ESTUDO DA RADIACAO QU E ATINGE 0 PROFISSIONAL DURANTE UM EXAM E RADIOGRAFICO FRAB NORBERTO BOSCOLO * NIVALDO GONCALVES* * OSVALDO DI HIPOLITO JUNIOR** * SINOPS E No presente estudo procuramos determinar a dose de radiagao que atinge urn profissional Cirurgiao Dentista, nao protegido, em seu s Orgeos criticos, durante a tomada radiografica . Para tanto, foram utilizados dosimetros termoluminescentes de alta sensibilidade de Fluoret o de Litio 700 (LiF), e uma comunidade de jovens , cuja dentigao fosse completa e que entre ele s constasse todos os tipos morfologicos de fac e citados na literatura . Unitermos : Radiagao * prevengeo e controle — Radiologia . * Professor Assistente Doutor da Disciplina de Semiologia Clinics e RadiolOgica, do Departamento d e Diagn6stico Oral, da Faculdade de Odontologia d e Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas — UNICAMP . Professor Titular da Disciplina de Semiologia Clfnic a e Radiol6gica, do Departamento de Diagn6stico Oral , da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas — UNICAMP . Professor Assistente a Disciplina de Semiologia Clinica e Radiol6gica, do Departamento de Diagn6stic o Oral, da Faculdade de Odontologia de Piracicaba , Universidade Estadual de Campinas — UNICAMP . Rev . Ass. paul . Cirurg . Dent . — Vol . 36 — N.° 5 — set/out 1982 INTRODUCAO Na histOria da Radiologia Odontolbgica, o capitulo referente a agressividade da radiaga o apresenta Edmund Kells (Gongalves & B6scolo) 7 como o primeiro profissional a sofrer os efeito s maleficos dos raios X . Apbs suportar veria s amputagoes e um periodo longo de sofrimento , cometeu o suicidio e passou para a HistOria como o primeiro martir desse setor de atividades . AIguns anos antes de morte de Kells, comegaram. a aparecer estudos a respeito da higiene das radiagoes e de acordo corn Camero n e colab . 3 , desde 1904 je se faziam medidas da s doses de radiagao, por meio de camaras d e ionizageo ou termoluminescencia, por autore s como Curie 4 , Wick 12 e Lyman 6 . Embora seja a termoluminescencia urn dos metodos mais preciosos para a dosimetria das radiagoes X e gama, ela caiu no esquecimento e, somente e m 1950, Daniels propos que a termoluminescencia fosse efetivamente empregada na dosimetria de radiagao . Tres anos depois, em 1953, o mesmo Daniels6 usou, conforme citagao de Cameron e colab . 3 , o fluoreto de litio para a dosimetria i n vivo, em pacientes que receberam previament e uma dose terapeutica de iodo radiativo (181 1) . No campo da Radiologia Odontolbgica , muitos estudos foram realizados corn a finalidade de determinar tecnicas e apresentar normas, objetivando a diminuir a quantidade d e radiagao incidente no paciente, pessoal auxilia r e profissional . 547 Podemos considerar que urn marco importante da histOria do controle da radiagao X e m consultbrio ocorreu em 12 de junho de 1956 . quando a Academia Nacional de Ciencia Norteamericana publicou urn relatOrio no qual recomendou que a exposigao das celulas reprodutoras a radiagao "acima do fundo natural " deveria ser limitada a 10 R, no perfodo cornpreendido desde o nascimento do individuo at e a idade de 30 anos . Em 1960, Wuehrmann 14 publicou urn livr o em que fez um longo estudo a respeito do luga r apropriado para o profissional permanecer, durante o exame radiografico, a fim de melhor s e proteger