TEORIA DOS SALÁRIOS EFICIÊNCIA
NOTAS DE AULA
PROF. GIÁCOMO BALBINOTTO NETO
UFRGS/PPGE
Introdução
Objetivo da aula: resumir a literatura que busca
oferecer uma explicação convincente e coerente
de porque as firmas podem achar ser lucrativo
não cortar ou reduzir os salários na presença de
um desemprego voluntário.
Os modelos apresentados tem em comum a
hipóteses de que a produtividade da mão-de-obra
depende dos salário real pago pela firma. Se os
cortes salariais prejudicam a produtividade, então
as reduções salariais acabariam por aumentar os
custos salariais.
2
Introdução
a) Redução do corpo mole
Benefícios do
Salário elevado
sobre a
produtividade
b) Redução da rotatividade da
mão-de-obra
c) Aumento da qualidade
média dos candidatos para as
vagas de emprego [redução na
seleção adversa]
d) Aumento da moral da firma
3
Modelos alternativos de salário
eficiência
1) nutrition model [modelo de nutrição];
2) shirking model [modelo de corpo mole];
3) labor turnover model [modelo de rotatividade];
4) adverse selection model
adversa];
[modelo de seleção
5) gift exchange model [modelos de reciprocidade].
4
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
Harvey Leibenstein (1963). Economic Backwardness
and Economic Growth (cap.6)
Harvey Leibenstein (1957). The Theory of
Unemployment in Backward Economies. Journal of
Political Economy, 65:91-103, april
John Strauss. Does Better Nutrition Raise Farm Productivity?
Journal of Political Economy, 94: 297-320, april.
Weiss, A . (1990) Efficiency Wages [p.86-97]
Anil Deolalikar (1988). Nutrition and labor Productivity in
Agriculture: estimates for Rural South India. Review of
Economic and Statistics, 70: 406-413.
5
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
A idéia aqui é que os altos salários poderiam
aumentar a produtividade dos trabalhadores na
medida em que estes pudessem, com os salários
mais elevados comprar mais alimentos,
tornando-se mais nutridos e portanto, mais
dispostos e produtivos no trabalho.
6
Nutrition model [Weiss (1990,p.86-87)]
In these models [nutrition models] the productivity of
workers are directly affected by their income. Better
fed workers have more energy and are less likely to
become ill. When firms choose levels of compensation
to pay workers they take into account the direct effect
of compensation on worker productivity. Since these
models are concerned with the direct effect of wages
on labor endowments they have been presented in the
context of labor markets in less developed countries –
labor markets for which differences in income avaliable
for consumption have the strongest effect on nutrition
and wealth.
7
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
No modelo de nutrição, é assumido que ao nível
de salário de subsistência competitivo os
trabalhadores não teriam condições de obter
condições de nutrição necessárias para manter um
estilo de vida saudável.
Assim, é suposto existir uma relação entre a
nutrição dos trabalhadores e sua produtividade no
mercado de trabalho. Se as firmas pagassem
salários competitivos elas iriam atrair somente
uma força de trabalho composta de trabalhadores
subnutridos que não seriam muito produtivos
para os padrões exigidos pelas firmas.
8
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
Como resultados do pagamento de salários
superiores ao nível de subsistência, é possível a
firma melhorar sua produtividade e os lucros,
Além disso, visto que quando estão mais e
melhor alimentados, eles ficam menos doentes,
implicando numa redução do absenteísmo.
9
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
Segundo Weiss (1990,p.87) – uma das principais
maneiras pelas quais o pacote de consumo de
um trabalhador pode afetar os lucros de uma
firma é através das doenças. Um trabalhador
doente pode estragar o equipamento, produzir
produtos defeituosos que deverão ser reparados
no futuro, ou no caso de doenças contagiosas
ele podem procurar e contaminar outros
trabalhadores que irão contrair a doença.
10
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
Uma firma num país em desenvolvimento pode
decidir pagar um salários acima do nível de
equilíbrio e manter uma força de trabalho em
boas condições de saúde e assim aumentar a
produtividade.
O salário no qual os custos marginais de
aumentar os salários igualam os ganhos
marginais de produtividade dos trabalhadores
das firmas é o que nós chamamos de salárioeficiência.
11
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
A fim de tornar o efeito de nutrição
efetivo, geralmente as firmas pagam este
salário em espécie – em cestas de
alimentos ou numa cesta básica].
12
Modelos alternativos de salário
eficiência – nutrition model
Strauss (1988) encontrou evidências para
Serra Leoa de que um aumento de 10% nas
calorias ingeridas entre agricultores levou a um
aumento de cerca de 3,4 pontos percentuais na
produtividade agrícola.
13
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
J. Stiglitz & C. Shapiro
No modelo de S&S (1984), o
mecanismo de incentivo é
baseado somente no risco e
no custo de ficar
desempregado.
