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O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO FERRAMENTA PARA
DISCUSSÕES SOBRE O PLANEJAMENTO ESCOLAR NO ÂMBITO DO
PIBID-BIOLOGIA-UFT-ARAGUAÍNA
Eduardo Libanio Reis Santos, PIBID-Biologia, UFT – Campus de Araguaína -TO
Railane de Jesus Arruda, PIBID-Biologia, UFT – Campus de Araguaína -TO
Milena Alves dos Santos, PIBID-Biologia, UFT – Campus de Araguaína -TO
José Luiz Oliveira Franco, professor supervisor, PIBID-Biologia - Araguaína -TO
Compreendemos o Projeto Político Pedagógico (PPP) como princípio orientador das
ações educativas anuais. Suas proposições refletem as intencionalidades da comunidade
escolar acerca do cidadão que se pretende formar. Nesse sentido, a análise do PPP faz
parte de um rol de atividades relacionadas à formação para a docência que vem sendo
desenvolvidas pelo subprojeto Biologia da UFT – Campus Araguaína, no âmbito do
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID. O objetivo do
presente trabalho é apresentar discussões relacionadas ao planejamento escolar,
destacando os aspectos pedagógicos e administrativos suscitados a partir da análise do
PPP da escola-parceira e das concepções dos professores sobre planejamento. A
pesquisa foi desenvolvida nos moldes da abordagem qualitativa a partir de dois eixos de
análise: 1) compreensão da estrutura organizativa do documento na apresentação das
propostas didático-pedagógicas; 2) compreensão de planejamento dos professores da
escola-parceira. Utilizamos como instrumento para construção dos dados um
questionário-exploratório, aplicado aos professores para evidenciarmos suas concepções
sobre planejamento e a relação com suas práticas pedagógicas. Além do questionário,
foram consultadas bibliografias sobre o planejamento escolar que serviram de base
teórica para as análises e discussões. A partir da análise do PPP, evidenciamos que os
projetos e ações mencionados no documento, não estavam anexados e nem explicitavam
seus objetivos com a proposta, o que dificultou nossa compreensão sobre as atividades.
Com relação às concepções dos professores sobre planejamento, identificamos
preocupações relacionadas as dificuldades que os mesmos encontram em desenvolver as
ações apresentadas no PPP, o que denota a incompreensão do mesmo enquanto
movimento reflexivo-ativo advindo das avaliações das atividades desenvolvidas na
comunidade escolar durante o ano letivo. As discussões suscitadas por meio deste
trabalho de pesquisa, contribuíram significativamente para re-significar a importância
do PPP e do planejamento enquanto necessidade e possibilidade de intervenção e
mudança da realidade. Acreditamos que o grupo PIBID-Biologia UFT-Araguaína
também tenha contribuído com o processo avaliativo da referida proposta ao identificar
pontos importantes que deverão ser discutidos pela comunidade escolar quando da
(re)elaboração das ações para o ano seguinte.
Palavras-Chave: PPP; Planejamento; PIBID; Biologia; Formação de Professores
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Introdução
Este trabalho é parte de um rol de atividades que estão sendo desenvolvidas no
âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID - Biologia
– UFT- Araguaína, em parceria com o Colégio Estadual Adolfo Bezerra de Menezes.
Com apoio financeiro da CAPES, participam diretamente do referido projeto dez
acadêmicos do curso de Biologia, dois professores em exercício (escola-parceira) e a
professora orientadora (UFT-Araguaína).
O projeto PIBID-Biologia, foi planejado para ser desenvolvido em três etapas
principais: etapa 1) Observação Geral da Rotina Escolar; etapa 2) Etapa: Análise da
Proposta Curricular dos Professores Regentes; etapa 3) Intervenção propriamente dita. É
importante ressaltar que essas etapas não são rígidas podem se modificadas conforme as
avaliações que realizamos a cada etapa de trabalho, lembrando ainda que toda etapa
comporta certa intervenção.
A análise do Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola-parceira é uma das
atividades da primeira etapa do planejamento. Nessa etapa, buscamos apresentar
propostas de intervenção contextualizadas, ou seja, com base nas problematizações
advindas das observações e análises do cotidiano escolar. Segundo Vasconcellos
(2000), “Planejar é antecipar mentalmente uma ação ou um conjunto de ações a ser
realizadas e agir de acordo com o previsto. Planejar não é, pois, apenas algo que se faz
antes de agir, mas é também agir em função daquilo que se pensa.” (p.79).
