7 , 2 6 % para At=5 min. A m b a s as doses foram efetivas em reduzir S. mutans, mas não mostraram diferenças significantes entre si. A espectroscopia de absorção óptica indicou que h o u v e interação entre o S. mutans e a rodamina antes e a p ó s a irradiação, e que a a b s o r ç ã o miuda q u a n d o a dose é fracionada. Estes resultados s u g e r e m q u e a terapia fotodinâmica utilizando u m diodo emissor de luz azul associado à rodamina ácida B pode ser um m é t o d o efetivo para redução de S. mutans. 11 Lethal photosensitization following blue light emitting diode and acid rhodamine B. In vitro study on Streptococcus mutans. Maria Cristina Eiko Hashimoto ABSTRACT Photodynamic therapy (PDT) requires the usage of a photosensitizer (PS), oxygen and light of an appropriate wavelength. These photosensitizers absorb the light photon and are led from their stable ground state to an unstable excited state, producing cytotoxic reactive oxygen species responsible for celular death. The purposes of this study were evaluate whether S. mutans could be killed by light emitting diode (LED), K= 470 nm, associated with acid rhodamine B, known for its usage in caries detector solution; compare the bactericidal effect between two different doses and investigate the interaction between the PS and S. mutans, before and after irradiation, by optical absorption spectroscopy. The samples were divided into five groups: control, rhodamine, LED, PDT 3 minutes (D= 17,52 2 2 J/cm ), PDT 5 minutes (D= 29,2J/cm ). The reduction in the mean viable counts was 96,74% for At= 3 min, and 97,26% for At= 5 min. Both doses were effective for killing S. mutans, but there was not any significant difference among themselves. The absorption optical spectrum analysis indicated that there was interaction between S. mutans and rhodamine before and after irradiation, and the absorption could be changed when the dose is fractioned. These results suggest that photodynamic therapy using a blue light emitting diode associated with acid rhodamine B can be an effective method for killing S. mutans. Ill SUMARIO 1. I N T R O D U Ç Ã O 01 2. O B J E T I V O S 06 3. R E V I S à O DE L I T E R A T U R A 3.1 Cárie dental 07 3.1.1 Prevenção da cárie dental 09 3.2 Terapia fotodinâmica 10 3.2.1 Histórico 10 3.2.2 Fundamentos da P D T 11 3.2.3 Mecanismo da citotoxidade e m PDT 13 3.2.4 A g e n t e s Fotossensibilizadores 14 3.3 Diodo emissor de luz azul {light emitting diode - LED) 16 3.4 A ç ã o bactericida da P D T 18 4. M A T E R I A I S E M É T O D O S 24 5. R E S U L T A D O S 31 6. D I S C U S S à O 38 CONCLUSÕES 45 ANEXOS 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 49 IV LISTA DE FIGURAS Página Figura 1 Colônias de S. mutans em placas de Petri 24 em meio de cultura TSA Figura 2 Fórmula estrutural da rodamina ácida B 24 Figura 3 Espectrofotômetro Cary 17 (Varian - USA) 25 do Laboratório de Espectroscopia de Absorção Óptica do CLA-IPEN Figura 4 Bright LEC II (MMOptics, São Carlos, SP - Brazil) 26 Figurão Centrífuga Jouan, modelo A-14 26 Figura 6 Irradiação do grupo B (LED) 27 Figura 7 Irradiação do grupo D (PDT 3 minutos) 28 Figura 8 Irradiação do grupo E (PDT 5 minutos) 28 Figura 9 Diluições das suspensões de S. mutans 29 Figura 10 Câmara de fluxo laminar do Laboratório de 29 Microbiologia Oral (ICB-USP) Figura 11 Figura 12 Espectro de absorção da rodamina ácida B Rodamina 0 , 1 % : Espectro de absorção da rodamina ácida B a 0 , 1 % ; SM+rodamina PIT: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após tempo de pré-irradiação de 5 minutos; PDT 3 minutos: Espectro de absorção do 31 32 S. mutans + rodamina após PDT por 3 minutos; PDT 5 minutos: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após PDT por 5 minutos Gráfico da absorção do S. mutans e m A= 470 nm durante a P D T de 1 a 5 minutos Alterações na absorção da rodamina ácida B após associação c o m S. mutans e após P D T Alterações na absorção do S. mutans após a PDT Número de células viáveis de S. mutans Número de células viáveis de S. mutans, e m porcentagem, antes e após P D T nos grupos VI L I S T A DE A B R E V I A T U R A S He-Ne Hélio Neónio J/cm^ Joule por centímetro q u a d r a d o PDT Terapia Fotodinâmica PIT T e m p o de pré-irradiaçãp FS fotossensibilizador SM Streptococcus W watt nm nanometro LED diodo emissor de luz pg/mL micrograma por mililitro pL microlitro mW miliwatt BHI infusão de cérebro coração GaAs A r s e n e t o de G a l i o TSA Triptone Soja A g a r s segundo mutans VII TSB Caldo de Triptone Soja M concentração molar GaAiAs Arseneto de Gálio e Alumínio TBO Azul de orto toluidina mm milímetro kHz kilohertz mW/cm^ miliwatt por centímetro quadrado joule mg/mL miligrama por mililitro g/mol grama por mol ufc/mL unidades formadoras de colônia por mililitro mM milimolar grau Celsius cm centímetro cm' centímetro quadrado PBS sodium phosphate CO^ dióxido de carbono buffer VIH A comprimento de onda Ai tempo D dose AIPCS2 ftalocianina aluminio disulfonatado Ca++ Cálcio tT T e m p o de vida (pT estado tripleto 1. I N T R O D U Ç Ã O Os primeiros registros da doença cárie datam de cerca de 280 milhões d e anos, sendo os primeiros a c h a d o s em fósseis de peixes. Posteriormente, foram encontrados registros em dinossauros herbívoros há 70 milhões de anos; e m fósseis de répteis, macacos e pré-hominídeos, há 54 milhões de anos; e e m mamíferos há 25 milhões de anos. No Homo sapiens, os a c h a d o s datam de mais de 1 milhão de anos ( L E R M A N , 1964). Durante estes séculos, várias foram as teorias elaboradas para o esclarecimento desta doença e a busca por uma resposta v e m desde a época dos Sumários ( N E W B R U M , 1988). Hipócrates, e m 460-370 a.C. deu importância â presença de alimentos na boca, sugerindo que fatores locais e gerais interferiam na presença de cárie. Aristóteles, em 384-322 a.C. descreveu que figos macios e doces se aderiam aos dentes, apodreciam e c a u s a v a m cáries. A n t h o n y v a n L e e u w e n n h o e k (1683), o pai da m o d e r n a microscopia, descreveu p e q u e n o s microorganismos "extraídos de u m dente comprometido", afirmando que os m e s m o s c a u s a v a m desconforto e dor de dente. Porém, a p e n a s no final do séc. XX Miller d e u cunho científico às investigações, afirmando que a cárie era c a u s a d a por ácidos produzidos pelos microorganismos da boca ( L E R M A N , 1964). A associação clínica entre a presença do Streptococcus mutans e a doença cárie e m h u m a n o s foi demonstrada e m um n ú m e r o considerável de estudos. Pesquisas longitudinais confirmaram o papel importante do S. mutans na maioria das cáries de fissura, interproximal e de superfície lisa e sugeriram que a predominância do S. mutans antecedia a predominância dos iactobacilos. A complexidade da relação flora-cárie e as dificuldades de a m o s t r a g e m de u m sítio q u e reflita a realidade do desenvolvimento da cárie dificultam o estabelecimento de afirmações absolutas relacionadas c o m a seqüência de eventos envolvidos c o m o início da lesão cariosa ( L O E S C H E , 1993). A s bactérias encontradas na cavidade oral geralmente p o d e m ser divididas e m dois grandes grupos: patógenos principais, fortemente associados às cáries, e as bactérias que são encontradas juntas com os patógenos principais na microbiota das lesões iniciais e dentina cariada. A s bactérias mais importantes associadas ás estreptococos, lesões de cárie e m sendo a mais humanos importante estão o S. incluídas no grupo mutans dos (THYLSTRUP e F E J E R S K O V , 2001). Os S. mutans são os principais patógenos da cavidade oral, têm a c a p a c i d a d e de sintetizar a partir de carboidratos metabolizados, um polímero extracelular denominado dextrano, que por sua vez auxilia esses microorganismos no processo de a d e s ã o ao esmalte dentário. Os lactobacilos são colonizadores secundários, responsáveis pelo progresso das lesões cavitadas. Os actinomicetos predominam nas superfícies radiculares dos dentes ( L O E S C H E , 1993). A p ó s a desmineralização do esmalte, a lesão progride lentamente em direção à dentina, formando uma área de dentina desmineralizada sob uma zona desmineralizada e infectada com bactérias. Clinicamente, é difícil distinguir essas z o n a s e a remoção apenas da dentina contaminada é extremamente crítica; c o n s e q ü e n t e m e n t e , grande quantidade de tecido sadio é removida durante o preparo cavitário ( B U R N S et al., 1994). O desenvolvimento de uma nova terapia capaz de matar bactérias cariogênicas in situ, reduziria a necessidade de r e m o ç ã o de u m a grande quantidade de tecido sadio, a u m e n t a n d o dessa forma, a longevidade do elemento dental restaurado ( B U R N S et al., 1994; B U R N S e í al., 1995). O processo patogênico pode ser prevenido, revertido ou retardado pela r e m o ç ã o ou alteração do ambiente e dos fatores microbiológicos adversos. O controle microbiano ou as abordagens terapêuticas mais desejáveis são aquelas e m q u e não haja impacto a longo prazo na microbiota residente, o u se alguma a d a p t a ç ã o ocorrer, F E J E R S K O V , 2001). não resulte e m patogenicidade contínua ( T H Y L S T R U P e A redução de microorganismos patogênicos da superfície dental é uma das estratégias de p r e v e n ç ã o e controle da doença cárie, porém, nem sempre se c o n s e g u e o controle mecânico do biofilme. Neste sentido, várias terapias p o d e m ser empregadas como a utilização de agentes quimioterápicos e quimioprofiláticos, lasers e m alta intensidade pela geração de calor, ou a terapia fotodinâmica ( P D T - photodynamic therapy), objeto deste estudo. Estudos anteriores mostraram que agentes antimicrobianos podem causar Tentativas problemas de resistência bacteriana prévias d e esterilização da dentina tradicionais (COURVATIN, através do uso de 1996). materiais fenólicos apresentaram efeito deletério à polpa devido à difusão de materiais tóxicos ao longo dos túbulos dentinários (FUSAYAMA, 1998). A terapia fotodinâmica surge neste cenário c o m o u m a alternativa promissora, pois não existem na literatura indícios de resistência microbiana á P D T e esta, por sua vez, pode ser confinada á área da lesão pela aplicação cuidadosa do corante e restrição da irradiação por meio do uso de fibra óptica, quando necessário ( W I L S O N , 1993). A l g u n s estudos d e m o n s t r a r a m q u e diversas espécies de bactérias orais, na presença de u m apropriado agente fotossensibilizador (FS) p o d e m ser mortas por um laser em baixa intensidade ( V E N E Z I O e í ai. 1985; O K A M O T O et ai, D O B S O N e W I L S O N , 1992; W I L S O N e MIA, 1993; ai, 1993; B U R N S et ai, 1994; B U R N S et ai, 1997; R O V A L D I e í ai, 1992; W I L S O N , 1993; B U R N S et 1995; W I L S O N eí. a/, 1995; W A L S H , 2 0 0 0 ; K Ô M E R I K e W I L S O N . 