ENGENHARIA ECONÔMICA I Edson de Oliveira Pamplona José Arnaldo Barra Montevechi 1999 SUMÁRIO • CAPÍTULO I - GENERALIDADES • CAPÍTULO II - MATEMÁTICA FINANCEIRA II.1 - Juros Simples II.2 - Juros Compostos II.3 - Fluxo de Caixa II.4 - Relações de Equivalência II.5 - Séries Perpétuas II.6 - Taxa Efetiva, Nominal e Equivalente II.1 II.2 II.4 II.5 II.16 II.17 • CAPÍTULO III - ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTOS III.1 - Generalidades III.2 - Taxa Mínima de Atratividade III.3 - Critérios Econômicos de Decisão III.4 - Circunstâncias Específicas III.5 - Problemas Propostos III.1 III.1 III.2 III.9 III.13 • CAPÍTULO IVa – DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO IVa.1 – O Ativo Imobilizado IVa.2 – Métodos de Depreciação IVa.1 IVa.5 • CAPÍTULO IVb - INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA IVb.1 – Influência do Imposto de Renda IVb.2 – Lucro tributável negativo IVb.3 – Somente custos IVb.1 IVb.3 IVb.5 • CAPÍTULO V - FINANCIAMENTOS V.1 - Amortização de Dívidas V.2 - Exercícios Propostos V.1 V.7 • CAPÍTULO VI - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE • CAPÍTULO VII - ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO INDUSTRIAL • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • TABELAS FINANCEIRAS 2 CAPÍTULO I - GENERALIDADES Os estudos sobre engenharia econômica iniciaram nos Estados Unidos em 1887, quando Arthur Wellington publicou seu livro "The Economic Theory of Railway Location", texto que sintetizava análise de viabilidade econômica para ferrovias. Engenharia econômica é importante para todos que precisam decidir sobre propostas tecnicamente corretas, e seus fundamentos podem ser utilizados tanto para empresas privadas como estatais. Todo o fundamento da engenharia econômica se baseia na matemática financeira, que se preocupa com o valor do dinheiro no tempo. Pode-se citar como exemplos de aplicação: • • • • Efetuar o transporte de materiais manualmente ou comprar uma correia transportadora; Fazer uma rede de abastecimento de água com tubos grossos ou finos; Substituição de equipamentos obsoletos; Comprar carro a prazo ou à vista. Para fazer um estudo econômico adequado alguns princípios básicos devem ser considerados, sendo os seguintes: a) devem haver alternativas de investimentos. É infrutífero calcular se é vantajoso comprar um carro à vista se não há condições de conseguir dinheiro para tal; b) as alternativas devem ser expressas em dinheiro. Não á possível comparar diretamente 300 horas/mensais de mão de obra com 500 Kwh de energia. Convertendo os dados em termos monetários teremos um denominador comum muito prático. Alguns dados entretanto são difíceis de converter em dinheiro. Exemplos que ocorrem muito nos casos reais são: boa vontade de um fornecedor, boa imagem da empresa ou status. São os chamados intangíveis; c) só as diferenças entre as alternativas são relevantes. Numa análise para decidir sobre o tipo de motor a comprar não interessa sobre o consumo dos mesmos se forem idênticos; d) sempre serão considerados os juros sobre o capital empregado. Sempre existem oportunidades de empregar dinheiro de maneira que ele renda alguma coisa. Ao se aplicar o capital em um projeto devemos ter certeza de ser esta a maneira mais rendosa de utiliza-lo; e) nos estudos econômicos o passado geralmente não é considerado; interessa-nos o presente e o futuro. A afirmação: "não posso vender este carro por menos de $ 10000 porque gastei isto com ele em oficina" não faz sentido, o que normalmente interessa é o valor de mercado do carro. 3 Os critérios de aprovação de um projeto são os seguintes: • • • critérios financeiros: disponibilidade de recursos; critérios econômicos: rentabilidade do investimento; critérios imponderáveis: fatores não convertidos em dinheiro. Neste curso, a atenção especial será sobre os critérios econômicos, ou seja, a principal questão que será abordada é quanto a rentabilidade dos investimentos. 4 CAPÍTULO II - MATEMÁTICA FINANCEIRA A matemática financeira se preocupa com o valor do dinheiro no tempo. E pode-se iniciar um breve estudo sobre o tema com a seguinte frase: "NÃO SE SOMA OU SUBTRAI QUANTIAS EM DINHEIRO QUE NÃO ESTEJAM NA MESMA DATA" Embora esta afirmativa, seja básica e simples, é absolutamente incrível como a maioria das pessoas esquecem ou ignoram esta premissa. E para reforçar, todas as ofertas veiculadas em jornais reforçam a maneira errada de se tratar o assunto. Por exemplo, uma TV que à vista é vendida por R$500,00 ou em 6 prestações de R$100,00, acrescenta-se a seguinte informação ou desinformação: total a prazo R$600,00. O que se verifica que soma-se os valores em datas diferentes, desrespeitando o princípio básico, citado acima, e induzindo a se calcular juros de forma errada. Esta questão será melhor discutida em item deste capítulo. Uma palavra que é fundamental nos estudos sobre matemática financeira é JUROS. Para entendermos bem o significado desta palavra vamos iniciar observando a figura II.1 a seguir. Cada um dos fatores de produção é remunerado de alguma forma. Como pode-se entender, então, os juros é o que se paga pelo custo do capital, ou seja, é o pagamento pela oportunidade de poder dispor de um capital durante determinado tempo. A propósito estamos muito acostumados com "juros", lembrem dos seguintes casos: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. compras à crédito; cheques especiais; prestação da casa própria; desconto de duplicata; vendas à prazo; financiamentos de automóveis; empréstimos. Como pode-se ver o termo é muito familiar se lembrarmos do nosso dia a dia. Podemos até não nos importar com a questão, mas a pergunta que se faz é: o quanto pagamos por não considerarmos adequadamente a questão? E concluindo, nota-se a correspondência entre os termos "juros" e "tempo", que estão intimamente associados. A seguir será discutido o que é juros simples e juros compostos, além de outros pontos importantes em matemática financeira. II.1 - JUROS SIMPLES Ao se calcular rendimentos utilizando o conceito de juros simples, tem-se que apenas o principal, ou seja o capital inicial, rende juros. O valor destes juros pode ser calculado pela seguinte fórmula: 5 J=P.i.n onde: • • • • P = principal J = juros i = taxa de juros n = número de períodos O valor que se tem depois do período de capitalização, chamado de valor futuro (F), pode ser calculado por: F=P+J F = P + P.i.n F = P(1 +i.n) A fórmula acima é pouco utilizada, porque na maioria dos cálculos em matemática financeira usa-se juros compostos que será discutido a seguir. Salário Aluguel Trabalho Terra Técnica Administração Lucros Capital Royalty JUROS Figura II.1 - Fatores da produção considerados em economia 6 II.2 - JUROS COMPOSTOS Com juros compostos, no final de cada período, o juro é incorporado ao principal ou capital, passando assim a também render juros no próximo período. Podemos deduzir a expressão da seguinte maneira: • No primeiro período: F1 = P + P . i = P . (1 + i) • No segundo período: F2 = F1 + F1 . i = F1 . ( 1 + i) = P . (1 + i).(1 + i) = P . (1 + i)2 • No terceiro período: F3 = F2 + F2.i = F2 . (1 + i) = P . (1 + i)2. (1 + i) = P . (1 + i)3 Se generalizarmos para um número de períodos igual a n, tem-se a expressão geral para cálculo de juros compostos, dada por: F = P . (1 + i)n A fórmula acima é muito utilizada, e através dela pode-se constatar que para o primeiro período o juros simples é igual aos juros compostos. EXEMPLO II.1 - Para um capital de R$ 100.000,00 colocado a 20% a.a. durante 3 anos, qual o valor futuro para os casos de considerarmos juros simples e juros compostos? FIM DO ANO JUROS SIMPLES JUROS COMPOSTOS O 1 2 3 7 EXEMPLO II.2 - Vamos fazer uma aplicação em CDB de R$ 30.000 a uma taxa de 1,9 % para um período de 35 dias. Qual o valor da rentabilidade líquida e dos juros? Em relação a poupança esta aplicação é interessante? II.3 - FLUXO DE CAIXA É a representação gráfica do conjunto de entradas (receitas) e saídas (despesas) relativo a um certo intervalo de tempo. Um exemplo de fluxo de caixa pode ser visto na figura II.2. entradas (receitas) tempo dias, meses,anos.... despesas operacionais, manutenção, etc... Figura 2 - Fluxo de caixa A engenharia econômica vai trabalhar com gráficos do tipo da figura II.2, assim como os fundamentos da matemática financeira. Os gráficos de fluxo de caixa devem ser feitos do ponto de vista de quem faz a análise. Para entender este conceito, vamos imaginar que uma máquina custa R$ 20.000,00 à vista ou 5 prestações de R$ 4.800,00. Para a venda a vista o fluxo de caixa é diferente do ponto de vista do comprador para o do vendedor, isto pode ser visto na figura II.3. 8 4.800,00 comprador 0 1 2 3 4 5 3 4 5 20.000,00 20.000,00 0 1 2 vendedor 4.800,00 Figura II.3 - Fluxo de caixa sobre diferentes pontos de vista II.4 - RELAÇÕES DE EQUIVALÊNCIA As relações de equivalência permitem a obtenção de fluxos de caixa que se equivalem no tempo. Para calcular as relações uma ferramenta que é muito utilizada é a tabela financeira. A simbologia que será utilizada é: • • • • • • i = taxa de juros por período de capitalização; n = número de períodos a ser capitalizado; P = quantia de dinheiro na data de hoje; F = quantia de dinheiro no futuro; A = série uniforme de pagamento; G = série gradiente de pagamento; II.4.1 - Relações entre P e F Esta relação de equivalência pode ser entendida pela a observação da figura II.4 a seguir. F 0 P 1 2 dado P n 0 1 2 n achar F Figura II.4 - Equivalência entre P e F 9 O valor F pode ser obtido por: F = P . (1 + i)n O fator (1 + i)n é chamado de fator de acumulação de capital de um pagamento simples. Este fator é encontrado nas tabelas para diversos i e n. Outra maneira de se apresentar a forma analítica, com o objetivo de se utilizar as tabelas é a seguinte expressão: F = P . (F/P,i,n) O termo (F/P,i,n) é uma forma minemônica de se representar (1 +i)n. Para achar P a partir de F, o princípio é o mesmo apresentado no caso anterior. A expressão analítica é: P = F/(1 + i)n O fator 1/(1 +i)n é chamado de valor atual de um pagamento simples. A forma minemônica, para consulta em tabelas é: P = F . (P/F,i,n) O termo (P/F,i,n) é também encontrado nas tabelas. EXEMPLO II.3 - Conseguiu-se um empréstimo de R$ 10.000,00 em um banco que cobra 5% ao mês de juro. Quanto deverá ser pago se o prazo do empréstimo for de cinco meses. Resolver o problema analiticamente e utilizando as tabelas anexas. 10 EXEMPLO II.4 - Achar o valor do fluxo caixa abaixo no período 4 a uma taxa de 5% a. p. 200 0 300 1 2 3 4 100 5 6 8 7 400 EXEMPLO II.5 - Uma aplicação financeira de R$ 200.000,00 rendeu após 7 meses o valor de R$ 300.000,00. Qual a taxa mensal "média" de juros desta aplicação? EXEMPLO II.6 - Uma aplicação de R$ 200.000,00 efetuada em uma certa data produz, à taxa composta de juros de 8% ao mês, um montante de R$370.186,00 em certa data futura. Calcular o prazo da operação. 11 II.4.2 - Relações entre A e P Esta relação de equivalência pode ser entendida pela a observação da figura II.5 a seguir. A 0 1 2 n 0 P dado A 1 2 n achar P Figura II.5 - Equivalência entre A e P Para se calcular P a partir de A, pode-se deduzir a seguinte expressão: P = A (1 +i) -1 + A (1 + i) -2 + A(1 +i) -3 + ..... + A (1 +i) -n P = A [ (1 + i) -1 + (1 + i) -2 + (1 +i) -3 + ..... + (1 +i) -n] Nota-se que o termo que multiplica A é o somatório dos termos de uma PG, com número limitado de elementos, de razão (1+ i)-1. A soma dos termos pode ser calculada pela seguinte expressão: S a - a .r = 1 n n 1-r Que resulta em: n -1 + (1 i) P=A n (1 + i) . i A outra maneira de se calcular P, mas utilizando as tabelas é representada por: P = A (P / A, i, n) O termo (P/A, i, n), que é chamado de valor presente de uma série uniforme, é encontrado nas tabelas financeiras e é igual a : 12 (P / A, i, n) = (1 + i) n (1 + i) n - 1 .i Das expressões que relacionam P e A, pode-se chegar a maneira de se calcular A a partir de P. Esta relação é dada por: n .i ( 1 + i ) A=P n = P ( A/P , i , n ) (1 + i ) − 1 O termo (A/P, i, n) é conhecido como fator de recuperação de capital de uma série uniforme de pagamentos, muito utilizado para cálculo de prestações no comércio. EXEMPLO II.7 - Um empresário pretende fazer um investimento no exterior que lhe renderá US$ 100.000 por ano, nos próximos 10 anos. Qual o valor do investimento, sabendose que o empresário trabalha com taxa de 6% ao ano? EXEMPLO II.8 - O que é mais interessante, comprar um carro usado por R$ 4.000,00 à vista, ou R$ 4.410,00 em 3 vezes, sendo a primeira prestação no ato da compra? 