Tempo de
Aprender com o
Tempo
Programa Escolar
2014 / 2015
Caro (a) Educador (a),
A Faber-Castell disponibiliza seus produtos e desenvolve ações diferenciadas
em mais de cem países. Mas só no Brasil a empresa tem o Programa Escolar,
planejado especificamente para você e todos os educadores do país, nos diversos
níveis da escolaridade básica. Não importa seu cargo, ou a área em que atua.
O importante é estabelecer um canal de comunicação para tratar de temas que
são relevantes para você, seus alunos e para a educação em geral.
O Programa Escolar, com cerca de vinte anos de existência, tem buscado
estabelecer um canal de diálogo com os educadores, comunicando aquilo
que considera fundamental e que, sem dúvida, possa contribuir para o seu
aperfeiçoamento profissional.
Durante seu tempo de existência, o Programa Escolar abordou diversos temas,
escolhidos em sintonia com as demandas educativas contextuais e coerentes com
os princípios institucionais da Faber-Castell. Assim, desde 2012, tem priorizado
discutir a qualidade do Tempo necessário para que todos possam aprender, frente
ao mundo acelerado e imprevisível em que vivemos na contemporaneidade.
Tempo de Aprender foi o título desse material em defesa do Movimento Slow para
a escola, abrindo um debate sobre a importância de a escola refletir sobre o tempo
que cada aluno precisa para aprender. No ano seguinte, na sequência do tema,
a escolha centrou-se na Criatividade, entendendo que, qualificando o tempo, a
criatividade precisa ser o eixo para que cada aluno possa viver o seu tempo com
liberdade para aprender e criar.
Este ano o tema escolhido é Tempo de Aprender com o Tempo, com o foco
na discussão sobre a importância de aprender com e em todas as fases da vida,
considerando os avanços das diversas ciências que têm revelado capacidades de
todos os seres humanos para aprender e passar a vida aprendendo. Na escola,
cada fase da vida de seus alunos pode proporcionar aos educadores importantes
conhecimentos sobre o sujeito que aprende, dentro das suas peculiaridades
etárias. Então, como o slogan da Faber-Castell indica ”sua companhia para
tooooda vida”, este material pretende ajudá-lo a refletir sobre a aprendizagem ao
longo da vida e, assim, convidá-lo a se colocar também no lugar de aprendiz e
melhor trabalhar com seus alunos, quaisquer que sejam suas idades.
O diferencial do Programa Escolar da Faber-Castell é que ele parte da certeza
de que cada escola tem suas características históricas, culturais e institucionais,
bem como seus compromissos éticos e políticos. Por isso, não pretende apresentar
técnicas ou métodos que possam indicar a falsa ideia que, por si só, resolvam os
graves problemas da Educação Brasileira.
A Faber-Castell deseja com este material que agora chega as suas
mãos, que ele possa desafiá-lo a viver uma experiência singular da
pessoa que você é, para que seus alunos aprendam não apenas por
aquilo que você faz na sala de aula, mas por tudo que você é.
Faber-Castell
SUM ÁRI O
Por aqui começamos ................................................................ 06
O Tempo Perdido x O Tempo Justo ......................................... 07
A escola que morreu x A escola que queremos ..................... 08
Ensinar e Aprender .................................................................... 10
Os Pilares da Educação ............................................................ 11
As fases da vida e os Pilares da Educação .............................
12
Aprender a Conhecer ................................................................. 13
Aprender a Fazer ........................................................................
15
Aprender a Conviver ..................................................................
16
Aprender a Ser ............................................................................ 18
Aprender para além dos muros da escola ............................... 21
Ensinar: uma aventura apaixonante ......................................... 32
Ficamos por aqui ........................................................................ 33
Para seguir aprendendo ............................................................
35
O Tempo Perdido
Por aqui começamos
Sabemos que o mundo que conhecíamos quando
crianças não voltará, o que exige uma mudança mental
porque, se esperarmos ou mesmo trabalharmos para
que as coisas voltem a ser como eram, estamos fora!
O futuro incerto como vivemos hoje o que, para muitas
pessoas pode significar algo preocupante, de risco,
pode ser visto também como uma possibilidade de algo
mais aberto, com mais oportunidades e surpresas.
Nosso desafio como educadores é acreditar nesta
utopia e seguir aprendendo, respondendo de forma
adaptativa às mudanças que exigem de nós uma
atuação efetiva junto aos nossos alunos. A sociedade
das incertezas necessita de pessoas mais flexíveis e
criativas, que possam buscar distintas soluções para
um mesmo problema e que sejam capazes de superar
com êxito as adversidades e o estresse. Para isso não
existe receita de sucesso, mas podemos mergulhar
neste desafio para promovermos as mudanças tão
necessárias na Educação Brasileira.
Esta é a perspectiva que a Faber-Castell tem
enfatizado no seu Programa Escolar. Os conteúdos
educativos aqui apresentados pretendem estabelecer
um diálogo com os educadores de todo o Brasil sobre
como podemos trabalhar para que nossos alunos
aprendam melhor aquilo que é significativo para suas
vidas e, também, como podemos aprender com eles,
quaisquer que sejam as suas idades.
Alguns princípios regem nossa abordagem.
Defendemos que a educação escolar não assegura
sua qualidade apenas pela quantidade de horas que os
alunos passam na sala de aula, nem na diversidade de
atividades complementares que realizam dentro ou fora
da escola. Qualidade está na capacidade de interação
e estímulo à curiosidade que eles recebem. É o slogan
“o menos vale mais” que importa. Atividades com mais
sentido, respeitando o ritmo de cada um, com tempo
para refletir é que faz a diferença. Do contrário, os
desafios e provocações criativas estarão nas ruas, nas
máquinas e não na escola.
6
“Devemos lutar pela igualdade sempre que
a diferença nos inferioriza, mas devemos
lutar pela diferença sempre que a igualdade
nos descaracteriza.”
Boaventura Souza Santos
Por isso, depois de escrevermos sobre a valorização
do tempo qualitativo para aprender e viver e, em
seguida, trabalharmos a importância da criatividade
para sonharmos e aprendermos, agora queremos
dialogar sobre o que somos capazes de aprender com
a diversidade, porque entendemos que reconhecer as
diferenças é uma forma de se caminhar para a aceitação
da pluralidade e de se valorizar o outro.
A diversidade serve para aprendermos com a
experiência do outro e gerar aprendizagens. Assim,
temos muitos campos para trabalharmos: diferenças de
culturas; de valores; de ideologias, etc. Mas escolhemos
apenas um: saber aprender com as diferenças de
idades por meio de interações que contribuam na
geração e ampliação das potencialidades de cada um.
É uma proposta intergeracional. Então, para este ano o
Programa Escolar chama-se TEMPO DE APRENDER
COM... O TEMPO. Significa pensar sobre o que somos
capazes de aprender com aqueles que ensinamos,
nas diferentes idades. Precisamos também melhor
conhecer as potencialidades deles para que possamos
melhor ensinar. É uma via de mão dupla, com um
importante alerta do sociólogo português Boaventura
Souza Santos, citado na epígrafe desta apresentação.
Vamos aqui abordar o tema escolhido visando
buscar a igualdade junto aos nossos alunos para que
melhor possamos entendê-la para não inferiorizá-los por
não terem a nossa experiência. Mas também queremos
defender a diferença para melhor entendermos que
muitas vezes, quando os igualamos, descaracterizamos
aquilo que são. Então, a proposta deste ano é de intra
e interaprendizagem, ou seja, poder entender cada
fase da vida na sua potencialidade de aprender com a
experiência dos outros, de saber conviver melhor com
as múltiplas faixas etárias. Um belo desafio para nós e
convidamos você a nos acompanhar. Seguimos!
X
O Tempo Justo
O tempo é a matéria da vida, pertence ao campo
do desenvolvimento humano. Porém, por muito tempo
acreditamos na ideia de que crescimento econômico
significava não parar. O tempo humano assim foi esvaziado
e passou a ser tempo do trabalho. O tempo tinha que ser
preenchido com ações comprometidas com a produção ou
com o consumo. Era preciso produzir, produzir, produzir
e consumir, consumir e consumir. Desde a década de
1950 acreditamos, no Brasil, que lentidão era atraso e
que aceleração desenfreada significava desenvolvimento.
Hoje vemos que não é bem assim. O desenvolvimento
econômico não trouxe um planejamento ecológico. Nossas
cidades estão atoladas de carros, com adensamento
populacional e todas as mazelas daí decorrentes como
poluição, desigualdade social e baixa qualidade de vida.
Levando esta máxima para nossas vidas, entramos num
ritmo tão acelerado que chega a ser de autodestruição.
Passamos a acreditar que desenvolvimento econômico
significa aumento de posses individuais e perdemos
a noção de “bem comum”. Queremos mais de tudo.
Trabalhamos mais horas para consumir mais.
É preciso uma mudança de mentalidade. Não seria o
caso, por exemplo, de pensar que, ao invés de acreditar
que desenvolvimento é fazer com que mais pessoas
possam ter mais carros, não deveria ser de ter cada vez
menos necessidade de usar carros?
Por outro lado, o desenvolvimento tecnocientífico,
principalmente aquele relacionado às tecnologias da
informação, fundiu tempo e espaço através da velocidade
e quantidade das informações. Constatamos a cada dia
que as inovações tecnológicas associadas à aceleração
do tempo faz com que tudo fique efêmero, transitório
e impermanente. Com a aceleração perdemos a
concentração, a pausa, o descanso. Nosso ritmo de vida
promove a dispersão. Fazemos mil atividades no mesmo
instante, sem nenhum foco. Assim perdemos a capacidade
de planejar e desenvolver estratégias. Perdemos-nos na
desorganização diária. O caos!
Mas houve um tempo, lá na Antiguidade, onde os
gregos contavam o tempo de duas formas: Chronos era
o tempo linear, quantitativo e Kairós conferia qualidade
à existência. Assim, para enfrentar o tirano Chronos
era preciso da ajuda de Kairós para qualificar o tempo
vivido. O tempo passou e cada vez mais procuramos
recuperar a qualidade da existência da vida cotidiana,
já que as tecnologias da informação instantânea e o
entretenimento excessivo fragmentam cada vez mais
nossas experiências, ao mesmo tempo em que nos abrem
mil novas possibilidades.
“Todos os animais, com
exceção do homem, sabem
que o principal objetivo da
vida é usufruí-la.”
Samuel Buther
É hora de pensarmos que a palavra “mais” pode ser
substituída pela palavra “menos.” Tal decisão atinge direto
nossa forma de viver e, é claro, a percepção de tempo. É
possível viver de outra forma e isso não significa ter que
largar o emprego e ir morar numa comunidade alternativa.
É possível desacelerar em qualquer lugar. Ter tempo para
pensar na sua vida e concluir que o menos vale mais.
Viver sem pressa é um estado de espírito. É também o
que nos torna mais criativos.
As pessoas que estão vivendo tal experiência afirmam
que desacelerar faz com que se crie uma sociedade mais
coesa, onde as pessoas estão interessadas no bem-estar
de todos. Pisar no freio é cada vez mais necessário
porque permite, entre outras coisas: comer com mais
tempo e prazer e assim perceber a real necessidade
de se alimentar; aprender a respeitar seu próprio ritmo
para aprender; viajar para desfrutar dos lugares como
um nativo, ao invés de querer conhecer tudo em pouco
tempo; ter tempo para praticar o ócio; se permitir ter uma
atividade artística, sem a preocupação com o resultado
final. Enfim, entrar num outro tempo, desacelerar, permite
constatar que quanto maior a pressão para produzir em
menos tempo, mais a qualidade do que é produzido ou
mesmo pensado, decai.