14
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
Esta teoria afirma que as empresas não podem
monitorar seus empregado perfeitamente e são
os próprios trabalhadores que decidem o quanto
se emprenhar para executar uma determinada
tarefa.
15
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
Os trabalhadores podem trabalhar duro ou fazer
corpo mole e correr o risco de serem demitidos. Este
é um claro exemplo de moral hazard, isto é, a
tendência de os indivíduos se comportarem de
modo inapropriado quando seu comportamento não
for monitorado ou quando for dispendioso e/ou
impraticável fazer isto. A firma não incentiva tal
comportamento pagando altos salários. Fazendo
isto, as empresas induzem mais trabalhadores a
não fazer corpo mole e assim aumentar a
produtividade.
16
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
No modelo de shirking [corpo mole] é
assumido que os trabalhadores têm algum
grau de discrição com relação ao seu
desempenho.
Assumindo que existem elevados custos de
monitorização e medição do desempenho, o
pagamento salarial em excesso ao do equilíbrio
de mercado pode ser um meio efetivo das firmas
proverem incentivos aos trabalhadores para
trabalhar duro ao invés de fazer corpo mole
[shirking].
17
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
a) Custos de monitorização
elevados
Moral hazard
b) Medição imprecisa do
produto
18
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
Os modelos de shirking assumem que definindo o
salário real acima do nível vigente no mercado a
firma dá ao trabalhador um incentivo para que ele
não faça corpo mole no serviço, pois se ele o fizer e
for pego fazendo-o, ele poderá ser demitido, e ele
sabe que é difícil encontrar uma nova vaga com um
salário tão alto como o que está ganhando na firma
atual.
19
Modelos alternativos de salário
eficiência – shirking model
Assim, se os custos de monitoração do
desempenho no trabalho forem
imperfeitos e implicarem em elevados
custos, a estratégia de pagar salários
elevados pode ser lucrativa para a firma.
20
Modelos alternativos de salário
eficiência – labor turnover model
Steven Salop (1979)
J. Stiglitz (1974)
21
Modelos alternativos de salário
eficiência – labor turnover model
Os modelos de custo da rotatividade assumem
que ao pagar um salário acima do nível de
equilíbrio de mercado as firmas podem reduzir
as taxas de abandono de emprego [quit rates] e
assim, os custos de treinamento, recrutamento e
seleção.
O salários mais elevados permitem, também,
que elas desenvolvam um contingente de mãode-obra mais experiente e, portanto, mais
produtivo.
22
Modelos alternativos de salário
eficiência – labor turnover model
A redução da rotatividade pode gerar um
aumento na produtividade média dos
trabalhadores, visto que há um aumento na
proporção de trabalhadores experientes,
relativamente aqueles que estão sendo treinados
e ainda estão aprendendo fazendo [learning by
doing].
23
Modelos alternativos de salário
eficiência – adverse selection model
Andrew Weiss (1980), JPE
Andrew Weiss (1990, p. 42- 54), Efficiency
Wages
24
Modelos alternativos de salário
eficiência – adverse selection model
No modelo de seleção adversa, desenvolvido por
Weiss (1980), o salário pago pela empresa é
assumido afetar a qualidade dos trabalhadores que
ela poder contratar num contexto de assimetria de
informação.
Os salários médios mais elevados pagos pelas
empresas tendem a atrair trabalhadores com maior
produtividade. Assim, em média, ela irá contratar
trabalhadores mais produtivos, reduzindo o
problema de seleção adversa no mercado de
trabalho.
25
Modelos alternativos de salário
eficiência – adverse selection model
Neste modelo, se a empresa reduzir os salários
de seus trabalhadores ela irá provocar uma saída
dos melhores trabalhadores, na medida em que
eles tenham melhores opções no mercado de
trabalho.
A idéia básica de Weiss (1980) é que quanto
mais alto for o salário pago pela firma, maior
será a qualidade média da força de trabalho da
firma. E quanto maior a qualidade média, maior
a produtividade e maiores seriam os lucros da
firma.
26
Modelos alternativos de salário
eficiência – labor turnover model
Aqui é assumido que as firmas podem mitigar o
problema de seleção adversa na contratação de
trabalhadores criando mecanismos de autoseleção ou de screening que induzem os
trabalhadores a revelar suas verdadeiras
características a firma.
27
Modelos alternativos de salário
eficiência – gift exchange model
Robert Solow (1980)
George Akerlof (1982)
Janet Yellen (1985)
28
Modelos alternativos de salário
eficiência – gift exchange model
Aqui é assumido que o esforço de cada
trabalhador depende das normas de trabalho do
grupo.
No modelo de Akerlof (1982) a firma pode ter
sucesso aumentando as normas de trabalho do
grupo e o esforço médio pagando os
trabalhadores um presente em termos de
salários em excesso ao mínimo requerido em
retorno do seu presente do esforço acima do
mínimo requerido.
