15 GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA X POLÍTICAS PÚBLICAS: ANÁLISE CONTEXTUAL Cristiani Aparecida Brito Silva RESUMO: Refere-se a um estudo sobre gravidez na adolescência com intuito de abordar uma análise dos programas e projetos existentes na área de Saúde Pública voltada para adolescentes, enfatizando a sexualidade precoce. Os dados da pesquisa foram coletados no SIAB – Sistema de Informação da Atenção Básica, tendo por objetivo direcionar um comparativo de informações de dados notificados referentes a adolescentes grávidas, com idade igual ou inferior a 20 (vinte) anos, nos três entes federativos. Os profissionais de saúde pública que atuam diretamente com adolescentes devem traçar o perfil deste público alvo, e posteriormente, elaborar e executar políticas públicas. PALAVRAS-CHAVE: Gravidez na Adolescência; Planejamento Familiar; Políticas Públicas. ABSTRACT: Refers to a study on teenage pregnancy in order to deal with a review of existing programmes and projects in the area of Public Health aimed at teenagers, emphasizing the early sexuality. The survey data were collected in the SIAB – basic care information system, with a target goal of comparative data information for pregnant teenagers, reported aged less than 20 (twenty) years of age, in three federal entities. Public health professionals who work directly with adolescents must draw the profile of the target audience, and later, elaborating and implementing comprehensive public policies. KEY WORDS: Pregnancy in Adolescence; Planning Family, Public Policies. Bacharel em Serviço Social pelo UNILINS - Centro Universitário de Lins, Especialista em Saúde Pública pela Faculdade Montes Belos. Docente no Curso de Serviço Social na UNIVAR - Faculdades Unidas do Vale do Araguaia E-mail: [email protected]. 1. INTRODUÇÃO A palavra adolescência deriva do latim adolescere, que significa “crescer”. A Organização Mundial da Saúde – OMS define adolescência como a fase entre 10 e 19 anos, e o Estatuto da Criança e Adolescência – ECA - Lei 8.069 de 13 de julho de 1990, entre a faixa etária de 12 e 18 anos (BRASIL, 1990). A adolescência corresponde ao período da vida no qual ocorre profundas mudanças, caracterizadas, principalmente, por crescimento rápido, surgimento das características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação ambiental e integração social (YAZILLE, 2006). A gravidez precoce ocorre em um período da vida em que o adolescente está finalizando a construção da sua identidade, seus princípios/valores morais, e envolvem aspectos culturais, físicofisiológicos, psicossociais, maturação sexual, conflitos sociais e familiares. A adolescência e a juventude são etapas fundamentais do desenvolvimento humano, como são também as demais fases da vida. Trata-se de uma etapa de descobertas e desafios, de vivências e expectativas sociais diversas, presentes e concretas. (BRASIL, 2006, 09). On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X A gravidez neste grupo populacional é considerada, em alguns países incluindo o Brasil, problema de saúde pública, uma vez que pode acarretar complicações obstétricas, com repercussões para a mãe e o recém-nascido, bem como problemas psicossociais e econômicos. Para que sejam estimulados projetos e programas que visem à abordagem do tema, principalmente no que diz respeito a sua prevenção, é importante implementar ações que viabilizem publicações a esse respeito (YAZILLE, 2006). Os profissionais de saúde pública que atuam com adolescentes devem questionar-se sobre a eficiência e eficácia das políticas públicas desenvolvidas pelos municípios, estados e governo federal, a fim de avaliar se as estratégias de ações correspondem a realidade do adolescente na saúde sexual e saúde reprodutiva em cada local e região, embasados na escolaridade, costumes, cultura, crenças e valores morais da sociedade brasileira. Para atender adequadamente às necessidades de saúde pública desta faixa etária é necessária a identificação e o conhecimento preciso da magnitude dos problemas. Outra questão será estabelecer prioridades e traçar projetos adequados e viáveis de assistência à saúde pública dos adolescentes (LOPEZ, et. al. 1989). No Brasil, como em outros países, a gravidez na adolescência preocupa os profissionais das áreas da Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º 7 p. 15 - 20 16 saúde pública, da educação e da assistência social. Percebemos através da grande quantidade de referências bibliográficas publicadas que esta preocupação tem levado alguns grupos de trabalho, que atuam com adolescentes, a pesquisarem alternativas para solução de problemas advindos da gestação que ocorre neste período da vida. Este estudo tem como propósito compreender e analisar o contexto dos indicadores relacionados à gravidez na adolescência, a despeito das ações de saúde pública desenvolvidas por meios de campanhas de prevenção. Hoje no Brasil, a gestação é comum em nossa população adolescente, em especial no município de Barra do Garças, estado de Mato Grosso, objeto do presente estudo. 