2002; S E A L e í ai, 2002; M A T E V S K I et ai, 2003). A terapia fotodinâmica na Odontologia pode ser uma alternativa no c o m b a t e a infecções locais. Nesse caso, não é necessário q u e a fonte de luz seja proveniente de um laser e m baixa intensidade e sim, que o fotossensibilizador penetre na bactéria e q u e a fonte de luz possua c o m p r i m e n t o de onda ressonante com o fotossensibilizador para a produção de espécies reativas de oxigênio q u e irão causar morte celular. o diodo emissor de luz ( L E D - light emitting diode) é uma fonte de luz alternativa em relação ao laser de baixa potência e apresenta como vantagens a possibilidade de produção de equipamentos compactos e de menor custo, além de possuírem uma banda espectral mais ressonante à banda de absorção do fotossensibilizador. Agentes fotossensibilizadores têm sido estudados desde 1900, e o seu interesse tem crescido durante as décadas passadas devido à possibilidade de uso destes agentes no diagnóstico e tratamento de tumores malignos ( S A N D E R S O N et al., 1972; B E N S O N et al., 1982). A rodamina ácida B é um composto químico utilizado em soluções evidenciadoras de cárie. A concentração utilizada para este fim é de 1% diluída em propilenoglicol, não apresentando qualquer efeito tóxico, mutagênico ou cancerígeno ( F U S A Y A M A , 1997). Sua utilização como evidenciador de cáries é devido à sua capacidade de penetrar na dentina cariada pela quebra irreversível das ligações intermoleculares e, portanto, corando a região de dentina infectada e desorganizada, o que não ocorre com a dentina sadia por esta possuir uma estrutura molecular que não permite a penetração do corante. Dessa forma, a rodamina ácida B é capaz de diferenciar a dentina sadia da dentina infectada e desorganizada ( F U S A Y A M A , 1998). A rodamina ácida B é um corante da família das rosaminas, utilizado também na fabricação de produtos cosméticos e tem como fórmula química C27H29N2Na07S2 (hidrogênio 3,6 - bis dietilamino 9, 2.4 disulfonatofenil xantilium), de peso molecular 580.7 g/mol. É conhecida na literatura pelos seguintes sinônimos: C 177, Food Red 106, Amido Rhodamine sulforhodamine Covasol B, Amacid Rhodamine B, Solar Rhodamine W 4002, Erío Acid Red XB, Acid leather 106. Acid Red XB, Pontancyl Brilliant Pink. B, acid red 52, B, Red no. 106, Rose Red KB. Aizen Food Red no. Até o presente momento não foram encontrados registros de sua utilização como fotossensibilizador dentro do principio da terapia fotodinâmica. Se as bactérias que c a u s a m a cárie p u d e s s e m ser eliminadas in situ, a necessidade d e remoção d e u m a grande quantidade de dentina poderia ser minimizada, aumentando dessa forma a longevidade do elemento dental. A utilização da rodamina ácida B c o m o fotossensibilizador viabilizaria u m a nova alternativa para a redução bacteriana através da terapia fotodinâmica, seja no aspecto preventivo, para matar bactérias patogênicas presentes em biofilmes dentais o u , devido á sua c a p a c i d a d e de corar dentina infectada e desorganizada, para a eliminação de bactérias in situ, através da aplicação localizada d o corante e irradiação por u m a fonte d e luz a d e q u a d a . Dessa forma, seria possível atuar de maneira mais conservadora em relação ao elemento dental, necessidade de remoção d e u m a grande quantidade d e tecido sadio. diminuindo a 2. O B J E T I V O S • Investigar se a rodamina soluções evidenciadoras fotossensibilizador, para ácida de B, conhecida cárie, redução de pela sua utilização pode ser utilizada S, mutans, como utilizando um em agente diodo emissor de luz azul; • C o m p a r a r o efeito bactericida sobre S. mutans utilizando duas diferentes doses; • Investigar, por espectroscopia de absorção óptica, a interação da rodamina ácida B com o S. mutans antes e após a terapia fotodinâmica. I 3. R E V I S à O DE L I T E R A T U R A 3.1 C á r i e d e n t a l Em 1890, Miller sugeriu que a cárie dental seria o resultado da ação de ácidos orgânicos sobre os fosfatos de cálcio do dente. Ele concluiu que o ácido f o r m a d o pelas bactérias da saliva resultava na decomposição do dente. C o m isto formulou a teoria "quimioparasitaria" da cárie dental. O trabalho de Miller formou a base para a teoria atual "placa-hospedeiro-substrato" de formação da cárie. Imediatamente após a limpeza da superfície dental, ocorre a deposição de uma camada acelular denominada película adquirida. Os microorganismos pioneiros na colonização desta película são os estreptococos sanguinis, Streptococcus oralis e Streptococcus {Streptococcus mitis) e em proporções m e n o r e s Neisseria e Actinomyces ( G I B B O N S E HAY, 1988). A cárie dental é uma doença crônica infecto-contagiosa, de caráter multifatorial, ou seja, dependente de fatores genéticos, ambientais, dietéticos e bacterianos. É uma doença complexa que envolve uma desmineralização inicial do esmalte seguido da destruição da fase orgânica da dentina ( L O E S C H E , 1993). A cárie progride lentamente através do esmalte, e se desloca rapidamente dentro da dentina. Esta alteração no ritmo de desenvolvimento pode ser explicada pela c o m p o s i ç ã o química do esmalte e dentina. O esmalte tem 9 9 % de mineral e 1 % de proteína, enquanto a dentina contém 7 0 % de mineral e 3 0 % de matriz orgânica. A lesão em esmalte progride lentamente, pois o ácido derivado do metabolismo da placa pode ser neutralizado por t a m p õ e s salivares, de maneira que a desmineralização do esmalte progride lentamente. Q u a n d o a lesão se estende e m direção à dentina, a influência do tampão salivar diminui e a lesão dentinária torna-se um sítio retentive onde predominam os pHs baixos. O pH baixo, por sua vez, altera o microambiente. Além de solubilizar os minerais da dentina, os pHs baixos d e s n a t u r a m o colágeno da mesma e selecionam, com grande capacidade, os microorganismos capazes de sobreviver e crescer em condições ácidas e metabolizar o colágeno desnaturado. Estes fatores fazem c o m que as lesões de dentina sejann bastante distintas das lesões de esmalte, e oferecem uma explicação para a rápida destruição do tecido dentinário ( L O E S C H E , 1993). Poucas colágeno é bactérias da cavidade prontamente oral possuem colagenases. desnaturado pelo ácido, formando Todavia, gelatina, que o é degradada por muitos microorganismos orais. A s s i m , a seguinte seqüência é possível na lesão dentinária: o ácido solubiliza a porção mineral do dente, e x p o n d o a matriz de colágeno. O ácido, bem como componentes de sais c o m alta concentração degradam de Ca++, desnaturam o colágeno-gelatina em o colágeno. peptídeos As proteases e aminoácidos de bacterianas baixo peso molecular, q u e podem ser utilizados na biossíntese bacteriana. O processo é auto-repetitivo, determinando a extensão da lesão com os produtos do d e s d o b r a m e n t o de colágeno transformados e m proteína microbiana ( L O E S C H E , 1993). A lesão incipiente ocorre q u a n d o a atividade acidogênica do cariogênico causa o deslocamento dos minerais do dente para a superficie do esmalte, c o m a finalidade de t a m p o n a r o pH na interface placa-esmalte. A amostra para e x a m e bacteriológico nesta fase deve revelar tanto um aumento proporcional como absoluto nas concentrações do microorganismo cariogênico, c o m o o c a s o do S. m u í a n s ( L O E S C H E , 1993). S e g u n d o dados da O M S (Organização Mundial de Saúde), a d o e n ç a cárie e as periodontopatias estão entre as d o e n ç a s mais prevalentes do ser h u m a n o , atingindo h o m e n s e mulheres de todas as idades, grupos étnicos e classes sociais. O Brasil faz parte do grupo de países com as 10 maiores prevalências de cárie do m u n d o ( M E D E I R O S , 1998). A microbiota oral dos humanos compreende cerca de 4 0 0 espécies bacterianas, a l é m de fungos, protozoários e virus, porém, o desenvolvimento das doenças nesse ambiente só vai ocorrer quando houver u m desequilíbrio ecossistema do biofilme bacteriano. Certas condições ambientais, c o m o no por exemplo, um a u m e n t o na freqüência de consumo da sacarose pode levar ao desenvolvimento de espécies sacarolíticas acidúricas e acidogênicas c o m o os estreptococos do g r u p o mutans e lactobacilos, causando a destruição dos tecidos mineralizados dos d e n t e s ( M A R C O T T E e LAVOIE, 1998). 