13 EXEMPLO II.9 - Vale a pena pagar à vista com 20% de desconto ou a prazo em 3 pagamentos iguais, sendo o primeiro hoje? EXEMPLO II.10 - Calcular a prestação de um financiamento de valor de R$2.000,00 com 8 pagamentos iguais, considerando uma taxa de 13 % ao mês. Calcular a taxa real em relação à inflação. EXEMPLO II.11 - Calcular na data zero a equivalência para os fluxos de caixa. Para o item a, a taxa de juros é de 15% e para b igual 20% a) 10000 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 anos 14 b) 10000 0 1 2 3 4 5 6 7 anos 15000 II.4.3 - Relações entre F e A Esta relação de equivalência pode ser entendida pela a observação da figura II.6 a seguir. A 0 1 2 dado A n 0 1 2 achar F n F Figura II.6 - Equivalência entre A e F 15 Para se calcular F a partir de A, pode-se deduzir a seguinte expressão: F = A + A (1 +i) 1 + A (1 + i) 2 + A(1 +i) 3 + ..... + A (1 +i) n -1 F = A [ 1 + (1 + i) 1 + (1 + i) 2 + (1 +i) 3 + ..... + (1 +i) n - 1] Nota-se que o termo que multiplica A é o somatório dos termos de uma PG, semelhante a relação entre P e A vista antes, com número limitado de elementos, de razão (1+ i) 1. A soma dos termos calculada pela fórmula de somatório dos termos de uma PG finita leva a seguinte expressão: n -1 (1 + i) F=A i A outra maneira de se calcular F, mas utilizando as tabelas é representada por: F = A (F / A, i, n) O termo (F/A, i, n), que é chamado de fator de acumulação de capital de uma série uniforme, é encontrado nas tabelas financeiras e é igual a : n (1 + i) - 1 (F / A, i, n) = i Das expressões que relacionam F e A, pode-se chegar a maneira de se calcular A a partir de F. Esta relação é dada por: i n = F (A/F, i, n) (1 + i) − 1 A=F O termo (A/F, i, n) é conhecido como fator de formação de uma série uniforme de pagamento. EXEMPLO II.12 - Quanto deve-se depositar anualmente numa conta a prazo fixo que paga juros de 12% ao ano, para se ter R$ 500.000,00 daqui a 14 anos? 16 II.4.4 - Séries Gradiente As séries gradiente possuem a forma esquemática apresentada na figura II.7. Nota-se que para a utilização das tabelas financeiras elas necessariamente precisam ter as formas apresentadas na figura. Esta série é utilizada, algumas vezes, para se estimar gastos com manutenção. Principalmente em equipamentos mecânicos, que com o passar do tempo, normalmente necessitam de maiores desembolsos da empresa, para mantê-los funcionando adequadamente. (n-1)G 3G 2G G 0 1 0 2 1 3 2 4 3 n 4 n G 2G 3G (n-1)G Figura II.7 - Séries gradiente Do mesmo modo que as relações apresentas nos outros itens, a série gradiente pode ser transformada em valor presente, valor futuro ou série uniforme, que podem ter estas relações de equivalência representadas por: P = G (P/G, i, n) A = G (A/G, i, n) F = G (F/G, i, n) 17 Para utilizar estas relações é necessário a consulta as tabelas financeiras. Não será aqui mostrado as relações analíticas, que como nos casos anteriores também existem. EXEMPLO II.13 - Calcular na data zero a equivalência para os fluxos de caixa. 0 1 2 3 4 5 a) Taxa = 10% 100 110 120 130 140 0 1 2 3 4 5 b) Taxa = 10% 1000 1200 1400 1600 1800 8000 900 800 c) 700 Taxa = 12% 600 0 1 2 3 4 500 5 18 II.5 - SÉRIES PERPÉTUAS Estas séries também chamadas infinita ou custo capitalizado, tem estes nomes devido a possuírem um grande número de períodos. Este é um fato comum em aposentadorias, mensalidades, obras públicas, etc... O valor presente da série uniforme infinita é: n -1 (1 + i) P=A n (1 + i) . i n -1 (1 + i) P = lim n → ∞ A n (1+ i) . i 1 1 P = A limn → ∞ − n i (1 + i) .i P=A. 1 i EXEMPLO II.14 - Quanto deverei depositar em um fundo com a finalidade de receber para sempre a importância anual de R$ 12.000,00 considerando ser a taxa anual de juros igual a 10%? EXEMPLO II.15 - Qual a menor quantia que um grupo deve cobrar hoje, para dar uma renda anual de R$ 6.000? 19 II.6 - TAXA EFETIVA, NOMINAL E EQUIVALENTE Taxa efetiva de juros é aquela em que a unidade de tempo coincide com a unidade do período de capitalização. Como exemplo pode-se pensar 140 % ao ano com capitalização anual, esta é uma taxa efetiva pois há coincidência entre as unidades de tempo da taxa e o período de capitalização. Outro exemplo de taxa efetiva é 10% ao mês com capitalização mensal, que da mesma maneira é uma taxa efetiva. A taxa efetiva é que tem de ser utilizada na maioria dos cálculos em matemática financeira e engenharia econômica, por isto tem de estar muito claro seu significado e a equivalência entre ela e outras maneiras de se apresentar taxas de juros. Vejamos primeiramente a equivalência entre duas taxas efetivas: F 0 1 2 12 meses P 12 F = P(1 + i m ) (1) F 0 1 ano P 1 F = P(1 + i A ) (2) Como (1) = (2), tem-se que: 12 1 (1 + i m ) = ( 1 + i A ) Do mesmo modo, pode-se relacionar: (1 + i d ) 360 12 1 2 = (1 + i m ) = ( 1 + i A ) = (1 + i s ) A taxa nominal, ao contrário da efetiva, a unidade de tempo da taxa é diferente do tempo do período de capitalização. Como exemplo, pode-se pensar nos seguintes casos, 120% ao ano com capitalização mensal ou 15% ao mês com capitalização anual. É preciso tomar cuidado 20 com o uso deste tipo de taxa em cálculos, freqüentemente ela é imprópria para o uso, e então é necessário convertê-la para uma efetiva correspondente. Existe confusão quanto a esta taxa, e muitas vezes é usada para mascarar realmente qual a taxa de juros que esta envolvida no empreendimento. Para converter taxa nominal em efetiva pode-se utilizar o seguinte raciocínio: F 0 1 2 m P F =P(1 + i) m (1) F 0 1 P F =P(1 +iE) (2) Como iN = i x m e (1) = (2), tem-se: m (1 + i) = (1 + iE) m iE = (1 + i) - 1 m iN iE = 1 + -1 m Com a expressão acima pode-se converter uma taxa nominal em uma efetiva. Um cuidado importante quanto a esta taxas apresentadas, é o entendimento do conceito que esta por trás de cada uma. Na literatura existente e no próprio mercado financeiro existem diferenças quanto a nomenclatura. O que é necessário estar certo na hora de se fazer um cálculo é se o tempo da taxa coincide com seu período de capitalização. 21 EXEMPLO II.15 - A taxa do sistema financeiro habitacional é de 12% ao ano com capitalização mensal, portanto é uma taxa nominal, achar a efetiva correspondente. EXEMPLO II.16 - A taxa da poupança é de 6% ao ano com capitalização mensal, portanto é uma taxa nominal, achar a efetiva correspondente. EXEMPLO II.17 - Qual o juro de R$ 2.000,00 aplicados hoje, no fim de 3 anos, a 20 % ao ano capitalizados mensalmente? EXEMPLO II.18 - Qual a taxa efetiva anual equivalente a 15% ao ano capitalizados trimestralmente? 22 EXEMPLO II.19 - Calcular as taxas efetivas e nominal anual, correspondente a 13% ao mês? EXEMPLO II.20 - Peço um empréstimo de R$ 1.000,00 ao banco. Cobra-se antecipadamente uma taxa de 15% sobre o valor que é entregue já líquido, e depois de um mês paga-se R$ 1.000,00. Qual a taxa efetiva de juros deste empréstimo? 23 CAPÍTULO III - ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTOS III.1 - GENERALIDADES Após a classificação dos projetos tecnicamente corretos é imprescindível que a escolha considere aspectos econômicos. E é a engenharia econômica que fornece os critérios de decisão, para a escolha entre as alternativas de investimento. Infelizmente, nem todos os métodos utilizados são baseados em conceitos corretos. Por esta razão é muito importante ter cuidado com uso de alguns destes métodos, e principalmente, conhecer suas limitações. Um dos métodos, que é muito utilizado, e que possui limitações do ponto de vista conceitual é o PAY-BACK ou método do tempo de recuperação do investimento. O método do PAYBACK consiste simplesmente na determinação do número de períodos necessários para recuperar o capital investido, ignorando as consequências além do período de recuperação e o valor do dinheiro no tempo. Normalmente é recomendado que este método seja usado como critério de desempate, se for necessário após o emprego de um dos métodos exatos. Neste curso será estudado três métodos de avaliação, que convenientemente aplicados dão o mesmo resultado e formam a base da engenharia econômica. Estes métodos são exatos e não apresentam os problemas observados, por exemplo no PAY-BACK. Os métodos são: • • • método do valor presente (VP); método do valor anual uniforme (VA); método da taxa interna de retorno (TIR). Este métodos são equivalentes e indicam sempre a mesma alternativa de investimento, que é a melhor do ponto de vista econômico. Embora indicarem o mesmo resultado, existe é claro vantagens e desvantagens um em relação ao outro, e que serão comentadas ao longo do curso. III.2 - TAXA MÍNIMA DE ATRATIVIDADE (TMA) Os métodos de avaliação que serão apresentados, para efeito de avaliar méritos de alternativas para investimento, apresentam como principal característica o reconhecimento da variação do valor do dinheiro no tempo. Este fato evidência a necessidade de se utilizar uma taxa de juros quando a análise for efetuada através de um deles. A questão é definir qual será a taxa a ser empregada. 24 A TMA é a taxa a partir da qual o investidor considera que está obtendo ganhos financeiros. Existem grandes controvérsias quanto a como calcular esta taxa. Alguns autores afirmam que a taxa de juros a ser usada pela engenharia econômica é a taxa de juros equivalente à maior rentabilidade das aplicações correntes e de pouco risco. Uma proposta de investimento, para ser atrativa, deve render, no mínimo, esta taxa de juros. Outro enfoque dado a TMA é a de que deve ser o custo de capital investido na proposta em questão, ou ainda, o custo de capital da empresa mais o risco envolvido em cada alternativa de investimento. Naturalmente, haverá disposição de investir se a expectativa de ganhos, já deduzido o valor do investimento, for superior ao custo de capital. Por custo de capital, entende-se a média ponderada dos custos das diversas fontes de recursos utilizadas no projeto em questão. III.3 - CRITÉRIOS ECONÔMICOS DE DECISÃO III.3.1 - Método do valor presente (VP) O método do valor presente, também conhecido pela terminologia método do valor atual, caracteriza-se, essencialmente, pela transferência para o instante presente de todas as variações de caixa esperadas, descontadas à taxa mínima de atratividade. Em outras palavras, seria o transporte para a data zero de um diagrama de fluxos de caixa, de todos os recebimentos e desembolsos esperados, descontados à taxa de juros considerada. Se o valor presente for positivo, a proposta de investimento é atrativa, e quanto maior o valor positivo, mais atrativa é a proposta. A idéia do método é mostrada esquematicamente, na figura III.1 a seguir. dado 0 1 2 3 4 n fluxo previsto obter VP 0 1 2 3 4 n fluxo equivalente Figura III.1 - valor presente EXEMPLO III.1- Numa análise realizada em determinada empresa, foram detectados custos operacionais excessivamente elevados numa linha de produção, em decorrência da utilização de equipamentos velhos e obsoletos. Os engenheiros responsáveis pelo problema propuseram à gerência duas soluções alternativas. A primeira consistindo numa reforma geral da linha, exigindo investimentos estimados em $ 25 10.000, cujo resultado será uma redução anual de custos igual a $ 2.000 durante 10 anos, após os quais os equipamentos seriam sucateados sem nenhum valor residual. A segunda proposição foi a aquisição de uma nova linha de produção no valor de $ 35.000 para substituir os equipamentos existentes, cujo valor líquido de revenda foi estimado a $ 5.000. Esta alternativa deverá proporcionar ganhos de $ 4.700 por ano, apresentando ainda um valor residual de $ 10.705 após dez anos. Sendo a TMA para a empresa igual a 8% ao ano, qual das alternativas deve ser preferida pela gerência? 