2. ADOLESCENTE, IDENTIDADE E POLÍTICAS PÚBLICAS Segundo o Ministério da Saúde (2000) a adolescência é uma fase de transformações profundas no corpo, na mente e na forma de relacionamento social do indivíduo. Uma gravidez precoce ocorre em um período da vida em que o indivíduo está construindo sua identidade. A Organização Mundial da Saúde em 1988 na Conferência do Cairo definiu o conceito de saúde reprodutiva A saúde reprodutiva é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não de mera ausência de doença ou enfermidade, em todos os aspectos relacionados ao sistema reprodutivo, suas funções e processos (BRASIL, 2006, p.34). Esta definição direciona para que a/o adolescente, jovem e adulto tenham a autonomia e liberdade sobre seus corpos como dimensão fundamental da saúde, e limita a regulação do Estado, nos três entes federativos, sobre a reprodução e sexualidade, assegurando o direito de escolha como princípio de cidadania. Os direitos reprodutivos incluem adolescentes, jovens e adultos do sexo feminino e masculino nas políticas públicas voltadas para a saúde sexual e saúde reprodutiva, sem distinção de raça, etnia, aspectos sociais, culturais, morais, físicos e orientação sexual (BRASIL, 2006). Importante observar que os adolescentes e jovens muitas vezes não procuram os serviço oferecidos, pois não se identificam como indivíduos sexuados, e que muitas vezes a adolescente é punida pelos pais, responsáveis e/ou sociedade por declarar que tem uma vida sexual ativa, ou em determinados momentos não se reconhece como mulher devido às características físicas, psíquicas e sociais dessa faixa etária. (SANTOS, 2006). Outros fatores podem ter contribuído para o número de gestações em adolescentes: sexualidade On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X considerada “tabu, menarca precoce, deficiência na educação sexual, estilo de vida urbana e quase total ausência de serviços de saúde especializados voltados para adolescentes, em especial aos adolescentes do sexo masculino, pois a responsabilidade da reprodução humana ainda fica a cargo da adolescente do sexo feminino na visão moral da sociedade brasileira (SIMÕES, et. al., 2003). A lei nº. 9.263, de 12 de janeiro de 1996, que regula o § 7º do artigo 226 da Constituição Federal, que trata do planejamento familiar, no artigo 6º leciona que: As ações de planejamento familiar serão exercidas pelas instituições públicas e privadas, filantrópicas ou não, nos termos desta Lei e das normas de funcionamento e mecanismos de fiscalização estabelecidos pelas instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 1996). As estratégias de ações, na área de saúde pública, devem ser elaboradas e executadas nos três entes federativos (Federal, Estadual e Municipal), e na rede de saúde particular, visando à redução de riscos, ao qual esse segmento populacional encontra-se mais exposto, como: a gravidez precoce, as doenças sexualmente transmissíveis, o uso de drogas, os acidentes e as diferentes formas de violência (BRASIL, 2006). Outro dado importante a ser abordado é o “status social” ocasionado pela gestação, pois há adolescentes que tem como única perspectiva “ser mãe”, e a gravidez na adolescência possibilita a realização pessoal e o reconhecimento pela sociedade como mãe. “No entanto, esses relacionam a satisfação de ser mãe apresentada pelas adolescentes muito mais ao aspecto de reconhecimento social do que o desempenho que este papel traz” (GONTIJO, fev. 2008, p. 471). Entretanto as ações estabelecidas pelo Ministério da Saúde e demais órgãos afins, não executam estratégias de ações na sua totalidade, em decorrência de inúmeros fatores: capacitação profissional, estrutura física e humana, aspectos culturais, escolaridade do público alvo, ações fragmentadas do poder público, não abrangendo a interdisciplinaridade (médicos, enfermeiros, agentes comunitários de saúde, psicólogos, assistentes sociais, professores entre outros), já que na prática há ainda dificuldades em desenvolver ações em conjunto nas mais diversas áreas no Brasil. 3. