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A questão de Deus no pensamento de Martin Heidegger
IV Mostra de Pesquisa
da Pós-Graduação
PUCRS
Pablo Eugênio Mendes, prof. Dr. Urbano Zilles (orientador)
Programa de Pós-Graduação em Teologia, Faculdade de Teologia, PUCRS,
Resumo
A questão de Deus no pensamento de Martin Heidegger trata-se de um tema complexo
e envolvente. Este filósofo, antes de qualquer coisa, no percurso de sua filosofia, sobretudo,
no que podemos caracterizar como último Heidegger, não demonstra nem uma posição ateísta
nem teísta. Somente este caráter de seu pensar já torna complexa a tarefa de discorrer acerca
de Deus em sua filosofia. Também, para se compreender com precisão a questão da divindade
no pensamento heideggeriano, é preciso árdua pesquisa em sua vasta produção filosófica que
nunca pretendeu assumir um caráter de uma unidade. Martin Heidegger nunca se aproximou
dos pressupostos teóricos e dos sentidos usuais que possam caracterizar uma obra. Nesse
sentido de obra, queremos dizer que podemos tender a imaginar uma unidade sistemática
entre vários momentos de um processo evolutivo, revelando inúmeras fases de um percurso
intelectual. E é exatamente isso que não encontraremos no decorrer do pensamento deste
filósofo. A caminhada heideggeriana não vai deixando para trás fases de seu pensamento
devido a evoluções ou descobertas de inconsistências na abordagem das suas problemáticas,
muito menos se dedica a encontrar soluções incansavelmente inovadoras, originais para suas
questões. Nada disso, a filosofia heideggeriana parte antes de um núcleo claro e específico do
qual ele nunca abandona. E é deste ponto de partida inicial que Martin Heidegger aponta por
caminhos, ramificações das mais diversas, numa filosofia que se desenvolve em vias
particulares que jamais abandonam por completo a determinação de seu núcleo primeiro. Ou
melhor, o acontecimento da verdade na tensão entre o ser e o ente, entre velamento e
desvelamento.
Desse modo, quando se começou a cogitar na Alemanha a intenção de se reunir
toda a ampla produção filosófica heideggeriana numa edição completa de textos, o próprio
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Martin Heidegger disse que seus ensaios, preleções, conferências e escritos não se
caracterizavam como uma obra (Werke), mas sim como caminhos (Wege) ou vias. Diante da
posição do próprio autor quanto a sua produção intelectual, podemos entender que seus
escritos não possuem o caráter de totalidades fechadas em si mesmas com uma ligação lógica
entre si. Sua produção possui, com efeito, o caráter de testemunho de possibilidades, de
buscas para o enfrentamento da questão fundamental de seu pensamento, isto é, a questão da
verdade na tensão entre ser e ente. E nessa questão envolta a verdade é inevitável não tratar
com profundidade a questão de Deus. E seguindo esses caminhos ou maneiras, essas marcas
através de várias diretrizes do pensamento heideggeriano vamos nos apoiar nos pontos
fundamentais sobre a questão de Deus em sua filosofia. Vamos acompanhar a dinâmica de um
Heidegger que surge católico, aproxima-se do protestantismo através das leituras de Lutero e
da relação com Bulttman e depois, abandona a fé indo por um caminho rumo ao nada.
Heidegger nasceu num ambiente católico em Messkirch, que em 1870 havia sido um
dos lugares onde ocorrera a crise aberta entre “romanos” e “velhos católicos”. O dogma da
infalibilidade papal, estabelecido no concílio de 1870 constituiu-se como a corrente dos
“velhos católicos”, em oposição aos que optaram por permanecer “romanos”. Tal condição
prolongava o conflito entre católicos e protestantes liberais. Neste cenário, a família de
Heidegger inseria-se permanecendo fieis a concepção dos “romanos”. Especula-se que as
razões que levaram Heidegger a ser impedido de perseverar no noviciado junto aos jesuítas
possa estar relacionada com a posição de sua família diante da concepção dos “romanos”. Foi
em 13 de outubro de 1909, que Heidegger depois de poucos dias de noviciado fora impedido
de prosseguir com a justificativa sobre o seu coração fraco. Ele destinava-se inicialmente ao
sacerdócio. Heidegger cresceu à sombra da igreja São Martinho, onde seu pai era sacristão.