26 III.3.2 - Método do valor anual (VA) Este método caracteriza-se pela transformação de todos os fluxos de caixa do projeto considerado, numa série uniforme de pagamentos, indicando desta forma o valor do benefício líquido, por período, oferecido pela alternativa de investimento. É também chamado de valor anual uniforme. A idéia do método é mostrada na figura III.2. Como geralmente, em estudos de engenharia econômica a dimensão do período considerado possui magnitude anual, foi convencionada a adoção da terminologia Valor anual. O projeto em análise só será atrativo se apresentar um benefício líquido anual positivo, e entre vários projetos, aquele de maior benefício positivo será o mais interessante. dado 0 1 2 3 4 n fluxo previsto obter 0 1 VA 3 4 2 n fluxo equivalente Figura III.2 - Valor anual EXEMPLO III.2 - Resolver o exemplo III.1 pelo método do valor anual. III.3.3 - Método da Taxa Interna de Retorno (TIR) 27 Por definição, a taxa interna de retorno de um projeto é a taxa de juros para a qual o valor presente das receitas torna-se igual aos desembolsos. Isto significa dizer que a TIR é aquela que torna nulo o valor presente líquido do projeto. Pode ainda ser entendida como a taxa de remuneração do capital. A TIR deve ser comparada com a TMA para a conclusão a respeito da aceitação ou não do projeto. Uma TIR maior que a TMA indica projeto atrativo. Se a TIR é menor que a TMA, o projeto analisado passa a não ser mais interessante. O cálculo da TIR é feito normalmente pelo processo de tentativa e erro. EXEMPLO III.3 - Resolver o exemplo III.1 pelo método da TIR. Da solução do exemplo III.3 cabe uma reflexão. Através da análise pura dos resultados qual a melhor opção? Vamos colocar os resultados do VP, VA e TIR, na tabela a seguir. VP VA TIR REFORMA COMPRA 28 Como falado anteriormente, os métodos sempre indicam a melhor alternativa de investimento, do ponto de vista econômico. As duas taxas de retorno do problema são superiores à taxa mínima de atratividade, portanto são propostas atrativas. Como a TIR da reforma é maior que alternativa de compra, deveria ser dada preferência à primeira, contrariando o resultado obtido pelos dois métodos anteriores. Entretanto o procedimento correto da análise indica que deve-se fazer um exame da taxa interna de retorno calculada para o fluxo da diferença entre os investimentos das propostas. No caso do exemplo, será melhor aplicar $30.000 na alternativa de compra obtendo um retorno de 12% a.a. ou será mais interessante investir $ 10.000 na alternativa de reforma com um retorno de 15,1% e os $20.000 de diferença à taxa mínima de atratividade? A análise incremental é um complemento necessário ao método da taxa interna de retorno na medida que se responde a este tipo de dúvida. III.3.4 - Análise Incremental para o método da Taxa Interna de Retorno No caso de alternativas de investimento mutuamente exclusivas deve-se examinar a taxa de retorno obtida no acréscimo de investimento de uma em relação à outra. Sempre que esta taxa for superior à TMA, o acréscimo é vantajoso, isto faz com que a proposta escolhida não seja necessariamente a de maior taxa de retorno. Entretanto, para proceder a análise incremental deve-se certificar de que as propostas tenham TIR maior que a TMA. EXEMPLO III.4 - Aplicar para o exemplo III.1 a análise incremental. 29 III.3.5 - Método da Taxa Interna de Retorno (TIR) e os fluxos de caixa que apresentam mais de uma inversão de sinal Na maioria dos fluxos de caixa, há apenas uma mudança no sinal, isto é, o investimento inicial (sinal negativo) geralmente resulta numa sequência de rendas líquidas ou economias de custo (sinais positivos). Essa situação normalmente leva a uma única solução. Entretanto, se ocorrer mais que uma inversão no sinal, surgirão outras taxas de retorno. Em álgebra, a regra de sinais de Descartes afirma que poderá haver tantas raízes positivas, quantas são as mudanças na direção do sinal do fluxo de caixa. Para entender o problema, consideremos o fluxo de caixa a seguir. diagrama de fluxo de caixa 10.000 1.600 0 1 2 10.000 O equacionamento que permite o cálculo das taxas é: 0 = 1.600 - 10.000 x (1+ i)-1 + 10.000 x (1 +i)-2 30 Resolvendo esta equação chega-se a dois resultados, o primeiro é i = 25% e o segundo é i = 400%, que não apresentam significado econômico nenhum. Uma resolução apropriada para este problema requer a consideração de uma taxa de juros auxiliar. Por exemplo, para o fluxo anterior considera-se que os $1.600 do período 0 sejam reinvestidos a uma taxa auxiliar de 20% por um período. A taxa auxiliar pode ser a TMA. Desta forma o fluxo de caixa passará a ter apenas uma inversão de sinal, conforme pode-se observar a seguir. diagrama de fluxo de caixa 10.000 0 1 2 -10.000+1.600x(1+0,2) = - 8.080 O equacionamento que permite o cálculo da taxa é: 0 = -8.080 + 10.000 x (1+ i)-1 Resolvendo esta equação chega-se a apenas um resultado, sendo i = 23,8%. III.4 - ANÁLISE DE ALTERNATIVAS DE INVESTIMENTO SOB CIRCUNSTÂNCIAS ESPECÍFICAS III.4.1 - Alternativas com vidas diferentes Existem casos em que se torna necessário decidir entre propostas de investimento cujos horizontes de planejamento são diferentes. Por exemplo, considere a comparação entre duas propostas com duração estimadas de 6 e 12 anos. Como será aplicado o capital disponível depois do término do projeto mais curto, durante o período compreendido entre os términos de ambos projetos? A solução válida para este problema requer que todas as consequências das alternativas sejam levadas para um horizonte de planejamento comum. Supõe-se, por exemplo, que se admita a alternativa mais curta poder ser substituída ao fim de seis anos por uma outra idêntica. O procedimento comumente adotado para o caso de vidas diferentes é o seguinte: 31 • • calcula-se o mínimo múltiplo comum das vidas das alternativas propostas; repete-se os fluxos tantas vezes até atingir este tempo. Desta maneira compara-se alternativas de diferentes durações numa base temporal uniforme. O método do valor anual uniforme implicitamente já considera a repetição do investimento, tornando desnecessária a utilização do procedimento mencionado. EXEMPLO III.5 - Uma certa operação pode ser executada satisfatoriamente tanto pela máquina X como pela máquina Y. Os dados pertinentes às duas alternativas são os seguintes: Custo inicial Valor residual Vida de serviço em anos Despesas anuais MÁQUINA X $ 6.000 0 12 $ 4.000 MÁQUINA Y $ 14.000 20% do custo inicial 18 $ 2.400 Comparar as alternativas, pelo método do valor presente, supondo uma taxa mínima de atratividade de 12% ao ano. 32 III.4.2 - Existência de restrições financeiras Pode-se lidar com alternativas que são mutuamente exclusivas no sentido que apenas uma, das várias alternativas disponíveis, é necessária para preencher uma dada função, todas as outras tornam-se supérfluas. Outro tipo de exclusividade mútua, refere-se ao caso em que uma ou mais das alternativas podem ser aceitas, mas, devido às limitações de capital, nem todas as alternativas podem ser aceitas. Chama-se ao primeiro caso de exclusividade mútua "Financeira". Geralmente a cada ano as empresas elaboram uma relação de futuros investimentos, denominada "Orçamento de capital". Um fato que frequentemente ocorre nesta ocasiões é a limitação de recursos para financiar todas as solicitações provenientes das diversas gerências. A existência de restrições financeiras coloca a alta administração diante da necessidade de selecionar aquele conjunto de alternativas, o pacote orçamentário, economicamente mais interessante, cuja a demanda por recursos não supera o volume disponível. EXEMPLO III.6 - Suponha que uma ou mais das propostas apresentadas na tabela a seguir podem ser aceitas porque não são tecnicamente equivalentes, isto é, cada uma desempenha função diferente. Alternativa A B C Investimento inicial 10.000 20.000 50.000 Benefícios anuais 1.628 3.116 7.450 Valor presente 1.982 2.934 4.832 Taxa interna de retorno 10% 9% 8% SUPOSIÇÕES: a vida esperada de cada proposta é de 10 anos. O valor residual esperado de cada proposta é zero. A TMA é de 6% ao ano. O capital total disponível para o investimento é de $ 75.000. 33 III.4.3 - Alternativas com vidas perpétuas O valor presente de uma série anual uniforme perpétua é conhecido como custo capitalizado. Sabe-se que: n -1 (1 i) + P=A n (1 + i) . i Para n tendendo para o infinito: n -1 (1 i) + P = lim n → ∞ A n (1 + i) . i 1 1 P = A lim n → ∞ − n i (1 + i) .i P=A. 1 i EXEMPLO III.7 - Seja um projeto que possua as seguintes características: • • • • investimento inicial = $ 100.000; vida do projeto = infinita; custo anual de operação = $ 2.000; TMA = 10%. Calcular o custo capitalizado do projeto. 34 III.5 - PROBLEMAS PROPOSTOS 1) Numa análise das oportunidades para redução de custos efetuada pelo departamento de transporte de uma usina siderúrgica foi detectada a possibilidade de atingir-se tal objetivo, substituindo-se o uso de caminhões alugados, para transporte de produtos em processamento na área de laminação, por conjunto e tratores carretas. Se implementada a modificação, deverá haver uma redução anual de despesas da ordem de $ 350.000 correspondentes ao aluguel pago pelo uso de caminhões. Um estudo de simulação realizado determinou a necessidade de adquirir-se dois tratores e cinco carretas, totalizando um investimento de $ 350.000. Os custos de mão de obra, combustível e manutenção foram estimados em $ 200.000 no primeiro ano, aumentando anualmente $ 5.000, devido a elevação do custo de manutenção, proporcionado pelo desgaste dos veículos. Considerando-se a TMA da empresa igual a 8% ao ano, verificar a viabilidade da preposição, levando-se em conta que a vida econômica estimada para os equipamentos foi de cincos anos com valor residual nulo. 35 2) Determinada indústria pretende comprar uma máquina que custa $43.400 e estimou o seguinte fluxo de caixa: ANOS Valores 0 -43.400 1 10.000 2 9.000 3 8.000 ... ... 8 3.000 9 2.000 10 11.000 Há uma previsão de aumento de lucro de $ 10.000 ao final do primeiro ano, $ 9.000 no segundo e assim sucessivamente. Ao final de 10 anos o equipamento poderá ser vendido por $ 10.000. Admitindo uma TMA de 6% ao ano, especifique as equações que permitam, com auxílio das tabelas, calcular o valor presente do fluxo de caixa. 36 3) Duas escavadeiras estão sendo consideradas para a compra por uma empresa construtora, a GIANT e a TROJAN. Ambas tem capacidade requerida, mas a GIANT é considerada mais maciça que a TROJAN e acredita-se que terá vida mais longa. As estimativas dos aspectos que serão influenciados pela escolha são as seguintes: Custo inicial da entrega Custo de manutenção no primeiro ano Acréscimo anual no custo de manutenção durante a vida da máquina Vida econômica Valor residual TROJAN $40.000 $8.000 GIANT $60.000 $5.000 $800 $400 4 anos $4.000 6 anos $6.000 A máquina TROJAN requererá uma revisão custando $ 5.000 ao final do segundo ano. A máquina GIANT requererá uma revisão custando $ 4.000 ao final do terceiro ano. Compare os valores presente usando uma TMA de 15% ao ano. 37 4) Resolver o problema anterior pelo critério do valor anual uniforme. 