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE ATENÇÃO BÁSICA (SIAB) O Sistema de Informação de Atenção Básica (SIAB) que é um dos mecanismos de coleta de informações direcionado pela Constituição Federal de 1988. A Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, que dispõe para a criação do Sistema Único de Saúde – Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º 7 p. 15 - 20 17 SUS, no art. 47 “disponibiliza a criação do sistema nacional de informações de saúde, integrado em todo o território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de prestação de serviços” (BRASIL, 1990). O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) O Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) foi criado em 1998 pelo Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS), em conjunto com a Coordenação de Saúde da Comunidade/Secretaria de Assistência à Saúde (COSAC/SAS), para auxiliar o acompanhamento e avaliação das atividades realizadas pelos agentes comunitários de saúde (ACS), agregando e processando os dados advindos das visitas domiciliares, bem como, do atendimento médico e de enfermagem realizado na unidade de saúde e nos domicílios (SILVA, 2005, p. 1822). O sistema possibilitou que todos os órgãos federativos passem a coletar dados e inseri-los nos Sistemas de Informação em Saúde (SIS), para que todos sejam responsáveis pela produção, organização e coordenação das informações em saúde pública. O município deixa de somente coletar e repassar as informações ao Ministério da Saúde, e passa a ser um dos colaboradores na construção de programas e projetos em saúde pública, para que de fato as ações atendam as particularidades e especificidades da população da sua área de abrangência. O sistema enfermeiro coordenador dos ACS – Agentes Comunitários de Saúde da micro área (THAINES, 2009). Outro aspecto determinante e ineficiente é que não há padronização e notificação de gravidez em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 (vinte) anos de idade assistidos pela rede particular e conveniada na área de saúde. 4. PERFIL GRAVIDEZ EM ADOLESCENTES Foi realizado levantamento bibliográfico, e coletados dados por meio de pesquisa no SIAB – Sistema de Informação de Atenção Básica do Ministério da Saúde. A coleta foi direcionada a um comparativo de informações de dados notificados no SIAB de adolescentes com idade igual ou inferior a 20 (vinte) anos de idade, nos três entes federativos: nacional, estadual e municipal. Os dados notificados de gravidez em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos no SIAB, podem não corresponder o número fidedigno de adolescentes grávidas nesta faixa etária por inúmeros motivos: início tardio do pré-natal, início do pré-natal em outro município e/ou estado, gestações acompanhadas pelo sistema particular e/ou conveniada e não notificadas no SIAB, a não realização de prénatal, entre outros. Gráfico 1 - Número de gestações em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos notificados em Barra do Garças/MT, nos anos de 2000 a 2009. 1000 [...] representa, então, potencialmente, uma fonte de dados de grande valor para a realização do diagnóstico de saúde de determinada área de abrangência, norteando o planejamento e avaliação de ações em saúde (SILVA, 2005, p. 1822). 907 866 900 796 800 860 781 700 600 636 554 560 557 533 500 400 300 200 100 0 Por meio do SIAB obtêm-se informações sobre cadastros de famílias, condições de moradia e saneamento, situação de saúde, produção e composição das equipes de saúde (BRASIL, 2000; SILVA, 2005). Porém, há inúmeras falhas colaborando para a não utilização na sua potencialidade máxima pela área de saúde pública brasileira, tendo como função repasse de dados superficiais, por falta de discussões e utilização dos dados coletados por toda a equipe local, regional e departamentos. Um fator predominante de aspecto negativo do SIAB é que mesmo os dados sendo de fontes comuns (ESF), estes não se cruzam, dificultando uma análise e perfil do usuário/paciente do ESF na sua totalidade, mas sim de forma fragmentada, e a não atualização simultânea das modificações da saúde do indivíduo/paciente e/ou à modificação dos dados pelo On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X Ano 2000 Ano 2001 Ano 2002 Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB, referente ao número de gestações notificados no município de Barra do Garças. O Gráfico 1 representa as notificações no SIAB de gestações, dos anos de 2000 a 2009, em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos, do município de Barra do Garças. A cidade de Barra do Garças é situada na região do centro-oeste, segundo o IBGE (2010), sua extensão territorial é de 9.078.982 Km², sua população é de 56.560, resultando em uma densidade demográfica de 6,23 habitantes por metro quadrado, situada na margem esquerda, do rio Garças. