Funções Borel-Mensuráveis: Definição, Exemplos e Propriedades Luis Antônio F. de Oliveira Flavio Lima de Souza∗ UNESP - Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho Departamento de Matemática 15385-000, Ilha Solteira, SP E-mail: [email protected], flavio90 [email protected] RESUMO Introdução: Neste trabalho de Iniciação Cientı́fica serão focados algumas das contribuições mais importantes de Émile Borel (1871-1956) para a Teoria da Medida e Integração. Resultados e Discusões Dada uma classe não-vazia C de subconjuntos de Ω, podemos definir a σ-álgebra gerada por C como a menor σ-álgebra que contém C que, coincide com a interseção de todas as σ-álgebras que contém C. Isso significa que: σ(C) = { B ⊆ Ω /B ∈ X, ∀ X σ-álgebra em Ω tal que C ⊆ X }. Definição 1: Seja (X, τ ) um espaço topológico e G a coleção dos conjuntos abertos em Ω. A σ-álgebra de Borel de Ω é σ(G). Os conjuntos B e σ(G) são chamados de conjuntos borelianos em Ω. Proposição 1: σ(C) é a menor σ-álgebra que contém C. Ou seja, valem as seguintes condições: (i) C ∈ σ(C). (ii) Se A é uma σ-álgebra em Ω tal que C ∈ X, então σ(C)⊆ A. Demonstração. (i) Se B ∈ C então B pertence a toda σ-álgebra X tal que C ⊆ X, logo B ∈ σ(C). (ii) Se B ∈ σ(C) e A é uma σ-álgebra em Ω tal que C ⊆ A, então B ∈ A, pela definição de σ(C). Proposição 2: (i) Todo intervalo é boreliano de R. (ii) Se S é a coleção dos retângulos limitados de Rn (ou dos intervalos limitados de R) então σ(S) é a σ-álgebra de Borel. Demonstração. (i) Cada intervalo em R é do tipo J = L, F ou L∩F, com L aberto e F fechado em R, logo J é boreliano. (ii) Seja S = J1 x ... x Jn um retângulo, onde cada Ji é um intervalo em R. Consideremos as projeções: pi : Rn → R, (x1 , ..., xn ) 7→ xi , temosS = n \ p−1 i (Ji ). i=1 ∗ Bolsista de Iniciação Cientı́fica - FAPESP 178 Assim, para provar que S é boreliano, devemos provar que cada p−1 i (Ji ) é boreliano. De fato, como Ji é do tipo L, F ou L∩F, L aberto e F fechado em R, então −1 −1 −1 −1 −1 n p−1 aberto e p−1 i (Ji ) = pi (L), pi (F ) ou pi (L) ∩ pi (F ), com pi (L) i (F ) fechado em R . Tn −1 −1 n Então pi (Ji ) é boreliano de R . Em consequência, S = i=1 pi (Ji ) também é boreliano. Assim, provamos que S⊆ σ(G), onde G é a coleção dos abertos. Segue que σ(S) ⊆ σ(G), pela proposição 1. S Além disso, todo aberto L de Rn é do tipo L= ∞ k=1 Sk , Sk ∈ S ⊆ σ(S), logo L ∈ σ(S), portanto G ⊆ σ(S), donde σ(G) ⊆ σ(S), pela proposição 1. Por fim, concluı́mos que σ(S) = σ(G). Definição 2: Sejam Ω e Ω1 conjuntos e f: Ω → Ω1 uma função. Dada uma coleção C de subconjuntos de Ω, temos: f −1 C = f −1 (A)/A ∈ C Proposição 3: Dada f: Ω → Rn , as seguintes afirmações são equivalentes: (i) f é X-mensurável. (ii) Para todo aberto N ⊆ Rn vale f −1 (N ) ∈ X. (iii) Para toda função contı́nua φ : Rn → R a função composta φ ◦ f : Ω → R, x7→ φ(f (x)) é X-mensurável. Proposição 4: Seja X σ-álgebra em Ω. Então f: Ω → Rn é X-mensurável se, e somente se, para todo boreliano B no Rn vale f −1 (B) ∈ X. Demonstração. Seja G a coleção dos abertos de Rn . Pela proposição 3, temos que f é X-mensurável se, e somente se, para todo N ∈ G vale f −1 (N ) ∈ X. Proposição 5: Seja Ω um espaço topológico. Toda função contı́nua f: Ω → Rm ou C é Borel-mensurável (f é B-mensurável, sendo B a σ-álgebra de Borel). Demonstração. Temos que as funções são contı́nuas g: Ω → R, para as quais [g > r] é aberto, assim é boreliano ∀ r ∈ R. Exemplos: (i) Sejam Ω e Ω1 espaços topológicos. Uma função f: Ω → Ω1 é Borel-mensurável quando para todo Y aberto em Ω1 f −1 (Y ) é boreliano. (ii) Podemos mostrar que a composta de funções Borel-mensuráveis é Borel-mensurável. Conclusão: O objetivo deste trabalho foi introduzir os conceitos básicos de σ-álgebra de Borel e das funções Borel-mensuráveis para que possamos estudar sua relação com a σ-álgebra de Lebesgue, pois esta é o completamento da σ-álgebra de Borel. Logo, mostramos definições importantes da Teoria da Medida, como preparação para o estudo das funções Lebesgue-integráveis em Rn . Palavras-chave: Teoria da Medida, σ-álgebra de Borel, Funções Borel-Mensuráveis. Referências [1] P.J.Fernandez, Medida e Integração, Rio de Janeiro-RJ, IMPA, Projeto Euclides, 1976. [2] C.Isnard, Introdução á Medida e Integração - 1 ed.,Rio de Janeiro-RJ, IMPA, 2007. [3] E. L. Lima, Curso de Análise, Vol. 1, IMPA, Projeto Euclides, 1989. 179