O Projeto Político Pedagógico
O PPP tem sido alvo de significativas reflexões e discussões no âmbito
educacional, isso é verificável em muitas abordagens que denotam sua importância para
orientar a qualidade do ensino escolar. Contudo, muitas dessas abordagens delineiam a
ausência de significação, intencionalidade e fundamentalmente uma construção coletiva
nesse projeto. Nesse contexto, há que se compreenderem as problemáticas que imperam
no cotidiano escolar, isto é, procurar estudar todos os fatores contrariantes ao projeto e
as ações de educação como um todo.
A instituição de ensino deve elaborar e direcionar os seus projetos e suas ações
voltadas para a comunidade escolar. Isso é garantido pela Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN 9394/96). No entanto, a responsabilidade de atender as
necessidades e prioridades dessa comunidade, em todos os seus aspectos, é de cada
escola. Desse modo, na LDBEN (9394/96) nos Artigos 12, incisos I, III e V; e Artigo
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13, incisos I, II, IV e V, apresentam claramente questões relacionadas à elaboração do
PPP, associadas ao direito à educação, como podemos notar a seguir:
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as
do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I - elaborar e executar sua
proposta pedagógica;
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar da elaboração da
proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir
plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de
ensino; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação
e ao desenvolvimento profissional; (BRASIL, 1996).
No entanto cabe ressaltar que a exigência apresentada na LDBEN (9.394/96)
não deve ser considerada como uma proposta burocrática e sim em uma perspectiva
democrática e libertadora. De acordo com Vasconcellos (2006), o PPP é projeto
contínuo da escola, o qual, contem quais serão os passos a se tomar na prática educativa
e o que ela visa alcançar:
O projeto político pedagógico (ou projeto educativo) é o plano global da
instituição. Pode ser entendido como a sistematização, nunca definitiva, de
um processo de planejamento participativo, que se aperfeiçoa e se concretiza
na caminhada, que define claramente o tipo de ação educativa que se quer
realizar. É um instrumento teórico-metodológico para a intervenção e
mudança da realidade. (1956, p.169)
Assim, no projeto deve estar de forma sistêmica-estruturada tanto a teoria,
como também como se dará a metodologia que escola desenvolverá no seu dia-a-dia na
ação educativa. Outro ponto que destacamos é que, a construção do PPP, segundo Veiga
(1995) parte dos princípios de igualdade, qualidade, liberdade, gestão democrática e
valorização do magistério, sendo necessário decidir, coletivamente a estrutura
organizacional para atingir a almejada cidadania, vale ainda acrescentar que:
A escola é um lugar de concepções, realização e avaliação do seu próprio
projeto educativo, uma vez que necessita organizar seu trabalho pedagógico
com base em seus alunos. Nessa perspectiva, é fundamental que ela assuma
suas responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas superiores
tomem essa iniciativa, mas que lhe doem as condições necessárias para levála adiante. Para tanto, é importante que se fortaleçam as condições entre
escola e sistema de ensino (VEIGA, 1995, p.11).
A escola é um ambiente autônomo com o dever de viabilizar a construção do
PPP coletivamente. Nessa visão os indivíduos inerentes a instituição precisam participar
dessa construção recorrendo a um adequado referencial constando uma teoria crítica
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viável que subsidie esse projeto e esteja ligado aos interesses da maioria da população.
É necessário também o domínio das bases teórico-metodológicas indispensáveis à
concretização das concepções assumidas coletivamente (VEIGA, 1995).
O PPP é um instrumento que faz parte da instituição de ensino. Para provocar a
reflexão e explicitar as concepções teóricas e as diretrizes para ações da educação. É
uma proposta pedagógica que tem a finalidade de orientar a elaboração dos projetos que
serão desenvolvidos durante o ano letivo, por isso, é necessária a avaliação de
desempenho numa perspectiva contínua.
Ainda nessa discussão sobre PPP, Veiga (1995) assiná-la que: “para que a
construção do projeto político-pedagógico seja possível é necessário propiciar situações
aos professores, equipe escolar e funcionários, que lhes permitam aprender a pensar e
realizar o fazer pedagógico de forma coerente, portanto não é necessário convencer a
trabalhar mais, ou mobilizá-los de forma espontânea.
