Consórcio Modular Prof. Dr. Rogério Monteiro Universidade São Judas Tadeu Pós Graduação em Engenharia de Produção 1 Motivações • Diferenciar arranjos industriais diversos • Conhecer práticas para redução de custos • Analisar técnicas de gestão 2 Complexo Automotivo Brasileiro • Transformações no setor automobilístico – Novos investimentos em fábricas montadoras – Novos conceitos de organização da produção e de relação com fornecedores – Estratégias de internacionalização das montadoras e das autopeças • Dentre esses conceitos, tem-se: – Distrito Industrial – Condomínio Industrial – Consórcio Modular 3 Comparação entre o Modelo Tradicional e o Modelo Modular Modelo Tradicional Múltiplas fontes de fornecimento Negociação pelo menor preço possível Contratos de curto prazo Modelo Modular Redução do No. de fornecedores Negociação por preços, de acordo com a duração dos contratos Contratos de longo prazo 4 Distritos Industriais • Correspondem à concentração geográfica de firma envolvidas em processos de fabricação interdependentes • Freqüentemente pertencentes à mesma indústria ou ao mesmo segmento industrial • Apresentam envolvimentos com a comunidade local • Delimitados pela distância de viagem diária dos seus trabalhadores 5 Condomínios Industriais • Caracterizam-se pela presença de alguns fornecedores nas adjacências da instalação de uma montadora. Esses fornecedores passam a fornecer componentes ou subconjuntos completos • A montadora é diretora de todo o projeto, decidindo: – – – – – – – que produtos serão fornecidos que empresas devem fornecer onde elas se localizarão no condomínio como deverão ser realizadas as entregas a freqüência da entrega as especificações técnicas do produto os preços 6 Condomínios Industriais • Exemplos: – Projeto da GM em Gravataí (RS), com 17 fornecedores – Ford (BA) com mais de dez fornecedores – Fábricas Renault e VW/Audi (ambas em São José dos Pinhais - Paraná), onde além da montadora estão plantas de fornecedores de bancos, motores e chassis. – Mercedes Bens do Brasil em Juiz de Fora-MG, com 5 fornecedores diretos • Os Condomínios Industriais proporcionam: – Entrega de sub-conjuntos ou módulos completos em just in time na linha de montagem final dos veículos. 7 Condomínios Industriais • Plataformas tracionadas por trator diesel realizam as movimentações Inter-Plantas Externas • Estas plataformas acomodam três racks que sobem nas mesmas através de rampas sem a utilização de empilhadeiras. • Os racks possuem rodízios, engates e rampas para carga e descarga. Carregam embalagens contendo as peças produzidas pelos fornecedores. • Após chegar na linha de montagem, os racks são engatados em rebocadores elétricos para que as peças sejam distribuídas nos pontos de consumo. 8 Ilustrações AGV Rack Rack 9 Condomínios Industriais • Conceitos associados aos Condomínios industriais: – – – – – – desverticalização concentração no core business fornecimento em subconjuntos just in time externo poder de barganha das montadoras facilidades oferecidas pelos governos locais • A montagem final dos veículos está sob a responsabilidade das montadoras em todos os casos 10 Condomínios Industriais • Os fornecedores: – buscam obter economia de escala – minimizam os riscos através de uma estratégia de “desmembramento”da produção, ou seja, a produção é realizada fora do condomínio • Produtos: Normalmente de elevados custos logísticos – Devido ao volume: • painéis, bancos, tanque de combustível, escapamentos, pára-choques – Devido aos riscos de deterioração: • estampados, bancos, revestimentos, peças pintadas em geral 11 Condomínios Industriais • Outros fatores que interferem na escolha: – prestação de serviços – entregas just in time seqüenciadas. • A proximidade proporciona: – maior freqüência de entregas – menores lotes – menores espaços para estocagem tanto no fornecedor quanto na montadora – maior o giro do capital • Fatores limitantes a essa política: – aumento do tráfego – poluição – custo associado a cada viagem 12 Condomínios Industriais • Vantagens para a montadora: – Entrega seqüenciada: a entrega de um sub-sistema ou componente na ordem correta em que deve entrar na linha de montagem final do veículo, o chamado just in sequence (JIS), – Trata-se de uma radicalização do just in time, sendo uma forte tendência nas montadoras – Proporciona economia de custos associados à armazenagem tanto de estoques iniciais quanto intermediários e de produto final e à embalagem dos componentes 13 Condomínios Industriais • Fatores que viabilizam o just in sequence: – Troca de informações eletrônicas on line (via sistemas de Electronic Data Interchange (EDI) ou via correio eletrônico, (Internet), que permite que a programação final da montadora seja enviada eletronicamente para os fornecedores com apenas algumas horas de antecedência. • bancos fornecidos para a planta da Ford em S. Bernardo do Campo, esse intervalo de tempo é de apenas 90 minutos • bancos para a GM em S. José dos Campos, existe uma programação provável enviada ao fornecedor com três horas de antecedência, e a programação real é enviada 120 minutos antes da entrada do componente na linha. – Proximidade física da unidade do fornecedor em relação à montadora, justamente devido a esse horizonte de tempo restrito. 