29
Modelos alternativos de salário
eficiência – gift exchange model
Os modelos sociológicos explicam fenômenos
que parecem ser inexplicáveis em termos
neoclássicos tais como:
(i) porque as firmas não despedem os
trabalhadores que se tornam menos produtivos;
(ii) por que os evitam pagamentos por peças
quando eles são factíveis;
(iii) por que as firmas fixam um conjunto de
normas padrão que são excedidas pela maioria
dos trabalhadores.
30
Ponto em comum dos modelos de
salário eficiência
Existem, como vimos, diversas variantes dos
modelos de salário-eficiência. O elemento
comum a todas elas é a idéia de que a qualidade
da força de trabalho empregada pela firma
dependa dos salários pagos pela firma de modo
que a redução nos salários implicará uma
redução na qualidade da força de trabalho e irá
reduzir os lucros da firma se eles forem
reduzidos.
31
Ponto em comum dos modelos de
salário eficiência
Portanto, os empregadores tem uma forte razão
para não reduzir os salários, mesmo que isto fosse
possível. Deste modo, temos que, segundo as
diversas teorias de salário-eficiência, os salários
podem não se reduzir para equilibrar o mercado de
trabalho.
32
Ponto em comum dos modelos de
salário eficiência
A falha dos salários reais em equilibrar o mercado
de trabalho não é um resultado de qualquer
rigidez imposta pelos sindicatos ou pela imposição
de um salário mínimo e nem resultado da
ineficiência da demanda agregada do tipo
keynesiano. Ela é simplesmente o resultado de um
comportamento otimizador dos empresários num
contexto de assimetria de informação.
33
A determinação dos salários eficiência
quando os salários afetam a produtividade
As firmas sabem que o nível de esforço do
trabalhador ou sua produtividade depende da
taxa salarial porque a relação entre salários
elevados e maior esforço é conhecida. Nós
podemos resumir esta relação de salário em
termos de função de esforço como:
F = F (w) onde
F’w > 0
34
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(i) existe um grande número de firmas, todas
idênticas e competitivas no mercado. O número
de firmas neste mercado competitivo é dado por
N;
35
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(ii) a firma representativa busca maximizar seus lucros
reais que são dados por pela equação (1):
(1)
 = Y – wL
onde:
 = lucro;
Y = produto da firma
w = taxa de salário real;
L = montante de trabalhadores contratados;
p = 1 [por hipótese – simplificação da notação]
36
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(iii) o produto da firma (Y) depende tanto do número de
trabalhadores contratados que ele emprega como do
esforço que eles exercem, assim, temos que:
(2) Y = F (eL)
F’() > 0 e F” () < 0
e = esforço do trabalhador.
O pressuposto fundamental dos modelos de salário
eficiência é que o esforço depende positivamente dos
salários que as firmas pagam a eles.
37
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(iv) o salário [w] é assumido ser o único
determinante do nível de esforço do trabalhador
[cf. Solow , 1979], assim, temos que:
(3)
e=(w) e’ > 0
(v) Há Lm trabalhadores idênticos, cada um
deles ofertando uma unidade de trabalho
inelasticamente;
38
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(vi) o problema enfrentado pela firma
representativa é o de maximizar seu lucro
líquido:
(4) Max F [e(w) L – wL]
L, w
-se há trabalhadores desempregados, a firma
pode escolher o salário livremente;
- se a taxa de desemprego é nula, a firma deve
pagar, no mínimo, o salário pago por outras
firmas;
39
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Quando a firma não sofre restrições, as condições de
1ordem para Le e w são dadas por:
(5)
F’{[e(w)L]e(w)} – w = 0
(6)
F’ {[e(w)L e’(w)} – L = 0
Nós podemos reescrever (5) como:
(7)
F’ [e(w)L] = [ w / e(w)]
40
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(7)
F’ [e(w)L] = [ w / e(w)]
A equação (7) nos diz que a firma contrata
trabalhadores até o ponto em que o produto
marginal do trabalho efetivo seja igual ao seus
custos efetivos [em termos de salário e esforço].
41
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Substituindo (7) em (6) e dividindo o resultado
por L, obtemos (8):
[w/e(w)]L e’(w) – L = 0
[w/e(w)] e’(w) – 1 = 0
(8)
{[we’(w)] / e(w)} = 1
42
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Quando a elasticidade do esforço [e] com respeito
a [w] é igual a 1, temos que uma mudança
marginal em w não têm efeito nesta razão.
O salário (w) que satisfaz (8) é conhecido
como salário-eficiência.
As equações (7) e (8) descrevem o
comportamento de uma única firma
representativa.
43
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
O salário-eficiência é o salário no qual um
aumento de um ponto percentual no salário
aumenta o produto em exatamente um ponto
percentual. Em outras palavras, o salário
eficiência é o salário no qual a elasticidade do
produto com respeito ao salário é exatamente
igual a 1.