Assim, o objetivo do presente trabalho é apresentar discussões relacionadas ao
planejamento escolar, destacando os aspectos pedagógicos e administrativos suscitados
a partir da análise do PPP da escola-parceira e das concepções dos professores sobre
planejamento. A pesquisa foi desenvolvida nos moldes da abordagem qualitativa a
partir de dois eixos de análise: 1) compreensão da estrutura organizativa do documento
na apresentação das propostas didático-pedagógicas; 2) compreensão de planejamento
dos professores da escola-parceira.
Metodologia
O presente trabalho é resultante de uma das etapas das atividades
desenvolvidas no âmbito do PIBID-Biologia-UFT-Araguaína. Essa etapa trata-se da
análise do PPP da escola-parceira e das concepções dos professores sobre planejamento.
Para a análise do PPP nos amparamos nas bases metodológicas da pesquisa
documental, que de acordo com VEIGA (1995), este estudo tem como objetivo refletir
acerca da construção do projeto políticos pedagógico, sendo que o mesmo é entendido
com a própria organização do trabalho didático da escola.
A pesquisa foi desenvolvida nos moldes da abordagem qualitativa a partir de
dois eixos de análise: 1) compreensão da estrutura organizativa do documento na
apresentação das propostas didático-pedagógicas; 2) compreensão de planejamento dos
professores da escola-parceira. Para identificar as concepções dos professores,
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utilizamos como instrumento um questionário-exploratório, para evidenciarmos suas
concepções sobre planejamento e a relação com suas práticas pedagógicas.
Os questionários foram analisados de acordo com a análise categorial de
Bardin (2008), que baseia-se em operações de desmembramento do texto (no caso, das
respostas) em unidades, ou seja, descobrir os diferentes núcleos de sentido que
constituem a comunicação, e posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes,
categorias ou temas. O tema é geralmente utilizado como unidade de registro para
estudar motivações de opiniões, de atitudes, valores, de crenças, etc.
Além do questionário, foram consultadas bibliografias sobre o planejamento
escolar que serviram de base teórica para as análises e discussões.
Resultados e Discussões
Na primeira etapa de análise, identificamos no PPP (TOCANTINS, 2014) que
o mesmo apresenta as seguintes subdivisões: Identificação de Unidade Escolar (aspectos
legais);
Justificativa;
Visão
Estratégica;
Dimensões
Jurídicas;
Dimensões
Administrativas; Dimensão Pedagógica; Fundamentos da dimensão financeira;
Avaliação do PPP; Referências; Anexos: Plano de suportes estratégico – Plano de
ação/2014; Plano
de gestão
escolar/2014; Plano
de ação
da coordenação
pedagógica/2014; Projeto pedagógico – Educação de jovens e adultos; Projetos saúde e
prevenção nas escolas; Projeto tecendo a paz.
De acordo com o documento da escola-parceira (TOCANTINS, 2014), a
dimensão pedagógica é fundamentada no sociointeracionismo, “que por sua vez estão
defendidos nos pressupostos de Paulo Freire, Vygotsky, Howard Gardner” (p. 21).
Segundo o documento, para Vygotsky e Gardner aprendemos de forma diferentes,
portanto qualquer processo de ensino e aprendizagem precisa considerar estas
conclusões, compreendendo que só é possível alcançar plenamente o conhecimento
através de práticas que valorizem todos os sentidos. Ainda de acordo com o documento,
as ideias freireanas servem como orientação para o processo de formação docente no
que se refere à reflexão crítica da prática pedagógica que implica em dialogar e escutar,
que supõe o respeito pelo saber do educando e reconhece a identidade cultural do outro.
A partir do supramencionado, cabe questionarmos se as práticas pedagógicas
do corpo docente da escola-parceira de fato são baseadas nos pressupostos teóricos de
Freire, Vigotsky e Gardiner. Além disso, cabe mencionar que ambos autores apresentam
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especificidades em suas teorias que nem sempre são dialogáveis, por exemplo quando
buscamos o conceito de “construção do conhecimento” em Vigotsky, Gardner e Freire.
Vygotsky define a cultura como uma espécie de palco de negociações. Seus
membros estão num constante movimento de recriação e reinterpretação de
informações, conceitos e significados. Nesta visão os sujeitos devem ser observados no
conjunto de sua atuação coletiva e individual para que se valorizem todos os esforços
desprendidos em busca de uma qualidade educacional.