14 Consórcio Modular • Trata-se de um condomínio industrial “levado ao extremo”. • No consórcio, o fornecedor localiza-se dentro da planta da montadora, e realiza não só a entrega de seu sub-conjunto como também a montagem do produto final • Inaugurada em 1996, a planta da VW em Resende (RJ), para a produção de caminhões e chassis de ônibus opera no sistema de consórcio modular • Sete fornecedores diretos participam do consórcio 15 Consórcio Modular • Porque o Consórcio Modular: – Apenas a adoção do Just in Time não é mais suficiente para a obtenção de vantagens competitivas duradouras. – Constantes pressões para a redução de custos – Necessidade de produção de forma mais eficiente e eficaz – Necessidade de atendimento a novos mercados – Estreitamento nas relações e a distribuição dos canais de comunicação nas cadeias produtivas 16 Consórcio Modular • Visando simplificar a cadeia produtiva e melhorar a sua eficiência, as montadoras automobilísticas têm buscado: – Racionalizar e diminuir a base dos fornecedores diretos (first tier suppliers); – Transferir (outsourcing) atividades que tradicionalmente faziam parte de suas atribuições; – Definir um novo conjunto de necessidades a serem atendidas pelos fornecedores (como global sourcing, fornecimento de sistemas e módulos completos, participação no desenvolvimento de novos produtos, etc.). 17 Consórcio Modular • Unidade de Resende (VW do Brasil) – Total Investido: Aproximadamente US$ 300 milhões – Aproximadamente um terço foi de responsabilidade direta dos fornecedores, caracterizando assim o conceito de co-investimento; – Tanto a operação de montagem quanto as instalações para a montagem seriam responsabilidade do “parceiro” – Os parceiros definiram aspectos como layout do processo de seu módulo, sua rede de fornecedores e logística. – À VW couberam as áreas de engenharia de produto, controle de qualidade distribuição, comercialização e logística do produto final 18 Consórcio Modular • Para a montadora, o Consórcio Modular representa uma redefinição de seu core business, que passaria a englobar somente as seguintes atividades: – – – – – – finanças projeto desenvolvimento certificação de produtos atividades de vendas pós-vendas 19 Consórcio Modular Foram desenvolvidos 7 módulos: • Iochipe/Maxion - responsável pela montagem do chassi, sistema de freios (reservatório de ar e válvulas), chicote elétrico, linhas de combustível, linha de transmissão e caixa de direção • Rockwell/Braseixos - responsável pela montagem dos eixos, molas, amortecedores e barras estabilizadoras, formando os kits de suspensão • Powertrain (MWM+Cummins) - responsável pela montagem final do motor, alimentação de óleo, montagem de embreagem, caixa de mudanças, motor de partida, alternador, sistema de direção hidráulica, tubos de escape e freios • Remon (Bridgestone+Borlem) – fornecedor do módulo rodas e pneus • Tamet - responsável pela montagem da cabine a partir das peças estampadas • Siemens (VDO/Mannesmann) – responsável pela montagem de bancos, painel de instrumentos, revestimento interno, vidros e chicote elétrico. Também é de responsabilidade da VDO a montagem da cabine completa sobre o chassis • Carese (Eisenmann) – fornecedor dos serviços de pintura da cabine 20 21 Consórcio Modular • A seleção dos parceiros deu-se através de uma concorrência mundial. • O modelo proporciona resultados competitivos à montadora. – customização dos caminhões – pós-venda agressivo – flexibilidade na fábrica Mercedes VW Ford 2003 20029 18851 12345 Carta da ANFAVEA 12/2004 2004 23908 22771 15418 Unidades 30000 • Esse conjunto de fatores garantiram à montadora o segundo lugar no ranking de caminhões 25000 Vendas Internas Caminhões 20000 15000 30000 20000 10000 10000 5000 0 0 2003 2004 Ano 2003 Mercedes VW Ford 22 Considerações Finais • Nesta aula foram apresentados – Noções sobre clusters – Diferenças entre Distrito Industrial, Condomínio Industrial e Consórcio Modular – Práticas utilizadas para redução de custos e concentração no Core Business – Estatísticas do setor automobilístico 23