Uma firma maximizadora de lucros irá fixar este
salário independentemente do valor do salário
competitivo determinado fora da firma.
44
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Visto que Wse > Wm, a firma faz face a uma
excesso de oferta de trabalho – formam-se filas
para trabalhar nela.
45
Esforço do trabalhador como uma
função do seu salário
46
Razão do esforço com relação ao
salário real
47
Determinação do salário eficiência
48
A determinação gráfica do salário
eficiência
45
e
e(w) – curva de produto
total
A firma deve escolher w* de modo a
obter ou atingir o raio mais alto possível.
Isto ocorre onde e(w) é tangente a um
dos raios – isto –e – onde a elasticidade
do esforço com respeito ao salário [w], é
iguala a 1.
0
w*
w
49
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
Sejam W* e L* os valores de w e L que
satisfaçam (7) e (8). Visto que as firmas são
idênticas, cada firma escolherá os mesmos
valores de w e L. A demanda total de mão-deobra será, portanto, igual a NL*.
50
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
Se a oferta de trabalho Lm excede este
montante,as firmas não estão restringidas na
escolha de W. neste caso w*, o emprego é
NL*. há um desemprego de L – NL*.
Se NL* > Lm as firmas estão restringidas e
não há desemprego.
51
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
(i) suponham que os salários afetam o esforço
dos trabalhadores porque as firmas não podem
monitorar os trabalhadores de modo perfeito e
os trabalhadores estão preocupados com a
possibilidade de perder seus empregos se as
firmas os pegam fazendo corpo mole [shirking].
Em tal situação, o custo para um trabalhador
ser despedido depende não somente do salário
que o emprego paga, mas também de quão fácil
é obter outros empregos e sobre os salários que
outros empregos pagam.
52
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
Portanto, , os trabalhadores irão exercer maior
esforço a um dado nível de salários quando o
desemprego for elevado e um menor esforço
quando o desemprego for baixo, isto é:
onde:
e = e[w, wa, u]
e’w > 0 ; e’wa < 0 ; e’u> 0
w = salário pago pela firma;
wa = salário pago pelas outras firmas;
u = taxa de desemprego
53
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
(ii) cada firma é pequena com relação a
economia e portanto, a firma toma wa [salários
das outras firmas] e u [taxa de desemprego]
como dados;
54
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
(iii) o problema da firma representativa é o
mesmo de antes, exceto que wa e u agora
afetam a função esforço [e] do trabalhador.
Assim, temos que:
(10) F’ [e(w, wa, u)L] = [w/e(w, wa, u)]
(11) [we’(w, wa, u)/e(w, wa, u)] = 1
55
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
- se w* e L* são os valores de w e L que
satisfazem, simultaneamente, as equações (10)
e (11) com w= wa, temos que:
- se NL* < Lm, o salário é w* e há desemprego
de (Lm – NL*) trabalhadores;
- se NL* > Lm, o salário é disputado e o
mercado de trabalho se equilibra;
56
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer (1996, p.441-461)]
Assumindo que e () seja uma função bem
comportada e que há um único w* ótimo para
um dado wa e u, temos que o equilíbrio requer
que w=wa, pois caso contrário cada firma deseja
pagar um salário diferente do salário
prevalecente.
57
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Exemplo de um caso de salário-eficiência: o
esforço é dado por:

[w -x/ x]
(12) e =
0
se w > 
- caso contrário
58
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
(13)
x = (1- b)wa
x = medida das condições do mercado de trabalho;
se b = 1 - temos que x é o salário pago em outras firmas
multiplicado pela fração dos trabalhadores que estão
empregados.
se b < 1 – os trabalhadores colocam ou tem menos
empenho ou não ligam para o desemprego. Isto ocorre se
houver um seguro-desemprego, por exemplo;
se b> 1 - os trabalhadores dão muita importância ao
desemprego porque a perda do emprego pode aumentar as
chances de ficar desempregado por um longo período ou
porque os trabalhadores são avessos ao risco.
59
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
A eq. (12) nos diz que se w > x , o esforço
aumenta menos do que proporcionalmente com
w - x.
Diferenciando-se (12) com relação a e, temos
que esta forma funcional tem uma elasticidade
do esforço com relação ao salário igual a 1, isto
é:

-1
(14)  {w/[w - x] } (w - x)
(1/ x) = 1
60
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Simplificando (14), assumindo que:
(15) w = [x/1- ] =
= (1- bu/1- ) wa
Para pequenos valores de  temos que:
(1/1- ) = 1+ 
Quando  é pequeno, a firma oferece um prêmio que
é uma fração de  sobre o índice de oportunidade de
mercado x.