3.1.1. P r e v e n ç ã o da c á r i e d e n t a l É conhecido na literatura q u e uma das principais estratégias de prevenção e controle da d o e n ç a cárie é a redução de microorganismos patogênicos da superfície dental. Neste sentido, várias terapias p o d e m ser e m p r e g a d a s c o m o a utilização de agentes quimioterápicos e quimioprofiláticos ( L A S T E R e L O B E N E , 1990; J E N K I N S et al., 1 9 9 1 ; S C H E A E K E N et al., 1 9 9 1 ; M E L B E R G et al., 1991), lasers em alta intensidade pela geração de calor (MORITZ et a/., 1997; M A I O R A N A et al., 2 0 0 2 ; G U T K N E C H T et al., 2002; C O R T E S , 2003), ou a terapia fotodinâmica (VENEZIO et al., 1985; O K A M O T O W I L S O N , 1992; W I L S O N e MIA, 1993; et al., 1992; DOBSON e W I L S O N , 1993; B U R N S et al., 1993; B U R N S eí al., 1994; B U R N S e í al., 1995; W I L S O N eí. al, 1995; W A L S H , 1997; R O V A L D I eí al., 2000; K Ô M E R I K e W I L S O N , 2002; S E A L eí al., 2002; M A T E V S K I eí al., 2003). A seleção de uma substância antimicrobiana deve levar em conta alguns fatores, considerando a particularidade do ambiente bucal. E m primeiro lugar, d e v e ser avaliada a toxicidade d a substância e m relação aos tecidos da cavidade bucal, pois a maioria dos antimicrobianos utilizados, por s e r e m inespecíficos, pode provocar efeito colateral. E m segundo lugar, a substância d e v e ser de baixa permeabilidade pelos tecidos bucais, considerando efeitos gerais para a saúde. Em terceiro lugar, a substância antimicrobiana não d e v e provocar desequilíbrio da microbiota residente na cavidade bucal, pois levaria a outras d o e n ç a s decorrentes da proliferação de microorganismos oportunistas. Por último, para que uma substância antimicrobiana seja eficiente na cavidade bucal, ela precisa apresentar substantividade (retentividade), pois, devido ao fluxo contínuo de saliva, o efeito quimioterápico seria diluído rapidamente (SCHEIE, 1989; G O O D S O N , 1989). A maioria d o s agentes quimioprofiláticos consiste de antimicrobianos de amplo espectro q u e são utilizados de acordo c o m a hipótese da placa não 10 específica. Os c o m p o n e n t e s da microbiota oral apresentam vários graus de susceptibilidade a tais agentes e, portanto, s e u uso pode causar desequilibrio ecológico desfavorável. Pode-se esperar que qualquer agente químico que afete as células microbianas tenha alguns efeitos prejudiciais contra as células do hospedeiro, a m e n o s q u e a estrutura alvo ou via metabólica seja exclusiva da célula microbiana ( G I E R T S E N eí a/., 1989). Existem relatos na literatura de q u e agentes antimicrobianos tradicionais p o d e m causar problemas de resistência bacteriana ( C O U R V A T I N , 1996). A terapia fotodinâmica, inicialmente utilizada para o tratamento de tumores, pode ser uma alternativa para a redução de microorganismos cariogênicos, tanto aqueles presentes e m biofilmes, atuando de forma preventiva, ou através da eliminação de bactérias in situ, minimizando dessa forma a quantidade de tecido sadio a ser removido durante o preparo cavitário convencional. Alguns trabalhos demonstraram o potencial bactericida desta modalidade d e terapia, lasers utilizando e m baixa intensidade (VENEZIO et al., 1985; O K A M O T O et al., 1992; D O B S O N e W I L S O N , 1992; W I L S O N e MIA, 1993; W I L S O N , 1993; B U R N S et al., 1993; B U R N S etal., 1994; B U R N S etal, 1995; W I L S O N et. al, 1995; W A L S H , 1997; R O V A L D I et al., 2000; K Ô M E R I K e W I L S O N , 2002; Z A N I N et al., 2002; S E A L et al., 2002; M A T E V S K I et al., 2003). 3.2 T e r a p i a f o t o d i n â m i c a ( P D T ) 3 . 2 . 1 . Histórico No início d o século passado, acreditava-se q u e a luz d a v a bons resultados na cura d o câncer. O s c a r Raab, em 1900, descobriu q u e s e colocasse u m recipiente a o sol c o n t e n d o u m organismo unicelular injetado c o m corante, a célula morria e m seis minutos; o mesmo não ocorria q u a n d o este era colocado e m um recipiente escuro. E m u m trabalho inicial de Raab, utilizando corantes e m placas de Petri c o n t e n d o protozoários, observou-se que, quando o s experimentos eram realizados durante o dia, ocorria a morte destes organismos, o que não ocorria quando e r a m realizados durante a noite. A partir daí, o autor provou a conexão entre a ativação d e s s e s corantes pela luz c o m resultados terapêuticos. 11 Em 1903, Niels Finsen ganhou o Prêmio Nobel pelo seu trabalho em fototerapia. Finsen descobriu q u e o tratamento c o m luz poderia controlar as manifestações na pele da tuberculose, uma doença muito c o m u m na época. ( F I N S E N , 1901). De maneira similar, a luz pode tratar outras condições médicas importantes tais c o m o o raquitismo e hiperbillirubinemia neonatal ( R O N et al., 2004). Clinicamente, a terapia fotodinâmica c o m e ç o u a ser utilizada apenas por volta dos a n o s 70 e m e a d o s dos anos 80, q u a n d o c o m e ç a r a m as investigações dentro d o s m e c a n i s m o s e uso clínico dos derivados da hematoporfirina (HpD), para tratamento de tumores. U m laser e m baixa intensidade é capaz de ativar corantes específicos, produzindo espécies reativas de oxigênio que causam injúria e morte de células tumorais ( D O U G H E R T Y , 1 9 9 3 ) . Dentro da Odontologia, a terapia fotodinâmica é assunto de interesse no que diz respeito à a ç ã o bactericida contra microorganismos causadores da cárie, d o e n ç a periodontal e lesões de periápice. A terapia fotodinâmica é baseada na capacidade de certas substâncias penetrarem preferencialmente dentro de células neoplásicas e a citotoxicidade é então induzida pela ativação destas substâncias com luz de um determinado comprimento de onda ( K E S S E L , 2004). 3.2.2 F u n d a m e n t o s da P D T A terapia fotodinâmica ( P D T ) é uma modalidade de tratamento que requer o uso de u m fotossensibilizador, oxigênio e uma fonte de luz c o m comprimento de onda ressonante c o m o agente fotossensibilizador. Estes fotossensibilizadores a b s o r v e m a energia luminosa e são levados a u m estado excitado, produzindo espécies altamente reativas de oxigênio que resultam e m injúria e morte celular ( D O U G H E R T Y e f a / . , 1998). 12 O efeito fotodinâmico no qual se baseia a P D T ocorre quando a molécula do fotossensibilizador abson/e u m fóton, que por sua vez sai de seu estado fundamental (So) e vai para o estado excitado singleto (Si). Neste m o m e n t o pode ocorrer a perda de energia por processos de fluorescência ou conversão interna do estado Si para So e/ou ocorrer o processo de cruzamento entre sistemas, levando a molécula para o estado excitado tripleto. A razão das velocidades destes processos determina o rendimento quântico do estado tripleto cpT. (pT= kicsi/ (kfl + kic + kicsi) O n d e kicsi, kfl e kic são constantes de velocidade dos processos cruzamento entre sistemas do estado Si para estado Ti, de fluorescência e c o n v e r s ã o interna, respectivamente. A energia do estado T i p o d e ser dissipada pelo processo de cruzamento entre sistemas d e v o l v e n d o a molécula para o estado So ou transferida para outras moléculas no meio. Estes processos determinam o tempo de vida (tT) deste estado. t T = 1/(kics2 + 2:kqi [Q]i) O n d e kics2 é a constante d e velocidade do processo d e cruzamento entre sistemas d o estado T i para o e s t a d o So, kqi é a constante de supressão do estado tripleto para vários supressores e [ Q ] i são as concentrações destes supressores. Quando uma molécula do fotossensibilizador no s e u estado excitado tripleto encontra c o m uma molécula de oxigênio, que tem seu estado fundamental t a m b é m tripleto, ela transfere sua energia para esta molécula, formando o estado excitado singleto do oxigênio. O oxigênio neste estado é quimicamente muito ativo e pode induzir várias reações e m cadeia com componentes da célula tais c o m o DNA, proteínas, fosfolipídios da membrana celular, tendo como resultado a morte da célula. Este caminho chama-se "reações tipo H" ( A K H M A N O V e 13 CHERNIAEVA, 1990; O S C H N E R , 1997; H U L T É N et al., 1999; M O O R , 2000; K A N O F S K Y e SIMA; 2000). A molécula d e oxigênio no estado singleto t a m b é m pode perder energia por processos de emissão de fóton ou de cruzamento entre sistemas e voltar para o seu estado f u n d a m e n t a l s e m começar as reações. Esses processos determinam o tempo de vida do estado singleto t CAg): t ('Ag)= 1/ (kem + kics3 + I k r i [R]i) onde kics3 é a constante de cruzamento entre sistemas para o estado singleto; kem e kri s ã o as constantes de velocidade dos processos de emissão de fótons e de reação química entre o oxigênio singleto e o reagente e [R]i que são as concentrações destes reagentes. Então, a eficiência do processo fotodinâmico aumenta quando o rendimento quântico e o tempo de vida do estado tripleto do fotossensibilizador aumentam. Existe u m outro caminho c h a m a d o "reações tipo 1" que inclui as reações de transferência de elétron entre a molécula do sensibilizador no seu estado excitado (Si) e as moléculas do ambiente. Porém, devido a o curto tempo de vida do estado Si, a participação deste processo não ultrapassa 1 0 % do efeito total do processo ( D O U G H E R T Y eí al., 1998; H U L T É N e í al., 1999; M O O R , 2000; K A N O F S K Y e SIMA; 2 0 0 0 ) . 3 . 2 . 3 . M e c a n i s m o da citotoxicidade e m P D T O degrau inicial para a terapia fotodinâmica é a absorção da luz por um fotossensibilizador, p r o m o v e n d o a migração d a molécula deste fotossensibilizador de seu estado estável para um estado excitado com um tempo de vida e x t r e m a m e n t e curto (estado singleto excitado). O estado singleto pode tanto decair para seu estado fundamental, emitindo luz na forma de fluorescência, ou ser transformado e m u m estado excitado tripleto. O fotossensibilizador e m seu 14 estado tripleto excitado interage rapidamente c o m moléculas vizinhas e oxigênio, gerando a f o r m a ç ã o d e peróxidos, íons superóxidos, radicais hidroxila e oxigênio singleto. Acredita-se q u e o oxigênio singleto seja o principal responsável pela citotoxicidade d e v i d o à sua eficiente interação c o m diferentes biomoléculas. Os efeitos da terapia fotodinâmica são detectáveis dentro de poucas horas a p ó s a PDT e incluem organelas mudanças celulares, tais bioquímicas como a e microscópicas inativação de nas enzimas, membranas aumento e da permeabilidade celular, interrupção do processo de divisão celular, interrupção da respiração celular e lise da célula ( K O N A N et al., 2002). Estruturas da célula como, por exemplo, a mitocôndria, o retículo endoplasmático, lisossomos, complexo de Goigi, membrana plasmática p o d e m ser alvos da terapia fotodinâmica. Danos a essas estruturas podem levar à morte celular. Em cultura de células e e m modelos animais, esta morte envolve um m e c a n i s m o conhecido c o m o apoptose ( K E S S E L , 2004). Em u m e s t u d o envolvendo a dinâmica de oxigenação das células foram utilizados regimes de dose contínua e d o s e s fracionadas sobre queratinócitos normais de pele h u m a n a . No regime de doses fracionadas foram realizadas quatro exposições de 10 s cada, com um intervalo de 200 s, mantendo-se a potência do laser constante. Os resultados deste estudo mostraram que o regime de doses fracionadas causa um aumento na taxa de oxigenação durante o momento inicial d a segunda, terceira e quarta fração de irradiação. O s autores sugerem q u e o intervalo entre as irradiações causa uma re-oxigenação das células, permitindo u m aumento da g e r a ç ã o de oxigênio entre as frações de irradiação. C o m o o oxigênio exerce um papel fundamental na degradação de espécies fluorescentes, os autores a r g u m e n t a m q u e o fracionamento da d o s e pode melhorar a eficácia da terapia fotodinâmica (MPHIL, e i a / . , 2 0 0 4 ) . 