Diante dos conflitos, essa igreja fora confiscada pelos “velhos católicos”, retornando aos
católicos em 1895.
O filósofo da Floresta Negra, forma como muitos admiradores chamaram Heidegger,
realizou seus estudos no seminário de Constanz, e após, a partir de 1906, no seminário de
Freiburg, sob um ambiente intelectual e religioso ultraconservador, cuja rigidez e
antimodernismo Heidegger se envolveu, compactuando intensamente com essa mentalidade.
Mas em 1911, interrompeu seus estudos em teologia para dedicar-se a filosofia. Começou a
trilhar um caminho que fora o distanciando do pensamento católico até que em 1919 se
desligou explicitamente do catolicismo. Manifestou abertamente seu desligamento do
catolicismo ao escrever uma carta ao seu amigo teólogo Krebs expondo a questão. Esse
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mesmo Krebs foi quem fizera o relatório da tese de habilitação de Heidegger, dedicada a
Duns Scot em 1915. Nesta tese, o sistema do catolicismo fora considerado como problemático
e inaceitável. Ele escreve na carta a Krebs: “Eu creio em minha vocação interior para a
filosofia, e acredito fazer o possível pela destinação eterna do homem interior – e com este
único fim – realizando essa vocação na investigação e no ensino, e creio justificar assim
minha existência e minha atividade perante o próprio Deus” (OTT, Hugo. Martin Heidegger –
Eléments pourvue biographie, trad. fr., Paris, Payout, 1990, p. 113). Essa ruptura, o
afastamento da fé católica representará no pensamento heideggeriano, a entrada plena,
intensa, na filosofia. No texto intitulado Interpretação fenomenológica de Aristóteles, escrito
em 1922, para Natorp, expõe: “... a filosofia é fundamentalmente atéia.” (Interprétations
phénoménologiques d’Aristote, ed. Bilíngüe, Mauvezin, 1922, p.27.) “... ‘atéia’ não no
sentido de uma teoria qualquer, como o materialismo. Toda filosofia que se compreende a si
mesma no que ela é deve necessariamente, enquanto modalidade factual da explicação da
vida, saber – e isto precisamente quando ainda possui algum ‘pressentimento’ de Deus – que
o rompimento pelo qual ela reconduz a vida a si mesma é, em termos religiosos, uma maneira
de se declarar contra Deus. Mas é apenas nesse sentido que ela permanence leal diante de
Deus, isto é à altura da única possibilidade de que ela dispõe; atéia significa portanto aqui:
livre de toda preocupação e da tentação de simplesmente falar de religiosidade. A própria
idéia de filosofia da religião, sobretudo se não leva em consideração a faticidade do homem,
não é um puro contra-senso?” (Interprétations phénoménologiques d’Aristote, ed. Bilíngüe,
Mauvezin, 1922, p.53.)
O
fragmento
supracitado,
oriundo
do
texto
heideggeriano
“Interpretação
fenomenológica de Aristóteles”, apresenta de modo vigoroso uma designação conceitual do
limite das relações entre filosofia e teologia ainda na época de Ser e Tempo. Nessa época
Heidegger faz uma aproximação com o protestantismo, fortemente inspirado, em parte pelas
leituras do jovem Lutero, em parte pela amizade e o trabalho em comum, em Marburg, com o
teólogo Bultmann. Em seu trabalho, ao longo de sua vida, este teólogo alemão procuraria falar
a linguagem da ontologia fundamental dentro de sua teologia.