38 5) Planeja-se construir um edifício de 3 andares. É esperado que alguns anos mais tarde, mais 3 andares deverão ser construídos. Dois projetos foram feitos: Projeto A: é um projeto convencional para um edifício de 3 andares. O custo é de $ 420.000. Projeto B: projeto para 6 andares, mas serão construídos somente 3, por enquanto. O custo inicial deste projeto é de $490.000. Com o projeto A serão gastos $500.000 para aumentar mais 3 andares numa data futura. Com o projeto B se gastará somente $400.000 pelo aumento de mais 3 andares. A vida dos edifícios é de 60 anos, com valor residual nulo. Os custos de manutenção serão $1.000 por ano mais baratos no projeto B que no projeto A, durante 60 anos. Outras despesas anuais, inclusive seguro, serão as mesmas para os dois projetos. Com taxas de descontos de 3% ao ano, qual a data do aumento de mais 3 andares que justifica a escolha do projeto B? 39 6) Uma empresa está considerando dois planos alternativos para a construção de um muro ao redor de sua nova fábrica. Uma cerca como um "galinheiro" de aço galvanizado requer um custo inicial de $ 35.000 e custos anuais estimados de manutenção de $300. A vida esperada é de 25 anos. Uma parede de concreto requer um custo inicial de apenas $ 40.000, mas necessitará reparos pequenos a cada 5 anos a um custo de $ 1.000 e reparos maiores a cada 10 anos a um custo de $ 5.000. Supondo-se uma taxa de juros de 10% ao ano, e uma vida perpétua, determinar: a) o valor presente dos dois planos; b) o custo anual equivalente para os dois planos. 40 7) Os projetos X e Y são duas propostas mutuamente exclusivas. O projeto X requer um investimento presente de $ 250.000. As receitas anuais estimadas para 25 anos são de $ 88.000. As despesas anuais estimadas, sem o imposto de renda, são $ 32.000. O imposto de renda anual estimado é de $ 24.000. O projeto Y requer um investimento presente de $ 350.000. As receitas anuais estimadas para 25 anos são de $ 100.000. As despesas anuais estimadas, sem o imposto de renda são $ 40.000. Imposto de renda anual estimado: $ 24.000. Em cada projeto é estimado um valor residual de $ 50.000 ao final dos 25 anos. Assumindo uma TMA depois do imposto de renda de 9% ao ano, faça os cálculos necessários para determinar qual dos projetos é recomendado pelo critério da taxa interna de retorno. 41 8) Elabore o gráfico: valor presente X taxa de desconto, e comente a respeito. 42 9) Um fabricante de peças esta analisando uma modificação em seu processo de produção. Duas alternativas estão em consideração, sendo que ambas exigem a realização de inversões, resultando, em contrapartida, em redução dos atuais custos de produção. Cada uma das alternativas apresenta as seguintes características: custo inicial redução anual de custos valor residual vida econômica alternativa A $ 10.000 $ 2.400 nulo 8 anos alternativa B $ 15.000 $ 2.700 nulo 8 anos A alternativa A exigirá, contudo, após 5 anos de utilização, uma inversão adicional de $ 5.000 destinada a promover uma modificação no projeto original. Sendo o custo do capital para a empresa igual a 7% ao ano, verificar qual das alternativas é mais atrativa. Utilizar o método da taxa interna de retorno e admitir que, para fazer face ao desembolso no quinto ano de operação da alternativa A, será constituído um fundo de reserva a partir da capitalização de depósitos anuais iguais durante os cinco anos, a uma taxa de 10% ao ano. 43 10) Uma empresa esta considerando a compra de um pequeno computador para seu departamento de pesquisas. Várias alternativas mutuamente exclusivas estão em estudo. As estimativas relativas a cada uma são: Computador A B C D Custo inicial computador $ 280.000 340.000 380.000 440.000 do valor residual economia anual líquida estimado $ resultante do novo computador X condições existentes 240.000 46.000 280.000 56.000 310.000 62.000 350.000 72.000 A empresa pretende manter o computador durante 10 anos, época em que será vendido. Se a TMA é de 15% ao ano, usar o método do valor presente para determinar que alternativa deve ser escolhida. 44 11) Usar o método da taxa de retorno para selecionar dentre as alternativas descritas no problema 10. 45 12) Um superintendente está estudando as seguintes propostas de investimentos que foram recebidas dos departamentos (E) produção, (F) controle da qualidade e (G) expedição: Proposta Investimento inicial ($) E1 E2 F1 F2 G1 2.000 4.000 4.000 8.000 4.000 Excesso anual de recebimentos sobre despesas ($) 275 770 1.075 1.750 1.100 As propostas E1 e E2 são mutuamente exclusivas por razões técnicas; F1 e F2 são também mutuamente exclusivas. Cada uma das alternativas tem vida esperada de 10 anos e valor residual zero. A firma adota uma TMA de 10% ao ano. a) Que propostas devem ser recomendadas se o capital para o investimento for ilimitado? b) Que propostas devem ser recomendadas se apenas $ 14.000 estiverem disponíveis para novos investimentos? 46 CAP. 4a – DEPRECIAÇÃO DO ATIVO IMOBILIZADO O ATIVO IMOBILIZADO O Ativo Imobilizado é um subgrupo do Ativo Permanente que por sua vez é localizado no Ativo de uma empresa. O Ativo Imobilizado é registrado na contabilidade de uma companhia através de seu custo de aquisição. Este custo pode ser tanto aquele pago pelo ativo, quanto o seu custo de fabricação ou construção. No caso de compra de terceiros, o custo de aquisição é determinado pelo seu valor de compra mais os gastos complementares necessários à sua posse, instalação e funcionamento. Em resumo, o custo de aquisição normalmente é constituído de: • Valor de compra • Gastos com transporte do Bem • Prêmio de seguro pelo transporte • Gastos com a instalação • Gastos necessários à transferência do Bem. Principais Grupos de Contas do Ativo Imobilizado Em vista da infinidade de tipos de ativos fixos, costuma-se agrupa-los em contas, cujos títulos indicam com razoável precisão a natureza dos bens nelas registrados. Os bens que compõem o Ativo Imobilizado podem ser, quanto à existência, de dois tipos: • • Bens tangíveis Bens intangíveis Os bens tangíveis são aqueles que existem fisicamente, que podem ser vistos, tocados e sentidos. As principais contas que agrupam os bens tangíveis são: • Terrenos • Edificações • Máquinas e Equipamentos • Veículos • Móveis e Utensílios • Ferramentas 47 Os bens intangíveis são aqueles que existem mas não podem ser vistos ou tocados. Representam direitos assegurados à companhia proprietária, ou seja, esta detém sua posse jurídica. Os principais tipos de bens intangíveis são: • Patentes • Marcas de Indústria e de Comércio • Direitos de uso de processo (Know-How) • Direitos de Publicação • Direitos de Exploração e Extração É conveniente lembrar que estes bens são considerados Ativo Imobilizado se forem destinados à manutenção da atividade da companhia. Contabilidade da Depreciação Como norma básica a lei das sociedades por ações dispõe: No Balanço Patrimonial os elementos do Ativo Imobilizado serão registrados pelo custo de aquisição, deduzido o saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão. A diminuição de valor dos elementos do Ativo Imobilizado será registrada periodicamente nas contas de depreciação, quando corresponder à perda do valor dos direitos que tenham por objeto bens físicos sujeitos a desgaste ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. As depreciações vão sendo registradas a cada ano em contas específicas acumuladoras de saldo e em contrapartida esses valores serão computados como custo ou despesa operacional, em cada exercício social. Quando o bem chega a 100% de depreciação e ainda existir fisicamente (caso normal nas empresas) deixa de ser depreciado. O Ativo é baixado contabilmente quando for vendido, doado ou quando cessar sua utilidade para a empresa. Do ponto de vista econômico, e este é o conceito que deve ser adotado em estuodos de investimentos, a depreciação não é considerada como um custo, mas como uma fonte de recursos para as operações da firma que poderá ser utilizada a critério da administração. A depreciação é um custo ou despesa operacional sem desembolso. EXEMPLOS DE BENS SUJEITOS À DEPRECIAÇÃO • Prédios e Edificações • Veículos • Máquinas e Equipamentos • Móveis e Utensílios • Ferramentas EXEMPLOS DE BENS NÃO SUJEITOS À DEPRECIAÇÃO • Terrenos • Antigüidades • Obras de arte 48 Baixa do Ativo Imobilizado Os motivos mais freqüentes para a baixa do Ativo Imobilizado são a venda ou a cessação de utilidade para a companhia. Em qualquer dos casos, é necessário que o valor do bem baixado seja retirado contabilmente dos registros da empresa. Se o bem for vendido, o resultado contábil da baixa (lucro ou prejuízo) será a diferença entre seu valor pelo qual o bem for vendido e seu valor contábil, que por sua vez é o custo original menos a depreciação acumulada. Se o seu valor contábil for nulo, no caso de já estar totalmente depreciado, o valor da venda será o lucro da transação. Se o bem for baixado por motivo da cessação de utilidade (obsolescência, danos irreparáveis, etc), e ainda tiver valor contábil, este será o valor da perda que irá para a demonstração de resultados. Uma firma A que compre um equipamento usado de uma firma B iniciará o processo de depreciação sobre este equipamento (baseando-se no valor da transação), mesmo que este equipamento já tenha sido totalmente depreciado na contabilidade da firma B. Vemos, pois, como podem surgir vantagens para firmas de um mesmo grupo, mas que sejam pessoas jurídicas independentes, ao transacionarem equipamentos usados entre sí. Apresentação nas Demonstrações Financeiras NO BALANÇO PATRIMONIAL: PERMANENTE Imobilizado Edificações Máquinas e Equipamentos Móveis e Utensílios Veículos Depreciação Acumulada 2.000 1.000 500 600 4.100 (400) 3.700 NA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS A depreciação deve ser apropriada ao custo de produção (é um custo indireto de fabricação) ou então como despesa de depreciação no grupo de “outras despesas operacionais”. O prejuízo ou lucro na baixa do Ativo Imobilizado deve ser apresentado na Demonstração de Resultados do exercício como Receita (no caso de lucro) ou Despesa (no caso de prejuízo) não Operacional. 49 Demonstração de Resultados Receita Bruta de Vendas - Impostos Proporcionais (ICMS, IPI, Outros) Receita Líquida de vendas - Custo do Produto Vendido (MP, MOD, CIF) Despesa de Depreciação Lucro Bruto - Despesas Operacionais Despesas Administrativas Vendas Financeiras Despesa de Depreciação Lucro Operacional - Despesas não operacionais (Ex: Venda Ativo) +Receitas não Operacionais (Ex: Venda Ativo) Lucro Antes do Imposto de renda - IR / Contribuição Social Lucro Líquido 1000 -120 880 -350 -100 430 -100 - 80 - 50 - 80 120 -10 +20 130 -40 90 Métodos de Depreciação Há vários métodos de depreciação, entre os quais, cumpre mencionar: • Método Linear • Soma dos Dígitos • Método Exponencial • Máquinas / hora O método mais utilizado no Brasil é o método linear. Método Linear de depreciação No método Linear o valor depreciável, obtido subtraindo-se do custo original do Ativo (C0) o seu valor residual contábil (R), é dividido pela vida contábil (n), indicando a quota de depreciação (d) a ser deduzida anualmente. A quota anual de depreciação pode ser expressa pela seguinte fórmula: A legislação admite que se considere o valor residual igual a zero, o que é interessante para as empresas, pois aumenta o valor da quota anual de depreciação, reduzindo o imposto de renda. d =(Co - R) / n A taxa anual de depreciação é calculada pela seguinte fórmula: T = 100 / n 50 Onde T representa a taxa percentual anual de depreciação. Atualmente, as seguintes taxas limites de depreciação anual, fixadas pela jurisprudência administrativa são permitidas pela regulamentação do Imposto de Renda: Ativos Imobilizados Taxa Máxima % BENS IMÓVEIS 1. Propriedades Imobiliárias, exceto terrenos (Port. No. 407 de 27/10/76 do Ministério da Fazenda) 4% VEÍCULOS EM GERAL 2. Veículos em geral 20 3. Embarcação com estrutura de aço 5 4. Embarcação com estrutura de madeira 10 5. Bote 5 6. Lancha 5 7. Rebocador 5 8. Caminhão com motor diesel – até 5 t de carga 20 9. Caminhão com motor diesel – acima de 5 t de carga 15 10. Caminhão a gasolina 25 11. Caminhão frigorífico 25 12. Ônibus 20 13. Carroça 20 14. Carroção 20 15. Trator até 50 HP 25 16. Trator acima de 50 HP 20 17. Vagoneta 20 18. Ambulância 33 19. Camioneta 33 20. Semovente 20 21. Utilitário (automóvel) 33 22. Jeep 25 23. Transportador de correia fixo 17 24. Transportador de correia portátil 25 25. Guindaste até 10t e 4m de raio 25 26. Guindaste acima de 10t ou 4m de raio 15 51 EQUIPAMENTOS EM GERAL 27. Mecanismo e acessórios em geral 28. Altos Fornos (trabalho ininterrupto) 29. Betoneira 30. Britador 31. Escavadeira 32. Equipamentos para peneiramento mecanizado 33. Maquinismo de oficina