dos efeitos da radiagao, e conclui u que os resultados expostos por Richards 10 , ern 1958, sae os meihores para tais fins . Em 1970, o Departamento de Saude d o Estado de Ohio, nos Estados Unidos da America do Norte9 , publicou lei obrigando o registro de todo o pessoal que trabalhasse corn o s raios X e material radioativo a fim de que foss e possfvel o controle dos mesmos conforme a s normas internacionais de seguranga, segund o as quais os adultos poderiam receber 1,25 R a cada 3 meses, considerando o corpo todo . Resumindo, em qualquer setor do use d e radiologia, torna-se imprescindfvel urn perfeito conhecimento das doses de radioed() que o paciente e o profissional recebem nas varias partes de seus corpos, a fim de que os fatore s de seguranga pessoal e genetico possam se r convenientemente equacionados . MATERIALS E METODO S Para a realizagao da presente pesquisa , procuramos trabalhar com voluntaries pertencentes a classe universitaria, pois teriamos um a maior homogeneidade do ponto de vista d e idade e condigoes sOcio-econ8micas . Dentre os voluntaries, foram selecionado s 25 jovens, que formavam 5 grupos corn 5 joven s cada, de acordo corn a classificagao do "Tip o MorfolOgico de Face" adaptada por Avila', qu e estabelece a relagao centesimal entre a altur a morfolOgica da face (AMF) e a respectiva largura (diametro bizigomatico), representada pel a formula : AMF X 10 0 TMF= diametro bizigomatic o Nesta classificagao os autores separam o s 5 tipos morfoldgicos, de acordo corn o coefi548 ciente obtido pela equagao, acima citada assim distribuidos : Hipereuriprbsopo EuriprOsopo MesoprOsopo LeptoprOsopo HiperleptoprOsopo e 78, 9 . 83, 9 . 87, 9 . 92,9 . x X . . . 79 . 84 . 88 . 93 . . . . . Os jovens selecionados apresentaram a o exame clinico todos os dentes, admitindo-se , entretanto, a ausencia dos 3 . os molares, e a presenga de trabalhos normais de dentfstic a e de endodontia . Os pacientes portadores de trabalhos d e prOtese, tais come pontes fixas, foram rejeitados . Cada indivfduo foi submetido a uma seri e de 8 tomadas radiograficas, nas regioes correspondentes a : incisivos superiores, canino superior esquerdo, pre-molares superiores esquerdos, molares superiores esquerdos, incisivo s inferiores, canine inferior esquerdo, pre-molares esquerdos e molares inferiores esquerdos . As radiografias foram obtidas corn urn aparelho de raios X GE-90, modelo 110E2 regulavel, operando corn 65 quilovolts e 10 mill amperes, corn urn tempo de exposigao de 1/ 2 segundo, filtragao 1,5 milfinetro de aluminio e uma colimagao tal que apresentasse urn diametro do feixe ail, igual a 7 cm, a uma distanci a ponto focal-filme de 20 cm . Operando nas condigoes acima citadas, o aparelho apresento u urn feixe de raios X corn energia efetiva de 2 4 KeV e "HVL" igual a 1,4 mm de aluminio . Para o exame radiografico intra-bucal, o s pacientes foram colocados na posigao usua l em uma cadeira odontolbgica obedecendo a tecnica da bissetriz (localizador curto), par a a tomada das radiografias periapicais . Para se determinar a quantidade de radiagao que atingia o profissional, foram utilizado s os dosfinetros termoluminescentes de alta sensibilidade de fluoreto de Iftio-700, em forma d e cristais, medindo 3 por 3 milfinetros de bas e por 2 milfinetros de espessura, produzidos pel a "The Harschaw Chemical Company" . Previamente esses dosfinetros foram hermeticament e embalados em saquinhos plasticos, cuja espessura foi de 0,003 milfinetros medido em urn micrometro "Mitutoyo" . Os dosirnetros assim preparados, foram colocados ao redor da sala onde foram tomada s as radiografias e ficaram a 1 metro do solo , portanto, na altura correspondente a regiao da s Rev. Ass. paul . Cirurg . Dent . — Vol. 36 N .