Além de Vygotsky e Gardner, as abordagens pedagógicas de Paulo Freire
contribuem significativamente para a reflexão do homem e seu compromisso com a
sociedade. Nesse sentido, as ideias freireanas servem como orientação para o processo
de formação docente no que se refere à reflexão crítica da prática pedagógica que
implica em saber dialogar e escutar, que supõe o respeito pelo saber do educando e
reconhece a identidade cultural do outro (TOCANTINS, 2014).
Dentre essas concepções de coletividade a escola tem um trabalho voltado para
uma sociedade culturalmente, diversificada e democrática. Nesta perspectiva, as
metodologias de ensino empregadas pelos educadores de acordo com o PPP
(TOCANTINS, 2014), têm fundamentação científica, mas também com valorização dos
conhecimentos baseados na experiência. No entanto não explicita claramente o que seria
a “valorização” dos conhecimentos experienciais.
Por meio de indicadores, que são realizados anualmente, o trabalho pedagógico
tem atingido seus objetivos no desempenho do aluno e avaliação da prática docente. De
acordo com o PPP (TOCANTINS, 2014), através dos indicadores, o trabalho de cada
professor voltar-se-á para ações que oportunizem a cada aluno o desenvolvimento de
competências e habilidades necessárias ao seu sucesso acadêmico. Nesse sentido cabe
questionarmos: o documento não estaria valorizando a formação do educando para o
vestibular? E a formação cidadã?
Com ênfase no atendimento voltado para a qualidade da aprendizagem, o PPP
(TOCANTINS, 2014) explicita que a escola estará aberta a atender os discentes que se
enquadrarem nas exigências da Educação Inclusiva. Para atender este anseio, as
atividades docentes direcionadas a estes receberão apoio pedagógico dentro das
exigências educacionais. Dispondo de uma equipe preparada para acompanhar esses
alunos no processo de desenvolvimento. Não cabe realizarmos nenhuma análise além do
referido documento, mas para refletirmos sobre a Educação Inclusiva é importante
destacar que mesmo diante de Cursos de Formação de Gestores e Educadores, como
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apresenta o PPP (TOCANTINS, 2014), há um déficit de equipes qualificadas para
trabalhar com educandos com necessidades especiais.
Quando o documento (TOCANTINS, 2014) apresenta elementos sobre
“Tratamento de aos temas transversais” aponta a importância de contemplar questões
sociais no currículo escolar. Seguindo o que aponta os Parâmetros Curriculares
Nacionais (1999), os temas transversais são trabalhados em diversas áreas de
conhecimento como: Ética, Pluralidade Cultural, Meio ambiente, Saúde, Orientação
sexual, Trabalho e Consumo.
O documento explicita ainda o papel do professor de buscar atribuições que
possam contribuir com o ensino dos alunos. Como o mesmo é mediador dos seus
conhecimentos, ele irá usar de ferramentas para que os alunos possam pensar,
questionar e aprender a ler a nossa realidade, para que possam contribuir com opiniões
próprias. Se o docente se compromete com o desenvolvimento dos discentes, por sua
vez, terão a consolidação do ensino-aprendizagem (TOCANTINS, 2014).
O PPP (TOCANTINS, 2014) ao caracterizar o corpo discente, frente a
aplicação de questionários e entrevistas evidenciou que os mesmos são em sua maioria
oriundos de famílias desestruturadas com baixo poder aquisitivo, ainda acrescenta que
os pais dos mesmos apresentam um nível baixo de cultura por não terem concluído no
mínimo o ensino fundamental. Mas o que o documento compreende por nível cultural?
Seria o conhecimento sistematizado?
Ainda de acordo com o referido documento (2014) boa parte dos alunos de
Ensino Médio e da EJA são oriundos de famílias de baixa renda, não possuem
crescimento socioeconômico, e por sua vez muitos saem da escola em busca de
sobrevivência, assim deixando de lado o aprendizado (evasão) que poderiam conquistar
no âmbito escolar e possivelmente um progresso social. Nota-se, como afirma Cortella
(2011) a noção ingenuamente otimista de que a escola é uma estrutura à parte da
sociedade, capaz de reconstruí-la por meio de seus resultados. Assim, uma discussão
sobre o papel social da escola em uma perspectiva crítica requer inicialmente
compreendê-la como um dos eixos complementares para a “reconstrução social”.
