18 >> ESSÊNCIA GOIÂNIA, QUARTA-FEIRA, 14 DE DEZEMBRO DE 2011 O HOJE Estresse de fim de ano André Costa Sobrecarga de atividades, falta de planejamento e despesas são sinônimos de exaltação para 25% dos brasileiros ANDRÉ PASSOS té os mercados financeiros ficam estressados no fim do ano. Então, não há motivos para se culpar pelas dores de cabeça, apreensão, ansiedade e nervosismo. São aflições normais nesta época. O nível de estresse aumenta em 75% a 80% das pessoas da segunda semana de novembro até o final de dezembro, de acordo com pesquisa feita por especialistas. O motivo principal é o excesso de atividades, razão pela qual 60% das pessoas ficam estressadas. Gastos adicionais com as festas, amigo secreto, presentes e despesas de início de ano são sinônimos de exaltação para 25% dos brasileiros. Os sintomas podem ser percebidos em mudanças emocionais, físicas e comportamentais, como mostra pesquisa da Internacional Stress Management Association – Brasil (Isma-BR), uma associação internacional dedicada à pesquisa e ao tratamento do estresse e que consultou 678 homens e mulheres economicamente ativos, de 25 a 55 anos. Final do ano é sinal de agitação. É tempo de festa, mas o trabalho fica sobrecarregado, surgem dúvidas sobre escalas de trabalho e folga nos feriados. Somam-se as preocupações com as compras, trânsito congestionado, shoppings lotados, falta de vagas nos estacionamentos e até mesmo uma pseudoobrigação de ficar feliz. Os exames de final de ano, os pais preocupados com os filhos que foram mal na escola. Tudo isso é combustível para a ampliação do estresse. Essa época não chega a ser um tormento para a bióloga Camila Angélica de Lima, 21, mas também nem de longe é a época mais tranquila do ano. “O trabalho sempre fica mais corrido. As cobranças para agilizar as tarefas aumentam e, juntando com outros afazeres, fica bem mais estressante”, diz ela. E o que fazer nas festas de final de ano? Esse também é outro motivo de apreensão e ansiedade, outro sintoma do estresse. “Todos planejam ótimas festas e bons programas para essa época. A dúvida é se dará ou não certo. Isso causa uma sensação de desconforto e apreensão. Me deixa estressada”, explica a bióloga. A psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma-BR, lembra que na vida profissional o acúmulo de tarefas normalmente acontece porque muitos profissionais emendam as festas de final de ano com as férias, tendo que resolver diversos problemas e colocar as tarefas em dia antes de deixar o trabalho, ou mesmo tumultuando a agenda dos que ficam. Camila reclama das cobranças para agilizar as tarefas de fim de ano Prioridades Além disso, o elevado número de atividades nesta época e o não estabelecimento de prioridades também são fatores que elevam consideravelmente os níveis de estresse. “A pessoa tem que ser realista a respeito do que falta a fazer e o tempo que ela ainda tem”, explica Ana Maria, que completa dizendo que é preciso listar as atividades que gostaria de fazer e pensar qual a pior consequência de deixá-las para 2012. “A maior parte não terá nenhuma consequência”, diz ela. A psicóloga Sandra Valéria Nogueira, vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia em Goiás (CRP-GO), ressalta que o final de ano traz em si questões emblemáticas do ponto de vista psicológico. Uma delas é que, culturalmente, as pessoas costumam pesar suas conquistas e fracassos, avaliar seu comportamento e relações no ano que se encerra e fazer projeções para o ano posterior. “Este processo traz uma sobrecarga emocional que envolve tanto aspirações quanto frustrações”, explica ela. Também é o momento em que há certa valorização dos relacionamentos familiares, de amizade e profissionais promovidos nos eventos de confraternização, trocas de mimos e presentes, o que pode aumentar a demanda de decisões, investimento de tempo e recursos, podendo se traduzir em estresse. Sandra lembra que, segundo pesquisas, outros fatores também podem ser destaca- dos como responsáveis por uma elevação do estresse relacionados ao próprio perfil pessoal. Algumas pessoas são mais propensas ao estresse que outras. Quanto menos tolerante a situações de pressão, mais suscetível ao estresse. Outra questão importante pontuada por Sandra é o nível de frustração acerca dos relacionamentos e de si mesmo. “Quanto mais gratificante for a experiência nos relacionamentos e quanto mais segura a pessoa estiver de seu papel, mais prazeroso e menos estressante será vivenciar estes momentos”, avisa. Planejamento Algumas recomendações são importantes para evitar o estresse nestes dias. A primeira é planejar com antecedência as compras e a agenda de compromissos. Este comportamento evitará o contato com fatores que se agravam neste período como filas, trânsito congestionado e gastos não planejados. Os sintomas mais comuns do estresse, ainda segundo Sandra, são dores de cabeça, disfunções gastrointestinais, distúrbios alimentares e do sono, ansiedade e, em situações mais graves, o abuso na ingestão de álcool e outras drogas. Exercícios de respiração e atividade física podem contribuir no combate ao estresse, porém o mais eficaz é a adoção de hábitos saudáveis que promovam qualidade de vida e que tenham efeito durante todo o ano. FUJA DO ESTRESSE Causas l80% nível de estresse aumenta no fim de ano l80% das pessoas ficam sobrecarregadas com responsabilidades adicionais l60% estão estressados pelo excesso de planejamento (no trabalho e na vida pessoal – planejamento orçamentário, planejamento de viagem etc.) l25% ficam estressados por causa dos gastos adicionais com presentes e festas SINTOMAS Emocionais l80% mais apressados/impacientes l75% mais irritados l70% mais ansiosos Físicos l80% mais tensos l38% mais queixas de problemas de sono l26% mais problema de azia ou enjôo Comportamentais l55% mais medicamentos para regular a ansiedade l40% aumento no consumo de comida l20% mais cansados