3.2.4 A g e n t e s fotossensibilizadores A g e n t e s fotossensibilizadores têm sido estudados desde 1900. Durante as décadas passadas, devido á possibilidade de uso destes agentes no diagnóstico e tratamento de t u m o r e s malignos várias pesquisas foram conduzidas c o m o 15 Objetivo de encontrar um composto ideal ( S A N D E R S O N et al., 1972; B E N S O N et al., 1982; A L L I S O N etal.. 2004). Fotossensibilizadores dentro da terapia fotodinâmica são as ferramentas que permitem a transferência da energia luminosa e m um tipo de reação química, cujos produtos finais resultam numa rápida cito e vásculo-citotoxicidade que são condições sine qua non para a terapia fotodinâmica ( K O N A N , 2002). Para que um c o m p o s t o seja considerado um b o m fotossensibilizador d e v e apresentar algumas das seguintes propriedades: alto coeficiente de absorção na região do espectro de excitação da luz, estado tripleto de apropriada energia, para permitir a transferência de energia ao e s t a d o singleto, alta eficiência quântica para a formação de oxigênio singleto, alto tempo de vida do estado tripleto e alta fotoestabilidade (DE R O S A e C R U T C H L E Y , 2002). A eficiência quântica de um c o m p o s t o está diretamente relacionada à sua capacidade de gerar oxigênio singleto. C o m o se acredita que o oxigênio singleto seja o principal responsável pela citotoxicidade devido à sua eficiente interação c o m diferentes biomoléculas, pode-se dizer que a alta eficiência quântica de um agente fotossensibilizador é uma característica desejada para sua utilização e m P D T ( K O N A N e í al.. 2002). A l é m das características acima, o fotossensibilizador deve apresentar baixa toxicidade, rápida eliminação pelo organismo, seletividade pelo tecido alvo, capacidade de ativação por u m determinado comprimento de onda, fácil aplicação e não deve apresentar potencial mutagênico ou carcinogênico ( R O N et al., 2004). A terapia fotodinâmica tem um potencial para se tornar uma grande ferramenta de uso clínico, porém, maiores estudos ainda d e v e m ser conduzidos no sentido de encontrar agentes fotossensibilizadores ideais, assim como determinar uma correta dosimetría. Para superar tais dificuldades, é necessário o conhecimento propriedades dos m e c a n i s m o s fundamentais ópticas dos vários tecidos fotossensibilizadores ( A L L I S O N eí al., 2004). da terapia fotodinâmica humanos com ou e das sem 16 A rodamina ácida B, utilizada neste estudo, é um composto químico utilizado, entre outros fins, em soluções evidenciadoras de cárie. A concentração utilizada para este fim é de 1 % diluída em propilenoglicol, não apresentando qualquer efeito tóxico, mutagênico ou cancerígeno. Sua utilização como evidenciador de cáries é devido à sua capacidade de penetrar na dentina cariada pela quebra irreversível das ligações intermoleculares e, portanto, corando a região de dentina infectada e desorganizada, o que não ocorre com a dentina sadia devido esta possuir uma estrutura molecular que não permite a penetração do corante. Dessa forma, a rodamina ácida B é capaz de diferenciar a dentina sadia da dentina infectada e desorganizada (FUSAYAMA, 1997; FUSAYAMA, 1998). A rodamina ácida B é um corante da família das rosaminas, também utilizado na fabricação de produtos cosméticos e tem como fórmula química C27H29N2Na07S2 (hidrogênio 3,6 - bis dietilamino 9, 2,4 disulfonatofenil xantilium), de peso molecular 580.7g/mol. É conhecida na literatura pelos seguintes sinônimos: C 177, Food Red 106, Amido Rhodamine B, acid red 52, sulforhodamine B, Amacid Rhodamine B, Solar Rhodamine B, Red no. 106, Rose Covasol W 4002, Erío Acid Red XB, Acid leather Red KB, Aizen Food Red no. 106, Acid Red XB, Pontancyl Brílliant Pink. 3.3 Díodo emissor de luz (light emitting diode - LED) Um LED possui uma luz com potência máxima quando direcionada perpendicularmente à superfície irradiada (FLOYD, 1991). O diodo semicondutor emissor de luz consiste composto de várias num dispositivo camadas de com meio semicondutores ativo dopados adequadamente e que emitem luz quando uma determinada tensão é aplicada entre as camadas. Nos diodos emissores de luz, a luz é produzida por um processo chamado eletroluminescência (CRAFORD et ai, 2001). Sua composição é semelhante aos lasers de diodo semicondutores que são utilizados em diversas áreas como terapia com laser em baixa intensidade, Cowssfe wocm. r n r»n«aA NUOEWWNPBfc 17 aparelhos d e CD e D V D , leitores de códigos de barra, entre outros. O L E D azul é um semicondutor confeccionado à base de nitreto de gálio, gerando m e n o s calor e podendo ser até dezessete vezes mais eficiente do que as lâmpadas convencionais. C o m p a r a n d o os lasers e os LEDs, os lasers são monocromáticos, a p r e s e n t a n d o alta pureza espectral, e n q u a n t o o LED possui uma banda estreita de c o m p r i m e n t o s de onda, ou seja, a luz do LED azul é azul, azul-esverdeada e azul-violeta ( T U B O Y , 2003). O feixe de luz do laser é coerente e o do LED é não-coerente. No entanto, isso n ã o significa que a intensidade produzida por um feixe de luz /aser seja maior que a do LED. Porém, a interação da luz c o m a célula bacteriana d e p e n d e de outros fatores como comprimento de onda, potência da luz e tempo de exposição. Tais fatores dirão se os efeitos serão fotoquímicos, fototérmicos, fotoablativos ou f o t o m e c á n i c o s ( M A N G , 2004). O uso do LED para terapia fotodinâmica t e m sido discutido e m estudos recentes, já que não é necessária uma luz coerente para a PDT, pois esta coerência é perdida e m alguns décimos d e milímetros após a penetração no tecido ( B R A N C A L E O N e M O S E L E Y , 2002; J U Z E N I E N E etal., 2004). A o contrário de urna fonte de luz c o m alta intensidade monocromática, o L E D é capaz de produzir uma alta intensidade sobre uma banda espectral mais abrangente. Para a P D T , a característica d e monocromaticidade é importante; entretanto, a efetividade da fonte de luz vai depender de fatores c o m o irradiáncia espectral, transmissão no tecido e propriedades de absorção a do fotossensibilizador ( B R A N C A L E O N e M O S E L E Y , 2002). Fatores bacterianos também irão interferir, logicamente, tais como a natureza da bactéria, seu estado fisiológico, densidade da população e ambiente e m q u e está envolvida. Parámetros importantes são a cor, condutividade térmica e p H , assim c o m o seus c o m p o n e n t e s orgánicos ( W I L S O N , 1993). Muitas aplicações médicas, incluindo a terapia fotodinâmica, e n v o l v e m o u s o d e lasers. Todavia, c o m o a coerência d a luz não é necessária para a P D T , 18 pesquisas têm sido feitas para a construção de fontes de luz não coerentes para esta finalidade, já que são relativamente estáveis, acessíveis, fáceis de operar e requerem manutenção simples. J U Z E N I E N E et al., 2004, realizaram um estudo utilizando fotopolimerizador convencional, com luz halógena e filtro, de comprimento de onda d e 560-740 nm e um L E D de comprimento de onda d e 6 0 0 650 n m . Os resultados mostraram a eficiência da terapia fotodinâmica na inativação de células in vitro e q u e o LED apresentou uma maior penetração no tecido do que o fotopolimerizador c o m luz halógena. Lasers e fontes de luz não coerentes têm sido utilizados e m terapia de t u m o r e s apresentando efeitos similares, o que torna viável a utilização de LEDs para a terapia fotodinâmica (WITHEHURST et al., 1995; M O S E L E Y , 1996; S O L E R et ai, 2000; C L A R K et ai, 2003; J U Z E N I E N E et ai, 2004). O s LEDs são aparelhos compactos, e requerem menos energia para a p r o d u ç ã o da luz de c o m p r i m e n t o de onda desejado, podendo ser utilizados na ativação de fotossensibilizadores administrados tópicamente, o n d e uma grande penetração de luz no tecido não é necessária ( M A N G , 2004). 3.4. A ç ã o bactericida da P D T Derivados de hematoporfirina, utilizados para terapia fotodinâmica de t u m o r e s foram utilizados c o m a finalidade de se obter efeito bactericida contra Staphylococcus Streptococcus anaerobius, aureus, M-G Streptococcus intermedius, Peptococcus magnus faecailis, Streptococcus e Clostridium Bacteroides fragilis, mutans, Peptostreptococcus perfringes. A luz utilizada para ativação da hematoporfirina foi a luz de um projetor de 3 0 0 W , q u e produz 100 m W de luz no c o m p r i m e n t o de onda de 630 a 640 n m , durante 20 minutos. O s resultados foram positivos para todas as bactérias citadas ( V E N E Z I O e í al., 1985). Nos últimos anos, a terapia fotodinâmica tem sido utilizada c o m a finalidade de se obter efeito bactericida sobre microorganismos bucais. A a ç ã o bactericida p o d e ser obtida através de corantes que variam do azul, púrpura e verde que são fortemente absorvidos e m X=632 n m . Este trabalho utilizou o azul de orto toluidina ( T B O ) a 75 pg/mL e u m laser de HeNe de A.