61
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
O equilíbrio requer que a firma representativa deseje
pagar o salário prevalecente ou w =wa. Impondo esta
condição, temos que:
(1- ) wa = (1-bu)wa
para esta condição ser satisfeita, temos que:
(17)
u = /b
u = UEQ
62
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Subsitutuindo-se (17) e w = wa na função de
esforço, temos que o nível de esforço de
equilíbrio [e*] será dado por:

e*EQ = {[wa – (1-buEQ)wa] / (1- buEQ)wa]

e*EQ = [ / (1- )]
63
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
O salário de equilíbrio é determinado pela
condição de que o produto marginal do trabalho
efetivo se iguale aos seus custos, isto é:
F’ (eL) = (w/e)
ou
w = e F’(eL)
64
O modelo formal de salário-eficiência
[David Romer, 1996, p.441-461]
Visto que o emprego total é dado por
(1-wEQ)Lm/N, temos que em equilíbrio cada
firma deve contratar [(1-wEQ)Lm/N]
trabalhadores. Portanto,
wEQ = eEQ F’ [eEQ (1- wEQ)Lm/N]
65
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
A fonte de salários-eficiência que provavelmente
mais recebeu atenção foi a possibilidade de
monitoramento limitado dos trabalhadores e
firmas como modelado por Shapiro & Stiglitz
(1984).
66
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(i) a economia consiste de um grande número
de trabalhadores Lm e de um grande número de
firmas N;
(ii) os trabalhadores maximizam suas utilidades
esperadas descontadas e as firmas seus lucros
esperados;
67
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(iii) a utilidade do trabalhador representativo
durante sua vida é dada por:
U=


t=0


e
u(t) dt
>0
Função utilidade
ao longo do ciclo
da vida
= taxa de desconto intertemporal;
u (t) = utilidade instantânea no tempo
68
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
A utilidade instantânea é dada por:
u(t) =
w(t) – e(t) se empregado
0
se desempregado
69
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(iv) há somente duas possibilidades de esforço:
esforço baixo - e = 0
esforço alto e=ê
70
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Assim, em qualquer momento de sua vida como
trabalhador, ele deve estar em um dos três
estados possíveis:
1) empregado e exercendo um grande esforço
[E];
2) empregado e não excercendo um esforço
[fazendo corpo mole][S]
3) desempregado [U].
71
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Um elemento chave do modelo é a
pressuposição referente à transição dos
trabalhadores entre os três estados possíveis:
() há uma taxa exógena a qual os empregos
terminam,
(24)
-b(t-to)
P(t) = e
b >0
72
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
A eq. (24) implica que:
- b
P(t+)/P(t) = e
e é independente de t: se um trabalhador está empregado
num determinado período, a probabilidade de que ele
ainda esteja empregado
-b
no período  é de e
independentemente de que longo
o trabalhador já esteja empregado.
73
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
A eq. (24) pode ser vista como um processo de
Poisson quando os eventos são independentes e
o processo é estacionário;
x
P (X/) =  e
-
/x!
74
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(v) é assumido que a transição do trabalhador
entre os estados é que a detecção dos
trabalhadores pelas firmas é também um
processo de Poisson que ocorre com uma
probabilidade q por unidade de tempo;
75
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(vi) q [a taxa de detecção dos trabalhadores
fazendo corpo mole] é independente da quebra
das relações de emprego;os trabalhadores que
são pegos fazendo corpo mole são
sumariamente demitidos. Portanto, se um
trabalhador está empregado, mas fazendo corpo
mole, a probabilidade de que ele ainda esteja
trabalhando na firma no período  é dada por:
e
q
= e
-b
76
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(vii) outro pressuposto assumindo no modelo
referente a transição do trabalhador entre os
estados é que a detecção dos trabalhadores
pelas firmas é também um processo de Poisson.
Especificamente, a detecção de corpo mole
pelas empresas ocorre segundo uma
probabilidade [q] por unidade de tempo;
77
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
[q] - a probabilidade de detecção do
trabalhador de fazer corpo mole é assumida ser
independente da quebra das relações de
emprego. Sendo que quando os trabalhadores
são pegos fazendo corpo mole são
sumariamente demitidos. Portanto, se um
trabalhador está empregado , mas fazendo
corpo mole, a probabilidade de que ele ainda
esteja empregado no período  é igual a
e
q
vezes
e
-b
78
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(viii) um trabalhador desempregado encontra
um emprego a uma taxa [a] por unidade de
tempo; cada trabalhador toma [a] como um
dado;
- na economia como um todo [a] é determinada
endogenamente. Quando as firmas desejam
contratar trabalhadores, eles escolhem os
trabalhadores aleatoriamente na “piscina do
desemprego”. Portanto, [a] é determinada pela
taxa pela qual as firmas estão contratando e o
número de trabalhadores desempregados
79
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(ix) a taxa de lucro da firma em t é dada por:
 (t) = F [ê L(t)] – {w(t) [L(t) + s(t)]}
receita
custos
L= número de trabalhadores que estão exercendo um
esforço
S = número de trabalhadores que estão fazendo
corpo mole
80
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
O problema que a firma faz face é o de escolher
e fixar um nível salarial [w*] o qual seja
suficientemente elevado, de modo a induzir que
seus trabalhadores, não façam corpo mole e
escolher L.