Heidegger em conferência Fenomenologia e Teologia, proferida em 1928, busca
esclarecer as relações entre ontologia fundamental e teologia. Ou seja, essa conferência
procurava por possibilidades de mostrar fatidicamente (claramente) as relações entre a
“teologia” e a “fenomenologia” (ou filosofia) a partir de Ser e Tempo. Tais possíveis relações,
na concepção heideggeriana são iniciadas não a partir do conflito entre Fé e Saber, Revelação
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e Razão, mas como um problema das relações entre duas “ciências”, ou antes, dois tipos de
cientificidade. A fenomenologia é colocada enquanto ciência ontológica, tendo como seu
assunto o ser. Já em oposição, a teologia é colocada enquanto ciência positiva que apreende
não o ser, mas o ente. Uma apreensão numa condição onde o ente é pré-posto (a priori) para a
tematização objetivante que a teologia realiza dele. Seguindo essa ótica, podemos conceber a
teologia como mais próxima enquanto ciência ôntica, positiva, da biologia ou da química que
propriamente da filosofia.
Mas é a separação que se destaca mais precisamente a partir dos anos de 1934-35, isto
é, para a fé, a filosofia é uma loucura, que mais especificamente se traduz como a loucura da
cruz de Paulo. Interessante que os escritos heideggerianos dos anos 1920 já mencionavam
essa idéia, a partir de 1934-35 que uma forte ênfase é colocada na “filosofia cristã” como
círculo quadrado. Ou melhor, neste ponto não se trata mais apenas da diferenciação do Deus
dos filósofos, do Deus da onto-teologia, do Deus da fé. Este debate neste ponto deixa de ser
somente entre fé e razão, sobretudo, com a entrada de Hölderlin no pensamento
heideggeriano. Tal influência faz surgir um novo pensamento, uma nova esperança no
filósofo da Floresta Negra. Está nova esperança deixa de ser a esperança de outrora, do Deus
cristão. Hedeigger lança-se assim nas diretrizes ditadas por Hölderlin, o poeta. Lança-se então
no pensamento do sagrado, abrindo-se para uma possibilidade de uma determinação da
divindade do Deus ou dos deuses muito diferente da problemática de antes. Na verdade, essa
disposição em Heidegger para uma nova determinação da divindade do Deus ou dos deuses
não tem mais nenhuma afinidade com a concepção anterior residente no Deus cristão.
Introdução
A questão de Deus, colocada enquanto problemática, possivelmente jamais se limitará
a uma preocupação qualquer, comum diante de tantas outras. Ao contrário, Deus e a
envergadura deste problema permeia profundamente toda a história da humanidade. E ainda
hoje, em pleno século XXI nem de longe é uma questão superada, resolvida. Mesmo com
todo ceticismo e crença – por parte de alguns – apostando num século XX onde seria fato que
questões como Deus e religiosidade já estariam extintas, o cenário histórico mundial
demonstrou praticamente o inverso. Isto é, em todo mundo foi possível assistir as
problemáticas envoltas a Deus e a religiosidade progredir, tomando grande fôlego e tamanho
crescente. E hoje, mais do que nunca, a religião está presente na humanidade, numa sociedade
globalizada, duma forma que assumiu proporção jamais imaginada. Talvez, diante dessa
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dimensão do que a idéia de Deus causa na humanidade desde os seus primórdios, podemos
supor que de algum modo seu significado afeta a todos. Tornando realmente muito difícil que
alguém saia ileso da relação inevitável com Deus nesse mundo globalizado ou em algum
outro momento da história. Pode-se afirmar que Deus esteve sempre presente na história da
humanidade. E esse é o maior desafio enfrentado neste trabalho, ou melhor, buscar uma
condição que possibilite enfocar o cenário central ocupado pela questão de Deus na vida
humana, numa perspectiva da filosofia contemporânea sob o prisma do pensamento
heideggeriano. Fundamentalmente, faremos um obstáculo superável a possibilidade de se
compreender as relações extremamente complicadas de Heidegger com “Deus”.