° 5 — set/out 198 2 gOnadas do profissional, e a ulna distancia de , aproximadamente, 1 metro da cabega do paciente . Nesta sala foram colocados 16 dosfinetros em 8 posigoes, de tal maneira que, tomando a cabega do paciente como centro, eles s e dispunham aos pares, sob angulos sucessivo s de 45°, isto a, atras do paciente terfam.os o 0° , e deslocando-se segundo os movimentos do s ponteiros de um relogio, 45°, 90°, 135°, 180° , 225° e 315° (Ilustragao I) . 315 0 270 0 45 90 ° 225° 180° 135° Antes de iniciarmos as tomadas radiograficas, dez dosimetros foram especialmente sensibilizados nos tempos de 3/10, 2/5, 1/2, 4/ 5 e 1 segundo, para a corregao da curva de ca Iibragao . Alam disso, outra sarie de 6 dosfinetros, que nao foram sensibilizados pelos raio s X, foi usada para a avaliagao da radiagao d e fundo (background) . C Q Uma vez sensibilizados os dosImetros, fora m feitas as leituras da energia por eles acumulada . ILUSTRACAO i Posigbes correspondentes a distribulgao dos dosimetro s na sala e posictonamento do cabegote do apareiho d e raios X nas quatro reglbes estudadas (sup . e inf.) . Resultados Obtidos e Manse Estatistica DADOS OBTIDOS NAS REGIOES DOS PosigBes dos dosimetros i ac m e I0 0 cc 0 ow o C W 0 Ti INCISIVOS SUPERIORES E CANINO SUPERIOR ESQUERDO, NOS CINCO TIPOS MORFOLOGICOS DE FACE . Tipos MorfolGgicos de Face Ti T2 T3 T4 T5 0° 0,0010 0,0110 0,0500 0,0045 0,0120 45° 0,0110 0,0230 0,0100 0,0240 0,0160 90° 0,0030 0,0579 0,0440 0,0080 0,0032 135° 0,0110 0,0160 0,0066 0,0110 0,0055 180° 0,0150 0,0061 0,0980 0,0098 0,0120 225° 0,0610 0,0080 0,1050 0,0054 0,0070 270° 0,0700 0,0190 0,0980 0,0110 0,007 0 315° 0,0260 0,0145 0,0720 0,0160 0,0120 0° 0,0400 0,0052 0,0350 0,0240 0,011 0 45° 0,0013 0,0125 0,0500 0,0190 0,009 0 90° 0,0310 0,0056 0,0350 0,0170 0,009 8 135° 0,0350 0,0070 0,0400 0,0340 0,012 0 180° 0,0650 0,0090 0,0030 0,0170 0,024 0 225° 0,0310 0,0190 0,0210 0,0110 0,090 0 270° 0,0890 0,0100 0,0510 0,0090 0,0056 315° 0,0500 0,0127 0,0046 0,0195 0,0072 = Hipereuriprosopo T T2 4 - EuriprOsop o = LeptoprOsop o Rev. Ass. paul . Cirurg . Dent . - Vol . 36 - N .° 5 - set/out 1982 T3 MesoprOsopo T5 = HiperleptoprOsopo 549 DADOS OBTIDOS NAS REGIOES DOS PRE-MOLARES E MOLARES SUPERIORES ESQUERDOS, NOS CINC O TIPOS MORFOLOGICOS DE FACE . Poslgie s dos dosimetros Tipos Morfol6gicos de Fac e T1 T2 T3 T4 T5 0,0155 0,005 6 0° 0,0400 0,0061 0,0250 45° 0,0410 0,0086 0,0230 0,0099 0,008 9 0,0066 w 90° 0,0210 0,0076 0,0610 0,0100 i ,2 1-3 135° 0,0015 0,0030 0,0960 0,0100 0,0054 0,005 4 ayw Ps 1 180° 0,0150 0,0167 0,0560 0,0089 225° 0,0210 0,0140 0,0410 0,0058 0,011 0 0,007 2 270° 0,0200 0,0096 0,0540 0,0150 315° 0,0170 0,0130 0,0010 0,0230 0,0051 0° 0,0185 0,0180 0,0680 0,0260 0,018 0 45° 0,0034 0,0205 0,0520 0,0028 0,005 2 90° 0,0010 0,0110 0,0540 0,0046 0,012 0 135° 0,0170 0,0150 0,0640 0,0066 0,006 8 180° 0,0110 0,0290 0,0400 0,0110 0,009 8 225° 0,0570 0,0180 0,0410 