A decisão de não fazer corpo mole deve ser
ótima também para os empregados, mesmo
existindo o problema de moral hazard devido
aos elevados custos de monitoração.
81
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(x) ê F’ (êLm/N) > ê
ou
F’ (êL/N) > 1
Esta condição nos diz que se a firma contrata
[1/N] da força de trabalho, o produto marginal da
mão-de-obra excede o custo de exceder o
esforço.
Assim, na ausência de custos de monitorização
[ausência de informação assimétrica] haveria
pleno emprego.
82
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
(xi) Assuma que:
Vi = valor de se estar no estado i [ i= E, S, U]
a
E
S
U
83
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Vi é o valor presente esperado da utilidade
esperada ao longo da vida no momento t
de um trabalhador que está no estado i;
Visto que as transações entre os estados são
processos de Poisson, os Vi’ não dependem de
quanto tempo os trabalhadores estão no estado
corrente ou de sua história passada [não existe
aqui o fenômeno da histerese]. Além disso,
como o objetivo aqui é estudar os equilíbrio,
assumimos que os Vi’ são constantes ao longo
do tempo;
84
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Utilizando a programação dinâmica, nós
podemos resumir o que ocorre no final do
intervalo.
VE (t) e Vu (t) são valores do emprego e do
desemprego no inicio do intervalo de tempo.
Por hipótese é assumido que:
t
0

VE (t)
VE
85
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Se um trabalhador está empregado num
emprego pagando um salário w, temos que VE
é dado pela eq. (26) abaixo:
O primeiro termo reflete a utilidade durante o
intervalo [0, t]. Se o trabalhador está empregado,
seu fluxo de utilidade é dado por w-e. O segundo
termo reflete a utilidade depois de t.
86
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Computando-se a integral da eq. (26),
obtemos a eq. (27):
87
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Resolvendo-se a eq. (27) para VE (t)
obtemos a eq. (28)
88
O modelo de Shapiro-Stiglitz (1984) de
salário-eficiência [monitoramento limitado]
Pressupostos do modelo
Aplicando a Regra de L’Hôpital [cf. Chiang. P. 366
e 450] a eq. (28), obtemos a eq. (29):
(29)
VE = (1/  +b) [(w –ê) + bVu]
Regra de L’Hôpital : esta regra
relaciona-se com o cálculo do limite
de uma função f(x) {m(x)/ n(x)]
quando x tende a [a],
89
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
A firma deve pagar o suficiente para que VE  VS;
pois caso contrário seus trabalhadores não
exercerão nenhum esforço e não irão produzir
nada.
Ao mesmo tempo, visto que o esforço não pode
exceder em, não há necessidade de pagar
qualquer excesso sobre o mínimo necessário para
induzir ao esforço.
90
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
A firma escolhe w [taxa de salário] de modo que
VS =VE, isto implica então que:
(34) (w-em)–b (VE – Vu) = w–(b+q) (VE– Vu)
ou
(35) (VE – Vu) = ê/q
A firma fixa um salário elevado, alto o necessário
a fim de que os trabalhadores prefiram estar
empregados do que desempregado.
91
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
(35)
(VE – Vu) = ê/q
Pela eq. (35) vemos que o prêmio que os
trabalhadores recebem devido aos problemas de
monitorização é crescente com relação ao
esforço [ê] e decrescente com relação a
detecção do corpo mole [q].
92
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
Para encontrar o salário que a firma deve fixar
par ao emprego, a firma deve igualar a [ê/q].
Rearanjando a eq. (30) nós obtemos a eq. (36)
para w:
(36)
w = ê + VE + b(VE – Vu)
= ê + Vu + (b + )(VE – Vu)
= ê + (a +b+ )(VE – Vu)
93
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
Para (VE – Vu) igualar a [em/q], o salário
deve ser igual a:
Taxa de desconto
(37) w = ê + (a +b + ) (ê/q)
Custo do esforço
Facilidade de encontrar
uma vaga no MT
Probabilidade de detecção
de corpo mole
Taxa de separação do
emprego
94
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
(37) w = ê + (a +b + ) (ê/q)
Esta condição nos diz que o salário necessário
para induzir a um esforço é crescente no custo
do esforço [ê], na facilidade com que se
encontra uma vaga no mercado de trabalho [a],
na taxa de separação do emprego [b] e na taxa
de desconto intertemporal [] e decrescente
com a probabilidade de que o corpo mole seja
detectado [q].
95
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition] implicações
(37) w = ê + (a +b + ) (em/q)
A eq. (37) nos mostra que se a firma paga um salário
suficientemente elevado, então os trabalhadores não irão
fazer corpo mole. O salário crítico w é elevado quando:
a) maior for o esforço requerido ê;
b) maior for a utilidade esperada associada com o fato de
estar desempregado;
c) maior for a chance de ser pego fazendo corpo mole (q);
d) maior for a taxa exógena de demissão voluntária [b];
e) quanto maiores forem os benefícios do desemprego.