Na pós-modernidade embora o mote principal seja que
o ritmo de vida e o ritmo de trabalho devam ser acelerados
ao máximo para que se possa atingir a realização
doméstica de consumo e o sucesso profissional, a cultura
pela velocidade está cada vez mais sendo questionada.
Hoje existem muitos estudos apontando para a
necessidade de reavaliação do cotidiano e o tempo está
sendo redescoberto.
Daí nossa defesa pelo Movimento Slow, que começou
pela comida, na Itália, na década de 1980 e que acabou se
espalhando por outras áreas como educação, economia,
turismo, entre outras. É... Isso pode parecer uma piada
em tempos em que se ensina e se exige que façamos a
maior quantidade de coisas cada vez mais rápido e que a
ideia de perder tempo é aterrorizante. Mas tenha certeza,
do jeito que está não estamos felizes. Então é hora de
mudarmos buscando outro ritmo em todas as esferas da
vida. E como estamos aqui conversando com educadores,
vamos pensar nesta perspectiva para a escola. Uma
escola possível para outro tempo, em que seja possível
aprender em todos os tempos da vida.
7
A escola que morreu
X
A escola que queremos
Vivemos tempos difíceis para a escola. Tornou-se
o alvo de críticas de todos. Uns dizem que morreu.
Outros dizem que precisa se reinventar. O melhor é
isso ou talvez aquilo. A sociedade pede à escola que dê
mais que as suas possibilidades. Exige que compense
as deficiências familiares e sociais. Com isso, a
escola acabou se tornando o lugar da socialização, da
recuperação, de terapia, de comer de forma equilibrada,
de ocupação do tempo livre, o lugar de deixar os filhos
com segurança e muito mais. Tentando ser adequada
para todas as demandas, a escola se empobrece.
Simplifica demais o trabalho intelectual para avançar
sem riscos, sem descobrimentos, sem poder errar,
alijada da vida real.
O ponto de partida para melhor entender o papel da
escola, é reconhecer que a escola não é um ambiente
natural. É uma organização cultural e política. As
crianças, que lá comparecem todos os dias, vão porque
são obrigadas pelos adultos a irem. Temos leis que
determinam tal frequência. Portanto, a escola precisa
assumir os problemas que esta falta de naturalidade
comporta. Mas não podemos “jogar a criança junto com
a água do banho”! O histórico da invenção da escola
prova seu potencial emancipador no compromisso com
a renovação do mundo público. Está nela a oportunidade
de oferecer aos mais jovens um tempo de formação.
O contexto exige um grande esforço de todos os
educadores, e da sociedade em geral, para tornar
a escola compatível com seu tempo. Para isso ela
precisa ser uma fonte de sentido para que cada um
possa construir suas relações com a vida, com os
outros e consigo mesmo. Escola é para se entender a
vida e se sentir inteligente e para isso precisa resgatar
seu significado.
8
“A escola que imagino seria um lugar onde os
erros são permitidos, os caminhos tangenciais
encorajados e pensar grande é celebrado como um
processo – seja qual for o resultado.”
Salman Khan
Como nos ensina o pesquisador francês Bernard
Charlot: “Escola deriva da palavra grega que significa
lazer. Temos de reinventá-la como o lugar de desejo, de
aventura e esforço prazeroso”.
É preciso que a escola encontre sua função
específica, sua parte insubstituível, que consiste em ser
o lugar adequado para que os alunos em dinâmica de
confrontação e de cooperação recíproca, desenvolvam
ao máximo suas capacidades cognitivas, elaborando
suas próprias experiências, utilizando todas as
linguagens e todas as dimensões emotivas, criativas e
lógicas para a construção de conhecimentos atualizados
e críticos da realidade.
A escola para “consumidores” está morta. Construir
uma escola viva, coerente com o seu tempo é nosso
desafio enquanto educadores. E tal construção não
nasce apenas de um desejo, mas de experiências
verdadeiras que consideram:
- que as crianças e jovens sabem e vão à escola
para refletir sobre o que sabem, aprofundar seus
conhecimentos, acessar outros e desenvolvê-los
em grupo;
- que o professor cumpre seu papel quando
garante que cada aluno possa alcançar os níveis mais
elevados possíveis (cognitivos, sociais e afetivos) com
a participação de todos;
- que a inteligência é uma capacidade mental
que se modifica, se enriquece e se transforma
permanentemente.
Ora, se a escola que queremos considera que
todas as crianças e jovens sabem coisas distintas e
de formas diferentes, então seu trabalho pedagógico
estará baseado na diversidade, considerando que
todos podem aprender com o grupo. Daí a importância
de se criar grupos não homogêneos em termos de
idade. Isso é muito importante porque a organização
dos alunos homogêneos cria a falsa ideia de que,
por terem a mesma idade, deverão ter as mesmas
capacidades – uma falsa igualdade.
Para esta escola que precisamos construir, o professor
não é mais o dono do saber. Ele deixa de garantir a verdade
e passa a garantir o método. Sabe como se trabalha os
conhecimentos, como se processa, como se discute. Deixa
de ser um improvisador para ser um profissional. Aquele que
sabe captar nos alunos seus interesses e motivações, sabe
propor conteúdos, sabe destacar os conhecimentos presentes
garantindo o direito de todos à palavra. O professor assim não
é mais o dono do saber. É um mediador de saberes que, sem
hierarquizar as matérias, trabalha junto com os alunos, como
pessoas inteiras, plenas.
Assim, a escola pode se transformar em algo compatível
com o seu tempo. Entendendo que, para construir novas
estruturas cognitivas é preciso dedicar o “tempo justo” para
cada tema trabalhado. Tempo para que possa ser examinado
por diferentes pontos de vista e respeitando o ritmo de
cada um dos alunos. Portanto, a escola precisará ser lenta,
desacelerada, sabendo usar o tempo de forma adequada, para
que todos possam se sentir construtores e não acumuladores
de informações. É desta forma que o tempo da escola não mais
terminará quando se resolve um problema, mas quando uma
resposta se converte em uma nova pergunta. Este é o caminho
que podemos construir junto com nossos alunos e com toda a
comunidade escolar.
Acreditamos que estas questões ajudem a fazer a
escola compatível com a sociedade do século XXI, que não
é apenas informativa. Ela precisa de pessoas com senso de
responsabilidade e de solidariedade. Precisa de pessoas
reflexivas e criativas que atuem em grupos e em rede, usando
os recursos do seu tempo e que se sintam capazes de sempre
fazer o melhor no seu ritmo. A escola do nosso tempo é aquela
que tem sentido e a educação oferecida é valorizada pela
capacidade de interação e estimulo à curiosidade, que todos
que ali estão recebem.
9
Os Pilares da Educação
Ensinar e Aprender
“Aprender sem pensar é inútil,
pensar sem aprender é perigoso.”
Confúcio
Ensinar e aprender formam um binômio fundamental para todos os educadores.
Não vamos tratar aqui das principais teorias sobre o assunto porque existe uma extensa
bibliografia especializada e nem é o foco deste material. Queremos apenas lembrar
que não existe o tal “processo de ensino-aprendizagem” tão presente em muitos
escritos da área. Ensinar é um processo e aprender é outro. Ensinar não é garantia
de aprendizagem. Assim como nem tudo que se aprende precisa de uma pessoa
ensinando. Temos capacidades para aprender de muitas maneiras.
Aprender nos permite transcender os limites físicos da evolução biológica.
Graças ao cérebro, que os estudos promovidos pela neurociência muito têm ajudado
a conhecermos melhor, sabemos que ele pode transformar-se constantemente em
decorrência do aprendizado, o que indica que somos capazes de aprender ao longo
de toda vida, para além da vida escolar. Para estar sempre ativo, basta garantir o
aprendizado contínuo. Manter a mente ativa desacelera o declínio cognitivo. Por
outro lado, isso não significa a defesa pela hiperatividade. Um dos fatores que podem
“murchar” o cérebro é o estresse.
Dito isso, e reforçando a ideia de que com este material estamos somando os dois
anteriores produzidos pela Faber-Castell, agregando a proposta de desacelerar para
aprender, tendo por base a criatividade. E o que podemos fazer com isso? Além de
mudar o movimento da escola, podemos transformá-la de múltiplas formas e cada um
pode tornar seu sonho realidade de acordo com cada contexto e possibilidades. Mas
sem nunca desistir, por pior que pareçam os impedimentos a serem superados. Afinal,
quem escolhe ser educador não veio a passeio! Está na luta e escolheu este caminho
porque acredita que é possível fazer o melhor para muitas pessoas.
Nós escolhemos continuar esta história tratando do que podemos aprender e ensinar
com as pessoas de todas as idades, de forma que cada um possa se sentir um mestre
e também um aprendiz. O ponto de partida é pensar que tudo pode mudar, e duvidar
sempre. Por outro lado, ter a certeza de que tudo segue inacabado. Nada é definitivo e
as nossas experiências são o fio condutor para ficarmos sempre vivos e abertos para
o mundo, na certeza de que podemos aprender sempre com todos. Só assim seremos
capazes de fazer não uma escola para todos, mas uma escola de todos.
10
A Faber-Castell, ao longo dos últimos cinco anos,
tem defendido a divulgação dos 4 Pilares Básicos da
Educação, criados pela UNESCO, por meio de seu
Relatório da Comissão Internacional sobre Educação
para o Século XXI (1993/1996), coordenado por Jacques
Delors. De acordo com este Relatório, a educação
deve se organizar em torno de quatro aprendizagens
fundamentais que, ao longo da vida serão, para cada
pessoa, os pilares do conhecimento. Esta foi a produção
que os membros da Comissão consideravam mais
relevante, frente à imprevisibilidade do futuro.
Um documento simples, ao mesmo tempo potente e
que, infelizmente, foi pouco aproveitado no Brasil, como
muitas obras que se transformam em modismos e depois
caem no esquecimento. Publicado aqui em 2001, com o
título “Educação: Um tesouro a descobrir”, é uma obra que
vale a pena ser revisitada para nos ajudar a romper com
a visão meramente instrumental da educação. A base dos
4 Pilares Básicos do Conhecimento é o que a UNESCO
chamou de “aprender a aprender” e para que possa
acontecer, é necessário: “aprender a conhecer”, isto é
adquirir os instrumentos da compreensão; “aprender a
fazer”, para poder agir no mundo envolvente; “aprender a
conviver” ou a viver juntos, a fim de participar e cooperar
com os outros em todas as atividades humanas; “aprender
a ser”, via essencial que integra as três precedentes.
Embora a escola centralize sua função no Pilar
“Aprender a Conhecer”, queremos transgredir aqui e
propor enfatizarmos em igualdade de importância os
4 Pilares indicados pela UNESCO, dando o especial
destaque para o “Aprender a Conviver” porque o tema
deste material é APRENDER A APRENDER COM O
TEMPO, ou seja, “em relação”. E o tempo aqui significa o
tempo marcado pelas idades, porque na escola, na maioria
das vezes, as crianças e jovens só se relacionam com
pessoas da mesma faixa etária. Estão assim organizadas
as salas de aula e até mesmo os turnos escolares.