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º 7 p. 15 - 20 18 Os dados mostram que não há uniformidade relativa nos números de gestações em adolescente nos anos de 2000 a 2009 notificados no SIAB, contribuindo para uma análise de que as políticas públicas de saúde sexual e reprodutiva desenvolvidas no município de Barra do Garças não apresentam uma linha linear de resultados eficientes e eficazes nesta parcela da população, que atendam as particularidades e especificidades da adolescência em uma década, referente ao número de gestações em adolescentes barragarcenses. Outra particularidade do município de Barra do Garças é situar-se em uma região de fronteira regional e estadual, sendo um polo de saúde dos municípios circunvizinhos (Pontal do Araguaia/MT e Aragarças/GO), contribuindo para uma oscilação nos dados notificados em decorrência dos munícipes não utilizarem os serviços de saúde pública em seus municípios de origem, direcionando que os dados notificados nos 15 (quinze) ESF’s de Barra do Garças (14 na zona urbana e 01 na zona rural), não condizem com a realidade apresentada no município referente a gestações em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 (vinte) anos. Gráfico 2 - Número de gestações em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos notificados no estado de Mato Grosso nos anos de 2000 A 2009. 50.000 45.000 40.112 40.277 40.000 42.808 44.076 44.660 40.589 39.999 37.836 32.953 35.000 30.000 28.628 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 Ano 2000 Ano 2001 Ano 2002 Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB, referente ao número de gestações notificados no estado de Mato Grosso. O Gráfico 2 representa as notificações no SIAB de gestações, dos anos de 2000 a 2009, em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos no estado de Mato Grosso. O estado de Mato Grosso é situado na região centro-oeste, sua extensão territorial segundo o IBGE (2010), é de 903.329.700 Km², a população é de 3.035.122, distribuídos em 141 municípios, resultando em uma densidade demográfica de 3.36 habitantes por metros quadrados. Os dados salientam que há uma uniformidade relativa nos números de gestações notificados em adolescente nos anos de 2000 a 2009 notificados no SIAB, contribuindo para uma análise de que as políticas públicas de saúde sexual e reprodutiva desenvolvidas agem de forma plausível, ocasionando uma linha linear nos casos notificados no SIAB no estado de Mato Grosso referente ao número de On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X gestações em adolescentes mato-grossenses em uma década. Gráfico 3 - Número de gestações em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos notificados no Brasil nos anos de 2000 a 2009. 2.500.000 1.899.204 2.000.000 1.932.204 1.868.029 1.818.138 1.805.935 1.716.102 1.571.555 1.500.000 1.431.500 1.319.300 1.239.021 1.000.000 500.000 0 Ano 2000 Ano 2001 Ano 2002 Ano 2003 Ano 2004 Ano 2005 Ano 2006 Ano 2007 Ano 2008 Ano 2009 Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB, referente ao número de gestações notificados no Brasil. O Gráfico 3 representa as notificações no SIAB de gestações, dos anos de 2000 a 2009, em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos no Brasil. Os dados salientam que há uma uniformidade relativa nos números de gestações notificados em adolescente nos anos de 2000 a 2009 notificados no SIAB, contribuindo para uma análise de que as políticas públicas de saúde sexual e reprodutiva desenvolvidas agem de forma plausível ocasionando uma linha linear nos casos notificados no SIAB no Brasil referente ao número de gestações em adolescentes brasileiras em uma década. No período de 2000 a 2009 referente à pesquisa, houve maior incidência no ano de 2004, no município de Barra do Garças, e no ano de 2006, no estado de Mato Grosso e Brasil. A tabela a seguir demonstra o percentual de gestações nos anos de 2004 e 2006 referente a população, segundo o IBGE, nos respectivos anos. LOCAL/ANO POPULAÇÃO N.º DIA POR DIA PUPULAÇÃO POR ANO n.