96
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
Substituindo-se (a) na eq.(37), nós destacamos
o fato de que, visto que a economia está no
estado estacionário, movimentos para fora e
para dentro da “piscina do desemprego” devem
ser iguais, isto é:
U = NLb
E = (Lm – NL)a
(38)
a = [NLb/Lm=NL]
a + b = Lmb/Lm - NL
97
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
E
U
98
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
Substituindo (38) em (37) , obTemos a eq. (39):
(39) w = ê + [ + (Lm/Lm – LN)b] (ê/q)
A eq. (39) é a non-shirking condition.
Ela relaciona a taxa de salário com o nível de emprego
que as firmas devem pagar aos trabalhadores a fim de
que estes não façam corpo mole voluntariamente,
mesmo existindo elevados custos de monitorização e,
portanto, informação assimétrica [moral hazard].
99
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
(39) w = ê + [ + (Lm/Lm – LN)b] (ê/q)
Quanto mais trabalhadores empregados houver,
menor será a piscina do desemprego e maior
será o número de trabalhadores deixando seus
empregos e mais fácil será para os trabalhadores
desempregados encontrar uma vaga.
Assim, o salário necessário para deter o corpo
mole [shirking] é uma função crescente do nível
de emprego.
100
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
Em pleno emprego, os trabalhadores
desempregados irão encontrar uma vaga
instantaneamente, portanto, não há um custo
de ser despedido e nenhum salário pode deter o
corpo mole dos trabalhadores.
O conjunto de pontos no espaço (NL, w) que
satisfaz a condição de NSC é vista abaixo.
101
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
A curva de NSC nos diz que quando a indústria
emprega poucos trabalhadores , ela pode atrair
trabalhadores que não fazem corpo mole a um baixo
salário porque a demissão os leva a um longo e
custoso período de desemprego.
Já se a indústria contrata um grande número de
trabalhadores [ como visto no ponto G], as firmas
devem pagar elevados salários para incentivar e
encorajar os trabalhadores a não fazer corpo mole.
102
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
Assim, temos que a curva NSC nos dá o
número de trabalhadores que a indústria
pode atrair a qualquer salário que não
irão fazer corpo mole.
103
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
A curva de NSC nunca irá tocar a curva
perfeitamente inelástica de oferta de mão-deobra. Se a indústria empregasse todos os
trabalhadores a um determinado salário um
trabalhador que fosse pego fazendo corpo mole e
fosse despedido poderia encontrar um novo
emprego com muita facilidade. Em outras
palavras, não haveria nenhuma penalidade
por fazer corpo mole.
104
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
No modelo de S&S (1984), temos que
algum desemprego é necessário para
manter os trabalhadores na linha
[unemployment as a discipline device].
105
A condição de não corpo mole
[the non-shirking condition]
w
w*
G
NSC – non shirking
condition curve
Q
F
wc
Ld
0
L*
Lm
NL
106
O salário de equilíbrio
com salário-eficiência
O salário de equilíbrio numa indústria é dada
pela interseção da curva NSC [non shirking
condition] e a curva de demanda por mão de
obra da indústria [no ponto Q].
O salário é dado por w* é o salário
eficiência e a indústria irá empregar L*
trabalhadores, sendo que (Lm-L*) ficarão
desempregados.
107
As propriedades do equilíbrio no
modelo com salário eficiência
(i) não há forças de mercado que forcem o
salário-eficiência para baixo em direção ao salário
competitivo wc.
Se as firmas tiverem que pagar menos do que w*,
haveria menos trabalhadores que estaria dispostos
a trabalhar e não fazer corpo mole [shirking]
do que estão sendo demandado pelas firmas
na indústria, e assim, os salários iriam subir.
competitivo [wc] e é estável.
108
As propriedades do equilíbrio no
modelo com salário eficiência
Se o salário fosse maior do que w*,
haveria mais trabalhadores dispostos a
trabalhar e não fazer corpo mole do que
esta sendo demandado e os salários iriam
cair.
Portanto, o salário eficiência na indústria,
w* está acima do salário de equilíbrio
109
As propriedades do equilíbrio no
modelo com salário eficiência
(ii)os trabalhadores empregados não fazem
corpo mole neste mercado de trabalho. O
salário-eficiência w* é o salário que encoraja e
incentiva os L* trabalhadores empregados a
trabalharem duro;
110
As propriedades do equilíbrio no
modelo com salário eficiência
(iii) há um desemprego involuntário de [Lm-L*]
trabalhadores que desejam trabalhar ao salário de
equilíbrio de mercado mas não conseguem
encontrar empregos.