Acreditamos que “Aprender a Aprender” é a base da
nossa existência que nos mantém aprendizes enquanto
estivermos vivos. Por outro lado, “Aprender a Conviver”
é o arcabouço da Cultura da Paz. Se não soubermos
conviver com aquilo que é diferente de nós, não
seremos capazes de entender que fazemos parte da
mesma humanidade, embora com todas as diferenças
decorrentes de cada contexto.
O fotógrafo Sebastião Salgado comentando sobre sua
exposição “Êxodos” justifica sua escolha: “às vésperas do
século XXI, tentei mostrar a necessidade de refundarmos
a família humana sobre as bases da solidariedade e da
partilha”. Foi olhando e fotografando, que ele constatou
a degradação das condições de vida, mas não ficou
aí. Entendeu que ele poderia fazer algo maior e foi lá e
fez. Mostrou ao mundo todo, por meio de suas fotos, as
vítimas das desigualdades. Fez porque sentiu que tinha
obrigação ética e moral de fazer algo. Deu uma aula de
humanidade para todos nós, entendendo que fazemos
parte do mesmo planeta e o que acontece nos lugares
mais distantes, afeta a todos nós.
É este sentido de humanidade que precisamos
resgatar em nós diante de nossos alunos. Um caminho é
acreditar que todos sabem alguma coisa e, portanto têm
algo para ensinar, assim como nós temos algo a aprender.
Isso exige respeito e humildade. Todos, independentes da
idade, são capazes de nos ensinar algo. Estamos ligados
a algo maior que nos faz humanos. Assim aprenderemos
a adquirir a noção pessoal do essencial. Daquilo que é
realmente necessário, do justo, do básico. Saberemos
o que é o verdadeiro foco do nosso trabalho, sem nos
perdermos em esforços desnecessários que nos atolam
de tarefas sem significado e que nada ensinam.
Foi pensando nas múltiplas possibilidades que os
4 Pilares Básicos da Educação criados pela UNESCO
oferecem, que a Faber-Castell abraçou a causa e
apresenta possibilidades de atuação para enriquecer
o trabalho pedagógico dos professores, ajudando-os a
pensar nesta perspectiva, qualquer que seja o projeto
pedagógico e curricular da escola. A proposta do
Programa Escolar da Faber-Castell é de inspiração
apenas. Cada um sabe e deve fazer seu caminho,
porém, sem nunca perder a coragem de acreditar que
pode mudar para melhor.
11
Aprender a
Conhecer
“As coisas que não têm nome
são as mais pronunciadas
por crianças.”
Manoel de Barros
O Pilar Aprender a Conhecer é a essência do
aprender a aprender e tem por base a curiosidade
intelectual. Defende que para aprender a conhecer
não basta dominar conceitos. É preciso desenvolver
formação contínua ao longo da vida. Representa uma
oportunidade de aprender com o diferente e com o
igual; com o que está perto ou distante, sempre com
motivação para aprender.
Então, nada melhor do que começarmos pelas
crianças. São os nossos alunos que todos os dias estão
conosco e que a escola entende que, quanto mais
jovens são, mais precisam ser ensinados. Como são
pequenos, não acreditamos que eles possam ter algo
para nos ensinar. Será? E muitas vezes atrapalhamos
sua criatividade dirigindo aquilo que achamos que
devem fazer. Como exatamente entendemos as
crianças e como vivem na sociedade contemporânea?
As fases da vida e os Pilares da Educação
O distanciamento social entre gerações é um fenômeno da contemporaneidade,
resultante de uma sociedade que estabelece uma série de espaços exclusivos para
atender às diferentes faixas etárias. Por outro lado, a família, que sempre foi o lugar
privilegiado de relações intergeracionais, passou por mudanças significativas em seus
arranjos. Virou uma família nuclear com diferentes configurações. A falta de convívio
intergeracional resulta no desconhecimento, e o distanciamento gera estereótipos que
impedem a aproximação entre as pessoas de idades diferentes.
A nossa cultura está impregnada de conflitos geracionais. O preconceito reforça
a ideia de que a juventude possui qualidades como força e atividade; aos velhos
ressalta-se as perdas e as carências, e as crianças são vistas na sua incompletude.
Diante deste quadro, a escola pode ser um espaço privilegiado de aproximação
intergeracional. Com o Programa Escolar da Faber-Castell, queremos contribuir para
a tão necessária melhoria da escola, chamando a atenção para a importância do olhar
cuidadoso para o pluralismo - de culturas e de saberes. Neste campo, enfatizamos a
aprendizagem que é proporcionada pelo entendimento de cada etapa da vida e suas
identidades. Nosso desafio: aprender em cada fase da vida e com as pessoas de
diferentes idades.
Destacamos cada Pilar da Educação que a UNESCO produziu em relação a uma
determinada fase da vida. Assim, acreditamos que seremos capazes de dialogar sobre
o que se tem de mais potente e depois conectar, juntar, misturar e criar uma verdadeira
ecologia da aprendizagem.
12
Ser criança
Começamos perguntando: cadê os espaços de
crianças nas cidades? O que exatamente fazemos com
elas? Mandamos para a escola! “Lá será seguro, vai
aprender um monte de coisas e conviver com outras
crianças de sua idade.” Ufa! Os pais assim descansam
em paz. Nos fins de semana, visitas aos shoppings
para consumir. E se as mães tiverem pressa, deixam as
crianças aprisionadas numas gaiolas desses mesmos
shoppings que recebem o nome de espaços infantis.
Conseguimos tirar o direito ao espaço das crianças,
assim como não damos voz para elas. São vistas
como cidadãos do futuro e afastadas no presente de
uma participação social efetiva. No momento social que
vivemos, o adulto é o agente principal e as crianças são
seres inacabados, incompletos, com potencial a ser
desenvolvido até atingir a plenitude, ou seja, virarem
adultos.
Que pena! Tantas coisas poderíamos aprender com
as crianças se conseguíssemos vê-las naquilo que
realmente são e não o que achamos que sejam. Como
assim? Vamos conversar sobre isso agora.
que a infância é uma construção cultural, ou seja, é a
sociedade adulta que define o que é “ser criança” de
acordo com os momentos sócio-históricos, visando
atender às necessidades de cada época. Ao longo do
tempo, a infância passou de uma situação de plena
participação no mundo medieval para uma condição
de invisibilidade a partir da modernidade, quando as
crianças passam a ser excluídas do mundo adulto,
ocupando ambientes específicos destinados a elas,
dentre os quais a família é o principal, além de escolas,
creches, parques infantis. A intenção dos adultos era
de protegê-las e a consequência foi a redução das
possibilidades de as crianças utilizarem suas próprias
capacidades e de opinarem sobre suas vidas.
Ao longo dos séculos, vários pensadores
buscaram explicar as diferenças entre adultos
e crianças. Hobbes, Locke, Rousseau, Piaget,
Freud, Durkheim, entre outros, buscaram entender
as crianças. Enfatizavam a negatividade às
características infantis, como a fragilidade física e
moral, gerando as práticas sociais de confinamento.
Podemos constatar também que nas diversas
explicações produzidas, existe o reconhecimento de
que as crianças e os adultos são diferentes.
Este cenário começou a se alterar no final do
século XX, com os estudos sociológicos realizados
por pesquisadores como Qvortrup, Moss, Sarmento,
Corsaro, entre outros, os quais defendiam que a infância
não é um “tempo de passagem”, mas uma categoria
na estrutura da sociedade. Foi o reconhecimento das
crianças como sujeitos de direitos. Deixaram de serem
vistas como incompletas, para se tornarem pessoas
concretas e contextualizadas, como membros de
uma rede de relações, que são capazes de contribuir
ativamente na sociedade, produzindo mudanças nos
sistemas em que estão inseridas.
Um pouco de história
Para entendermos melhor como chegamos a ter
este posicionamento, é bom buscar na Sociologia da
Infância um pouco de história. Primeiro é preciso saber
13
Aprender a
Fazer
“Não é de um tempo que tenho
saudade. Saudade eu tenho é de não
haver tempo nenhum.”
Mia Couto
Tornar visível o que estava invisível
As crianças, assim como os adultos, têm o direito de serem
ouvidas individual e coletivamente sobre as questões que as
afetam e o direito de verem suas inquietações levadas a sério
pela sociedade. E o que podemos fazer sobre isso na escola?
O primeiro passo é reconhecer as crianças como seres
humanos. Não são inocentes ou más – apenas humanos que
fazem parte do mundo como ele é. O trabalho da escola é
aquele que reconhece as crianças como cidadãos, membros
do grupo. Portanto como sujeitos ativos, cujas ideias e teorias
precisam ser ouvidas e consideradas, e questionadas também.
Então vamos lembrar aqui algumas características
das crianças que, mesmo já sendo do conhecimento dos
professores, às vezes nos esquecemos, quando trabalhamos
para que sejam adultos no futuro. O tempo da criança é hoje!
Então vamos lá:
• As crianças são curiosas, exploradoras natas. Metem
o dedo em tudo, cutucam, pulam, se movimentam muito.
A vida para elas é um grande experimento, uma grande
aventura de descoberta.
• São grandes inventoras e sonhadoras. Tanto que
os cientistas se inspiram nelas para passar pela vida
perguntando “por quê?”.
• Exercitam a sua criatividade sem fronteiras. Tudo com
muita energia.
• As crianças se preocupam com seus pais. Seus
problemas as afetam.
• Estão sempre dispostas a ir adiante, enfrentando desafios
constantes, atentas a tudo que ocorre à sua volta.
• Possuem outra lógica. Quando pequenas não entendem
metáforas. Isso é isso, aquilo é outra coisa.
• As narrativas infantis são como brinquedos verbais, são
um sistema lógico em que as crianças podem encaixar, à sua
maneira, o que acham que vai acontecer ou o que viveram.
• Quando escutam histórias o fazem de forma ativa, ou
seja, elas não recebem a informação de forma bruta, tudo se
transforma, combina, lapida a seu gosto.
• O brincar como linguagem universal confirma que o
desenvolvimento das crianças se processa de uma forma
sistêmica, sem fragmentações, em que tudo está ligado a
tudo e marca também o início de sua trajetória como eterno
aprendiz.
• As crianças não conhecem divisão entre corpo e mente.
Tudo é uma coisa só.
• Também não fazem separação entre teoria e prática.
Elas simplesmente fazem.
• São profundamente audiovisuais.
14
O que podemos aprender
Concluindo este tema, também precisamos
considerar que não foram somente as crianças que
perderam espaço. Todos nós perdemos o direito ao
espaço, ao céu, à natureza. Perdemos a conexão
com a natureza, erguendo paredes que acreditamos
nos proteger da violência e também acelerando a vida
ao máximo. Esta desconexão nos torna incapazes
de ver e de sentir muitas coisas e assim vamos
desaprendendo a viver na natureza, a proteger
nossa espécie e a viver uma vida verdadeira.
Enfim, temos muito trabalho pela frente para
mudar, nos ver melhor e ver as crianças na dimensão
real. Precisamos recuperar a infância do nosso
tempo, sem saudosismos. Precisamos também
resgatar espaços públicos para todos. Não apenas
para as crianças e muito menos os temáticos.