=632,8 nm. O s resultados m o s t r a r a m que a luz vermelha visível pode exercer uma a ç ã o inibitória de crescimento d e microorganismos do biofilme dental quando um corante apropriado é utilizado ( O K A M O T O etal., 1992). A terapia fotodinâmica tem mostrado sua efetividade na redução bacteriana de microorganismos patógenos bucais, mesmo quando essas bactérias se encontram em biofilmes, c o m o ocorre na placa subgengival. Este estudo utilizou os fotossensibilizadores cristal violeta, TBO, azul de metileno, ftalocianina, hematoporfirina e hematoporfirina éster, e m concentrações variando de 0 , 1 % a 0,005%. O /aser utilizado foi o HeNe de X=632,8 n m , c o m potência de 7,3 m W . A s espécies bacterianas testadas foram o Streptococcus gingivalis, Fusobacterium nucleatum sanguis, e Actinobacilius Porphyromonas actinomycetemcomitans, todas e m forma d e biofilmes. A s bactérias foram submetidas à irradiação por 10 s, 30 s e 60 s. O cristal violeta, azul de metileno, T B O e ftalocianina foram capazes de sensibilizar S. sanguis e m forma de biofilmes c o m t e m p o de exposição de 10 s ( D = 5 , 5 J / c m ^ ) . T B O e azul de metileno na concentração de 0,005% se mostraram efetivos contra biofilmes d a s quatro espécies bacterianas testadas nos t e m p o s d e 10 s e 30 s. Em hematoporfirina éster e contraste, ftalocianina fotossensibilizadores como hematoporfirina, que são utilizados na terapia fotodinâmica de tumores não a p r e s e n t a r a m resultados efetivos c o m a concentração e t e m p o s d e exposição e m p r e g a d o s ( D O B S O N e W I L S O N , 1992). S u s p e n s õ e s d e Candida albicans foram sensibilizadas por um laser de HeNe (A.=632,8 n m ) , a u m a densidade de energia de 66,36 J/cm", associado ao T B O , tionina e cristal violeta. Houve a diminuição de unidades formadoras de colônias c o m o uso d o s três fotossensibilizadores. A dihematoporfirina éster, t a m b é m utilizada neste estudo, não foi eficiente dentro d a s condições testadas. O laser de G a A s (?i=660 nm) a uma densidade de energia d e 2,04 J/cm^, associado ao azul d e metileno foi c a p a z de sensibilizar C. albicans. O t e m p o d e pré- irradiação foi de 5 minutos e o t e m p o de irradiação foi de 120 s. A maior redução obtida foi c o m o cristal violeta a 0,5 mg/mL associado ao laser de HeNe (À.=632,8 nm), apresentando 9 1 % d e redução bacteriana ( W I L S O N e MIA, 1993). 20 Bactérias cariogênicas f o r a m expostas á luz d e um laser de H e N e (?.=632,8 nm) c o m 7,3 m W e d e n s i d a d e de energia de 33,6 J/cm^. A s bactérias testadas foram o S. mutans, S. sobrinus, Lactobacillus casei e Actinomyces viscosus. O corante T B O foi adicionado a o meio de cultura na concentração de 50 f.ig/mL. A s s u s p e n s õ e s bacterianas f o r a m s e m e a d a s e m placas de Petri contendo Triptone Soja A g a r ( T S A ) e a irradiação realizada e m duplicata em diferentes áreas da placa. O s resultados foram efetivos para a s quatro espécies testadas. No g r u p o o n d e foi adicionado a p e n a s o corante, o u naquele submetido a p e n a s à irradiação não houve redução do n ú m e r o d e células viáveis. O s autores sugeriram esta técnica para esterilização d e u m a lesão de cárie previamente à restauração ( B U R N S etal., 1993). S. mutans, S. sobrinus, L. casei e A. viscosus, m e s m o e m forma d e biofilmes p o d e m ser sensibilizados utilizando um laser de HeNe (A.=632,8 nm) c o m potência de 7,3 m W , o u u m laser de G a A s (>.=660nm), c o m potência d e 11 mW, com tempos de exposição d e 60 s, utilizando respectivamente como fotossensibilizadores o T B O o u A D P (ftalocianina alumínio disulfonatado) ( B U R N S etal.. 1992; B U R N S etal., 1993). E m outro trabalho, a s m e s m a s espécies de bactérias foram e x p o s t a s à luz d e u m laser d e Arseneto d e Gálio e Alumínio (A,=660nm) c o m potência d e 11 m W , e diâmetro d o feixe de 9 m m , na presença d e A D P , c o m concentrações variando entre 10 pg/mL e 100 p g / m L , e t e m p o s de exposição entre 30 e 90 s e g u n d o s . O corante foi adicionado ao meio d e cultura contendo Caldo de Triptone Soja (TSB), e a s s u s p e n s õ e s s e m e a d a s e m placas de Petri contendo Triptone Soja Á g a r (TSA). A s irradiações foram realizadas e m diferentes áreas da placa e m duplicata, e incubadas por 48 h para a o b s e r v a ç ã o das zonas de crescimento. O s resultados m o s t r a r a m 9 3 % de redução bacteriana para o S. mutans quando a c o n c e n t r a ç ã o do corante foi d e 50 pg/mL e t e m p o d e irradiação de 9 0 s. Para o g r u p o q u e utilizou a p e n a s corante, a s s i m c o m o para o grupo que utilizou a p e n a s laser não foi o b s e r v a d o redução no n ú m e r o d e células viáveis ( B U R N S et al., 1994). 21 Suspensões de S. mutans expostos à luz de u m laser respectivamente. Fatias foram coradas com TBO e ftalocianina e de H e N e (>.=632,8 nm) e GaAIAs (?v=660 nm), de dentina foram desmineralizadas com solução de E D T A a 0,1 M por 8, 16, 24 e 32 h e interpostas entre o laser de HeNe e a suspensão bacteriana para serem submetidas à irradiação, e em experimentos separados, as bactérias foram embebidas e m matriz de colágeno antes de serem irradiadas para reproduzir condições mais próximas d a s encontradas in vivo. A potência do HeNe foi d e 7,3 W c o m u m feixe d e 1,3 m m d e diâmetro. A potência do laser de GaAIAs foi de 11 m W , c o m diâmetro do feixe de 9 m m , no m o d o pulsado com uma taxa de repetição de 20 kHz. Na presença de dentina desmineralizada por 8, 16, 24 e 32 h, a redução bacteriana encontrada foi de 89%, 6 8 % , 8 2 % e 8 5 % , respectivamente, c o m t e m p o d e irradiação de 480 s. O fotossensiblizador número de TBO bactérias isoladamente viáveis, causou uma correspondendo redução a 11, significativa 32, 18 e no 15%, respectivamente, de morte bacteriana. Q u a n d o foi utilizado o laser de G a A I A s com a ftalocianina, desmineralizadas fotossensibilizador a r e d u ç ã o bacteriana foi d e 9 9 , 9 9 % para fatias de dentina por 8, 16, 24 e 32 h. Neste caso, isoladamente causou qualquer nem efeito na o laser, nem viabilidade o da bactéria. Q u a n d o a bactéria foi embebida e m colágeno, a redução de 9 9 % foi obtida c o m irradiação por 180 s. N e m a causou qualquer efeito significativo ftalocianina n e m o /aser isoladamente sobre a viabilidade dos S. mutans. Os resultados confirmaram o efeito bactericida m e s m o q u a n d o as bactérias estão embebidas em u m a matriz d e colágeno e sob dentina desmineralizada ( B U R N S et al., 1995). A m o s t r a s de placa bacteriana supragengival foram coletadas e s e m e a d a s em meio de cultura para serem submetidas à terapia fotodinâmica. T o d a s as placas apresentaram c r e s c i m e n t o de Streptococcus sp. e Actinomyces sp. Foram utilizados o laser de He Ne (A.=632,8 nm), c o m potência d e 7,3 m W e diâmetro do feixe d e 1,3 m m a s s o c i a d o ao T B O , e o laser de G a A s {X=660 nm), c o m potência de 11 m W e diâmetro d o feixe de 9 m m , no m o d o pulsado c o m taxa de repetição de 20 kHz, associado ao fotossensibilizador ftalocianina alumínio disulfonatado (AIPcSz). Q u a n d o as bactérias foram expostas durante 180 s às irradiações d o s 7"> lasers de HeNe e G a A s , associadas ao T B O ou AIPcSz, respectivamente, houve considerável redução no número de células viáveis em todos os microorganismos testados, apresentando 9 7 % de redução sobre espécies anaerobias utilizando laser óe G a A s e 1 0 0 % de redução sobre Streptococcus o sp. c o m o laser de HeNe. A p e n a s o fotossensibilizador ou irradiação isoladamente não mostraram qualquer efeito significativo sobre a redução de células viáveis ( W I L S O N et al., 1995). A porfirina de sensibilizar microorganismos patogênicos gram-positivos como o Propionibacterium acnes, o Actinomyces endógena odontolyticus de algumas bactérias foi capaz e Porphyromonas gingivalis. A espectroscopia de fluorescencia mostrou que estas bactérias sintetizam o fotossensibilizador natural photoporfirina IX. A fonte de luz utilizada foi um laser de HeNe, com comprimento de onda de 632,8 n m , intensidade de 100 mW/cm^, densidade de energia de 360 J/cm^. O número de células viáveis após tratamento foi de 0,58 ufc/mL para Propionibacterium acnes, 0,30 ufc/mL para Actinomyces ufc/mL para Porphyromonas gingivalis. O S. mutans odontolyticus e 0,59 não apresentou nenhum fotoefeito, pois não possui a porfirina autofluorescente ( K Ö N I G , 2000). Outro estudo sobre o efeito do laser mais cariogênicas foi realizado c o m colônias de S. mutans, casei e Lactobacillus acidofilus. corante sobre S. sobrinus, bactérias Lactobacillus O laser utilizado para este estudo foi um laser de arseneto de gálio alumínio (X=660 nm), c o m potência de saída de 16 m W , sonda de 0,8 mm de diâmetro e densidade de energia de 28,8 J/cm^ O fotossensibilizador utilizado foi o T B O c o m concentração de 100 jag/mL e tempo de exposição de 900 segundos. Observou-se total inibição de crescimento bacteriano no tratamento com laser mais corante dentro dos parâmetros acima (ZANIN et al., 2002). Biofilmes de Streptococcus intermedius foram sensibilizados com a associação de 100 pg/mL de T B O e 600 s de irradiação c o m laser de HeNe ((>.=632,8 nm), energia de 21 J e potência de 35 m W . A redução bacteriana foi de 5 log 1 o UFO (SEAL et al., 2002). 23 Os m e c a n i s m o s de ação da terapia fotodinâmica sobre as células não estão ainda completamente elucidados, porém, existem alguns estudos que sugerem m u d a n ç a s bioquímicas e m m e m b r a n a celular, causando a lise da célula; em mitocôndria, impedindo o processo de respiração celular; e m DNA, impedindo o processo de divisão celular; pela inativação de enzimas responsáveis pelo metabolismo celular e pelo aumento da permeabilidade celular ( G R E B E N O V Á et ai. 2003). 