CORTAR OS PULSOS pensamento sistêmico Antes de qualquer coisa afirmo que permaneço com a decisiva proposta de “cortar os pulsos”. Significa que desejo me matar? Não! Posso garantir que não. Apenas quero chamar a atenção para mais um fato, ou seja, acho que posso chamar de “conceito”. Talvez o mais correto seja chamar de “fato conceitual”. Sentir-se no direito de praticar ações duvidosas “atrás da porta” pode ser apenas um fato conceitual. Como assim? Se acontece atrás da porta como posso ter conhecimento e ficar indignada a ponto de desejar “cortar os pulsos? Eu também perguntaria como isso se dá? Calma aí, que fique claro, não estou “retardando”. Tenho tido motivos de sobra para desejar a paralisação do tempo e magicamente viver o sono eterno. Por favor, não leve ao literal. Inspirada como estou tomo emprestado de Pierre Bourdieu o conceito da “ruptura epistemológica” que alude à necessidade de atingir uma fisura que permita ir para além da evidência. O que mais desejo é ir além das evidências. Fato é que vivemos crise dentro da crise. O pacto ético parece rompido. E pensem bem, os animais que deveriam ser defendidos, não só pela “iniciação”, mas pela generosidade pactuada ficam à mercê da grande mentira. Estou sendo compreendida? Se me disserem que não ficarei ainda mais preocupada... Inacreditável. Comigo acontecem coisas estranhas. De repente, sabe qual música está tocando no meu notebook enquanto escrevo? A que eu gostaria de ter composto do começo ao final. “Rebento”, Gilberto Gil. Quando ouvi pela primeira vez foi com a diva Elis Regina num arranjo musical único, maravilhoso... Posso dispor um pedaço da letra: “Rebento, subtantivo abstrato. O ato, a criação, o seu momento. Como uma estrela nova e o seu barato, que só Deus sabe, lá no firmamento. Rebento. Tudo o que nasce é Rebento. Tudo que brota, que vinga, que medra. Rebento raro como flor na terra, rebento farto como trigo ao vento. Outras vezes rebento simplesmente no presente do indicativo. Como as correntes de um cão furioso, ou as mãos de um lavrador ativo, e às vezes mesmo perigosamente como acidente em forno radioativo. Às vezes, só porque fico nervosa, rebento, às vezes, somente porque estou viva! Rebento, a reação imediata a cada sensação de abatimento. Rebento, o coração dizendo: Bata! A cada bofetão do sofrimento. Rebento, esse trovão dentro da mata e a imensidão do som nesse momento.” Acabei dispondo a letra inteira. Desculpa. É que me sinto extasiada e repleta quando leio, ouço e sinto a poesia “rebentada” pelo Gil. Num momento como este não tenho vontade alguma de “cortar os pulsos”. É uma delícia viver... Porém, basta remeter ao fato que me tirou a calma recentemente e a minha irritabilidade parece sufocar. É que o “fato conceitual” que me referi a pouco trata de falsidade ideológica. Isso parece forte? Também acho. Mas é exatamente do que estou falando. “Um tipo de fraude criminosa que consiste na adulteração de documento público ou particular, com o fito de obter vantagem - para si ou para outrem - ou mesmo para prejudicar terceiro”. Penso que seja grave. Penso ainda ser sórdido enganar e se prevalecer de inocentes crédulos ou mesmo incrédulos que desconheçam a verdadeira identidade da tal praticante. Sim, me refiro a uma criatura do sexo feminino. Já aqueles que a conhecem são coniventes não resta dúvida. Caramba! Tenho dúvidas que haja alguém que a conheça de fato. Mesmo plugada a pessoas com tantos princípios de pureza, estes não se manteriam aliados se soubessem... NADA disso! Melhor se estivesse enganada. Pena não estar... Uma dica. Se Jesus Cristo ainda vivesse moral e fisicamente por aqui, certamente usaria da comunicação mais ampla do planeta, a internet. Teria um site portal, blog, twitter, workut, facebook etc. E bondoso como Ele só reservaria um excelente espaço para a “A Defesa do Direito dos Animais”. Após ter conhecimento de tal “fato conceitual”, postaria nas suas páginas um alerta permanente, iluminado na cor carmim, com a velha e conhecida frase bíblica: “em verdade, em verdade vos digo habita entre vós o Inimigo”. Jesus não a denunciaria, um princípio herdado do Pai, mas tentaria incansavelmente sinalizar a identidade da Criatura. É o que vou fazer. Tentar seguir o exemplo Dele. Não denunciarei, apenas vou sinalizar. Estão se perguntando sobre o “fato conceitual” atrás da porta? Bom saber que permanecem atentos ao texto. Então respondo abertamente sem qualquer pudor. Antes espero lembrá-los que estou apenas sinalizando. Vamos lá. Atrás das portas, às escondidas, o que poderá ser pactuado? Disso a Criatura entende. De “business”, negócios inteligentes, acordos de silêncio, $$, identidades camufladas, mentiras... Ou não é NADA disso? Seria melhor se não fosse. Alguém se atreve a identificá-la? É para “cortar os pulsos” ou não? Angela Caruso Defensora dos animais Junho de 2010 “... O Abolicionismo foi um discurso de ruptura, mas não por ter reconduzido o escravo à situação de homem...” Cristina N. Silva (Instituto de Filosofia da Linguagem)