0,0120 0,009 8 270° 0,0070 0,0228 0,0840 0,0100 0,0098 0,0030 0,0100 0,0820 0,0180 0,010 0 315° Ti T2 = HipereuriprOsopo T4 = LeptoprOsopo = Euriprbsopo T5 = HiperleptoprOsopo T3 = MesoprOsopo DADOS OBTIDOS NAS REGIOES DE INCISIVOS INFERIORES E CANINO INFERIOR ESQUERDO, NOS CINC O TIPOS MORFOLOGICOS DE FACE . Posigbes dos dosimetros Tipos Mortoldgicos de Face Ti T3 T4 T5 0° 45° 90° 135° 180° 225° 270° 315° 0,0140 0,0010 0,0150 0,0010 0,0400 0,0010 0,0260 0,0010 0,0250 0,0125 0,0120 0,0069 0,0078 0,0110 0,0041 0,0049 0,0480 0,0460 0,0800 0,0190 0,0540 0,0400 0,0540 0,0480 0,0072 0,0180 0,0100 0,0048 0,0066 0,0140 0,0100 0,0190 0,010 0 0,0062 0,0028 0,0075 0,004 8 0,015 0 0,016 0 0,0080 45° 90° 135° 180° 225° 270° 315° 0,0410 0,0260 0,0010 0,0560 0,0010 0,0011 0,0010 0,0010 0,0145 0,0086 .0,0147 0,0090 0,0064 0,0090 0,0042 0,0066 0,0620 0,0034 0,0560 0,0540 0,0430 0,3600 0,0058 0,0720 0,0410 0,0180 0,0145 0,0026 0,0170 0,0120 0,0095 0,0100 0,006 7 0,014 0 0,0054 0,0052 0,0086 0,0200 0,0074 0,0043 T 1 = HipereuriprOsopo T T2 4 550 T2 = Leptoprbsop o = Euriprdsopo T 5 = HiperleptoprOsopo T3 Mesoprdsop o Rev. Ass . paul. Cirurg . Dent . - Vol . 36 - N .° 5 - set/out 1982 DADOS OBTIDOS NAS REGIOES Pos(gOes do s doelmetros W ffi 15 W i T1 DE PRE-MOLARES E MOLARES INFERIORES ESQUERDOS, TIPOS MORFOLOGICOS DE FACE . NOS CINC O Typos MorfolGgicos de Face T1 T6 T4 T2 0° 0,0220 0,0008 0,0560 0,0220 0,0140 45° 0,0220 0,0310 0,0900 0,0220 0,006 0 90° 0,0010 0,0100 0,0900 0,0170 0,0045 135° 0,0150 0,0117 0,0090 0,0260 0,005 1 180° 0,0011 0,0270 0,0780 0,0180 0,0041 225° 0,0010 0,0350 0,0780 0,0098 0,001 9 270° 0,0026 0,0270 0,0200 0,0072 0,0058 315° 0,0069 0,0200 0,0600 0,0072 0,001 2 0° 0,0034 0,0064 0,0066 0,0390 0,0250 45° 0,0065 0,0100 0,0042 0,0180 0,011 0 90° 0,0036 0,0200 0,0008 0,0350 0,0066 135° 0,0010 0,0092 0,0016 0,0083 0,0034 180° 0,0031 0,0064 0,0060 0,0086 0,0024 225° 0,0060 0,0140 0,0040 0,0140 0,0170 270° 0,0045 0,0130 0,0070 0,0190 0,0033 315° 0,0063 0,0074 0,0084 0,0310 0,0017 T2 = Hipereuripr6sopo T4 = Leptoprbsopo = Euriprbsopo T6 = HiperleptoprGsopo T3 = Mesoprosopo OS DADOS FORAM SUBMETIDOS A UMA ANALISE DE VARIANCIA QUE CONDUZIU OS RESULTADO S APRESENTADOS NA TABELA ABAIX O TABELA DE ANALISE DE VARIANCIA (A NOVA TABLE ) Camas de variag8 o (Source) G.L. (di) S.Q . (S.S .) Q.M. (M .S .) F Posigbes 7 5 .797,08 828,15 1,43 RegiSes 7 7 .688,97 1 .098,42 1,89 0,8 1 PosigOes X RegiOes 49 23 .022,18 469,84 Tipos (Incisivo Superior) 4 13 .795,03 3 .448,76 Tipos (Canino Superior Esquerdo) 4 4 .918,73 1 .229,68 2,1 2 Tipos (Pre-Superior Esquerdo) 4 7 .535,30 1 .883,83 3,2 5 Tipos (Molar Superior Esquerdo) 4 14 .567,88 3 .641,97 6,28* * Tipos (Incisivo Inferior 4 9 .248,48 2 .312,12 3,9 8 Tipos (Canino Inferior Esquerdo 4 31 .377,04 7 .844,26 13,52* * Tipos (Pre-Inferior Esquerdo) 4 15 .510,36 3 .877,59 6,68* * Tipos (Molar Inferior Esquerdo) 4 1 .569,42 392,36 Residuo 196 113 .737,50 580,29 TOTAL 319 262 .174,92 Rev. Ass . paul. Cirurg. Dent. - Vol . 36 - N.° 5 - set/out 1982 5,94* * 0,68 55 1 DISCUSSA O O emprego dos dosImetros, convenientemente embalados, revela urn processo eficiente, cOmodo e pouco dispendioso, em contrast e corn o que notamos ao usarmos camaras de ionizagao . Poderiamos ainda salientar que Camero n e colab . 