mecânica, carpintaria e eletricidade 34. máquina de soldar acetileno 35. Máquina elétrica de motor 36. Máquina elétrica de transformador 37. Máquina de terraplanagem 38. Máquina para fabricação de pregos 39. Maquinismo para indústria química 40 Maquinismo para indústria de mineração 41. Maquinismo sujeito a corrosivos 42. Peneira mecânica 43. Perfuratriz 44. Rebolo 45. Sonda 46. Torno 47. Ventilador – refrigerador a ar 48. Vibrador 49. Compressor de ar à gasolina, portátil 50. Compressor elétrico portátil 51. Compressor fixo 52. Compressor para perfuração 53. Elevador de caçamba para alimentação de fornos 54. Fornos para queima 55. Acumuladores e cilindros 10 20 33 17 20 20 17 25 20 17 25 20 20 20 15 33 33 20 33 20 25 33 20 17 17 25 20 10 10 52 FERRAMENTAS, APARELHOS E INSTRUMENTOS 56. Ferramentas em geral 57. Alicate 58. Faca (ferramenta) 59. Ferramenta elétrica, portátil 60. Formão de plaina 61. Lima (ferramenta) 62. Martelete 63. Martelo 64. Forma para fabricação de calçados 65. Arreio para montaria de tração 66. Cabo de aço ate’25,4 mm (1 polegada) 67. Cabo de aço acima de 25,4 mm (1 polegada) 68. Cinta alimentadora com lâmina de aço 69. Correia de transmissão 70. Instrumentos técnicos de engenharia 71. Modelo de fundição 72. Motores em geral 73. Motor e transformador elétrico 74. Rede elétrica externa 75. Vasilhames (garrafas de vidro e caixas de madeira) 76. Recipientes de gás 77. Equipamentos de estação de rádio 78. Aparelho cinematográfico 79. Filme cinematográfico – jornal 80. Filme cinematográfico – em geral MOBILIÁRIO, EQUIPAMENTOS DE ESCRITÓRIO E OUTROS UTENSÍLIOS 81. Móveis e utensílios em geral 82. Móveis e utensílios de estabelecimentos bancários 83. Móveis e utensílios de estabelecimentos de ensino 84. Biblioteca 85. Rouparia de hotel 86. Rouparia de hospital 87. Sacaria 88. Louça e talheres de hotel INSTALAÇÕES EM GERAL 89. Instalações em geral 90. Instalações elétricas 91. Instalações fixas para oficinas mecânicas, de carpintaria e eletricidade 15 20 20 33 20 20 33 33 30 20 40 25 20 50 12,5 30 10 10 10 20 15 20 15 50 20 10 5 15 10 20 25 20 20 10 20 17 Estas taxas são as cargas máximas de depreciação anual, permitidas pelo governo. Obedecidos estes limites, a legislação brasileira permite que qualquer método de depreciação seja utilizado. Entretanto, a necessidade de se observar limites permitidos pelo governo conduz a uma depreciação mais demorada se forem utilizados outros métodos que não o da depreciação linear. 53 Um outro aspecto a ser considerado é a escolha da data a partir da qual o bem passa a ser depreciado: normalmente deve ser depreciado a partir da data de entrada em funcionamento. Se for adquirido para uso posterior, a depreciação não deverá ser computada durante o período de inatividade, salvo se houver possibilidade de erosão, obsolescência ou existência de outro fator que determine o imediato início de depreciação. DEPRECIAÇÃO ACELERADA Desde que comprovada a atividade operacional dos equipamentos fixos em mais de um turno de trabalho (8 hs/dia), poderá ser aplicado um coeficiente de aceleração sobre a taxa de depreciação normal, visando reduzir a vida contábil do ativo. As normas fiscais que regulam a depreciação acelerada estão contidas no artigo 193, parág. 3º, do decreto no 76.186 de 02/09/75. Coeficientes de Depreciação Acelerada: • 1 turno de 8 hs/dia: 1,0 • 2 turnos de 8 hs/dia 1,5 • 3 turnos de 8 hs/dia 2,0 Assim, por exemplo, se a operação de uma máquina de terraplanagem, cuja depreciação normal seja de 20% ao ano, for realizada em período contínuo de 16 hs/dia, a empresa poderá adotar a taxa máxima de depreciação acelerada de 30%. A legislação prevê, ainda, para bens que operam em condições ambientais desfavoráveis, a possibilidade do uso de taxas maiores, mediante solicitação corroborada por laudo técnico emitido pelo Instituto Nacional de Tecnologia. EXEMPLO Determinada empresa estuda a possibilidade de aquisição de um trator de 65 hp, no valor de $ 400.000,00. Se esta empresa utiliza o método de depreciação linear, pergunta-se: a. Qual a quota de depreciação linear b. Qual o valor contábil do trator no sexto ano de utilização c. Qual o lucro ou prejuízo contábil se o trator for vendido por $ 70.000,00 no quarto ano de utilização d. Quais seriam os registros contábeis no segundo ano de utilização e. Caso o trator fosse utilizado em 2 turnos, qual o seu valor contábil no terceiro ano? Método da Soma dos Dígitos O método da soma dos dígitos considera uma carga de depreciação anual maior nos anos iniciais decrescendo à medida que avança a vida contábil do Ativo Fixo. Para uma vida contábil de, por exemplo, cinco anos, a soma dos dígitos (SD) é igual a: 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = 15 Genericamente: SD = N ( N + 1) / 2 54 Onde N é o número de anos de vida contábil. A quota de depreciação no ano n é: dn = [(N - ( n - 1 )) / SD] x (Co - R) EXEMPLO Para o exemplo anterior, considerando uma vida contábil de 5 anos, determinar: a. Qual a quota de depreciação no primeiro ano b. Qual a quota de depreciação no quinto ano c. Qual o valor contábil ao final do segundo ano Método Exponencial Este método também considera uma carga de depreciação decrescente. O valor contábil do bem pode ser determinado para um ano genérico n a partir da fórmula: Cn = C0 ( 1 – T )n Onde T é a taxa exponencial de depreciação. Caso se conheça o valor residual esperado, pode-se determinar a taxa exponencial de depreciação pela equação: T = 1 - (R/Co)(1/N) EXEMPLO Para o caso do exemplo anterior, assumindo-se uma taxa de depreciação exponencial de 30 %, pede-se: a. Indicar o valor contábil ao final do segundo ano b. Qual a quota de depreciação no primeiro ano c. Determinar a taxa de depreciação exponencial que deveria ser utilizada para que se tenha, ao final de quatro anos de vida, o valor residual de $ 80.000,00. 55 Método Máquina / Hora Sendo C0 o investimento fixo e P.O. o Potencial Operativo em horas do equipamento, a taxa de operação / hora (TMH) do equipamento em unidades monetárias é dada por: TMH = C0 / P.O. EXEMPLO Determinada máquina custa $ 400.000,00 e estima-se que possa funcionar 20.000 horas com operação normal. Quais são as quotas de depreciação para os quatro primeiros anos se a utilização da máquina nesse período for a seguinte: • 1º ano de operação – 3.000 hs • 2º ano de operação – 2.500 hs • 3º ano de operação – 2.000 hs • 4º ano de operação – 4.000 hs SOLUÇÃO C0 = P.O. = TMH = As quotas de depreciação nos quatro primeiros anos são as seguintes: ANO Horas Utilizadas 1 3.000 2 2.500 3 2.000 4 4.000 TMH Quota de depreciação EXERCÍCIOS: 1. Preencher os quadros de “despesas de depreciação por ano” e “valor contábil no final do ano” admitindo as seguintes suposições: • Custo de aquisição do ativo depreciável: $ 80.000,00 • Valor residual contábil esperado: $ 8.000,00 • Vida contábil: cinco anos 56 SOLUÇÃO DESPESA DE DEPRECIAÇÃO POR ANO ANO LINEAR SOMA DOS DÍGITOS EXPONENCIAL 1 2 3 4 5 VALOR CONTÁBIL NO FINAL DO ANO ANO LINEAR SOMA DOS DÍGITOS EXPONENCIAL 0 1 2 3 4 5 2. Sabendo da possibilidade de considerar o valor contábil igual a zero e, ainda que, para o caso do problema anterior, a taxa máxima de depreciação anual permitida pelo governo é de 20% por ano, compare os critérios Linear e Soma dos Dígitos. 3. Suponha um edifício com custo inicial de R$ 3.000.000,00, sendo que o valor do terreno incluído é de R$ 200.000,00. Determinar: a) A quota de depreciação anual; b) a vida contábil; c) a depreciação acumulada no décimo ano; d) o valor contábil do edifício após 10 anos e e) o lucro ou prejuízo se o edifício for vendido por R$ 1.500.000,00 ao final do décimo-quinto ano. f) o lucro ou prejuízo se o edifício for vendido por R$ 900.000,00 ao final do trigésimo ano. Importância da Depreciação na Análise de Investimentos 57 Qual a vantagem em depreciar contabilmente um equipamento? Como a depreciação entra nos custos (ou despesas) na demonstração de resultados, automaticamente diminuirá os lucros tributáveis, e consequentemente, o impostos de renda a pagar. Sabemos, da matemática financeira, que quanto mais cedo se tiver o dinheiro na mão, mais vantajoso é. Dessa forma, todos gostariam de depreciar seus ativos fixos o mais depressa possível. Entretanto, como já vimos, o governo limita a taxa de depreciação anual por motivos óbvios. Se o tempo de vida de um equipamento for maior que, por exemplo, 10 anos, e o governo limita a depreciação em 10 % ao ano, convém ficar quieto e depreciá-lo em 10 anos mesmo. É perfeitamente normal um equipamento já totalmente depreciado estar em condições de operação e continuar sendo utilizado (mas não mais depreciado). 58 CAP. 4b – INFLUÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA A influência do Imposto de renda1 Do ponto de vista de um indivíduo ou de uma empresa, o que realmente importa, quando de uma Análise de investimentos, é o que se ganha após os impostos. A carga tributária representa um ônus real, cujo efeito é o de reduzir o valor dos fluxos monetários resultantes de um dado investimento. Isto ocasiona, muitas vezes, a transformação de projetos rentáveis antes da consideração de sua incidência em antieconômicos quando o imposto de renda for levado em conta. Portanto, torna-se importante a inclusão do imposto de renda na análise econômica de projetos. O imposto de renda incide sobre o lucro tributável da empresa que, por sua vez, é influenciado por procedimentos da contabilidade da depreciação, que visam assegurar condições para a reposição dos ativos fixos da empresa, quando isto se tornar necessário à continuidade das operações. Por esta razão, a legislação tributária permite às empresas deduzirem de seu lucro anual a correspondente carga de depreciação para fins de cálculo do imposto de renda. Conforme legislação em vigor, o imposto de renda, em geral, é apurado pela aplicação de uma alíquota de 15% sobre o lucro tributável da empresa. Para lucros tributáveis superiores a R$ 240.000,00 por ano (R$ 20.000,00 por mês) é aplicada uma taxa de 10 % sobre o lucro que excede a este limite. Também incidente sobre o lucro tributável, a contribuição social deve ser considerada na análise de investimentos. Para empresas industriais a alíquota da contribuição social é de 8% sobre o lucro tributável. Nem sempre o lucro contábil é igual ao lucro tributável, ou seja, aquele sobre o qual incide a alíquota do imposto de renda. Apurado o resultado contábil, a este deverão ser feitos alguns ajustes, chamados de inclusões ou exclusões. EXEMPLO Um investimento de $ 30.000,00 em um equipamento proporcionará redução nos desembolsos anuais de $ 10.000,00. A vida econômica do equipamento é de 5 anos, após a qual o equipamento será vendido por $ 7.000,00. Considerando que a taxa máxima de depreciação para este tipo de equipamento é de 15 % e que a empresa utiliza o método linear, calcular a taxa interna de retorno do investimento antes e após o imposto de renda. A alíquota de imposto de renda é de 35%. A taxa mínima de atratividade da empresa, após os impostos é de 18 % ao ano. Pergunta-se: a) Qual a TIR do investimento antes dos impostos. b) O investimento é viável após os impostos? 1 OLIVEIRA, J. A. N. Engenharia Econômica: uma abordagem às decisões de investimentos. Mc Graw-Hill 59 c) Qual a TIR do investimento após os impostos se o equipamento operar em condições que lhe permita taxa máxima de depreciação de 40%. Avalie a variação da rentabilidade devido à alteração da taxa máxima de depreciação. SOLUÇÃO a) TIR antes do Imposto de Renda: b) Análise após o imposto de renda (T = 15%): ANOS Fluxo antes do Depreciação Valor IR anual Contábil Lucro Tributável IR Fluxo depois do IR Lucro Tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 2 3 4 5 c) Análise após o imposto de renda (T = ): ANOS Fluxo antes do Depreciação Valor IR anual Contábil 0 1 2 3 4 5 Propostas que envolvem lucro tributável negativo Determinadas alternativas de investimentos podem apresentar o lucro tributável negativo. Isto pode ocorrer também devido a quota de depreciação ser maior que o valor do fluxo antes do imposto de renda. 