Espaços públicos devem ser de múltiplas linguagens
para todos.
Temos que dar asas para a criatividade das
crianças, ou pelo menos não cortá-las. E ter muita
coragem para acreditar que vai dar certo se você
mudar, enxergando a criança como um ser humano
como você, porém diferente de você e que merece
respeito igual.
O professor então precisa reconhecer que,
sendo o outro, precisa somar com as crianças, e se
não caminhar junto, todos perdem. O que as crianças
podem nos ensinar? Tudo! Elas nos ensinam que
não é preciso ter pressa para aprender. Com elas
nos aprimoramos como pessoas mais abertas para
a aventura e para a curiosidade. Com elas também
aprendemos a confiar no potencial humano. É uma
lição de beleza, de leveza e de humanidade, com
uma preciosa habilidade para retomar o valor vital
do tempo.
O Pilar Aprender a Fazer é indissociável ao pilar
anterior, pois não basta conhecer. É preciso também
atuar, intervir, a partir daquilo que se conhece. É fazendo
que nos fortalecemos para enfrentar numerosas
situações de forma que sejamos cada vez mais capazes
de resolver os problemas práticos da vida. Combina
a capacidade de iniciativa e o gosto pelo desafio. O
tema da velhice é indicado para este Pilar porque a
experiência requer tempo.
Ser idoso
A velhice faz parte do ciclo da vida. É um estado
natural que os seres humanos precisam viver para
amadurecer. É um momento que traz sabedoria. Porém,
ser idoso na sociedade contemporânea brasileira não
é nada fácil porque ser jovem é imperativo. A idade
avançada é um sinal assustador e inevitável para todos.
É uma fase em que a memória começa a desapontar, há
um desgaste da visão, audição, equilíbrio e lentidão nos
reflexos. É comum associarmos velhice à solidão, morte
e tristeza. Mas isso não significa que o idoso é um ser
inutilizado, de fim de linha.
Mas está havendo uma mudança de
paradigma da velhice e isso se deve à combinação
do aumento da expectativa de vida e diminuição da
taxa de natalidade em todo mundo. Com o aumento
da expectativa de vida da população mundial, os
idosos acima de 80 anos já estão sendo considerados
na “quarta idade”. E o Brasil está se tornando um
país maduro. Os brasileiros estão vivendo mais. Na
década de 1980 a expectativa de vida era de 63 anos;
atualmente é de 74,6 anos. Em 2010, a população de
idosos saltou para 10,8% (em 1960 era de 4,7%), de
acordo com o IBGE. Estima-se que em 2040 teremos
mais de 30% nessa faixa.
Diante deste quadro podemos constatar que
atualmente está-se vivendo uma nova velhice,
identificada com uma postura mais ativa e de
protagonismo em suas escolhas. Então, sabe aquela
velhinha de cabelos brancos, sentada na cadeira de
balanço fazendo tricô? Pois, é... Morreu! Os idosos
que são os avós dos alunos em nada correspondem
a esta imagem desatualizada. Mas a escola segue
convidando as avós para contarem sobre como era
no seu tempo, ainda mais tomando chá. Já os avôs
vão aos eventos organizados pela escola para ensinar
algo que eles sabiam fazer na infância, como um
brinquedo. Há variações nas propostas, mas, de um
modo geral, os familiares mais velhos são vistos pela
escola como pessoas de um tempo passado. Vieram
de um lugar que não existe mais. E o que são no
presente? A escola não pensa sobre isso. Assim como
na sociedade, quando o assunto é velhice, raramente
se pensa no presente ou se sonha com um futuro. Isso,
de alguma forma, ensinamos para os alunos.
Velhinho sim, e daí?
Os idosos vivem de formas diferenciadas em
cada contexto. Existem aqueles que estão trancados
e esquecidos dentro de casa ou asilos; os que estão
trabalhando, seja em casa ou na rua; aqueles que
estudam; os que preferem não fazer nada mesmo; os
que participam de atividades lúdicas e desportivas. Enfim
“idoso” é uma categoria social ampla e diversificada.
É um desafio para a escola entender que todos os
seres vivos são seres do seu tempo. Basta estar vivo!
Ter vivido mais não significa pertencer ao passado.
Então podemos concluir que envelhecer é a única forma
de adiar a morte. E cabe à escola educar seus alunos
para saberem interagir de forma igualitária e respeitosa
com os idosos.
O que podemos aprender
Para aprender, não tem prazo de validade. Basta
estar vivo. A velhice pode ser tão rica quanto a juventude
e pode produzir muitas coisas belas e criativas. Os
idosos podem ser pensadores criativos, tanto quanto
as crianças e jovens. Eles são interessados em
atualizar seus conhecimentos e ampliar seus horizontes
intelectuais. Por outro lado, os idosos são como uma
biblioteca de vida e conversar com eles é ter uma
vivência de vida que ainda não tivemos. Os vínculos
pelo afeto, e não pela obrigação ou interesse, podem
criar relações de reciprocidade e amizade em que todos
ganham. Podemos aprender com eles sua sabedoria
que ensina a dar menos importância ao que causa
sofrimento e focar naquilo que realmente nos pode
trazer benefícios.
15
Aprender a
Conviver
“Do rio que tudo arrasta se diz
violento, mas ninguém diz que são
violentas as margens que comprimem
esse mesmo rio.”
Bertolt Brecht
O Pilar Aprender a Conviver é apontado pela
UNESCO como o mais importante dos pilares, por causa
do seu valor para os dias atuais. Significa aprender a
viver coletivamente, desenvolvendo a compreensão do
outro e a percepção das interdependências dos seres
humanos. É o respeito pelos valores do pluralismo e
da compreensão mútua para o estabelecimento da
cultura da paz. Escolhemos falar sobre os jovens ou
adolescentes que é uma faixa etária que os adultos
apontam como de difícil convivência.
Ser jovem
É uma queixa sem fim. Os pais reclamam que os
filhos não conversam mais com eles, que preferem a
companhia dos amigos. As avós também reclamam da
falta de atenção dos jovens, que só sabem dizer: “Oi,
Vó. Tchau, Vó”. Para os jovens os adultos são chatos,
vivem fazendo cobranças e não os entendem. A escola
sempre aponta: os jovens não respeitam ninguém, muito
menos os professores e mais: eles já vêm com este
“defeito” de casa, já que os pais não sabem dar limites.
São os discursos que escutamos com frequência.
Além de rótulos que apontam os adolescentes como:
precoces, mimados, individualistas, sem foco, ansiosos,
preguiçosos e viciados em tecnologia.
De fato, a palavra respeito está sempre presente
quando o assunto é juventude. Por isso queremos
inverter o rumo da conversa. Será que são somente
os jovens que não respeitam os adultos? E os adultos,
respeitam os jovens? Eles realmente estão sendo
respeitados pela escola? E os professores, respeitam os
alunos quando repetem ou não preparam suas aulas?
Quando se atrasam? Quando usam notas para dar ou
tirar pontos, dependendo das atitudes dos alunos? Ou
quando enchem a lousa de matéria, sem se preocupar
se aquilo faz sentido para os jovens?
Este cenário complexo se deve ao fato da
adolescência ainda ser vista como uma etapa
intermediária entre a infância e a vida adulta. Muitos
16
professores, pela falta de entendimento sobre o que
significa ser jovem, acabam enfatizando somente
os aspectos negativos de seus alunos. O desafio é
entender a juventude ou a adolescência como uma fase
com significado próprio, importante para a construção
de sua identidade.
Um aspecto primordial na relação entre professor
e aluno adolescente é o respeito ao ritmo de
amadurecimento de cada um. O corpo e a forma de
ver o mundo, os outros e a si mesmo se modificam
sem respeitar uma sequência linear. São muitas
características especificas. Para melhor entender
os adolescentes, aqui estão listadas algumas
características próprias dessa fase da vida, caso você
tenha se esquecido que passou por isso também:
• O adolescente vive um frenesi de sentimentos e
isso tem impacto em seu comportamento.
• O corpo entra em ebulição e o organismo de
meninos e meninas começa a mudar sensivelmente.
• Torna-se capaz de raciocinar de forma mais
elaborada, sem se limitar ao real graças ao
pensamento abstrato que adquiriu. Argumenta de
forma contundente e é capaz de divagar por horas.
• Reelabora a percepção de quem é e do que
é capaz, graças à capacidade mais sofisticada de
pensar. Daí a fascinação em experimentar toda
sorte de situações. E os riscos são grandes.
• Gosta de aproveitar seu tempo com os amigos.
Fala, gesticula, brinca e debocha.
• Os amigos são as pessoas mais importantes e
sofre influências deles, positivas ou negativas.
• Os grupos deixam de ser só de meninos ou de
meninas para ser de todos. Aparecem as tribos e os
namoros.
• A escola passa a ser vista como o lugar para
conhecer pessoas e para encontrar amigos.
• É a fase em que é estruturada uma das condutas
biológicas fundamentais: a sexualidade.
• Rejeita os modelos arbitrários e suas verdades
cristalinas, ao mesmo tempo em que busca respostas
para sua vida nas narrativas das tribos juvenis.
• Por conta do seu funcionamento cerebral,
normalmente, tem aquela inércia, preguiça, crise.
• Está aberto ao diálogo, à incerteza, à fugacidade
dos relacionamentos, à experimentação.
De um modo geral, o adolescente não sabe bem
o que fazer na escola, e a escola por sua vez não
sabe o que fazer com o adolescente. E para complicar
ainda mais, pela primeira vez na história da escola,
os alunos podem ensinar algo, ou sabem mais que
os professores, principalmente quanto às TICs tecnologias da informação e comunicação.
As mídias sociais revolucionaram como os jovens se
conhecem, se relacionam. Esta é a maior diferenciação
comportamental entre as gerações. Mas em essência,
as dúvidas, os anseios e as vontades de querer mudar,
transformar e ser diferente são semelhantes às épocas
anteriores.
Os jovens gostam de desafios em que possam usar
todo seu potencial e que proporcionem feedbacks. Por
isso é necessário que os estudantes trabalhem uns com
os outros, pois são capazes de se comunicar com mais
facilidade. Uma possibilidade para a escola é trabalhar
com projetos desenhados a partir de demandas reais e
de interesse dos estudantes. Esta pode ser a forma mais
adequada de aprender. E com as novas tecnologias, é
possível combinar o aprendizado baseado no interesse
e no desenvolvimento personalizado de habilidades.
Assim, cada estudante tem uma trajetória de aprendizado
única que se conecta com a aprendizagem do grupo. Os
projetos estimulam ainda o compartilhamento de histórias e
experiências sobre os assuntos abordados em sala de aula.
O que podemos aprender
Acabou o tempo em que só o professor fala e os
alunos apenas escutam. São posições anacrônicas,
incompatíveis com o nosso tempo. Não vale a
pena tentar fazer os jovens aprenderem como nós
aprendemos. Precisamos instituir a escola do diálogo,
em que a identidade do professor é tão importante
quanto a do aluno. O desafio é se fazer ouvir. Assim
seremos capazes de mudar a cultura do silêncio dos
alunos e criar o silêncio e a escuta do professor. O
caminho? Um só: professor e aluno parceiros em uma
relação baseada no diálogo, porque conviver com os
jovens é sempre renovador.