º % Barra do Garças (2004) 54.704 2,24 907 0,016 Mato Grosso (2006) 2.857.024 122,35 44.660 0,015 Brasil (2006) 186.770.613 5.293,70 1.932.204 0,010 Tabela 1 – Percentual de gestações das maiores notificações no SIAB no município de Barra do Garças, estado de Mato Grosso e Brasil. Há uma incidência no número de gestações em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 anos, sendo uma preocupação para os profissionais de saúde Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º 7 p. 15 - 20 19 pública em todo o país. A legislação de Planejamento Familiar, Lei nº. 9.263, de 12 de janeiro de 1996, assegura o planejamento familiar de todas as faixas etárias da população (adolescente, jovem e adulto), como assegura o artigo 4º “O planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade” (BRASIL, 1996). A pesquisa demonstra que a legislação específica de planejamento familiar não proporcionou o declínio de notificações de gravidez em adolescentes com idade igual ou inferior a 20 (vinte) anos de idade, no município de Barra do Garças, estado de Mato Grosso e Brasil, pois os gráficos retratam que após, aproximadamente uma década da aprovação da Lei nº 9.263/1996, houve ora ascensão, ora declínio de notificações de gestações em adolescentes nos três entes federativos. Há políticas públicas voltadas a saúde reprodutiva e sexual na adolescência elaboradas pelo Ministério da Saúde, mas não são executadas na sua totalidade em decorrência das diferenças culturais/morais, ineficiência de políticas públicas intersetoriais nesta problemática, compreensão da totalidade e complexidade desta temática. públicas aos adolescentes, que atendam as particularidades e especificidades deste público alvo. Os profissionais que atuam diretamente com adolescentes, primeiramente devem conhecer este público alvo, serem flexíveis, a fim de conseguir aproximar-se da realidade desta faixa etária garantindo a confiança e, posteriormente, exterminar o tabu envolvido na saúde sexual e reprodutiva, já que inúmeras foram às campanhas do Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde (estaduais, municipais e nacional) sem resultados eficientes e eficazes que contribuam para uma conscientização de adolescentes e da sociedade em geral de que é necessário conhecer o corpo e ter possibilidade de planejar sua vida sexual, reprodutiva e familiar. Portanto os programas e projetos na área de saúde sexual e reprodutiva de adolescentes, não podem ser específicos e exclusivos da saúde pública. É necessário que a intersetorialidade e interdisciplinaridade sejam de fato articulados em todos os segmentos: saúde, educação, assistência social, pois o público alvo é assistido em todos estes patamares, abrangendo o indivíduo na sua totalidade e não fragmentado. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS BRANDAO, Elaine Reis; HEILBORN, Maria Luiza. Sexualidade e gravidez na adolescência entre jovens de camadas médias do Rio de Janeiro, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 22, n. 7, July 2006. Available from <http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0102311X2006000700007&lng=en&nrm=iso>. Access on 01 Dec. 2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0102311X2006000700007. BRASIL. Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Acesso em 28 de ago. 2010 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm. BRASIL. 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A avaliação e monitoramento das ações e estratégias desenvolvidas nos programas desde o ESF’s, as cartilhas e estudos realizados pelo Ministério da Saúde devem levar em consideração a realidade local, cultural, econômico em linguagem acessível a esta faixa etária, de acordo com a cultura local. Devem-se direcionar programas e projetos que atendam as necessidades e a realidade deste público de acordo com a sua escolaridade, cultura, aspectos biopsicossociais, e somente os profissionais de cada micro área podem traçar o perfil do seu público da faixa etária de 10 a 20 anos, para posteriormente as informações serem inseridas no SIAB e demais sistemas de informação do Ministério da Saúde. Outro aspecto é a ampliação de informações no SIAB intersetoriais, a fim traçar o perfil do adolescente do século XXI em relação à saúde sexual e reprodutiva, devem ser inseridos nos formulários disponibilizados nos ESF’s, a fim de incluir informações que possam traçar o perfil do adolescente da micro área e microrregião, do município, estado e Brasil criando indicadores que propiciam insumos para elaboração e implantação/execução de políticas On-line http://revista.univar.edu.br/ ISSN 1984-431X 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______. Marco teórico e referencial: saúde sexual e saúde reprodutiva de adolescentes e jovens / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2006. Interdisciplinar: Revista Eletrônica da Univar (2012) n.º 7 p. 15 - 20 20 _______. Prevenir é Sempre Melhor – 99. Coordenação Nacional de DST e Aids – 1 ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2000. 93 p. IBGE. 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