60 Se a alternativa citada faz parte de uma empresa que apresenta lucro, o lucro tributável negativo da alternativa de investimento pode ser considerada como um abatimento no lucro tributável da empresa como um todo, reduzindo o imposto de renda a pagar. Esta redução do imposto de renda deve ser encarada como uma vantagem fiscal, e deve ser somada ao fluxo após o imposto de renda. Mesmo quando se analisa projetos independentes de empresas, o fato de aparecer lucro tributável negativo não significa que o governo pagará imposto de renda para a empresa pelo fato desta estar dando prejuízo, mas sim que o prejuízo acumulado será compensado de lucros futuros posteriormente, por meio de mecanismos fiscais, proporcionando economias futuras de imposto de renda. EXEMPLO Pretende-se adquirir, em uma indústria, um guindaste de 8 toneladas. O custo de aquisição é de $500.000,00, e permitirá reduzir despesas de $ 100.000,00. Espera-se que a vida econômica do equipamento atinja 10 anos, após a qual não terá valor de mercado. Considerando uma TMA de 16% ao ano e a taxa de imposto de renda de 35%, analise a viabilidade da aquisição. SOLUÇÃO ANOS Fluxo antes do Depreciação Valor IR anual Contábil Lucro Tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 61 Caso de Propostas que somente apresentam custos Quando não há meios de quantificar monetariamente as receitas (ou as reduções de custos) proporcionadas por um investimento que é necessário à empresa, a decisão se fará através da análise de menor custo. Mesmo nestes casos o imposto de renda deverá ser considerado, pois no caso da aceitação do projeto, as despesas da empresa se elevarão, diminuindo o lucro tributável e, consequentemente o imposto de renda da empresa como um todo. As despesas adicionais se dão tanto pela própria despesa anual de operações e manutenção, como pela despesa de depreciação do ativo imobilizado. Dessa forma a diminuição do imposto de renda causada pelo aumento das despesas deve ser considerado como fluxo positivo do projeto. EXEMPLO Dois sistemas de ar condicionado estão sendo estudados para instalação nos escritórios de certa empresa. São os seguintes os parâmetros estimados para cada uma das alternativas: Discriminação Sistema A Sistema B Investimento inicial $ 15.000 $ 12.000 Custos anuais de operação e $ 2.000 $ 3.000 manutenção Valor residual nulo Nulo Vida econômica 5 anos 5anos A administração da empresa definiu que, caso os custos anuais não superem $ 5.000, o sistema mais econômico deverá ser instalado. Caso contrário, este investimento deverá ser adiado para uma época mais oportuna. Sendo a taxa mínima de atratividade da empresa, após os impostos, de 7 % ao ano, qual decisão deve ser tomada? Considerar que a taxa de depreciação dos sistemas de ar condicionado seja de 20% e a empresa se encontre na faixa de 35% para efeitos de imposto de renda. SOLUÇÃO Sistema A: ANOS Fluxo antes do Depreciação Valor IR anual Contábil Lucro Tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 2 3 4 5 62 Sistema B: ANOS Fluxo antes do Depreciação Valor IR anual Contábil Lucro Tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 2 3 4 5 Considerações adicionais Uma fórmula geral para o cálculo do valor presente, considerando o efeito do imposto de renda e a depreciação, pode ser extraída da seguinte demonstração: Sendo: DEPj – Despesa da depreciação no período j Cj – Fluxo de caixa, no período j, antes do IR C’j – Fluxo de caixa, no período j, após o IR τ - Alíquota do imposto de renda A fórmula geral do valor presente, após o imposto de renda será dada por: n n −j −j VPL = - C 0 + ∑ C j (1 + i ) (1 − τ ) + τ ∑ DEPj (1 + i ) j =1 j=1 Onde o terceiro termo do lado direito da equação representa o valor presente da economia proporcionada pela dedução da depreciação do lucro antes do imposto de renda. CUIDADO: A depreciação já foi considerada no fluxo de caixa? 63 Um ponto a ser destacado é se a depreciação já foi ou não computada no fluxo de caixa antes do imposto de renda. Na forma corriqueira da engenharia econômica, os fluxos de caixa são elaborados com os recebimentos e desembolsos nos quais ainda não foi computada a depreciação. Assim, na análise de investimentos, deve-se proceder conforme orientado até o momento, ou seja, considerar a depreciação apenas como um elemento dedutível para efeitos do cálculo do imposto de renda. Entretanto, na análise de projetos industriais, é comum que o fluxo de caixa seja proveniente de uma projeção das demonstrações de resultados. Nesse caso, o lucro líquido já considera a depreciação como despesa e o imposto de renda é calculado já com a dedução da depreciação. Mas, como a depreciação é uma despesa sem desembolso, e o fluxo de caixa deve refletir a movimentação financeira, deve-se somar a depreciação ao lucro líquido após o imposto de renda. Problemas PROBLEMA 1 Visando avaliar a melhor alternativa entre adquirir ou fazer o leasing de equipamentos, a UDT (divisão de transportes da USIMINAS) solicitou um estudo à UDE (divisão de engenharia industrial) no sentido de tomar a decisão mais viável para a empresa. Entre estes equipamentos está o guindaste telescópico de 13 ton. Para o qual foram coletados os seguintes dados: • Custo de aquisição: $ 850.000,00 • Valor de mercado após 5 anos $ 170.000,00 • Horizonte de planejamento 5 anos • Custos mensais de operação e manutenção: $ 9.092 • Taxa mínima de atratividade da USIMINAS: 18% ao ano • Valor do aluguel: $ 218,00 por hora O valor do aluguel já inclui os custos de operação e manutenção. A média mensal de horas a serem trabalhadas pelo guindaste é de 102 horas, entretanto, de acordo com a pesquisa efetuada junto às empresas de leasing, existe uma franquia de 200 horas mensais. Pergunta-se: a. Qual o melhor, alugar ou comprar? b. Faça suas considerações sobre um ponto de equilíbrio entre a compra e o aluguel. 64 ANOS Fluxo antes do Depreciação Valor IR anual Contábil 0 1 2 3 4 5 Lucro Tributável IR Fluxo depois do IR PROBLEMA 2 Estuda-se a possibilidade de adquirir uma frota de 20 veículos para evitar o alto preço cobrado pelo arrendamento mercantil. Cada veículo custa $13.000,00, e pode ser vendido ao final de três anos por $8.000,00. As despesas de manutenção, inexistentes no caso do arrendamento, são estimadas em $1.500,00 por ano para cada veículo comprado. As despesas de operação são as mesmas em ambos os casos enquanto que as despesas com seguro são de $1.200,00 por ano, com desembolso durante o ano. O arrendamento, que inclui as despesas de manutenção e seguro, custa para a empresa a quantia de $160.000,00 anuais pelos 20 carros, mas proporciona a possibilidade de ser totalmente abatido para efeito de imposto de renda. A taxa de imposto de renda (mais contribuição social) para a empresa é de 42 %. Considere uma TMA de 15% a.a.. É interessante a compra dos veículos? Faça os cálculos pelo método do valor anual. Qual o valor de aluguel que igualaria as alternativas? O que você decidiria? PROBLEMA 3 Certa firma industrial está considerando a possibilidade de instalar uma linha de transportadores controlada eletronicamente. O investimento inicial será de $ 180.000,00, mas causará redução de despesas de operação anual de $ 50.000,00 O investimento será inteiramente depreciado em 15 anos pelo método linear. Entretanto, ao final de 12 anos, o equipamento será inútil para a empresa e, nesta época, será retirado de operação sem nenhum valor de venda. Determinar a taxa de retorno de empreendimento, considerando que a alíquota do IR é de 30% ao ano. 65 PROBLEMA 4 Para uma determinada tarefa, posso comprara duas máquinas diferentes. Uma PIF ou uma PAF, com o mesmo desempenho técnico. Máquina PIF: • Custo Inicial: • Custo anual fixo: • Custo operacional: Máquina PAF: $ 320.000,00 $ 20.000,00 $ 50,00 por hora • • • Custo Inicial: $ 200.000,00 Custo anual fixo: $ 30.000,00 Custo operacional: $ 80,00 por hora O custo de oportunidade do capital é de 15 % ao ano, após o imposto de renda. Tanto a máquina PIF, como a PAF durarão 10 anos e serão depreciadas em 10 anos (linearmente). A firma está na faixa de 30% para fins de IR. Calcular o ponto de equilíbrio quanto ao número de horas anuais de uso das máquinas. PROBLEMA 5 O projeto de viabilidade econômica da unidade industrial de fertilizantes do complexo carboquímico catarinense apresenta a seguinte projeção da demonstração de resultados, durante os próximos 15 anos: Receita Líquida 850.000 Custo dos Produtos Vendidos (630.000) Lucro Bruto 220.000 Despesas com vendas (1.500) Despesas administrativas (6.000) Depreciação (18.000) Lucro operacional 194.000 Despesas não operacionais (6.000) Lucro Líquido antes do IR 188.000 Imposto de Renda (65.000) Lucro Líquido após o IR 122.000 Supondo que o investimento total é de $ 500.000, sendo $ 100.000 de capital de giro, e que somente se utilizará capital próprio. Deseja-se analisar a viabilidade econômica do projeto. Considere o valor residual dos investimentos fixos nulo e a taxa mínima de atratividade de 15% ao ano. 66 CAPÍTULO V - FINANCIAMENTOS V.1 - AMORTIZAÇÃO DE DÍVIDAS A disponibilidade de recursos é, sem dúvida, fundamental para a concretização de um investimento. Se os recursos próprios forem insuficientes as empresas devem recorrer a empréstimos. O valor desses empréstimos, ou seja, o principal, evidentemente terá que ser restituído à instituição financeira, acrescido de sua remuneração, que são os juros. À forma de devolução do principal mais juros, chama-se de “sistema de amortização”. Os sistemas mais usados serão vistos a seguir. A) SISTEMA FRANCÊS DE AMORTIZAÇÃO (PRICE) Também conhecido como “Sistema Price” ou “Sistema de Prestação Constante” é muito utilizado nas compras de prazos menores e no crédito direto ao consumidor. Neste sistema as prestações são constantes, ou seja, correspondem a uma série uniforme “A”. A parcela de juros decresce com o tempo, ao passo que a parcela de amortização aumenta com o tempo. Graficamente pode-se apresentar este comportamento da seguinte maneira: Juros Prestação Amortização n Como em todos os sistemas corretos de amortização, no sistema Price a prestação é a soma da amortização com os juros do periodo, ou seja: pk = ak + jk Onde: pk ak jk - prestação no periodo k amortização no período k juros no periodo k 67 Além disso, os juros no período k são calculados sobre o saldo devedor anterior: jk = i*(Saldo devedor)k-1 Nota-se, portanto, que quanto menor o saldo devedor menores serão os juros e, como as prestações são constantes no sistema Price, a amortização crescerá com o tempo. A prestação p é calculada da seguinte forma: pk = p = P* (A/P; i; n ) Onde P é o principal, ou seja, o valor do empréstimo. As fórmulas do Sistema Francês de amortização são apresentadas no quadro abaixo: Período (k) Saldo devedor (SDk) 0 1 2 ... k Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk) Po = P P1 = Po - a1 P2 = P1 - a2 p = P(A/P,i,n) p a1 = p - j1 a2 = p - j2 j1 = i Po j2 = i P1 Pk = Pk-1 - ak = 0 p ak = p - jk jk = i Pk-1 Pode-se calcular o saldo devedor após a k-ézima prestação a partir da seguinte fórmula: Sdk = p (P/A; i; n-k) Ou seja, o saldo devedor é o valor presente das prestações futuras. EXEMPLO V.1 Montar o quadro de amortização para um financiamento de R$1.000,00, a juros de 36% aaccm, com prazo de 4 meses, amortizável pelo sistema Price em 4 prestações mensais. Calcular também o saldo devedor, imediatamente após a segunda prestação, sem o uso da tabela. Solução: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk) 0 1 2 3 4 68 E o saldo devedor após a segunda prestação é: B) SISTEMA DE AMORTIZAÇÃO CONSTANTE (SAC) É o sistema normalmente utilizado para financiamentos de longo prazo. Neste sistema as amortizações são constantes e calculadas da seguinte forma: a= P n Onde P é o principal e n é o número de prestações. O saldo devedor após o pagamento da k - ézima prestação é dado por: Sdk = P - k a Graficamente a prestação pode ser representada assim: Juros Prestação Amortização n As fórmulas do