Se começarmos com atenção ao que nos dizem,
teremos uma lição de escuta. Pôr-se à escuta significa
prestar atenção ao que dizem os jovens, e deixar de
nos preocuparmos com os jovens para ouvirmos o
que nos diz cada um em particular. Desta forma nos
mostraremos receptivos às novas maneiras de estar
no mundo desses estudantes. Abrir a oportunidade
de pensar no que esses jovens nos dizem. E sem
esquecer que escutamos com as nossas próprias
histórias. O que nos remete a refletir: o que eu posso
entender melhor de mim e que me ajude a olhar e
escutar melhor meus alunos?
17
O que podemos aprender
Aprender a
Ser
O Pilar Aprender a Ser destaca
que não se pode negligenciar
nenhuma das potencialidades
de cada indivíduo,
para desenvolver, o
melhor possível, a
personalidade. Se
não formos capazes
de desfrutar de nós
mesmos e da vida,
não conseguiremos
atingir os demais
pilares. Precisamos
aceitar como somos,
mas procurando
melhorar sempre. Por
isso é com este Pilar que
melhor podemos refletir sobre
a identidade docente.
Ser professor
Embora muitos pais esperem que os professores
eduquem seus filhos, não podemos cair neste equívoco.
O ponto de partida para conversarmos sobre o Aprender
a Ser professor é a certeza de que o professor nunca
substitui os pais, embora para muitas crianças e jovens
eles sejam seus modelos mais valorizados. Atuam como
aliados apenas, e isso já é muito! A função primordial
dos professores é mais do que a transmissão de
conhecimentos. Os professores são tradutores
das diversas linguagens do mundo – que são
ainda mais vastas quando se considera que o
conhecimento tem múltiplas origens.
Mas o exercício da profissão docente
está cada dia mais difícil. As cobranças são
estressantes e os desafios enormes. Porém, para
avançarmos é importante ter como ponto de partida o
reconhecimento de que o mundo que conhecíamos não
voltará. Isso exige uma mudança mental. Outro aspecto
fundamental é a formação de identidade. O que significa
ser professor? Que identidade precisamos construir? Se
não tivermos uma ideia clara de quem somos, do nosso
papel social, dificilmente saberemos para onde ir.
18
“Na maior parte das vezes, a nossa
felicidade ou infelicidade não deriva
da vida propriamente dita, mas do
significado que lhe damos.”
Orhan Pamuk
Hoje existe um forte debate sobre a
distinção entre educar e ensinar.
Alguns estudiosos defendem
que os pais educam seus
filhos de acordo com seus
valores e os professores,
ensinam. A autoridade do
professor é acadêmica,
profissional. Ele dirige
sua turma com a
autoridade necessária
para exercitar sua
função. Quanto mais os
pais e os professores
compartilharem
informações, melhor
compreenderão o aluno e
este se sentirá mais visível.
Para outros especialistas, o
professor também educa e a discussão
é se ele educa para informar ou formar. São dois
eixos de valores distintos. Na prática pedagógica
“educar para informar” apenas significa “dar a matéria”.
Informar é expor conteúdos. Mas entupir a cabeça do
aluno com informações não faz dele um cidadão. Mais
atenção para formar significa contribuir para que o aluno
se torne uma pessoa justa, verdadeira, compassiva e
democrática. Portanto, “educar para formar” vai além
dos conteúdos escolares. Informação só não basta, é
fundamental ganhar distância em relação a ela para que
se possa elaborá-la e colocar-se na posição de sujeitos
e isso precisa ser ensinado pelo professor, porque todos
nós somos sujeitos de conhecimento.
Ensinar a pensar é complicado e difícil e, às
vezes, dói. Mas não podemos nos sentir esmagados
pelo conhecimento acumulado até agora e ficar
imobilizados. Ser professor é uma tarefa complicada.
Mas insubstituível! Nada e nem ninguém substitui
um professor que é tratado com dignidade. Aprender
a ser professor começa pela autovalorização. Além
de ter que lutar contra tudo que nos desqualifica
enquanto profissionais. Somos humanos e cidadãos.
E isso é muito!
O exercício da profissão exige como condição básica o
desejo de ensinar, o ato de convocar o aluno para aprender.
E o aluno percebe qual a mensagem que está sendo
enviada para ele. Sua sala de aula pode ser uma prisão
ou um laboratório de descobertas. Você decide o que quer
fazer. É uma opção consciente ou não. Mas saiba que está
em suas mãos fazer somente aquilo em que acredita.
O olhar sensível do professor é capaz de admirar
porque encontra formas de valorizar o que vê. A palavra
“admiração” tem a ver com olhar, mirar. Outra palavra
importante é “respeito” que está diretamente ligada
à capacidade de ver. A palavra “respectus” em Latim
significa “olhar para trás”, “olhar com mais atenção”, e
também respeito, estima, consideração.
O professor precisa sempre estudar, se aperfeiçoar
na profissão, como qualquer outro profissional no
mundo do trabalho. Quanto mais estudar, se aperfeiçoar
para transformar seu fazer pedagógico, mais seus
alunos e ele mesmo ganharão. Precisa também
refletir constantemente sobre a prática educacional e
compartilhar com outros professores sua experiência.
Mas de nada vai adiantar seu esforço, se não souber
ver o imprescindível da sua própria vida, como um
sujeito que faz sua própria história e que reconhece
com respeito e atenção cada história trazida pelos
seus alunos.
19
Aprender para além
dos muros da escola
O individualismo, a competição e o consumismo
são marcas de nosso tempo e tendem a distanciar
as pessoas. O crescimento urbano juntamente com a
vida acelerada, que confina as pessoas em espaços
fechados e específicos, reduziu o relacionamento
com parentes, amigos e vizinhos, enfraquecendo os
esquemas de ajuda e cooperação. Para as crianças,
restou a escola como o único ou o mais importante
espaço de convivência.
Neste contexto, a escola corre o risco de trazer
o mundo para dentro dela, achando que assim está
cuidando dos mais jovens. Mas é exatamente no sentido
contrário que se deve trabalhar, ou seja, colocar a escola
no mundo, rompendo com o seu distanciamento da
comunidade em que está inserida. Não basta promover
atividades dentro da escola. É preciso sair da escola e
ganhar a comunidade, o mundo.
A escola tem uma função social da maior importância
na comunidade, porém, não dialoga com outras
organizações sociais, limitando-se a ficar no âmbito
das famílias. Está na hora de romper seus muros e sair.
Somando com e na comunidade para transformá-la de
verdade e se transformar. Sem perder sua identidade
e função, a escola pode e deve participar de iniciativas
sociais que promovam integração entre crianças,
jovens, adultos e idosos, em um clima de descoberta e
convivência solidária.
E por que este enfoque é importante? Porque frente
à complexidade da sociedade precisamos nos ajudar,
e para ajudar um ao outro é preciso sermos bons
aprendizes. E as interações sociais funcionam como
catalisadores da aprendizagem. Sem isso não podemos
aprender nem nos desenvolver adequadamente. E
temos potencial para aprendermos para além da escola.
Para muitos pesquisadores, os pobres e marginais do
século XXI serão aqueles que não poderão, ou não se
envolverão na aprendizagem ao longo da vida.
Por isso é necessário um esforço conjunto da
escola, das entidades sociais, das estruturas produtivas
e culturais para que trabalhem em prol da construção
do papel educativo que a cidade deve ter. É preciso
que os espaços públicos descubram e respeitem a
criança e possam ensiná-las novas possibilidades de
conhecimento. Somando com jovens, adultos e idosos,
melhor ainda, porque todos precisam se apropriar dos
espaços públicos para a construção de um projeto
educativo integrado. Assim a escola será também um
espaço aberto.
20
“Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão.
Aqui se inicia
uma viagem clara
Para encantação.”
Ferreira Gullar
Não existem receitas de como fazer, cada contexto
exige um tipo de atuação. Mas qualquer que seja a
realidade, é importante ter claro que educar vai além
da vida na escola. Ela é importante, mas a educação
não acontece somente na escola. É preciso que
toda sociedade se comprometa com ela. Por isso as
ideias aqui apresentadas visam criar oportunidade de
integração entre pessoas de diferentes faixas etárias
que gerem oportunidades de se relacionar, aprender e
trocar experiências.
A educação, seja ela escolar ou social, existe para
renovar nossos ânimos frente a um cotidiano que muitas
vezes nos desanima. Inventar ações que estimulem a
convivência, a empatia e o combate à intolerância são
fundamentais para a construção de uma sociedade
mais inclusiva e solidária.
• O que podemos fazer juntos
“Devemos aprender a nos amar como irmãos e
irmãs, ou nos preparar para morrer como imbecis.”
Martin Luther King
São muitas as possibilidades de inventarmos ações
que envolvam gerações diferentes e toda a comunidade.
No entanto, este caminho na escola pode representar
uma dificuldade porque ela prefere trabalhar com o
universo conhecido e assim ter o controle de todas
as etapas. A escola, de um modo geral, prefere fazer
suas festas centradas nas efemérides para as quais
as famílias dos alunos “são convidadas”, como plateia,
para assistir aos espetáculos por ela preparada. A
cultura que ela propõe é uma cultura imóvel, segura e
sempre igual. Acaba sendo anacrônica em relação ao
mundo que a rodeia.
Nossa proposta é convidá-lo a pensar “fora da
caixinha”, ou melhor, “sem caixinha”. É um desafio para
se arriscar; perder o controle e abandonar as certezas do
conhecido e aprender com as crianças, que se mostram
aprendizes abertas ao desconhecido. Precisamos
trabalhar na escola mais a palavra “imaginação” e menos
as palavras “atenção e memória”. A imaginação estimulada
provocará a experiência que expande a criatividade.
Acreditamos que faz parte do desafio pensar que a
criatividade pode ser cultivada em muitas direções. Não
é uma listagem de receitas. Em tempos de desgraças, é
necessário uma dose de imaginação e criatividade para
derrubarmos “os muros” que aprisionam a escola como
acreditamos que ela possa ser.
21
Para fora da escola
Por dentro da escola
Nosso desafio começa pela atenção do professor
ao que dizem os alunos. Ele precisa criar situações
em que todos os alunos possam expressar seus
conhecimentos acerca do que está sendo trabalhado.
A importância disso que pode parecer “normal” é que,
quando falamos, tomamos consciência dos nossos
próprios conhecimentos. Não é falar para depois o
professor dar “a resposta certa”. Também de nada
adianta sentar em círculos e dar a palavra para os
alunos, sem que eles tenham as melhores condições
para se expressar. Para isso é necessário o uso de
diferentes linguagens que permitam que cada um
encontre o meio mais adequado, podendo se expressar
nos diversos níveis de abstração e de complexidade.
Dar voz aos alunos é também educá-los a escutar
aos demais num clima de respeito e interesse. Para
o professor, ter atenção ao que dizem os alunos
corresponde estar interessado no que dizem e também
levar em conta o que dizem.
Quanto aos espaços internos, a escola precisa
estar aberta para seus alunos. Para que eles posam
ter acesso a todos os lugares espontaneamente, de
forma verdadeiramente autônoma. São ambientes
que deveriam ser culturalmente significativos: os
laboratórios, as salas de leitura ou bibliotecas; até
o pátio, refeitório ou corredores. Eles precisam ser
espaços nos quais os alunos se sintam dentro de um
ambiente estimulante. O uso dos espaços não pode se
limitar a uma programação pedagógica. Por exemplo,
a biblioteca deveria ser como uma livraria, com livros
expostos de forma amigável, que dê vontade de
manipulá-los e não apenas estarem nas estantes.