No que diz respeito ao tratamento dos resultados educacionais, o documento
explicita que há um acompanhamento sistemático no qual verificam a prática dos
professores de como os alunos compreendem os conteúdos ministrados, dessa forma
acreditam no sucesso da instituição quando não há evasão e sim rendimento na
aprendizagem.
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A partir do objetivo de conhecer a prática pedagógica dos professores, o
questionário exploratório procurou compreender as concepções dos professores sobre
planejamento e as características gerais do perfil profissional, tais como: faixa etária;
experiência profissional; formação acadêmica e extracurricular. Dentre os nove
professores que responderam ao questionário, 5 são do sexo feminino, 7 professores
com idade entre 36 e 46 anos, e dois entre 47 e 57 anos. Os professores foram
identificados de P1 a P9, onde P quer dizer professor e o número representa o
questionário que o mesmo respondeu. Em vista a importância em ressaltar a formação
dos professores participantes da investigação (Conferir Anexo, Quadro 01) dados
referentes a essa elucidação. Como explicitado no Quadro 1, os docentes respondentes
ao questionário são formados em Biologia, Geografia História, Letras, Matemática e
Pedagogia, quatro deles fizeram sua graduação na Universidade do Estado do Tocantins
- UNITINS.
Grande parte dos docentes possuem especialização em diferentes áreas, quase
todos são efetivos exceto P7 professor temporário. Em sua maioria possuem mais de 10
anos de experiência na profissão docente. Um dos professores possui formação
específica em uma área diferente da área em que atua. Esse fato nos remete a
questionarmos: a falta de habilitação na área em que leciona não poderia causar o
prejuízo no ensino? Além disso, nos leva a outro problema relacionado ao déficit de
professores que atuam na área de ensino de Ciências: Química, Física, Matemática e
Biologia.
Quando questionados sobre o significado do planejamento identificamos três
categorias a partir das colocações dos professores: 1) Organização Pessoal: o
planejamento parte de uma ação ideológica baseado em suas próprias percepções, como
explicita P7: “O Planejamento significa a organização das aulas semanais. Além disso,
facilita meu trabalho”. Assim essas concepções fazem sentido nas palavras de
Vasconcellos “Nesta medida, o planejamento pode ser, pois, uma forma de organizar o
pensamento do professor tendo em vista a pratica pedagógica. Planejando e avaliando,
poderá
ir
se
aproximando
de
uma
forma
mais
apropriada
de
trabalho”
(VASCONCELLOS, 2006, p. 48). 2) Organização coletiva: o planejamento é visto
como uma prática pedagógica que deve ser socializada. Tem-se um conceito de
socialização entre os professores voltada para a interdisciplinaridade no planejamento,
como podemos observar na fala do P8 “O planejamento é um momento necessário e
importante para a prática docente, pois são estas oito horas que temos para organizar,
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planejar e estudar os conteúdos que são ministrados. E é neste encontro ainda, que
podemos socializar com os colegas metodologias necessárias para uma boa aula.” 3)
Foco nos Educandos: planejamento focando os anseios e a realidade dos alunos. Nesta
categoria, partimos do pressuposto de Freire “Não existe docência sem discência. Quem
ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender” (FREIRE, 2002, p. 23).
Neste sentido, o planejamento para ter um significado é necessário haver uma ação por
parte do docente de acordo com a realidade do discente. Então o plano de ensino deve
ser criado, analisado e aprovado em conjunto por professores e alunos. O aluno precisa
ser o sujeito deste trabalho, para que assuma a responsabilidade das atividades
juntamente com o professor.
Quando questionados sobre a relevância do PPP para a escola, todos disseram
que o mesmo é importante, pois orienta as atividades a serem desenvolvidas na escola.
Alguns expressaram a relação do PPP com a melhoria do processo de ensinoaprendizagem, das atividades de ensino e realização de projetos como podemos
observar nas falas: P2 “É importante, para a reflexão sobre a prática pedagógica”, para
P5 “Através dele criamos e desenvolvemos ações para melhorar o ensino e
aprendizagem dos alunos” e, P6 “A relevância do PPP para a escola é justificado pela
articulação entre as ações constantes neste e o planejamento de aulas. Os professores
empregam o PPP como parâmetro para a realização dos projetos educacionais”.