SAC são apresentadas no quadro abaixo: Período (k) Saldo devedor (SDk) 0 1 2 ... k P P - P/n P - 2P/n ... P - kP/n Prestação (pk) P/n + i P P/n + i P - iP/n ... P/n+iP-(k-1)iP/n Amortização (ak) P/n P/n ... P/n Juros (jk) iP iP - iP/n ... iP - (k - 1)iP/n EXEMPLO V.2 Elaborar a tabela financeira pelo sitema SAC para o financiamento do exemplo anterior. Calcular também, o saldo devedor após a segunda prestação. Solução: 69 Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk) 0 1 2 3 4 E o saldo devedor após o segundo pagamento, sem utilização da tabela, pode ser calculado assim: O PERIODO DE CARÊNCIA A concessão de um período de carência é muito utilizada pelas instituições financeiras. Durante o período de carência paga-se somente juros e o principal permanece inalterado, ou ainda, não se paga juros e estes são capitalizados acrescendo o principal. Se, no exemplo anterior, fosse concedido dois meses de carência, a tabela financeira do financiamento ficaria assim: Período (k) Saldo devedor (SDk) Prestação (pk) Amortização (ak) Juros (jk) 0 1 2 3 4 5 6 C) OUTROS SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO O Sistema Americano : Neste sistema paga-se apenas os juros e o principal é devolvido ao final do empréstimo. Sistema de Pagamento Único : É muito utilizado para financiamentos industriais de capital de giro. Paga-se, neste caso, juros e principal no final do empréstimo. Nada mais do que achar F dado P. 70 Pagamento antecipado : Aqui os juros são cobrados antecipadamente e o principal é devovido ao final do empréstimo. É uma forma conhecida de “aumentar” a taxa de juros efetiva cobrada por uma instituição financeira. Decididamente este não é um sistema correto sob o ponto de vista da matemática financeira. Para que um sistema seja correto o valor presente das prestações, descontado à taxa de juros do financiamento, deve ser igual ao principal. V.2 Exercícios Propostos V.2.1. Para uma dívida de R$ 50.000,00, uma taxa de juros de 10% ao período e um plano de 5 prestações construa um quadro de amortizações pelo sistema: a) PRICE b) SAC c) SAC com um período de carência. a) Sistema Price Período (k) 0 1 2 3 4 5 b) Sistema SAC: Período (k) 0 1 2 3 4 5 c) Sistema SAC com um período de carência: Período (k) 71 V.2.2. Considere uma dívida de $100.000,00 a ser resgatada em 25 prestações com 4% de juros. Depois de quantas prestações o valor da prestação do sistema PRICE passa a ser superior à do sistema SAC. V.2.3. Uma pessoa fez um empréstimo de R$ X a juros de 4% ao mês e saldou a dívida pelo SAC em 10 prestações. A soma dos valores nominais das prestações foi de R$ 50.000,00. Se a dívida tivesse sido paga pelo sistema Price, qual seria a soma dos valores das prestações? 72 CAPÍTULO VI - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE Até o momento, as análises de investimento efetuadas partiram do princípio que todas as previsões se efetivariam. Na realidade, os fluxos de caixa foram elaborados a partir da projeção de valores mais prováveis. Sabe-se, entretanto, que por melhor que tenha sido elaborada a previsão, o fluxo de caixa não será exatamente aquele imaginado inicialmente. A incerteza sempre estará presente. VI.1. Conceitos de risco e incerteza Vários são os fatores que levam à incerteza, entre eles pode-se citar: • Fatores econômicos: Super ou subdimensionamento de oferta e demanda, alterações de preços de produtos e matérias-primas, investimentos imprevistos, etc. • Fatores financeiros: falta de capacidade de pagamento, insuficiência de capital, etc. • Fatores Técnicos: Inadequabilidade de processo, matéria-prima, tecnologia empregada, etc • Outros: fatores políticos e institucionais adversos, clima, problemas de gerenciamento de projetos, etc. Na literatura da área é comum a diferenciação entre risco e incerteza. A condição de incerteza é caracterizada quando os fluxos de caixa associados a uma alternativa não podem ser previstos com exatidão, ou seja, não é possível quantificar em termos de probabilidade as variações nos fluxos de caixa. Quando é possível mensurar, através de distribuições de probabilidade, as variáveis de entrada, considera-se que a situação é de risco. Existem várias técnicas para se avaliar investimentos em condições de risco e, algumas destas técnicas possibilitam como importante resultado a obtenção de distribuição de probabilidades de variáveis como Valor Presente Líquido e Taxa Interna de Retorno. De posse de tal distribuição pode-se calcular a probabilidade de inviabilidade de um investimento. Entretanto tais técnicas fogem do escopo deste curso, sendo inseridas no curso de Engenharia Econômica II. Para se avaliar investimentos em condições de incerteza, o método mais utilizado, e mais simples, é a análise de sensibilidade. VI.2. Análise de sensibilidade O fato de se fazer a análise de sensibilidade não exclui a possibilidade de aplicação de métodos de risco mais apurados, ao contrário, complementa, pois auxilia na identificação das variáveis mais importantes para se trabalhar. 73 A intenção é observar quão sensíveis são os valores como Valor presente, Taxa interna de retorno, Valor anual, etc., a partir da variação de parâmetros de entrada como vida útil, custos, receitas, quantidade vendida, preços, investimentos, taxas de descontos, etc. É interessante a elaboração de gráficos que demonstrem este comportamento e a análise pode ser enriquecida se questões como as seguintes forem avaliadas: • Qual o menor preço do produto para que o projeto seja viável? • Qual a quantidade mínima que deve ser produzida para que o investimento ainda seja rentável? • Para os parâmetros de entrada “mais provável”, “otimista” e “pessimista” qual será o resultado econômico e financeiro da proposta em análise? • E muitas outras questões. EXEMPLO VI.1 Suponha o lançamento de um calçado de inverno. Os meses considerados são: maio, junho e julho. Os seguintes dados foram levantados pela empresa: Investimento em adequação de equipamentos e treinamento: Receita prevista (10.000 pares/mês a R$ 10,00/par): Custos variáveis (10.000 pares/mês a R$ 4,00/par): Custos fixos: Valor residual: R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 R$ 40.000,00 R$ 20.000,00 R$ 30.000,00 A taxa mínima aceitável pela empresa é de 10% ao mês. Analise a atratividade do investimento e analise a sensibilidade quanto à variação na quantidade vendida. Qual a quantidade mínima aceitável? Solução: EXEMPLO VI.2 Uma empresa está considerando a possibilidade de lançar um novo produto no mercado. A instalação da nova linha requererá um gasto de R$55.000,00 para investimentos fixos e R$ 5.000,00 para capital de giro. 74 Estima-se uma vida econômica, para o projeto, de 10 anos. a empresa espera vender uma produção anual de 5.000 toneladas a um preço unitário de R$10,00. Os custos operacionais anuais foram estimados em R$35.000,00. Se a firma pretende um retorno após os impostos de, no mínimo, 10% ao ano, pede-se: 1. Verificar a atratividade do projeto. 2. Analisar a sensibilidade do projeto para uma variação negativa de 15% no preço de venda. 3. Calcular o preço de venda mínimo para obtenção da rentabilidade requerida. 4. Verificar a sensibilidade do projeto para um acréscimo de 20% no valor do investimento fixo. A taxa de imposto de renda é de 35% e a taxa máxima de depreciação é de 10%. Solução: 1. Atratividade do projeto Ano Fluxo antes do IR Depreciação Lucro tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 ... 10 10 2. Sensibilidade para -15% no preço de venda: Ano Fluxo antes do IR Depreciação Lucro tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 ... 10 10 3. Cálculo do preço mínimo de venda: 75 4. Sensibilidade para mais 20% no investimento fixo: Ano Fluxo antes do IR Depreciação Lucro tributável IR Fluxo depois do IR 0 1 ... 10 10 EXEMPLO VI.3 Uma usina siderúrgica está considerando duas alternativas para obtenção de 3800 m3/ano de oxigênio necessário ao refino do aço, até o início de operação da nova fábrica daqui a três anos. A primeira é comprar oxigênio ao preço de $ 0,90/m3. A segunda alternativa consiste numa reforma da fábrica existente, orçada em $ 500,00, para produzir oxigênio a um custo de $ 0,71/m3. Em caso de se optar pela compra de oxigênio, a fábrica existente será vendida hoje por $ 1500,00. Caso se decida pela reforma, o valor de revenda da fábrica será de $ 500,00 ao final dos três anos. Admitindo-se uma TMA para a empresa de 10% a.a., pede-se: 1. Verificar a alternativa mais econômica; 2. Testar a sensibilidade da decisão para uma variação de 20% a mais no orçamento da reforma. 3. Qual o preço de equilíbrio do m3 de oxigênio, para o caso do ítem 1. 76 CAPÍTULO VII - ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA DE UM PROJETO INDUSTRIAL Uma das etapas mais importantes na elaboração de um projeto industrial é a análise de sua viabilidade econômica e financeira. Este capítulo visa apresentar, utilizando-se de informações das etapas anteriores de um projeto, uma metodologia de cálculo para que se possa concluir sobre a viabilidade de um projeto. É necessário, portanto, um correto levantamento dos custos e das receitas adicionais decorrentes do investimento. Para um perfeito entendimento dos quadros que serão apresentados e, para que a classificação dos itens seja adequada, deve-se conhecer a terminologia usual da área de custos: Terminologia em custos industriais: Gasto: conceito amplo que significa sacrifício financeiro de uma maneira geral. O sacrifício é representado por entrega ou promessa de entrega de dinheiro ou outros ativos. Engloba, portanto, investimento, custo, despesa e perda. Investimento: gasto ativado em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Cita-se como exemplo: Estoques, Aplicações, máquinas e equipamentos, construções civis, marcas e patentes, ações de outras empresas. Custo: Gasto relativo a bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Ex: consumo de matérias primas na produção, salário dos empregados da área de produção, energia elétrica usada na produção, depreciação de máquinas da produção. Despesa: Gasto relativo a bem ou serviço consumidos para obtenção de receitas. Ex: salários da administração geral, depreciação de ativos fora da produção, comissão de vendedores. O custo de produção torna-se despesa quando o produto é vendido, mas costuma-se chamá-lo de custo do produto vendido. Perda: gasto com bem ou serviço consumidos de forma anormal e involuntária. Não é um sacrifício feito com a intenção de obtenção de receitas. Ex: valor dos danos provocados por incêndios ou enchentes, obsoletismo de estoques, gasto com mão de obra durante uma greve, refugos anormais, unidades defeituosas. 