As firmas nesta indústria, contudo, não desejam
contratar aqueles trabalhadores pois isto iria levar
ao pleno emprego e encorajar os trabalhadores [
num contexto de monitoração imperfeita, que leva
a um comportamento de moral hazard] a fazer
corpo mole.
111
Caso #1 – aumento em [q] – aumento na
probabilidade de ser detectado
Segundo S & S (1984,p.439), o tipo de
desemprego que eles buscam caracterizar é
muito diferentes do desemprego de busca (job
search unemployment).
Aqui todos os trabalhadores e firmas são
idênticos. Há informação perfeita sobre a
disponibilidade de empregos.
112
Caso #1 – aumento em [q] – aumento na
probabilidade de ser detectado
Contudo, há um problema de informação
assimétrica: as firmas não são capazes de
monitorar as atividades de seus empregados
sem custos e de modo perfeito. Isto gera um
problema de moral hazard, devido ao
comportamento oportunista dos trabalhadores.
113
Caso #1 – aumento em [q] – aumento na
probabilidade de ser detectado
Um aumento na probabilidade de ser detectado
fazendo corpo mole, desloca a curva de NSC
para baixo e para a direita. Como resultados
temos que:
1) a salário eficiência cai;
2) o desemprego diminui.
114
Caso #1 – aumento em [q] – aumento na
probabilidade de ser detectado
Ld
w
NSCo
NSC1
0
Lm
NL
115
Um aumento no grau de efetividade
do monitoramento da firma
116
Caso #2 – uma queda na demanda de mãode-obra
NSC
w
w*o
w*1
LDo
em
0
LD1
L1
Lo
NL
117
Caso #3 – aumento em no seguro
desemprego
w
Ld
0
L1
Lo
Lm
NL
118
Implicações do modelo de
Shapiro & Stiglitz (1984, p. 434-435)
(i) os benefícios do seguro-desemprego
aumentam a taxa de desemprego de equilíbrio.
No modelo de corpo mole a existência de segurodesemprego reduz as penalidades associadas
com as demissões.
Portanto, para induzir os trabalhadores a não
fazer corpo mole as firmas teriam que pagar um
salário mais elevado. Estes salários mais elevados
reduzem a quantidade demanda por trabalho e
aumentam, assim o desemprego;
119
Implicações do modelo de
Shapiro & Stiglitz (1984)
(ii) o modelo explica porque os salários se
ajustam lentamente face aos choques
agregados. Uma redução na demanda por mãode-obra provoca uma redução salarial e um
elevado nível de desemprego. Contudo, na
transição, a redução salarial irá ler mais lenta;
(iii) o equilíbrio de mercado que emerge do
modelo de S & S (1984) não é Pareto-ótimo,
quando levamos em conta os custos associados
com a monitorização do emprego;
120
Implicações do modelo de
Shapiro & Stiglitz (1984)
(iv) o modelo de S&S (1984) provê predições sobre as
características do mercado de trabalho que tornam a taxa
natural de desemprego relativamente elevada:
a) altas taxas de rotatividade;
b) altos custos de monitorização;
c) altas taxas de desconto intertemporal;
d) possibilidade de trabalhadores variarem seus níveis de
esforço;
e) sistemas de seguro-desemprego generosos;
121
Implicações do modelo de
Shapiro & Stiglitz (1984)
(v) o modelo mostra como a estrutura de
informação das relações de trabalho, e em especial
a incapacidade dos empregadores de monitorar os
esforços de trabalho a um baixo custo pode explicar
o desemprego involuntário, sendo este um
fenômeno de equilíbrio.
Uma das principais contribuições do artigo foi
demonstrar que a punição associada com a
demissão é endógena, dependendo da taxa de
desemprego de equilíbrio.
122
Algumas evidências
Yellen (1984), ERA
Raff & Summers (1987). Did Henry Ford Pay
Efficency Wages?, JLE
Krueger (1991), QJE
Groshen & Krueger (1991), ILRR
CAPELLI & Chauvin (1991), QJE
123
Algumas evidências:
Alan Krueger (1991)
Krueger (1991) encontrou evidências de que os
salários eficiência são utilizados com mais
freqüência quando os incentivos baseados na
produção são fracos e supervisão é difícil.
Ele constatou que os restaurantes do tipo fastfood de propriedade da empresa de nível nacional
pagavam seus gerentes assistentes e de turno
(9% a mais do que os estabelecimentos de
propriedade local, cujo o proprietário-gerente tem
um grande interesse em acompanhar de perto as
operações diárias).
124
Algumas Evidências:
[Capelli & Chauvin(1991)]
Capelli & Chauvin (1991) constataram que
salários mais elevados pagos a certos
funcionários estão associados a taxas mais
baixas de demissões disciplinares.
125
Fim
PROF. GIÁCOMO BALBINOTTO NETO
PPGE/UFRGS
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corpo mole - Programa de Pós-Graduação em Economia