O planejamento parte de várias ações, não existe um conceito formado, visto
que sua complexidade é enorme, pois está em torno do planejamento, gera múltiplas
ações, no qual o professor além dos conhecimentos científicos de determinada área,
necessita conhecer a realidade do aluno, visando a reformação de cidadãos.
Considerações Finais
O PPP é de suma importância para a escola, pois é a base do sucesso da
unidade escolar, é fruto da interação entre os objetivos e prioridades estabelecidas pela
comunidade escolar, que estabelece, através da reflexão, as ações necessárias a
construção de uma nova realidade. E, antes de tudo um trabalho, que exige
comprometimento de todos os envolvidos no processo educativo: professores, equipe
gestora, alunos, pais e a comunidade como um todo.
Dessa forma, o PPP não deve se restringir, em termos de formulação, a um
pequeno grupo de gestores. Deve-se ter consciência que um passo inicial para a escola
alcançar seus objetivos é todos os circundantes do âmbito escolar o elaborarem, pois se
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há troca de ideias e opiniões entre estes na sua formulação, com certeza há também
troca de conhecimentos sobre a realidade que vivenciam diariamente. E isto é essencial
para o elaborarem de fato explicitando a sua dimensão administrativa e pedagógica.
A partir da análise do PPP (TOCANTINS, 2014), evidenciamos que os
projetos e ações mencionados no documento, não estavam anexados e nem explicitavam
seus objetivos com a proposta, o que dificultou nossa compreensão sobre as atividades.
Com relação às concepções dos professores sobre planejamento, identificamos
preocupações relacionadas as dificuldades que os mesmos encontram em desenvolver as
ações apresentadas no PPP, o que denota a incompreensão do mesmo enquanto
movimento reflexivo-ativo advindo das avaliações das atividades desenvolvidas na
comunidade escolar durante o ano letivo.
Nesse sentido, compreendemos que o processo de ensino-aprendizagem se dá
em um planejamento amplo, PPP, e planejamento didático-pedagógico de cada docente.
Pois se é o professor o mais próximo do aluno, isto é, no sentido de que estar na sala de
aula mediando conhecimento e visando a aprendizagem dos mesmos, previamente
planejar a metodologia e os conteúdos da aula é uma tarefa que deve ter sentido no que
diz respeito a conhecer a necessidade e a singularidade de cada aluno. Sendo assim, o
PPP não deve ser visto só como um documento a ser cumprido, deve ser encarado como
o facilitador do procedimento educativo e ser um eixo orientador da prática passando
anualmente por avaliações.
Referências Bibliográficas
BRASIL, MEC. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.9394/1996.
CORTELLA, M. S. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e
políticos. 14 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, 42.ª edição.
TOCANTINS. Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Adolfo Bezerra de
Menezes. Araguaína – Tocantins, 2014.
VASCONCELLOS, C. dos S. Planejamento: Projeto de ensino-aprendizagem e projeto
político-pedagógico. São Paulo: Libertad Editora, 2006.
VEIGA, I. P. A. Projeto Político-Pedagógico da Escola: Uma construção possível.
Campinas, SP: Papirus, 1995.
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Anexos
Anexo 1:
Quadro 01: Formação inicial e continuada dos professores participantes da pesquisa
Prof.
Graduação –
IES*
Ano Conclusão
Disciplina
Ministrada
Pós graduação – Área
Exercício
da Docência
P1
Pedagogia –
UNITINS
2002
Matemática
Especialização Metodologia Ensino de
Matemática
27 anos
P2
História UNITINS
1997
História,
Filosofia e
Sociologia
Especialização - História
do Brasil
14 anos
P3
Geografia UNITINS
2004
Química
Especialização -Geografia
Urbana
20 anos
P4
Biologia UNIESELVE
2010
Ciências,
Biologia e
Filosofia
Especialização - Gestão
em Ambiente
10 anos
P5
MatemáticaUNITINS
1998
Matemática
Língua
Portuguesa
Letras Língua
P7**
2009
UFT
Portuguesa
Língua
P8
***
2006
Portuguesa
História,
P9
UFT
2000
Filosofia e
Sociologia
* Instituto de Ensino Superior que o docente graduou-se
** Contrato temporário
*** Não especificou
P6
Letras – UFT
1998
Especialização – Educação
Matemática (em
andamento)
Especialização Supervisão Educacional
Especialização -Estudos
Literários
19 anos
22 anos
***
***
3 anos
***
13 meses
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1 o projeto político pedagógico como ferramenta para