77 Desembolso: Pagamento resultante da aquisição do bem ou serviço. Pode ser defasado ou não do gasto. VII.1. INVESTIMENTO O investimento pode ser classificado da seguinte forma: a) Fixo b) Giro O investimento fixo é composto por equipamentos, terrenos, construções civis, instalações industriais, móveis, etc. O investimento em giro é o capital de giro necessário para por em marcha a empresa, ou seja, disponibilidades, estoques, e os recursos necessários para sustentar as vendas a prazo. Ao final da vida do projeto estima-se o valor residual de venda do investimento fixo e considera-se o desativamento do capital de giro como uma entrada de caixa. VII.2. CUSTOS DE PRODUÇÃO Os custos de produção são aqueles que ocorrem na fabricação do produto e são classificados em Variáveis e Fixos. Os Custos Variáveis são aqueles que variam de acordo com a quantidade produzida. Os principais custos variáveis de produção são os seguintes: - Matérias Primas, Embalagens e Materiais Auxiliares - Fretes - Mão-de-Obra Direta - Consumo de Energia Elétrica (no processo produtivo) - Água Industrial - Combustível Os Custos Fixos normalmente não variam proporcionalmente à produção. Os principais são os seguintes: - Mão-de-Obra Indireta - Manutenção - Seguros - Demanda de Energia Elétrica - Despesas de Aluguel relativas à fabricação 78 VII.3. DESPESAS GERAIS As Despesas Gerais são aquelas que, mesmo importantes para a operação, não fazem parte da fabricação de um produto. Podem, também, ser classificadas em fixas e variáveis. Considera-se, nesta metodologia, como principais Despesas Gerais Variáveis as seguintes: - Despesas Variáveis com Vendas (Comissão de vendedores) - Despesas Financeiras com Desconto de Duplicatas Como Despesas Gerais Fixas considera-se: - Despesas Administrativas - Impostos fixos (IPTU, Taxas diversas) VII.4. OUTRAS DESPESAS E DESEMBOLSOS DEPRECIAÇÃO CONTÁBIL: É uma despesa sem desembolso que pode ser considerada para efeito de abatimento no Imposto de Renda. DESPESAS FINANCEIRAS: Referem-se aos juros de financiamentos de médio e longo prazos e podem ser abatidas para efeito de Imposto de Renda. AMORTIZAÇÃO DE FINANCIAMENTOS: A Amortização é um desembolso e não uma despesa, e portanto não é dedutível do Imposto de Renda. IMPOSTOS PROPORCIONAIS: São os impostos proporcionais à Receita Bruta de Vendas como, p. ex., ICMS, IPI e PIS/FINSOCIAL. A Receita Líquida de Vendas é obtida subtraindo estes impostos da Receita Bruta. IMPOSTO DE RENDA: O Imposto de Renda incide sobre o lucro tributável. A legislação atual fixa uma alíquota de 15% sobre o lucro e um adicional de 10% sobre o lucro que exceder a 300.000 UFIR'S. Deve-se considerar ainda o efeito da Contribuição Social sobre o lucro tributável, sendo que esta ainda pode ser abatida do Imposto de Renda. VII.5. RECEITAS Para efeito de análise econômica de projetos considera-se apenas as Receitas Operacionais, ou seja, o produto da quantidade produzida pelo preço. 79 VII.6. PONTO DE EQUILÍBRIO É o nível de produção onde ocorre o equilíbrio entre a receita total e os custos totais, a partir do qual a empresa passa a ter lucro. Veja o gráfico: Ponto de Equilíbrio 180 Receita 160 140 Ponto de Equilíbrio 120 Custo Total 100 Custos Custo Variável 80 60 Custo Fixo 40 20 0 0 Q* 100 200 300 Quantidade E o ponto de equilíbrio é dado por: Q*= CF / (p - cv) Onde : Q* CF pcv - Ponto de Equilíbrio Custo fixo total Preço de venda Custo variável unitário 80 VII.7. RENTABILIDADE DO EMPREENDIMENTO E DO ACIONISTA A taxa interna de retorno do empreendimento considera o capital total investido no projeto, como se fosse utilizado apenas capital próprio, ou seja, obtêm-se a rentabilidade total do investimento. Por outro lado pode-se também calcular a rentabilidade do acionista ou do capital próprio investido. A rentabilidade do acionista é calculada considerando as prestações como saídas de caixa onde elas efetivamente ocorrem, não se esquecendo que a parcela de juros é dedutível para fins de Imposto de Renda enquanto a amortização não o é. Neste caso utiliza-se, para o cálculo da TIR do acionista, o investimento efetuado pelos proprietários. Se a rentabilidade do empreendimento for maior que a taxa de juros do financiamento, ocorrerá o efeito da Alavancagem financeira positiva fazendo com que a rentabilidade do acionista seja maior que a rentabilidade do projeto como um todo. VII.8. APLICAÇÃO Determine as taxas internas de retorno do empreendimento e do acionista de um projeto de uma fábrica de cimento que apresenta as seguintes características: - Produção anual: 400 ton./ano - Preço: $ 10.000/ton. - Custo variável de produção: $ 4.000/ton. - Custo fixo de produção: $ 300.000/ano - Despesas gerais variáveis: $ 1.500/ton. - Despesas gerais fixas: $ 200.000/ano - Investimento fixo: $ 2.000.000 - Capital de giro: $ 200.000 - Taxa de depreciação: 10% - Parcela de investimento financiada: 50% 81 - Taxa de juros do financiamento: 10% a.a. - Amortização: em 7 anos pelo sistema SAC ( com dois anos de carência) - Valor residual do investimento fixo: $ 200.000 - Vida útil do projeto : 10 anos - Produção no primeiro ano: 70% da capacidade normal 82 Quadro do Fluxo Financeiro do Empreendimento Em $ 1.000 Descrição Receita Bruta (-) Impostos Prop. Receita Líquida Custo Var. Prod. Custo Fixo Prod. Lucro Bruto Desp. Ger. Var. Desp. Ger. Fixas Depreciação Despesas Finan. Lucro Antes IR IR/Contrib. Social Lucro Líq. Após IR (+) Depreciação (-) Amortização (-) Investimentos (+)Liber. Financiam. (+) Valor Residual Fluxo de Caixa Empr. 0 1 2.800 2 4.000 3 4.000 4 4.000 5 4.000 6 4.000 7 4.000 8 4.000 9 4.000 10 4.000 2.800 1.120 300 1.380 420 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 560 196 364 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 915 400 1.245 -2.200 -2.200 564 915 915 915 915 915 Taxa Interna de Retorno do Empreendimento = 915 915 35,68% Quadro do Fluxo Financeiro do Acionista Em $ 1.000 Descrição Receita Bruta (-) Impostos Prop. Receita Líquida Custo Var. Prod. Custo Fixo Prod. Lucro Bruto Desp. Ger. Var. Desp. Ger. Fixas Depreciação Despesas Finan. Lucro Antes IR IR/Contrib. Social Lucro Líq. Após IR (+) Depreciação (-) Amortização (-) Investimentos (+)Liber. Financiam. (+) Valor Residual Fluxo de Caixa Acion. 0 1 2.800 2 4.000 3 4.000 4 4.000 5 4.000 6 4.000 7 4.000 8 4.000 9 4.000 10 4.000 2.800 1.120 300 1.380 420 200 200 110 450 157,5 293 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 110 990 346,5 644 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 110 990 346,5 644 200 220 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 88 1.012 354,2 658 200 220 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 66 1.034 361,9 672 200 220 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 44 1.056 369,6 686 200 220 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 22 1.078 377,3 701 200 220 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 4.000 1.600 300 2.100 600 200 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 1.100 385 715 200 915 400 1.245 -2.200 1.100 -1.100 493 844 624 638 652 Taxa Interna de Retorno do Acionista = 666 681 915 57,90% 84 VII.9. EXERCÍCIO PROPOSTO Em um estudo de implantação de um projeto industrial, chegou-se aos seguintes dados: 1) Do estudo de mercado: - Tipos de produto : AeB - Preços Unitários : A: $ 20 B: $ 25 2) Da engenharia: - Valor do terreno : doado - Área de construção : 450 m2 - Custo do m2 da construção industrial: $ 800 - Valor dos equipamentos e utensílios: $ 340.000 3) Tamanho: - Produção anual: A: 10 mil unidades B: 10 mil unidades 4) Custos: - Matérias primas e mat. secundários: $ 6 mil/mês - Energia Elétrica: $ 2 mil/mês - Combustíveis: $ 1 mil/mês - Fretes: $ 300/mês - Água industrial: $ 1 mil/mês - Embalagem: $ 1,5 mil/mês - Mão-de-Obra (considerar totalmente fixa): $ 1,5 mil/mês - Encargos sobre Mão-de-Obra: 80 % - Taxa de Seguro: 0,6 % por ano sobre equipamentos e construção civil - Taxa de manutenção: 0,5 % a.a. para construção civil 2,0 % a.a. para equipamentos - Taxa de IPI : 10 % para o prod. A Produto B isento - PIS/FINSOCIAL: 2 % da receita de vendas (sem considerar o IPI) - ICMS : 18 % sobre a diferença entre receita (sem IPI) e matérias primas - Despesas com comissão de vendedores 2% da Receita (Sem IPI) - Despesas administrativas: $ 2 mil/mês - Considerar 2 % de eventuais para cada subgrupo 5) Financiamento: - Parcela do investimento fixo financiado: 60 % - Taxa de juros: 8 % a.a. - Sistema de amortização: Em 10 anos pelo SAC (incluindo 2 anos de carência) 6) Outros dados: - Valor residual do investimento fixo: - Vida útil do projeto: - Depreciação: - Primeiro ano de atividade: - Segundo ano : - Terceiro ano em diante: 10 % do investimento 10 anos 4% para construções civis 10 % para equipamentos 70 % da capacidade 90 % da capacidade Capacidade normal 7) Subsídios para a determinação do capital de giro: NECESSIDADES: a) Disponibilidades: 10 dias de faturamento (sem IPI) b) Estoques: Matérias Primas: 7 dias do custo de matérias primas. Produtos em elaboração: 2 dias sobre a média entre o custo de produção e o custo de matérias primas Produtos acabados: 3 dias do custo de produção Peças e materiais de reposição: 15 dias do custo de manutenção c) Financiamento das vendas: 30 dias (prazo médio de recebimento) calculados sobre o custo global. (Supondo que toda venda seja financiada) 86 COBERTURA a) Crédito de fornecedores : Matérias-primas e materiais secundários: 30 dias do custo de matérias-primas; Peças e materiais de reposição: 30 dias do custo de manutenção; b) Outras fontes: 30 dias sobre ICMS e PIS/FINSOCIAL DETERMINE A VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA DO PROJETO !!! 87 Quadro do Fluxo Financeiro do Empreendimento Em $ 1.000 Descrição Receita Bruta (-) Impostos Prop. Receita Líquida Custo Var. Prod. Custo Fixo Prod. Lucro Bruto Desp. Ger. Var. Desp. Ger. Fixas Depreciação Despesas Finan. Lucro Antes IR IR/Contrib. Social Lucro Líq. Após IR (+) Depreciação (-) Amortização (-) Investimentos (+)Liber. Financiam. (+) Valor Residual Fluxo de Caixa Empr. 0 1 2 3 4 5 6 Taxa Interna de Retorno do Empreendimento = 7 8 9 10 Quadro do Fluxo Financeiro do Acionista Em $ 1.000 Descrição Receita Bruta (-) Impostos Prop. Receita Líquida Custo Var. Prod. Custo Fixo Prod. Lucro Bruto Desp. Ger. Var. Desp. Ger. Fixas Depreciação Despesas Finan. Lucro Antes IR IR/Contrib. Social Lucro Líq. Após IR (+) Depreciação (-) Amortização (-) Investimentos (+)Liber. Financiam. (+) Valor Residual Fluxo de Caixa Acion. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Taxa Interna de Retorno do Acionista = 89 ROTEIRO DE CÁLCULO DE UM PROJETO 1. Programa de vendas DESCRIÇÃO ANO 1 Quantidade Vendida Produto A Produto B Preço Produto A Produto B Receita de Vendas Produto A Produto B Receita (Sem IPI) IPI Produto A Produto B Receita Bruta ANO 2 ANOS 3 a 10 2. Custos Operacionais DESCRIÇÃO ANO 1 ANO 2 ANOS 3 a 10 1. Custo Variável de Produção 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 1.7 Eventuais (2%) Total Parcial 2. Custo Fixo de Produção 2.1 2.2 2.3 2.4 Eventuais Total Parcial CUSTO DE PRODUÇÃO 3. Despesa Geral Variável 3.1 3.2 Eventuais Total Parcial 4. Despesa Geral Fixa 4.1 4.2 Eventuais Total Parcial 5. Impostos Proporcionais 5.1 5.2 5.3 5.4 Eventuais Total Parcial CUSTO GLOBAL 91 3. Capital de giro (a plena produção) DESCRIÇÃO ANO 3 (Projeção) 1. Necessidades 1.1 Caixa 1.2 Financiamento das Vendas 1.3 Estoques Matérias Primas Produtos em Elaboração Produtos Acabados Peças e Materiais de reposição TOTAL DAS NECESSIDADES 2. RECURSOS 2.1 Fornecedores 2.2 ICMS 2.3 PIS / FINSOCIAL 2.4 Capital de Giro Próprio TOTAL DOS RECURSOS 4. Investimentos DESCRIÇÃO VALOR 1. Terrenos 2. Construções 3. Equipamentos 4. Capital de Giro Próprio TOTAL DO INVESTIMENTO 92 5. Depreciação ANO DEPRECIAÇÃO VALOR CONTÁBIL 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 6. Quadro de Financiamento ANO SALDO DEVEDOR AMORTIZAÇÃO JUROS 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 93 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BUARQUE, Cristovam, Avaliação Econômica de Projetos. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1984. 2. CASAROTTO FILHO, Nelson, KOPITTKE, Bruno H., Análise de Investimentos. São Paulo, Editora Atlas, 1996. 3. DE FARO. Clóvis, Matemática Financeira. São Paulo, Editora Atlas, 1982. 4. EHRLICH, Pierre J. Engenharia Econômica. São Paulo, Atlas, 1983. 5. FLEISCHER, Gerald A. Teoria da Aplicação do Capital. São Paulo, Edgard Blucher, 1973. 6. GOUVEIA, Nelson. Contabilidade. 2o ed. São Paulo, McGraw-Hill, 1982. 7. GRANT, Eugene et alli. Principles of Engineering Economy. New York, Ronald Press, 1976. 8. HIRSCHFELD, Henrique. Engenharia Econômica e Análise de Custos. São Paulo, Atlas, 1992. 9. NEVES, César das. Análise de Investimentos. Rio de Janeiro, Zahar Editora, 1982. 10.OLIVEIRA, J.A. Nascimento. Engenharia Econômica: Uma Abordagem às Decisões de Investimento. São Paulo, McGraw-Hill, 1982. 11.PAMPLONA, E.O. Abordagem da Inflação na Análise Econômico - Financeira de Investimentos. Dissertação de mestrado, UFSC, 1984. 12.PAMPLONA, E.O., CAVALCANTI FILHO, A. Engenharia Econômica I. Apostila, 1987. 13.WALTER, Milton A. e BRAGA, Hugo R. Demonstrações Financeiras: um Enfoque Gerencial. São Paulo, Saraiva, 1981 14.WOILER, S. et alli. Projetos. São Paulo, Atlas, 1983. 15.BNDES. Roteiro para obtenção de financiamentos. 1996 94