24 4. M A T E R I A I S E M E T O D O S A bactéria utilizada nesse estudo foi S. mutans (ATOO 2 5 1 7 5 ) (Figura 1) mantido e m estoque no laboratório d e Microbiologia Oral, ICB/USP. Este trabalho foi realizado c o m a colaboração da Profa. Silvana Cai (ICB/USP). Figura 1: Colônias de S. mutans em placas de Petri em meio de cultura TSA. O fotossensibilizador utilizado foi a rodamina ácida B, q u e pertence à família das rosaminas, e t e m c o m o fórmula química C27H29N2Na07S2 (hidrogênio 3,6 - bis dietilamino 9, 2,4 disulfonatofenil xantilium), d e peso molecular 580.7 g/mol. A amostra da rodamina ácida B (Q-X-434/45100) foi gentilmente cedido pela CCI Q u í m i c a Importação e Exportação e Representações Ltda. A fórmula química estrutural está ilustrada na figura 2. ÍC2H5)2Ns Figura 2: Fórmula estrutural da rodamina ácida B. 25 As espectroscopias de absorção óptica foram realizadas com o espectrofotômetro Cary 17 (Varian, U S A ) , utilizando cubeta de quartzo c o m c a m i n h o óptico de I m m (Figura 3). T o d a s as leituras f o r a m realizadas mantendo-se a temperatura ambiente d e 25° C. Figura 3: Espectrofotômetro Cary 17 (Varian- USA) do Laboratório de Espectroscopia de Absorção Óptica do CLA-IPEN. Inicialmente, foi obtido o espectro de a b s o r ç ã o da rodamina ácida B diluida e m água destilada, a s s i m c o m o o espectro do S. mutans antes da associação c o m a rodamina. Logo após, f o r a m obtidos espectros d e a b s o r ç ã o da rodamina ácida B associada ao S. mutans a fim d e verificar a interação bactéria/corante. Foi realizada a espectroscopia a p ó s o PIT (tempo d e pré-irradiação) de 5 minutos e após a irradiação por 3 e 5 minutos. O PIT corresponde ao t e m p o necessário para que o corante entre e m contato c o m a bactéria. Em seguida, foi realizada a espectroscopia d e absorção do S. mutans durante a P D T c o m doses fracionadas d e 1 minuto c a d a (D=5,84J/cm2), percorrendo os t e m p o s de 1 a 5 minutos. A concentração padronizados de d o corante a s s i m c o m o a quantidade d e ufc/mL acordo com a parte experimental sobre redução foram bacteriana 26 utilizada neste estudo. Antes de cada leitura, foi realizada a agitação da cubeta para a h o m o g e n e i z a ç ã o da amostra. O e q u i p a m e n t o utilizado para a irradiação foi o Bright Lec II (MMOptics, S ã o Carlos, SP, Brazil), constituído de u m diodo emissor de luz azul de c o m p r i m e n t o de onda de 4 7 0 (+/- 25) n m , diâmetro da saída do feixe de 12 m m , área da saída do feixe de 1,13 cm^, potência óptica d e 110 m W e intensidade de 97,4 m W / c m ^ (Figura 4). Figura 4: Briglit Lec II (MMOptics, São Carlos - SP, Brazil). Alíquotas de 80 i^l de S. mutans ( A T C C 2 5 1 7 5 ) e m estoque f o r a m s e m e a d a s e m Caldo de Triptone Soja (TSB) e incubadas a 37° C durante 4 8 horas para o crescimento bacteriano. A p ó s o crescimento, a cultura bacteriana foi centrifugada a 14000 rpm por 3 minutos (Centrífuga J o u a n , modelo A - 1 4 ) (Figura 5), e o sobrenadante lavado d u a s vezes e m solução t a m p ã o PBS {Sodium Ptiosptiate Figura 5: Centrífuga Jouan, modelo A-14. Buffer, 0,1 M, pH 7,2). 27 A p ó s retirada do sobrenadante, a s bactérias f o r a m coletadas e colocadas e m solução t a m p ã o PBS para a padronização do número de células. Foram realizados os testes de catalase e análise das características morfotintoriais, através da coloração de G r a m para confirmação da espécie. A suspensão foi padronizada c o m escala 0,5 de McFarland q u e corresponde a 1,5x108 unidades formadoras d e colônia por mililitro (ufc/mL). A p ó s o preparo dos g r u p o s , o número de ufc/mL foi d e 1,35 x 10^ ufc/mL pois f o r a m utilizados 900 iaL de s u s p e n s ã o bacteriana adicionados de 100 |iL de solução t a m p ã o ou rodamina ácida B. A p ó s a padronização, a s u s p e n s ã o bacteriana foi dividida e m cinco tubos d e ensaio de acordo c o m os grupos abaixo: Grupo A: controle - f o r a m colocados 900 de s u s p e n s ã o bacteriana mais 100 |iL de solução t a m p ã o . Grupo B.- LED - foram colocados 900 |iL de suspensão bacteriana mais 100 I^L de solução t a m p ã o e feita a irradiação por 5 minutos (Figura 6). Figura 6: Irradiação do grupo B (LED). Grupo C: rodamina - f o r a m colocados 900 ^iL de s u s p e n s ã o bacteriana mais 100 \xL de corante rodamina ácida B na concentração de 1 % , para a concentração final de 0 , 1 % de massa por v o l u m e (M=1,72 m M ) . O t e m p o de contato das bactérias 28 c o m o corante foi de 5 minutos. O s anexos de 1 a 3 ilustram a interação da rodamina c o m S. mutans. Grupo D: PDT 3 minutos - foram colocados 900 |iL de s u s p e n s ã o bacteriana mais 100 [iL de corante rodamina ácida B na concentração de 1 % para a concentração final de 0 , 1 % de m a s s a por volume (M=1,72 m M ) . O tempo de préirradiação foi de 5 minutos e o da irradiação de 3 minutos. A d o s e utilizada foi de 17,52 J / c m ^ F i g u r a 7). Figura 7: Irradiação do grupo D (PDT 3min). Grupo E: PDT 5 minutos - f o r a m colocados 900 mais 100 \xL de corante rodamina ácida de s u s p e n s ã o bacteriana B na concentração de 1 % para a concentração final de 0 , 1 % de m a s s a por v o l u m e (M=1,72 m M ) . O tempo de préirradiação foi de 5 minutos e o da irradiação de 5 minutos. A d o s e utilizada foi de 29,2 J/cm^ (Figura 8). Figura 8: Irradiação do grupo E (PDT 5 min). 29 A irradiação foi realizada no sentido de baixo para cima do tubo de ensaio (Garcez, 2002). A p ó s os procedimentos, as s u s p e n s õ e s bacterianas de c a d a grupo f o r a m diluidas e m ^0~\ 10"^, 10"^ (Figura 9), e alíquotas de 100 pL de cada grupo f o r a m s e m e a d a s , e m triplicata, e m placas de Petri contendo Triptone Soja A g a r (TSA), para a c o n t a g e m das células viáveis. ÊÊt Figura 9: Diluições das suspensões de S. mutans. T o d o s os procedimentos f o r a m realizados no interior de fluxo laminar para evitar a contaminação c o m o meio externo (Figura 10). A p ó s a s e m e a d u r a , as placas f o r a m incubadas a 3 7 ° C , e m ambiente contendo de 5 a 1 0 % de CO2 por 4 8 h. Figura 10: Cámara de fluxo laminar do Laboratorio de Microbiologia Oral (ICB-USP). 30 A p ó s este período, foi realizada a contagem das ufc/mL, e os resultados submetidos à análise estatística (teste t - student, 0,05). c o m nível de significância de 31 5. R E S U L T A D O S O espectro de absorção d a rodamina ácida B é mostrado na figura 1 1 . É possível observar quatro bandas de absorção: duas m e n o s intensas entre 350 nm e 400 nm e entre 400 nm e 470 n m . A s bandas mais intensas situam-se no ultravioleta (< 350 nm) e entre 500 n m e 6 0 0 n m . 5-1 4- CO 3 3- o «CO m < 1- 300 400 500 600 700 comprimento de onda (nm) Figura 1 1 : Espectro de absorção da rodamina ácida B. 800 32 A figura 12 mostra o espectro de absorção entre X= 300 e 500 nm da rodamina ácida B a 0 , 1 % (M= 1,72 m M ) ; d o S. mutans pré-irradiação de 5 minutos (PIT); do S. mutans + rodamina após t e m p o de + rodamina após P D T por 3 min (D=17,52 J/cm^) e a p ó s PDT por 5 min (D=29,2 J/cm^). Foi possível observar uma diminuição da a b s o r ç ã o após a associação da rodamina c o m o S. mutans, após a P D T ocorreu u m a u m e n t o dessa absorção. Não foi possível porém, obsen/ar diferenças significativas no espectro de absorção entre os t e m p o s de 3 e 5 minutos. PDT 3 min 5n PDT 5 min Sm + Rodamina PIT Rodamina 0,1% 4- 3O O È < 2 1 - 300 I I — 1 — 350 400 450 500 comprimento de onda (nm) Figura 12: Rodamina 0 , 1 % : Espectro de absorção da rodamina ácida B a 0 , 1 % ; SM+rodamina PIT: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após tempo de pré-irradiação de 5 minutos; PDT 3 minutos: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após PDT por 3 minutos; PDT 5 minutos: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após PDT por 5 minutos. 32 A figura 12 mostra o espectro de absorção entre X= 300 e 500 nm da rodamina ácida B a 0 , 1 % (M= 1,72 mM); do S. mutans + rodamina após tempo de pré-irradiação de 5 minutos (PIT); do S. mutans + rodamina após PDT por 3 min 2 2 (D=17,52 J/cm ) e após PDT por 5 min (D=29,2 J/cm ). Foi possível observar uma diminuição da absorção após a associação da rodamina com o S. mutans, porém, após a PDT ocorreu um aumento dessa absorção. Não foi possível observar diferenças significativas no espectro de absorção entre os tempos de 3 e 5 minutos. PDT 3 min PDT 5 min Sm + Rodamina PIT Rodamina 0 , 1 % U-J 300 , 1 350 1 , 1 450 1 400 , 1 500 comprimento de onda (nm) Figura 12: Rodamina 0 , 1 % : Espectro de absorção da rodamina ácida B a 0 , 1 % ; SM+rodamina PIT: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após tempo de pré-irradiação de 5 minutos; PDT 3 minutos: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após PDT por 3 minutos; PDT 5 minutos: Espectro de absorção do S. mutans + rodamina após PDT por 5 minutos. 33 A figura 13 ¡lustra a absorção d o S. mutans durante a P D T corn d o s e s fracionadas percorrendo o s t e m p o s de 1 a 5 minutos. Foi possível observar u m a u m e n t o da absorção e m A= 4 7 0 nm nos dois minutos iniciais e depois uma estabilização na absorção até os 5 minutos. 2,0- 1,8- 1,6- ¿ •g 1.4-1 O w •B 1.2- < 1,0- 0,8 Tempo (min) Figura 13: Gráfico da absorção do S. mutans minutos. em A= 470 nm durante a PDT de 1 a 5 34 A figura 14 mostra as alterações na absorção da rodamina ácida B após a associação com S. mutans e após a PDT. De acordo com o espectro de absorção, as mudanças ocorreram no comprimento de onda de 280 a 300 nm. No comprimento de onda utilizado (A= 470 nm) não foi possível observar nenhuma alteração significativa no espectro de absorção. PDT 3 - Sm PDT 5 -Sm Rod Sm - Sm —i 200 1 1 300 1 1 400 1 1 500 , , , 600 1 700 , f- 800 Comprimento de onda (nm) Figura 14: Alterações na absorção da rodamina ácida B após associação com S. mutans e após PDT. PDT 3 - SM: Espectro de absorção da rodamina após a PDT por 3 minutos; PDT 5 - SM: Espectro de absorção da rodamina após PDT por 5 minutos; Rod SM - SM: Espectro de absorção da rodamina após o tempo de pré-irradiação de 5 minutos. 