Livros fora das estantes, organizados em alguma mesa,
por algum critério ou tema mutante para despertar a
curiosidade. É interessante também oferecer material
com o qual os alunos possam trabalhar coletivamente.
22
Além dos espaços abertos para todos porque
pertencem a toda comunidade escolar, as atividades
que garantem algum intercâmbio horizontal entre os
alunos é sempre uma iniciativa bem-vinda. Não apenas
para os alunos maiores apresentarem algo para os
menores, na relação dos que sabem para os que não
sabem, mas criar situações em que alunos de idades
diferentes possam trabalhar no mesmo projeto, cada um
no seu nível, e numa situação de troca permanente, de
forma que todos possam aprender com todos. Isso pode
acontecer em diversos espaços da escola que possam
ser ambientes de pesquisa e experimentação, como a
biblioteca, laboratório, atelier ou até mesmo a cozinha.
Assim é possível concretizar a certeza de que todos
sabem coisas distintas e de formas distintas, significa
basear-se na diversidade.
A escola que desfruta da diversidade entre os alunos
reconhece que este é o motor indispensável para a
ação educativa. A opção por esta experiência considera
como caminho para a avaliação, não a checagem de
conteúdos, mas a consciência do caminho que os
alunos estão percorrendo.
O mundo fora da escola, ou seja, a comunidade em que ela
está inserida, não pode ficar alijada da vida dos alunos. Vale a
pena unir forças distintas da comunidade que são potencialmente
complementares. Então, sair dos muros da escola para atuar nos
espaços da cidade que poucos conhecem é uma aventura educativa
para todos.
Estar na comunidade é ter em conta que os saberes das pessoas
também são diversos e que eles devem ser respeitados. O valor
do conhecimento não está apenas naqueles que possuem títulos
acadêmicos. Todos têm algo para ensinar e para aprender, sempre.
Os parágrafos que se seguem são algumas inspirações de
experiências que tivemos oportunidade de conhecer e estudá-las.
Não são roteiros de atividades a serem seguidos, mas situações que
podem gerar novas ideias para realidades diferentes, que merecem
ser investigadas, debatidas e não apenas copiadas ou repetidas.
Convidamos você a construir suas próprias experiências, a tocar com
suas mãos, a se intrometer de forma autoral e autônoma. Para fazer
sentido e ser verdadeira, é preciso ter a sua marca! Mas lembre-se:
nunca será uma coisa acabada. É para seguir inventando. É para
continuar sempre.
Ganhar a rua com as crianças pode ser aventura inesquecível.
Deixá-las caminhar em segurança pelas calçadas, ir a uma praça ou
a um parque. Enfim, sair sem pressa. Não sair pra ir a algum lugar.
Pode ser apenas sair, passear. Ver bichinhos da grama, pular uma
poça d’água, subir um degrau, descobrir a sombra. Enfim, pequenas
maravilhas do universo podem estar na pracinha, na rua ou em qualquer
lugar. A “viagem” está no percurso e não na chegada. É importante que
o professor registre de alguma forma esta aventura. A fotografia é uma
excelente documentação e, depois, tema de estudo e pesquisa para
as reuniões pedagógicas.
A cidade não é apenas um mar de cimento que condena as crianças
e jovens a viverem como passarinhos nas gaiolas. Pode ser diferente.
Buscar espaços públicos que existem na comunidade ou na cidade é
enriquecedor. Um espaço cultural, por exemplo, seja um grande museu
ou apenas um pequeno espaço identitário, que mostra a história local,
são oportunidades educativas. Mas a visita não é colocar os alunos
como “consumidores” de algo que está sendo oferecido. A experiência
não pode ser para pontuar na avaliação e nem para preencher fichas
que transformam a visita em uma ação enfadonha e de perda de
tempo. Para ser educativo de fato, exige um planejamento prévio
entre os professores e as pessoas do espaço que será visitado, com a
definição de um foco a ser trabalhado. A visita é de descoberta, debate,
de aprendizagem com sentido.
Mas não apenas as instituições culturais são espaços educativos.
O setor de serviços pode se converter em oportunidades educativas.
Os correios, o supermercado, uma agência de viagem, um cartório,
um local de coleta de lixo municipal, um ambulatório, uma empresa de
transporte urbano, escola de polícia etc. Além das visitas organizadas
para “conhecer”, pode ser também uma experiência de “fazer”, como
por exemplo, ir a uma padaria bem cedo e ajudar o padeiro a fazer pão
e depois tomar um café com o pão que fizeram. Enfim, são experiências
“não escolares”, que trabalham com materiais reais, com as mãos.
23
São experiências simples, diretas, que mantêm
seu significado e seu valor em si. E tudo pode se
converter em uma aventura para aprender, que
exige escuta, observação e diálogo entre pessoas
de diferentes idades e de formas diversas de viver.
As festas de rua são sempre um sucesso.
Não como algo feito na escola para acontecer na
comunidade. Mas como sendo da comunidade.
Uma festa combinada, planejada e realizada por
toda comunidade. Pode ser um festival cultural,
socializando todas as manifestações culturais
locais, nas múltiplas linguagens artísticas como:
artes plásticas, música, teatro, dança entre outras,
que traz também múltiplos materiais, desde os
mais específicos, até as sucatas. Enfim, tudo que
a comunidade tem para compartilhar. Este pode
ser um evento intergeracional em que a escola
não é a detentora do saber nem da organização,
mas é mais uma organização social que, inserida
numa comunidade, sabe o valor daquilo que dá
identidade. Nesse festival, cada grupo pode entrar
com aquilo que sabe fazer melhor e tudo pode ser
pesquisado e divulgado nas redes sociais.
Outra ideia interessante é ter um projeto em
que se possa envolver muitos serviços, pessoas e
instituições da comunidade. Barcelona, na década
de 1980, fez um projeto bastante inspirador. A
prefeitura lançou um álbum de figurinhas sobre as
árvores de Barcelona, desenhadas pelas crianças.
As escolas pesquisaram que árvores havia na
cidade e onde estavam localizadas. Os alunos
fizeram desenhos de observação. Também fizeram
o mapeamento de onde podiam ser encontradas.
Especialistas coordenaram junto às crianças o
que era importante aprender sobre essas árvores.
Empresas ajudaram na impressão das imagens em
forma de figurinhas e, no álbum, além das imagens
das árvores informava-se suas características e
onde se localizavam. As figurinhas podiam ser
compradas nas bancas de jornal e o dinheiro
arrecadado se converteu no financiamento de novas
experiências. Não é à-toa que esta cidade dirige a
Associação Internacional de Cidades Educadoras!
Acreditamos que desta forma a escola se torna
um laboratório, em que sua atividade se constitui
na elaboração contínua das experiências vividas,
abertas ao confronto e debate, utilizando as
linguagens culturais disponíveis para alcançar o
máximo de aprofundamento possível, nesta incrível
aventura que é aprender.
24
• Ideias feitas à mão com
materiais que inspiram
A Faber-Castell, todos os anos, lança novos produtos
pensados especialmente para cada fase da vida, ao
mesmo tempo em que está sempre aprimorando os
seus produtos que são referência no mercado. É pela
sua longa história de mais de 250 anos de existência,
mantendo a qualidade de seus produtos, que a marca
faz parte das nossas lembranças desde a infância. Como
seu slogan assinala: sua companhia para tooooda vida!
Porém, antes de falar dos materiais, é importante
recuperar o que trabalhamos no Programa Escolar passado,
quando tratamos da criatividade. No material que produzimos
(disponível no site www.educacao.faber-castell.com.br)
destacamos a atenção aos espaços escolares. Todos os
espaços da escola são espaços educativos e refletem, na
prática, o projeto pedagógico de cada instituição. Então
de nada adianta ter variedade de materiais, se os espaços
escolares não forem lugares para aprender em conjunto
sobre o mundo real e o mundo da imaginação.
Portanto, antes de pensar nos materiais que a escola
necessita, procure responder: de que tipo de espaço as
crianças e os jovens precisam para habitarem a escola da
melhor forma? Qualquer que seja sua resposta, não abra
mão e se comprometa em fazer do prédio da escola um
espaço vivo e mutável.
Aprendemos com a experiência das escolas de Reggio
Emilia, na Itália, que a escola para ser verdadeiramente
um local de experimentação, aprendizado e de inspiração
cultural precisa ser uma verdadeira “oficina de ideias
feitas à mão”. É por meio da experiência que as crianças
e também os jovens conseguem entender o percurso de
sua aprendizagem e o significado de suas relações com o
outro. Lembre-se: um ambiente no qual é agradável estar,
que tem um sentido estético cuidadoso, que pode ser
explorado e experimentado através de todos os sentidos,
inspira os avanços na aprendizagem.
Outro aspecto importante, além de considerar o
potencial dos espaços, é o valor do tempo. É preciso
respeitar o tempo de cada um. O tempo acelerado não
permite que os alunos tenham qualquer tipo de experiência
educativa e de experiência verdadeira com os materiais.
Apenas responderão a uma tarefa demandada pelo
professor.
As experiências dependem dos espaços, tempo,
recursos ou materiais utilizados, que podem potencializar
ou embotar a criatividade. Na escola, qualquer atividade
a ser desenvolvida, além de ter claro o que se quer com
ela e como será desenvolvida, necessita de materiais
adequados para se obter melhores resultados.
Os materiais podem ser entendidos como veículos
para expressar e comunicar. Fazem parte da constituição
da experiência vivida pelos alunos. Por isso precisam
ser conhecidos pelos professores. Por outro lado, desde
que não coloquem em risco a segurança das crianças e
jovens, nada é proibido de ser usado e tudo pode também
ser utilizado de forma diferente daquilo que estamos
acostumados.
Mesmo assim, se conseguirmos oferecer meios e
materiais que facilitem a autoexpressão das pessoas, seja
por meio da arte ou da escrita, melhor será. Pensando nisso,
desenvolvemos e organizamos materiais específicos para
cada faixa etária. O que não significa dizer que somente os
indicados são os únicos que podem ser usados. Tudo pode
ser misturado, experimentado, manipulado. O importante é
que consigamos romper com uma das máximas da escola
que é: muito desenho para as crianças pequenas e, na
medida em que crescem, esta atividade vai perdendo a
importância no currículo escolar. Até que as crianças se
transformem em adultos que categoricamente afirmam que
não sabem desenhar. Podemos mudar esta postura?
25
Para as crianças:
Para os bebês:
A Faber-Castell tem uma linha
especial para a primeira infância que
estimula a criatividade e o aprendizado,
com produtos adequados às suas
necessidades. Crianças pequenas necessitam
de espaço e liberdade para se expressarem.
Brincam com os materiais. No início do desenho
infantil é puro gesto. Não importa os nomes que sejam
dados, as crianças pequenas pintam, riscam, colam. São
atividades espontâneas do fazer, repletas de sentido em
si e de prazer.
Foi pesquisando este potencial infantil que a
Faber-Castell criou alguns produtos especiais para esta
etapa da vida:
• O PAINT PEN é um conjunto de 4 canetinhas de
cores diferentes que possuem um formato especial para
a pegada do produto com toda a mão, sem precisar fazer
o movimento de pinça. É para se expandir, deslizar no
papel com segurança.
