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SALVADOR DOMINGO 29/3/2015
As indústrias deveriam pagar mais?
A lei prevê isso – prevê que haja cobrança diferenciada para quem usa
a água para atividade produtiva. Os
grandes consumidores e a perda de
água por falta de manutenção do
sistema representam os maiores
gastos. A indústria deveria pagar
mais. Na prática não paga.
A Agência Nacional de Água divulgou um
artigo sobre a situação hídrica na Bahia,
onde consta que “22% dos municípios
apresentam condições satisfatórias para
atendimento da demanda de 2015”. É
um número baixíssimo, não?
É um número baixíssimo, mas que
pode ser ainda menor, se levarmos
em conta a qualidade. O uso de uma
tecnologia obsoleta de tratamento,
com doses cavalares de cloro, e a negligência no saneamento são recorrentes. Que tipo de água está sendo
entregue a essa população? É algo
que precisa ser investigado.
hidrelétricas, a irrigação, as barragens – de Sobradinho, Santa Maria,
Paulo Afonso, Itaparica, Xingó –, que
alteraram a natureza do rio. Hoje, há
municípios-fantasmas em torno do
São Francisco. A população ribeirinha
não consegue mais viver da pesca.
No ano passado, a senhora concluiu um
estudo sobre o Baixo São Francisco. Que
resultados encontrou?
A população ribeirinha vive de forma
completamente diferente hoje. Há
dez, 20 anos, pescavam na época das
cheias e plantavam na época de baixa do rio. O ciclo de produção e o modo de vida deles variavam de acordo
com o ciclo natural. Depois vieram as
Como a obra de transposição vem colaborando com este processo?
Ela chegou quando o estrago já estava feito. A transposição é mais um
usuário que tira água do rio. E vai tirar numa quantidade que a gente
ainda não sabe. O projeto prevê
26,4 metros cúbicos de água, mas as
dimensões dos canais permitem
passar 125 metros cúbicos.
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