35 A figura 15 mostra o espectro de absorção d o S. mutans antes da associação c o m a rodamina, após a associação c o m a rodamina por 5 minutos (PIT), e após a P D T por 3 e 5 minutos. Foi possível observar diferenças nas bandas d e absorção ópticas entre À = 200 e 500 n m após a associação d o S. mutans c o m a rodamina e após a P D T por 3 e 5 minutos. H o u v e u m a u m e n t o da absorção a p ó s a P D T por 3 minutos e m todo o espectro. A p ó s a P D T por 5 minutos h o u v e u m a q u e d a de absorção entre À=280 e 3 0 0 n m . Figura 15: Alterações na absorção do S. mutans após a PDT. Rod Sm - Rod: Espectro de absorção do S. mutans após a associação com a rodamina por 5 minutos (PIT); Rod PDT 3 - Rod: Espectro de absorção do S. mutans após a PDT por 3 minutos; Rod PDT 5 - Rod: Espectro de absorção do S. mutans após a PDT por 5 minutos; Sm: Espectro de absorção do S. mutans associação com a rodamina. antes da 36 A figura 16 representa o n ú m e r o de células viáveis de S. mutans antes e a p ó s a PDT. 1E7- 1000000- 100000 1 C+L- —r^ 1 Controle 1 L+CGrupos 1 --r-' 1 ^ 1 PDT 3 mni PDT 5 min Figura 16: Número de células viáveis de S. mutans nos grupos. C+L-: grupo rodamina Controle: grupo controle L+C-: grupo LED PDT 3 min: grupo PDT 3 minutos PDT 5 min: grupo PDT 5 minutos A figura 17 representa o n ú m e r o de células viáveis, e m porcentagem, de S. mutans antes e após a P D T . 37 -•— Controle L+C*—L-C+ PDT 3min * — P D T 5min Figura 17: Número de células viáveis, em porcentagem, de S. mutans antes e após a PDT. As suspensões bacterianas expostas somente ao fotossensibilizador rodamina ácida B durante 5 minutos não apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. As suspensões bacterianas expostas somente à irradiação por 5 minutos também não apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. As suspensões bacterianas expostas à PDT por 3 minutos apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. O número total de bactérias viáveis foi de 6 4,41 x 10 ufc/ml, que corresponde à redução bacteriana de 96,74%. As suspensões bacterianas expostas à PDT por 5 minutos apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. O total de bactérias viáveis foi de 3,7 x 1 0 6 ufc/ml, que corresponde à redução bacteriana de 97,26%. A análise estatística mostrou que a terapia fotodinâmica com um diodo emissor de luz em X= 470 nm e rodamina ácida B como fotossensibilizador foi significantemente eficiente em reduzir o número de células viáveis de S. mutans. No entanto, não foram observadas diferenças estatísticas significativas comparando-se 2 2 as doses de 17,52 J/cm (At= 3 min) e 29,2 J/cm (At= 5 min). 37 120 n c S £ u 100 Controle 80 L+C60 L-C+ PDT 3min 40 •o -^tí—PDT 5min 20 O Antes Depois Figura 17: Número de células viáveis, em porcentagem, de S. mutans antes e após a PDT. As suspensões bacterianas expostas somente ao fotossensibilizador rodamina ácida B durante 5 minutos não apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. A s suspensões bacterianas e x p o s t a s somente á irradiação por 5 minutos t a m b é m não apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. A s suspensões bacterianas expostas á P D T por 3 minutos apresentaram redução na viabilidade dos S. mutans. O número total d e bactérias viáveis foi de 4,41 X 106 ufc/ml, que c o r r e s p o n d e à redução bacteriana d e 96,74%. A s suspensões bacterianas expostas à P D T por 5 minutos redução na viabilidade d o s S. mutans. apresentaram O total de bactérias viáveis foi de 3,7 x 10^ ufc/ml, q u e corresponde á redução bacteriana d e 97,26%. A análise estatística mostrou q u e a terapia fotodinâmica c o m um diodo emissor de luz e m ?.= 4 7 0 n m e rodamina ácida B c o m o fotossensibilizador foi significantemente eficiente e m reduzir o número de células viáveis de S. mutans. No entanto, não foram o b s e r v a d a s diferenças estatísticas significativas c o m p a r a n d o - s e as d o s e s de 17,52 J/cm^ (At= 3 min) e 29,2 J/cm^(At= 5 min). 38 6. D I S C U S S à O A p e s a r do caráter multifatorial da doença cárie, é conhecido na literatura que a redução d o s microorganismos patogênicos da superfície dental constitui uma d a s principais estratégias de prevenção e controle da doença (MILLER, 1890; G I B B O N S e HAY, 1988; M A R C O T T E e L A V O I E , 1998; T H Y L S T R U P e F E J E R S K O V , 2001). Várias terapias têm sido empregadas para a prevenção da doença cárie e incluem o uso d e agentes quimioterápicos e quimioprofiláticos L O B E N E , 1990; J E N K I N S ef a/., 1 9 9 1 ; S C H E A E K E N etal., ((LASTER e 1 9 9 1 ; M E L B E R G et al., 1991), lasers e m alta intensidade pela geração d e calor ( M O R I T Z e í a/.,1997; M A I O R A N A eí al., 2002; G U T K N E C H T eí al., 2002; C O R T E S , 2003), o u a terapia fotodinâmica (VENEZIO e í al., 1985; O K A M O T O e í al., 1992; D O B S O N e W I L S O N , 1992; W I L S O N e MIA, 1993; W I L S O N , 1993; B U R N S eí al., 1993; B U R N S eí al., 1994; B U R N S eí al., 1995; W I L S O N eí. al, 1995; W A L S H , 1997; R O V A L D I eí al., 2000; K Ô M E R I K e W I L S O N , 2002; S E A L eí al., 2002; M A T E V S K I etal., 2003). A maioria d o s agentes quimioprofiláticos consiste d e antimicrobianos d e amplo espectro ( G I E R T S E N eí al., 1989), porém, a utilização de tais agentes pode causar u m desequilíbrio ecológico desfavorável levando a o desenvolvimento d e infecções oportunistas. Outro problema e m relação a o s agentes antimicrobianos tradicionais é q u e existem relatos na literatura de q u e estes agentes podem levar à resistência bacteriana (COURVATIN, 1996). Até o presente momento, não foram encontrados registros sobre resistência bacteriana à P D T . A terapia fotodinâmica surge nesse cenário c o m o uma alternativa para a redução de microorganismos patogênicos, c o m o é o caso do S. mutans, principais um dos patógenos envolvidos c o m o aparecimento e desenvolvimento d o e n ç a cárie. da 39 Neste estudo, foram obtidos bons resultados na redução de S. utilizando um diodo emissor de luz azul de ?i=470 nm mutans. associado ao fotossensibilizador rodamina ácida B. C o m uma densidade de energia de 17,52 J/cm^ (tempo de exposição de 3 minutos), a redução bacteriana foi de 9 6 , 7 4 % , enquanto que para uma dose de 29,2 J/cm^ (tempo de exposição de 5 minutos), a morte de S. mutans foi de 97,26%. A rodamina ácida B é utilizada na Odontologia c o m o evidenciador de cárie e esta é a primeria vez que seu uso é reportado c o m o fotossenssibilizador. Para um tratamento que é superficial, c o m o no caso de infecções locais, é mais importante, para obtenção do efeito fotodinâmico, a capacidade d e ativar o fotossensibilizador, do que a utilização d e maiores comprimentos de o n d a , onde é possível uma maior penetração tecidual. A rodamina ácida B apresenta uma absorção no azul mais intensa do que no vermelho e m X= 660 nm, que é o comprimento de onda disponível comercialmente ao adquirir-se um laser em baixa intensidade. Já que o LED azul c o m X= 4 7 0 nm é utilizado clinicamente para procedimentos de clareamento dental e fotopolimerização de resinas, optou-se pela utilização desta fonte d e luz para fotossensibilização da rodamina. A p ó s a análise da espectroscopia foi possível observar uma mudança no espectro de absorção da rodamina após a associação desta com o S. mutans. A p ó s esta associação ocorreu u m a diminuição na absorção, que voltou a subir logo após a irradiação (Fig. 12). Entre os t e m p o s de 3 e 5 minutos, não houve nenhuma mudança no espectro d e absorção e m X= 470 n m , o que sugere que durante este t e m p o o FS não estaria perdendo sua eficiência (Fig. 13). A p ó s a P D T por 5 minutos ocorreu uma diminuição da absorção entre X=280 e 300 n m , q u e poderia sugerir alterações e m a l g u m a s das estruturas da célula bacteriana, j á que após esse período ocorreu a morte de 97, 2 6 % do total d a s células viáveis de S, mutans (Fig. 15). De acordo c o m os resultados obtidos sobre a redução bacteriana foram observadas diferenças estatísticas significativas na redução de S. para as doses de 17,52 J/cm^ e 29,2 J/cm^, correspondendo mutans a tempos irradiação de 3 e 5 minutos. A espectroscopia de absorção do S. não de mutans, 40 associado ao FS, durante a P D T nos tempos de 1 a 5 minutos mostrou um aumento da absorção nos dois primeiros minutos e depois uma estabilização até os 5 minutos. Esses resultados sugerem que pode ser possível conseguir um efeito bactericida significativo com tempos de irradiação entre 1 e 2 minutos e que o fracionamento da dose pode ser importante, já que ocorre um aumento da taxa de absorção nos dois primeiros minutos. Poderiam ser obtidos resultados diferentes se fossem comparados regimes de doses contínuas, por exemplo, a irradiação durante 3 minutos consecutivos, com o regime de doses fracionadas, com 3 doses de 1 minuto cada, seguidas de intervalos de alguns minutos entre as irradiações. Segundo o estudo de MPHIL et al., 2004, o regime de doses fracionadas possibilita um aumento da taxa de oxigenação imediatamente após o intervalo entre as irradiações, que poderia ser traduzido como uma re-oxigenação da célula, ou seja, um aumento da geração de oxigênio, importante para a eficácia da terapia fotodinâmica. Derivados de hematoporfirina, utilizados para terapia fotodinâmica de tumores foram utilizados com a finalidade de se obter efeito bactericida contra espécies de Staphylococcus e Streptococcus utilizando uma fonte de luz com potência de 300 m W ( V E N E Z I O e í al., 1985) com resultados positivos para todas as bactérias testadas, porém, não foram apresentados os números de bactérias mortas pela terapia. Neste trabalho, os autores mostraram que uma fonte de luz que não seja coerente é possível, porém, devido à sua baixa energia, necessita de um longo tempo de exposição o que clinicamente não é viável. Nos últimos anos, a terapia fotodinâmica tem sido utilizada com a finalidade de se obter efeito bactericida sobre microorganismos patógenos bucais. Para tanto, têm sido utilizados fotossensibilizadores cuja coloração variam do azul, púrpura e verde e que são fortemente absorvidos a A,=630 nm, associados a lasers e m baixa intensidade que emitem no vermelho visível ( O K A M O T O eí al., 1992; W I L S O N e MIA, 1993; W I L S O N etal., 1995). 