Assim, se pensarmos o século XX do ponto de vista cristológico, conforme panorama
apresentado por filósofos de inúmeras escolas e orientações perceberemos que se revelou ora
muito desconfiado em relação a Cristo ora, simultaneamente, atraído e não raras vezes de
modo a transparecer até mesmo certa comoção por Ele. Todo filósofo no decorrer de sua
caminhada inexoravelmente se deparará com a grandeza inquietante da idéia de Deus, da
existência e impacto da obra de Jesus Cristo na dimensão humana. E ainda que tardiamente, o
filósofo, ao repensar sua época, a totalidade do seu Real será instigado a interrogar-se sobre
Jesus Cristo, a interrogar Jesus Cristo. Pois mesmo que bastasse nos limitar friamente apenas
a história, ainda assim, teríamos o desenho de um Cristo, que mesmo insuficientemente fiel,
revela-se como uma figura fascinante, um enigma intrigante. E para todos que pretendem
investigar o pensamento filosófico de nosso tempo em relação ao mistério inquietante de
Cristo, será certamente uma tarefa surpreendente até mesmo para quem se declara ateu. Tentar
pensar a dimensão humana no ocidente sem considerar a envergadura e o impacto do Cristo
seria no mínimo, construir uma noção incompleta acerca da realidade.
Metodologia
O trabalho possui como ferramenta principal de condução, uma hermenêutica que visa
traçar os parámetros e formas de relacionamento entre a teologia e a fenomenologia (ou
filosofia) conforme concepção heideggeriana. Através da análise criteriosa das Cartas de
Paulo, da leitura luterana, das obras de Heidegger com ênfase os escritos de sua última fase e
a aproximação com o pensamento de Hölderlin, analisa-se o caminho heideggeriano através
da questão de Deus..
Resultados (ou Resultados e Discussão)
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O trabalho encontra-se em fase avançada de pesquisa. Assim sendo, o objetivo
principal é compreender como se constituiu o caminho percorrido pelo pensamento de Martin
Heidegger através da questão de Deus.
Conclusão
Podemos dizer que em Heidegger “habitou” a fé, mas que no percurso de seu
pensamento ela se foi. No início fora uma fé no sentido católico, em seguida passou-se a uma
fé no sentido cristão. Mas esse segundo momento de fé jamais significou que a questão de
Deus em Heidegger abandonou o seu pensamento. Na verdade essa questão nunca deixou de
existir no pensamento heideggeriano, pois foi justamente sob a forma da ausência de Deus,
que ela tornou-se essencial.
O pensamento de Heidegger faz uma trajetória, com efeito, partindo-se de Ser e
Tempo apresenta acentuações significativas em três questões que vale ressaltar. Habitava no
seu pensamento heideggeriano em princípio, no que se refere a Ser e Tempo, a questão da
proveniência teológica. Ou seja, Ser e Tempo está literalmente repleto de vocabulário de
origem kierkegaardiana e mesmo assim, Kierkeggard só aparece em três notas do livro. Sendo
que duas destas notas versam sobre a ignorância em que Kierkeggard permaneceu em relação
a problemática existencial. Para Heidegger, Kierkeggard manteve-se no limiar de um
problema existencial. “No século XIX, S. Kierkeggard apoderou-se expressamente do
problema da existência como problema existencial, e o meditou de modo penetrante. No
entanto, a problemática existencial lhe é tão estranha que ele se mantém, do ponto de vista
ontológico, inteiramente na órbita de Hegel e da filosofia antiga tal qual desvelada por ele.