3 disseram que os instrumentos termoluminescentes medem exposigoes abaixo de 1 mR corn razoavel acuracia, e que essa capacidade de medir niveis assim tao baixos de energia, os tornam importantes para o "uso de dosimetria pessoal", do ponto de vista de saude , — o que verificamos em nosso trabalho . Outra s vantagens sao : propriedade de armazenar a energia absorvida, durante longo perfodo d e tempo, a temperatura ambiente, possibilidad e de uso em ampla faixa de niveis de energia , sensibilizagao rapida e boa reprodutividade d e resultados . Na presente pesquisa, foram colhidos cerc a de 416 dados sobre nfvel de radiagao, incluind o os referentes a radiagao de fundo . Esses dados possibilitaram analisar exposigao da regiao gonadal do profissional, quando sac) efetuado s exames radiograficos habituais . Os dados estatisticos convenientement e trabalhados, possibilitaram estabelecer um a analise de variancia, pelo teste de Tukey, a o nfvel de 1% de probabilidade em relagao a agressao radiolbgica (dos raios X) sofrida pel o profissional . Pela analise de variancia, verifica-se qu e as diferentes posigoes do profissional na sala , nao apresentam entre si diferengas estatisticamente significantes . Julgou-se conveniente estabelecer a medi a de quantidade de radiagao recebida pelo pro fissional, considerando todos os tipos, todas a s regiOes radiografadas dos pacientes, e toda s as posigoes relativas ao profissional na sala . Essa media foi calculada em 0,021 rad, qu e e correspondente, tomando-se o fator de conversao 1/0,93 a 0,023 R . Esse resultado fornece , pois, uma media da ordem de grandezas d a dose media de radiagao que alcanga a regia o das g8nadas do profissional, quando este s e situa entre 1 metro e 1,40 metros, aproximadamente, do paciente . Dessa maneira, em radiografias de boc a toda, o profissional receberia em suas gonada s urn total em torno de 0,308 rad, em media o que corresponde a 0,0336 R . 552 Esse resultado supera em 36 mR a dos e maxima de 0,300 R, admissfvel para o profissional, em uma semana de trabalho, de acord o com as determinagoes do "National of Standar t Recommendations" dos Estados Unidos d a America do Norte, referidas por Budowsky & Kutscher2 em. 1953, dose essa que a identica , alias, a dose de tolerancia maxima pescrita n a Nova Zelandia, segundo a citagao de Williamson 13, em 1963 . E, alem disso, tal resultado supera em. muito maior grau a dose indicada po r Wuehrmann 14 , em 1960, que afirma que a dos e maxima semanal, recebida pelo operador, na o deve ultrapassar a 100 mR . A nosso ver, a questao da posigao do pro fissional dentro da sala admite explanagao . Vimos na revisao da literatura, que Ruchards 11 , em 1964, corroborando opinioes de Yale15 , e m 1961, considera as posigoes de 45 0 e 90° e m relagao ao eixo do feixe de radiagao primaria , como sendo as mais vantajosas do ponto d e vista de protegao profissional . Como ja ficou explfcito anteriormente, n a pesquisa que foi realizada "in vivo", nao encontramos para o profissional posigoes privilegiadas estatisticamente significantes, considerando todos os tipos de pacientes e toda s as regioes radiografadas . Pode ser ressaltado, ainda, que os dado s estatisticos permitem calcular a dose medi a total de radiagao que atingiria as g8nadas d o profissional, quando a radiografado todo o arco superior e todo o arco inferior do paciente . Para o