41 A l g u n s estudos t ê m demonstrado resultados efetivos m e s m o quando a s bactérias se encontram sob a forma de biofilmes, como ocorre na placa subgengival ( D O B S O N e W I L S O N , 1992; B U R N S et al., 1992; B U R N S et al., 1993; B U R N S et al., 1994; S E A L e í al., 2002), ou m e s m o q u a n d o as bactérias estão e m b e b i d a s e m matriz de colágeno e sob dentina desmineralizada ( B U R N S etal., 1995). A terapia fotodinâmica foi sugerida c o m o u m a técnica para a esterilização de u m a lesão de cárie previamente à restauração, utilizando T B O , associado a um laser äe HeNe (A=632,8 nm), c o m 7,3 m W de potência e densidade de energia de 33,6 J / c m 2 ( B U R N S e í al., 1993; W A L S H , 1997; S E A L eí al., 2002; Z A N I N eí al., 2002). No presente estudo, foi utilizado um fotossensibilizador que pertence à família das rosaminas, cujas bandas de absorção situam-se entre 350 e 600 n m , associado a um díodo emissor de luz azul de X=470 nm. Este fotossensibilizador é utilizado dentro da Odontologia e m soluções evidenciadoras de cárie, o que viabilizaria a redução de bactérias cariogênicas in situ, minimizando a quantidade de tecido sadio a ser removido durante um preparo cavitário convencional. A utilização d e um L E D d e comprimento de o n d a de 4 7 0 n m é devido ao fato de q u e este equipamento j á existe comercialmente para procedimentos de clareamento dental e polimerização d e resinas. O S. mutans n ã o possui u m a porfirina autofluorescente, ao contrário de algu m as bactérias c o m o o Actinomyces Porphyromonas gingivalis que odontolyticus, sintetizam um Propionibacterium fotossensibilizador acnes e natural, a photoporfirina IX, que é capaz de ser sensibilizada por um laser de H e N e de A=632 nm ( K Ö N I G , 2 0 0 0 ) . Portanto, para um estudo c o m S. mutans é necessário o uso de u m corante específico de acordo c o m a fonte de luz a ser utilizada. A p ó s a penetração no tecido, a coerência da luz é perdida e m alguns d é c i m o s de milímetros. A o contrário de uma fonte de luz monocromática, o LED é capaz de produzir luz c o m uma banda espectral mais abrangente ( B R A N C A L E O N e M O S E L E Y , 2002; J U Z E N I E N E e í al., 2004). 42 M e s m o para o tratamento d e t u m o r e s , o n d e teoricamente necessita-se de uma maior penetração tecidual, fontes de luz não coerentes têm sido utilizadas a p r e s e n t a n d o efeitos similares aos do /aser e m baixa intensidade ( W I T H E H U R S T et al., 1995; M O S E L E Y , 1996; S O L E R et al., 2000; C L A R K et al., 2003; J U Z E N I E N E e i a / . , 2004). Para tratamentos que são superficiais, c o m o é o caso da desinfecção de preparos cavitários ou redução d e S. mutans presentes e m biofilmes, não é necessário que a fonte de luz seja proveniente de um laser, já que não é necessária uma grande penetração tecidual, e sim q u e o fotossensibilizador possua u m a banda espectral a d e q u a d a à fonte de luz utilizada. Sendo assim, a do L E D p o d e ser utilizada para este fim, e apresenta c o m o vantagens o fato de serem e q u i p a m e n t o s compactos, relativamente estáveis, acessíveis, fáceis de operar e de manutenção simples. N ã o f o r a m encontrados até o m o m e n t o , trabalhos na literatura referindo-se à ação bactericida de LEDs a s s o c i a d o s a agentes fotossensibilizadores. Os resultados deste estudo mostraram q u e a rodamina ácida B associada a um L E D de X=470 princípio nm p o d e ser utilizada c o m o a g e n t e fotossensibilizador dentro da terapia fotodinâmica, com a finalidade de do sensibilizar microorganismos patógenos da c a v i d a d e oral, neste caso, o S. mutans. Diversos estudos têm d e m o n s t r a d o o potencial da terapia fotodinâmica e m aplicações clínicas c o m o a desinfecção d e canais, bolsas periodontais, lesões d e cárie e regiões d e perimplantites. T o d a v i a , outros estudos d e v e m ser conduzidos no sentido de adequar parâmetros para q u e a terapia fotodinâmica possa ser utilizada clinicamente, pois é conhecido q u e a s bactérias sob a forma de biofilmes e e m lesões de cárie são mais resistentes do que as crescidas em meio d e cultura. Estudos in vitro mostraram a a ç ã o bactericida contra microorganismos bucais de fotossensibilizadores cuja coloração variam do azul, púrpura e verde e que s ã o fortemente absorvidos e m A= 6 3 0 n m , associados a lasers e m baixa 43 intensidade ( V E N E Z I O etal., 1985; W I L S O N etal., DOBSON e WILSON, 1992; W I L S O N WILSON. 1993; B U R N S et al., 1992; O K A M O T O etal., 1992; e MIA., 1993; B U R N S 1994; B U R N S et al., et al., 1993; 1995; W A L S H , 1997; D Ö R T B U D A K etal., 2 0 0 1 ; S E A L et al., 2002; K Ö N I G , 2002; Z A N I N et al., 2002). Porém, nesses trabalhos, a terapia fotodinâmica é s e m p r e realizada c o m a utilização de um laser em emissão no vermelho visível do espectro eletromagnético, o q u e explica o u s o de fotossensibilizadores capazes d e serem absorvidos por estes comprimentos de onda. Para este estudo, foi escolhido c o m o fonte d e luz u m diodo emissor de luz azul por possuir comprimento d e onda de 4 7 0 n m , s i t u a n d o - s e e m u m a d a s b a n d a s de absorção d o fotossensibilizador utilizado. A rodamina ácida B é utilizada c o m o evidencíadora d e cárie pela s u a capacidade de penetrar na dentina cariada pela quebra irreversível d a s ligações intermoleculares e, portanto, corando a região de dentina infectada e desorganizada ( F U S A Y A M A , 1997; F U S A Y A M A , 1998). O S. mutans mostrou s e r c a p a z de absorver a rodamina ácida B e s e r fotossensibilizado por u m L E D azul d e X= 4 7 0 n m . Dessa forma, através d a terapia fotodinâmica, seria possível a eliminação d a s bactérias cariogênicas in situ, diminuindo conseqüentemente, a quantidade contribuindo de para tecido a sadio preservação a ser do removido elemento e, dental restaurado. É difícil o estabelecimento d e parâmetros d e c o m p a r a ç ã o c o m e s t u d o s anteriores, j á que a maioria d o s trabalhos sobre redução bacteriana c o m P D T é realizada c o m lasers e, lasers e L E D s p o s s u e m algumas diferenças básicas no q u e diz respeito às s u a s características de cromaticidade, coerência e potência luminosa. A porcentagem de redução bacteriana obtida c o m a rodamina ácida B, q u a n d o as amostras foram irradiadas por 3 e 5 minutos, foi d e 9 6 , 7 4 % e 9 7 , 2 6 % 44 respectivamente. Esses resultados ficaram b e m próximos aos encontrados e m trabalhos anteriores utilizando o laser em baixa intensidade ( B U R N S et al., 1993; B U R N S et al., 1994; B U R N S et al., 1995; W I L S O N et al., 1995; Z A N I N et al., 2002). Maiores e s t u d o s clínicos ainda d e v e m ser conduzidos antes de tornar a terapia fotodinâmica aplicável na clínica diária. P o r é m , os resultados deste e s t u d o s u g e r e m q u e a P D T apresenta um b o m potencial para uso clínico, já que um dos grandes problemas atuais é a resistência bacteriana a agentes químicos, assim c o m o o desequilíbrio da microflora pelo uso de agentes de amplo espectro. A P D T p o d e ser confinada á área da lesão pela aplicação cuidadosa d o corante e restrição da irradiação s o m e n t e ao local de interesse. A utilização da rodamina ácida B c o m o F S é devido a o fato de que este c o m p o s t o já é utilizada clinicamente para evidenciar dentina cariada. A terapia fotodinâmica possibilitaria a morte de bactérias cariogênicas In situ. C o m o é difícil diferenciar clinicamente a dentina sadia da dentina infectada, a P D T poderia auxiliar na esterilização do preparo cavitário previamente à restauração, c o m o j á proposto por estudos anteriores utilizando outros F S e laser e m baixa intensidade ( B U R N S etal., 1993). S U G E S T Õ E S DE T R A B A L H O S F U T U R O S : • Pesquisar o mecanismo de morte bacteriana através da P D T ; • Avaliar se há o u não indícios de resistência bacteriana à PDT. 45 CONCLUSÕES De a c o r d o c o m o s resultados obtidos pode-se concluir que: 1. A rodamina ácida B na concentração de 1,72 m M associada a um diodo e m i s s o r de luz de À= 4 7 0 nm, é c a p a z de reduzir significativamente o n ú m e r o de células viáveis de S. mutans, in vitro; 2. C o m p a r a n d o - s e as densidades de energia utilizadas nos t e m p o s de 3 e 5 minutos, n ã o houve diferença estatisticamente significante na redução d e S. mutans entre os grupos D e E. 3. A espectroscopia de absorção óptica sugere que há interação entre S. mutans e rodamina ácida B, e a a b s o r ç ã o óptica e m A,= 4 7 0 n m sofre alterações q u a n d o a dose é fracionada. 46 ANEXOS A n e x o 1 : Fotografías e m p e q u e n o a u m e n t o d e colonias d e S. mutans placas de Petri c o r a d a s c o m o fotossensibilizador rodamina ácida B. em 47 A n e x o 2 : Fotografias e m m é d i o a u m e n t o d e colônias de S. mutans em placas de Petri c o r a d a s c o m o fotossensibilizador rodamina ácida B. 48 -i 0 '4 A n e x o 3 : Fotografias e m g r a n d e a u m e n t o d e colonias de S. mutans placas de Petri coradas c o m o fotossensibilizador rodamina ácida B. em 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A K H M A N O V , S.A.; C H E R N I A E V A , E.B.; Photodynamic action of laser emission on biomolecules and cells. T h e mecanism of photodynamic action and the molecular and cell levels. M o d e r n p r o b l e m s of laser physics, 3a. Ed. M o s c o u , 1993. 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