Em conseqüência, há mais a aprender filosoficamente de seus escritos ‘edificantes’ que de
seus escritos teóricos – exceção feita a seu ensaio sobre ‘O conceito de angústia’” (Sein und
Zeit, p. 235, ST II, p.). Esta nota situa-se ao final do parágrafo 45, isto é, o ponto introdutório
da totalidade da segunda seção de Ser e Tempo. Já no curso de 1929-30 intitulado Os
conceitos fundamentais da metafísica. Mundo, finitude, solidão, temos: “O que designamos
aqui por ‘instante’ é exatamente o que Kierkeggard, pela primeira vez na filosofia,
efetivamente concebeu – uma concepção com a qual inaugura, desde a Antiguidade, a
possibilidade de uma época totalmente nova da filosofia”. (Gesamtausgabe, v. 29-30, p. 225.)
Atendo-se aos dois textos recém citados, podemos dizer que há uma remissão a uma
ideia de apreensão. Uma espécie de apreensão “penentrante” da existência, num simples nível
existencial que proporciona uma abertura para a filosofia, ou seja, para uma perspectiva
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existencial. Isso traz a tona uma possibilidade radicalmente nova, podendo ser até mesmo, a
única novidade desde a ontologia grega! E essa apreensão existencial kierkegaardiana por
assim dizer, faz-se certamente enquanto projeto de uma determinação da existência cristã. E é
aqui neste ponto que buscaremos compreender um jogo que surge entre duas questões, isto é,
uma espécie de problemática existencial cristã por um lado e por outro lado, as possibilidades
radicalmente novas em relação à filosofia grega. Dito isto, descortina-se na verdade a
pretensão de se analisar neste capítulo, entre outras questões, o percurso percorrido por
Heidegger em seu curso do semestre de inverno de 1920-21, denominado Introdução à
fenomenologia da religião, observando se de fato, houve uma caminhada que vai da existência
cristã à problemática existencial da ontologia fundamental. Nessa perspectiva, parece que a
experiência temporal não aristotélica foi inicialmente realizada por Heidegger, partindo duma
experiência escatológica do tempo cristão conforme ocorre nas epístolas de Paulo. Desse
modo, examinaremos este curso como ponto de partida, para em seguida, adentrarmos na
problemática das relações entre teologia e fenomenologia (ou filosofia) que foi claramente, de
forma explícita, elaborada por Heidegger em 1928. Assim, ao tratar a questão acima se torna
inevitável trabalhar a problemática do sagrado e do deus por vir que se abre mais
especificamente a partir da metade dos anos 1934-36, se estendendo em paralelo a algumas
enigmáticas sentenças disseminadas por Heidegger algumas vezes nos anos 50, acerca de suas
impressões sobre a teologia cristã.
Percebe-se mais claramente no pensamento do último Heidegger uma possibilidade de
se pensar Deus de forma diferente da tradição metafísica ocidental. Essa forma heideggeriana
de se pensar Deus caracteriza-se por uma possibilidade de assimilação de Deus ao nada
concebido diferentemente da tradição metafísica ocidental. A possibilidade de conceber Deus
já no último Heidegger apresenta o silêncio como possibilidade de encontro com o verdadeiro
Ser. Tal suspeita surge ao analisar-se como se constrói as bases do pensamento heideggeriano,
sobretudo, na última fase de seu pensamento. Isto é, podemos dizer que Martin Heidegger
fechou o caminho direto, teórico para Deus através da sua ontologia fundamental. Nesta
perspectiva ontológica, Heidegger acusa a tradição filosófica que ele denominou de ontoteológica de ter confundido o ser com ente, demonstrando radicalmente que qualquer
representação teórica sobre Deus é equivocada, não passando de ilusão e confusão ontológica.
Com isto não se quer demonstrar que a questão sobre Deus para Heidegger já está resolvida.
Ao contrário, o caminho do conhecimento de Deus para este filósofo alemão trilha num
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caminho diferente do nada da tradição metafísica ocidental, também caminha para uma
abordagem fundamentada num patamar para além do teísmo e do ateísmo.
Referências
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