arco superior encontrou-se urn tota l medic de 0,173 rad (correspondente a 0,186 R ) e para a tomada de todo o arco inferior urn total medic de 0,130 rad (correspondente a 0,140 R) medidos na regiao das gOnadas d o profissional . Considerando-se a fregUencia com que o Cirurgiao Dentista, que opera corn aparelho s de raios X, recebe tal dose de radiagao, fic a mais uma vez ressaltada a necessidade de um a major conscientizagao do profissional em relagao ao grave problema . Conscientizagao ess a que deve ser acentuada e aprofundada nas prbprias Faculdades de Odontologia . Cremos que os resultados aqui apresentados, vao ao encontro das opinioes, que s e aprofundam entre os radiologistas, de que medidas cada vez maiores e mais eficazes de protegao devem ser estudadas e postas em pratic a para aumentar a seguranga durante as tomadas radiograficas tanto no que diz respeito ao paciente, como e talvez, principalmente, no qu e concerne ao profissional . Rev . Ass . paul. Cirurg. Dent. — Vol . 36 — N .° 5 — set/out 1982 CONCLUSOE S Ao termino de nossa pesquisa, julgamo s que os resultados obtidos, analisados estatisticamente, permitem o estabelecimento das seguintes conclusies : 1 — Considerando todos os individuos estudados, todas as regioes radiografadas e toda s as posigOes do operador na sala, uma dos e media de 0,22 rad (ou seja 0,024 R) alcango u a regiao das gonadas do operador, quando este se situava entre 1,00 e 1,40 metros, aproximadamente, do paciente, para cada tomad a radiografica . Isso correspoh' deria a urn total d e 0,312 rad (ou 0,325 R), em media, para ur n exame radfoldgico periapical de boca toda , corn 14 radiografias . 2 — Nao foram encontradas, na sala, posigoes privilegiadas estatisticamente significan - tes, do ponto de vista da incidancia da radaga o ao nfvel das gonadas do profssional — consideradas todas as regioes radiografadas e todo s os tipos morfolOgicos de face estudados . 3 — Os niveis de radiagao decorrentes d e radiografias realizadas nos indivfduos corn di versos tipos morfolOgicos de face, segundo a classificagao modificada por Avila', mostrara m estatisticamente que em media, o profissiona l recebe uma dose significantemente maior d e radiagao quando o tipo mesoprOsopo a radiograf ado . AGRADECIMENT O Agradecemos i9 Ora . Sonia Vieira, professora titular d a Area de Bioestatistica do Departamento de Odontologi a Social da Faculdade de Odontologia de Piracicaba — UNICAMP — pela sua colaborapAo prestaa na analis e estatfstica do presente trabaiho . ABSTRACT The authors have determined the radiation dosage that reaches a practitioner not protected in his critical area during radiographic routine . For that they used thermoluminescense dosimeters 700 high sensitivit y Lithium Fluoride material (LiF 700) and a group of young people whos e dentition was complete . All hinds of morphological face patterns wer e presented in this group of young people . Unitermo : Radiation * prevention & control — Radiology . REFERENCIAS BIBLIOGRAFIGAS 1. AVILA, J . B. Odontologia ffsica. Rio de Janeiro, Agir, 1958 . 2. BUDOWSKY, J . & KUTSCHER, A. H . Exposure to X-radiation durin g the practice of dentistry . N. Y. St. dent. J ., 19 : 298-9, June/July 1953 . 3. CAMERON, J . R . ; SUNTHARALINGAN, N . ; KENNEX, G . N . 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