• O GIZ SUPER SOFT é um conjunto de 6 cores de
giz de cera supermacio. Seu tamanho é pequeno para
atender especialmente às mãos pequenas. O destaque
é sua textura. As cores são fortes e não exige nenhum
esforço da criança para seu deslize no papel.
• PINTURA A DEDO vem numa caixa com 6 cores
vivas para serem utilizadas sem pincel. A textura da tinta
é firme o que permite a livre expansão das mãos. Vem em
frascos resistentes à quebra com a vedação ideal.
26
A Faber-Castell tem produtos
específicos para crianças da
educação infantil e para maiores.
Nesta primeira fase, as crianças
gostam muito de desenhar. A variedade de
materiais desperta a curiosidade para novas
experiências. O que fazem é para compreender
o mundo e também se expressar.
A partir dos três anos, seu traço está mais estável e
a criança começa a se aventurar na representação de
mundo. Para estas crianças a Faber-Castell criou a LINHA
JUMBO, cujos produtos são adequados às mãozinhas
pequenas. Possuem um formato menor, com diâmetro
mais grosso para auxiliar na pegada, dando maior firmeza
para seu uso. Tem o EcoLápis de Cor; EcoLápis Grafite;
e o conjunto de Canetinhas. Para as crianças menores
tem ainda o EcoGiz de Cera Bicolor, com revestimento
em madeira 100% reflorestada para dar maior resistência
e combater a quebra. E o Giz de Cera Curtom, que são
os menores tamanhos de giz, ideal para as mãozinhas.
Além destes, tem ainda o Guache Lavável, que
pode ser usado sem limitações.
Dos seis aos dez anos, as crianças manejam
o lápis e as canetinhas com destreza. Seus desenhos
ficam mais elaborados e a palavra escrita passa a fazer
parte da sua expressão. Para esta fase a Faber-Castell
desenvolveu vários produtos. Vamos falar de alguns, mas
no site da empresa você encontra todas as informações.
Para colorir, a linha ECOLÁPIS DE COR é bem
diversificada. Possui vários modelos: SuperPonta;
Bicolor; Neon; Triangular; Metálico; Apagável;
Aquarelável. Também variam os formatos, podendo
ser: triangular, sextavado e redondo.
Na categoria CANETINHA, o destaque é para
a PONTA VAI E VEM, que além de ter tinta lavável,
possui um exclusivo sistema que protege a ponta contra
impactos, garantindo maior durabilidade. Mas tem ainda
as Canetinhas Colors, Bicolor e Vai e Vem Apagável.
Outros produtos são indicados para esta faixa
etária como PINTURA FACIAL CARA PINTADA, que
é de fácil aplicação e remoção. É um produto testado
dermatologicamente e serve para se usar o rosto como
suporte para uma pintura ou desenho. Assim ensinamos
para as crianças que o rosto não serve só para
maquiagem, ou melhor, para isso, só quando crescerem
e se tornarem adultos. CANETINHA PINTA VIDRO é
outra opção de expressão que traz uma variedade para o
suporte. É para ser utilizado em vidros ou espelhos.
Tem ainda as MASSAS DE MODELAR, que a
Faber-Castell oferece em 2 tipos: Amido, que em contato
com o ar endurece, virando uma escultura permanente; e
à base de cera.
Para os adolescentes /
jovens:
A partir dos dez anos suas
possibilidades expressivas são enormes.
Mas é precisamente neste período que os
adolescentes abandonam progressivamente
a prática de desenhar. O desenho perdeu o
encantamento. São mais críticos e os diversos
conteúdos que passam a estudar fazem com que o
desenho se transforme em um mero acessório. É nesta
fase também que fica claro que a escola não se interessa
pelos desenhos dos jovens e, na medida em que deixam
de praticar, seus desenhos empobrecem e eles passam a
acreditar que não sabem mais desenhar.
Para esta fase da vida a Faber-Castell estimula o uso
de todos os produtos que possam recuperar a expressão
criadora. Todos os que foram mencionados até aqui e um
destaque para a LINHA GRIP com Canetas, EcoLápis,
Borrachas, Apontadores, Marca Texto, Lapiseiras e
Canetinhas. Toda a linha tem esferas antideslizantes que
facilitam a pega do produto não deixando escorregar.
O KIT LINHA VERDE é para estimular o desenho.
É composto de 4 EcoLápis Grafite Castell 9000, com
graduações: HB, 2B, 4B e 6B. Para complementar,
indicamos a BORRACHA DUST FREE, que apaga com
precisão e é fácil de limpar.
Além dos produtos para a expressão criadora, a
Faber-Castell tem uma linha de escrita, como as canetas
esferográficas TRILUX; Lapiseiras; Marca Texto; e o
EcoLápis Perfeito, que possui borracha, tampa extensora
e apontador embutido.
Para os idosos:
Se as crianças pequenas precisam de
lápis mais grosso, para dar mais firmeza
na pegada, os idosos, com as mãos mais
cansadas, também. A LINHA JUMBO
é excelente para aqueles que achavam
que não iriam mais desenhar na vida. Para
os idosos que se sentem mais motivados para
se expressarem, qualquer produto Faber-Castell vai
ajudar. Se quiserem desenhar, o KIT LINHA VERDE tem
a qualidade necessária para experimentar diferentes
graduações de grafite.
Para as salas
de professores:
Mas não são somente para os
alunos que os produtos da Faber-Castell
são pensados. Os professores também podem
ter seu kit especial para que nunca se esqueçam
de que se ensina melhor aquilo que é experimentado.
Não basta estimular a capacidade criadora dos alunos
se o professor não desenvolve a sua. Então sugerimos
que na Sala dos Professores, além do cafezinho, tenha
também materiais diversos de expressão criadora como
EcoLápis de Cor, Massinha, Canetas Hidrográficas, Marca
Texto. Assim a sala ficará mais criativa na medida em que
terão materiais para se expressarem, não se restringindo
apenas aos livros didáticos.
É claro que existem mais produtos Faber-Castell
que já fazem parte do nosso dia a dia e que não foram
citados aqui como: apontadores; borrachas; cola bastão;
marcadores de texto, e que nem precisamos apresentar.
Eles você já conhece. Mesmo assim, a cada ano a empresa
lança estes produtos com novas cores e design inovador
que vale a pena conhecer.
Enfim, não se esqueça de que a qualidade dos
produtos utilizados na escola é tão importante quanto
a diversidade dos materiais, dos meios e dos suportes.
É fundamental que a escola ofereça variedades como
papéis de diferentes tamanhos, texturas e formatos.
Crie situações em que os alunos possam desenhar na
mesa, no cavalete, na parede, no ladrilho, na terra. Use
barbante, argila, pincéis, tesouras, colas, jornais, vidros,
espelhos, tecidos, caixas, areia, água etc. As variações
de materiais estão no universo da arte e a escola precisa
acompanhá-las.
Outro aspecto importante é sobre as cores. A
preferência por cores é, antes de tudo, um fenômeno
cultural. São os adultos que tendem a considerar cores
vivas e primárias como os elementos cromáticos mais
apropriados para objetos e ambientes para as crianças.
Não existe pesquisa científica que comprove tal afirmação.
Então, antes de encher de cores fortes uma classe de
educação infantil, reflita se está fazendo isso para a
criança ou para você mesmo!
Atividades interessantes e diversificadas no campo da
criatividade devem ser desenvolvidas todos os dias na escola.
Quanto mais os alunos experimentarem, mais expandem
seus repertórios, além de aprenderem a selecionar o que
melhor responde a seus propósitos criativos.
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28
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Para debater com os jovens:
Para discutir a velhice:
Direção: Lais Bodanzky
Direção: Hal Ashby
A história narra os altos e baixos da vida de um
adolescente de 15 anos, que estuda em um colégio
particular de classe média de São Paulo. Ele vive a
separação dos pais, e seus reflexos na sua vida e
de seu irmão. Convive com os dramas da sua mãe
e irmão, ao mesmo tempo em que aprende guitarra,
curte os amigos e tenta entender o mundo.
A trama se desenvolve em torno do encontro de um
jovem chamado Harold, de 20 anos, que gosta de
simular sua própria morte, com uma idosa de 79 anos
apaixonada pela vida. Por meio da convivência, ela o
apresenta à beleza da vida.
AS MELHORES COISAS DO MUNDO
• Outra forma de aprender para além
da escola: o cinema
Todos nós temos nossas miopias e uma das
maiores dos educadores é não conseguir identificar
outras formas de ensinar e aprender, para além da
forma como se faz na sala de aula. Porém, podemos
aprender de muitas maneiras. Existe uma forma que
praticamos pouco na escola: usar o cinema para
debater sobre a escola, sua função e os alunos. Então,
vamos aproveitar os óculos da educação para ver filmes
que nos ajudam a nos entender. Na internet é possível
encontrar muitas sugestões. Selecionamos alguns
filmes especiais que podem gerar debates interessantes
entre os professores; professores e alunos e para toda a
escola, incluindo as famílias. É uma pequena lista, mas
que pode ser um começo de uma longa pesquisa feita
por você e sua escola. Aqui estão:
Para discutir a família na
contemporaneidade:
PELOS OLHOS DE MAISE
Direção: Scott McGehee
EUA, 2014
História de uma garotinha de sete anos que, em meio
ao conturbado divórcio dos pais, tenta entender o que
se passa. De um lado a mãe, uma estrela do rock. Do
outro o pai, um influente galerista. Ambos disputam sua
guarda, mas em meio às brigas, ambos a abandonam
igualmente. Vivendo e observando tudo o que se passa,
a menina descobre uma nova forma de ter uma “família”.
TOMBOY
Direção: Céline Sciamma
França, 2012
O filme conta a história de uma menina de 10 anos, que
tendo acabado de mudar de localidade com seus pais e
irmã menor, resolve se apresentar como um menino às
crianças do lugar, após ter sido identificada como tal por
outra menina. A partir daí ela passa a viver uma nova
identidade que, ao ser descoberta, causa uma série de
problemas a serem superados.
30
Para discutir o papel
do professor:
NENHUM A MENOS
Direção: Zhang Yimou
China, 1999
Trata-se da história de um professor de uma escola
primária em estado precário, situada na zona rural
chinesa, que sai de licença para cuidar da sua mãe
doente. A única pessoa que aceita substituir esse
professor é uma menina de 13 anos. Embora sem
experiência, ela tem como desafio manter todos os
alunos na escola. Mas um dos alunos abandona a
escola para procurar emprego na cidade. A jovem
professora vai buscar o aluno, numa jornada
inesquecível.
MONSIEUR LAZHAR
O QUE TRAZ BOAS NOVAS
Direção: Phillipe Falardeau
Canadá, 2011
Um imigrante argelino é contratado para substituir
uma professora que morreu tragicamente numa
escola pública de ensino fundamental no Canadá.
O novo professor imprime uma forma de aprender à
classe considerada tradicional, ao mesmo tempo em
que trata da superação da perda. Diversos conflitos
são vividos, além do risco de ser deportado a qualquer
momento por ser imigrante.
ENTRE OS MUROS DA ESCOLA
Direção: Laurent Cantet
França, 2008
O filme retrata uma escola pública francesa de ensino
médio, localizada na periferia de Paris. Um professor
de língua francesa e seus colegas de ensino buscam
apoio mútuo na difícil tarefa de fazer com que os
alunos adolescentes aprendam algo ao longo do
ano letivo. O descompasso entre o que pensam os
professores e o que são seus alunos aponta para o
fracasso escolar, no qual todos perdem.
Brasil, 2010
A ONDA
Direção: Dennis Gansel
Alemanha, 2008
É a história de um professor do Ensino Médio que decide
realizar uma arriscada experiência pedagógica numa
escola alemã, reproduzindo na sala de aula alguns
clichês do nazismo, para proporcionar uma experiência
prática que explique os mecanismo de fascismo e poder.
A escola inteira é envolvida no fanatismo e o professor
perde o controle da experiência pedagógica, gerando
consequências trágicas.
ENSINA-ME A VIVER
EUA, 1971
MINHAS TARDES COM MARGUERITTE
Direção: Jean Becker
França, 2010
O filme mostra os encontros numa praça de duas
pessoas bem distintas: um feirante com pouca
instrução, que mal sabe ler e se expressar, com
uma idosa que vive numa casa de repouso e que
tem especial encanto pelos livros. Na praça ela
passa a lê-los em voz alta para o feirante. O amor, a
cumplicidade, a amizade surge entre os dois, a partir
de conversas triviais e leituras de romances.
Para debater o que significa
ensinar e aprender:
LA LENGUA DE LAS MARIPOSAS
Direção: José Luis Cuerda
Espanha, 1999
Trata-se de uma história singela, triste e profunda do
relacionamento entre aluno e um velho professor, de
uma pequena cidade espanhola, durante a ascensão
do regime militar espanhol. O aluno de sete anos
descobre com o mestre o prazer de aprender, de
admirar e explorar a natureza, de viver com os
sentidos e os sentimentos.
SER E TER
Direção: Nicolas Philibert
França, 2002
O documentário acompanha a vida dos estudantes do
jardim da infância até o último ano do primário, dos
quatro aos onze anos, de uma escola rural da França,
vivida numa única sala. O período mostra a rotina da
sala de aula, onde as crianças em pleno processo de
formação do conhecimento e da identidade pessoal,
transitam do universo familiar para um ambiente escolar,
respeitando a individualidade de cada um.
31
Ficamos por aqui, mas você
pode continuar!
E
nante
nsinar: uma aventura apaixo
“Ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar
as possibilidades para a
sua própria produção ou a
sua construção.“
Paulo Freire
Depois de tudo que conversamos até aqui,
não poderíamos encerrar sem defender a aventura
apaixonante que é ensinar, e que por vezes esquecemos
frente a tantos problemas do nosso cotidiano escolar.
Usamos a palavra aventura para comparar com uma
viagem que podemos escolher como vamos vivê-la.
Existem duas possibilidades. Podemos fazer a aventura
de ensinar como um pacote fechado de viagem. Nele,
como turistas, embarcamos com tudo decidido por
algum especialista no roteiro. Seguimos as orientações e
apenas obedecemos. A viagem consiste em viver aquilo
que foi decidido para nós. A máxima é aproveitar o tempo,
visitando a maior quantidade de lugares possíveis. Então,
corremos para registrar tudo para depois mostrar para
quem não foi, mesmo confundindo as paisagens. Guardar
as imagens fica mais importante do que estar lá. Na
escola podemos ser “turistas” também. Fazer somente
aquilo que os especialistas dizem que devemos fazer,
amarrados em algum planejamento imutável ou livro
didático. Sem nenhuma aventura ou descoberta. Tudo
está previsto. Anula a criatividade e mata a curiosidade.
Nada a aprender, apenas registrar por onde passamos e
depois mostrar, mesmo que os demais professores não
tenham o menor interesse.
Mas tem outro caminho. Ao invés de comprar um
pacote fechado, fazer o roteiro da sua própria viagem:
32
ser um viajante. Buscar informações com quem já foi aos
lugares que se quer ir. Fazer seu roteiro personalizado
sem se preocupar em ver tudo. O tempo é o do lugar.
Não se vai lá para registrar, mas para apreciar, viver cada
paisagem que tiver escolhido. Na viagem tudo pode mudar.
Nada é definitivo e imutável. Novas curiosidades podem
surgir e que exigirão desvio de rota. Faz parte! Na escola,
como “viajante”, seu percurso de aprendizagem conta
tanto como o dos seus alunos. O roteiro estabelecido para
que todos possam acessar as informações importantes
é construído com a participação de seus alunos, porque
podem e devem opinar e colaborar. É assim que seus
alunos aprenderão a caminhar com autonomia. E
lembre-se, o menos vale mais! Pequenas aquisições
cognitivas, sobretudo de forma experiencial e emotiva,
mediante um processo lento, tornarão a viagem sólida,
inesquecível!
Sim, e agora podemos fechar com uma questão para
pensarmos: por que será que quanto mais se amplia a
esperança de vida, mais aumenta a pressão na escola
para que os alunos aprendam uma quantidade maior
de informações em menos tempo? Isso não seria um
paradoxo? Não seria uma opção por uma viagem que não
leva a lugar nenhum?
Vamos fazer valer cada tempo livre inventando aquilo
que possamos construir, sonhar, fazer com as mãos e
com a imaginação.
“O que eu escuto, eu esqueço.
O que eu vejo, eu lembro.
O que eu faço, eu entendo.”
Confúcio
Não podemos nos esquecer de que a crise da escola não começa e nem termina nela. Faz parte de
uma crise maior, sistêmica, com dimensões sociais, econômicas e ecológicas. Não é a escola que tem
que dar resposta sozinha para aquilo que a sociedade está se isentando, que é o compromisso com a
educação. Mas como escola, temos sim muito a fazer.
De nada adianta novos métodos e tecnologias se a verdadeira interação coletiva e presencial não
acontecer independente das idades dos sujeitos envolvidos, tendo por base o respeito às relações
humanas. Sala de aula não é entretenimento e exige do professor muita prática reflexiva para que possa
despertar a imaginação, criatividade e o encantamento pelo ato de aprender na escola e de seguir
aprendendo ao longo da vida.
Sabemos que há um longo caminho a ser percorrido na construção de relacionamentos mais
afetivos entre gerações. O campo intergeracional é uma nova fonte de conhecimento e a escola tem
uma contribuição fundamental a ser dada. Esta é uma causa importante para combater o mundo cada
vez mais individualizado e sem tempo. Vamos aproveitar as chances de uma relação positiva entre as
gerações para multiplicar as oportunidades de expressão da experiência, o que ajuda a cada um dos
envolvidos, independente da idade, a se conhecer melhor e assim se sentir conectado ao mundo e com
a certeza de que se pode aprender. Assim conseguiremos de fato “crescer em humanidade”.
Para o exercício da prática docente não existe panaceias salvadoras nem fórmulas prontas. Por isso,
o que apresentamos aqui, foi uma possibilidade a ser estudada e experimentada para que sua sala de
aula seja cada vez mais um espaço aberto, vivo de aprendizagem para todos e de todos. Desejamos que
você consiga, pelo seu entusiasmo, contagiar os estudantes, tornando-os “cúmplices” de uma aventura
única, que envolve escutar, refletir, experimentar e trocar para aprender com significado. Não é algo
acabado, que se esgote com esta leitura. Esperamos, porém, que sirva de estímulo para continuar seu
próprio percurso de aprendizagem.
33
Para seguir aprende
ndo
gre. Artmed, 2001.
ivas mundiais. Porto Ale
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CHARLOT, Bernard (or
. Editora Penso, 2011.
Infância. Porto Alegre
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ção: Um tesouro a de
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, Editora Penso, 2012
ção infantil. Porto Alegre
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GANDINI, Lella (org.):
ramentos, 2013.
antil. São Paulo. Melho
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IAVELBERG, Rosa: O
Octaedro, 2001.
ggio Emilia. Espanha.
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MALAGUZZI, Loris: La
1982.
ulo, Summus Editorial,
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Paralela, 2014.
ra. São Paulo. Editora
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SALGADO, Sebastião:
Bibliografia:
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ma Escolar 2014 / 2015
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11 Artes
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35
Ideal para Mãozinhas Pequenas
EcoLápis de Cor Jumbo
EcoLápis Grafite Jumbo
• Formato triangular ergonômico: facilita a pega e o uso,
garantindo maior conforto.
• Formato triangular ergonômico: garantia de conforto e melhor escrita.
• Ponta Max Resistente.
Canetinha Jumbo
Apontador Jumbo
• Com exclusivo Apontador para os EcoLápis Jumbo.
• Lâmina de alta qualidade – maior durabilidade.
• Com depósito – maior praticidade.
• Tinta lavável: não mancha o uniforme e estimula a criatividade.
• Ponta grossa e macia: permite dois tipos diferentes de traço.
Cores Vibrantes
EcoMarca texto - SuperNeon
Canetinha Ponta Vai e Vem
• Para grifar e sublinhar.
• Sua aplicação é suave e suas cores brilhantes.
• Possui tampa para proteger as pontas e não sujar o estojo.
• Sistema exclusivo que protege a ponta contra impactos, garantindo maior
resistência e durabilidade.
• Não afunda a ponta.
• Tinta lavável na maioria dos tecidos: estimula a criatividade.
EcoLápis de Cor Aquarelável
EcoLápis de Cor Grip
• Vira uma pintura de Aquarela – basta passar um
pincel umedecido em água.
• Exclusivas esferas antideslizantes: maior firmeza para pintar.
• Formato triangular ergonômico: facilita a pega e o uso, garantindo maior conforto.
• Cores vivas e vibrantes.
Qualidade Excepcional
EcoLápis Grafite Grip com borracha Ponteiro
Borracha Dust Free
• Com tecnologia Dust Free: concentra o resíduo
para limpeza fácil.
• Excelente ao apagar.
• Lados chanfrados para apagar com precisão.
• Exclusivas esferas antideslizantes: maior conforto e firmeza no traço.
• EcoLápis com formato triangular ergonômico.
• Borracha que protege a ponta e com formato ideal para apagar.
Esferográfica Trilux
Destaca Texto Grifpen
• Formato triangular ergonômico: garantia de conforto e melhor escrita.
• Ponta Média de 1,0 mm: escrita macia, sem falhas ou borrões.
• Disponível nas cores: Azul, Preta, Vermelha e Verde.
• Formato triangular ergonômico: garantia de conforto ao usar.
• Tinta superfluorescente: maior intensidade garantindo melhor desempenho.
• Disponível nas cores: Amarelo, Laranja, Verde, Rosa, Azul e Lilás.
EcoLápis Grafite Castell 9000
• Grafite com qualidade superior disponível em 9 graduações: ideal para uso técnico, artístico, esboços e escrita em geral.
Sustentabilidade
Marcador Permanente Recarregável
Refil para Marcador Permanente
• Escreve em diversas superfícies: Madeira, Metal, Plástico, Vidro,
Flip Chart e outros materiais.
• Fácil de recarregar.
• Disponível em 3 cores: Azul, Preto e Vermelho.
• Fácil de recarregar.
• Recarga única.
• Disponível em 3 cores: Azul, Preto e Vermelho.
A. W. Faber-Castell S. A.
Rua Cel. José Augusto de Oliveira Sales, 1876 • CEP 13560-820 • São Carlos-SP
Tel.: (16) 2106.1000 • Televendas 0800 701 7099
www.faber-castell.com.br
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