O USO DE RECURSOS TECNOLÓGICOS COMO METODOLOGIA DE ENSINO EM LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA NAS ESCOLAS PÚBLICAS DE ENSINO MÉDIO EM VARGINHA Edilaine Gonçalves Ferreira de Toledo CEFET-MG André Rodrigues Monticeli CEFET-MG Letícia Lage Caldeira Silva (aluna bolsista) CEFET-MG RESUMO: a presença das tecnologias e seus recursos midiáticos, principalmente do computador, requer das instituições de ensino e do professor novas posturas frente ao processo de ensino e aprendizagem. Em especial na educação, principalmente no ensino de Língua Portuguesa e Matemática, o uso de qualquer recurso tecnológico exige mudança na prática docente, proporcionando experiências de aprendizagem significativas para os alunos, além de inovar com as metodologias de ensino-aprendizagem, beneficiando todos os envolvidos no processo. É comum falar em utilização de novas tecnologias no processo de ensino- aprendizagem. Porém, nem sempre no dia-a-dia escolar essa prática é bem difundida e utilizada. Partindo deste problema, investigamos o uso de recursos tecnológicos, como computador e outras mídias, na prática pedagógica de professores de matemática e língua portuguesa das escolas públicas de nível médio de Varginha. Nessa investigação, quisemos levantar as dificuldades que esses professores enfrentam em relação ao uso desses recursos tecnológicos e midiáticos em suas aulas, e caso não os usem, pesquisar o porquê não o fazem. Essas informações foram adquiridas por meio de pesquisas de campo, ou seja, entrevistas agendadas com auxílio de questionários elaborados para este fim. Com o levantamento dos dados pesquisados, identificamos como se dá a utilização de recursos existentes e o que motiva a não utilização dos mesmos nas salas de aula, e assim, tivemos a ideia de como são essas escolas e como lidam com tecnologia em seu cotidiano, bem como são os seus professores e como se sentem em relação à aplicação dessa metodologia tecnológica em seus locais de trabalho .Esse projeto, que foi concedido e financiado pela FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais), na modalidade Bic-Jr., teve a finalidade de pesquisar se as escolas públicas de ensino médio em Varginha utilizam ou não recursos tecnológicos em aulas de Língua Portuguesa e Matemática. Quando se trata de ensino-aprendizagem, é preciso utilizar o máximo de recursos possíveis para o desenvolvimento de nossos alunos. E, hoje em dia, não podemos deixar de lado os recursos tecnológicos. É preciso aproveitá-los bem, tendo-os como auxílio nesse processo de ensino e aprendizagem. Partindo do pressuposto que nossa instituição é centro tecnológico, escola pública federal e referência para disseminação de uso de tecnologias e conhecimento em nossa cidade e região, como ela poderia ajudar na divulgação do uso de tecnologias nas escolas públicas de nível médio em Varginha. Assim, pesquisas e entrevistas com diretores e professores dessas escolas seriam o caminho para descobrir sobre o uso ou não de tecnologias e que impacto ou não isso causaria nos aspectos de ensino-aprendizagem das disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Algumas dificuldades como programar o atendimento em algumas escolas, o conceito de tecnologia para alguns professores e até o desconhecimento do que nossa instituição é e pode servir de referência à comunidade escolar local, foram alguns entraves para a coleta das informações. Com base nessas informações obtidas, conhecemos essas escolas e professores, em relação à aplicação dessa metodologia tecnológica em sala de aula,. Assim, percebemos que muito ainda há por se fazer na melhoria da qualidade nesse nível de ensino, como: o uso de tecnologias, o treinamento e conscientização de professores e diretores sobre em como usar tais recursos, e ainda o acesso e aquisição desses recursos e equipamentos pelos governos municipais e estaduais, através das verbas destinadas à educação. PALAVRAS-CHAVE: tecnologia; recurso didático; metodologias de ensino-aprendizagem. 1.Introdução A presença das tecnologias e seus recursos midiáticos, principalmente do computador, requer das instituições de ensino e do professor novas posturas frente ao processo de ensino e aprendizagem. Principalmente na educação, e em especial no ensino de Língua Portuguesa e Matemática, o uso de qualquer recurso tecnológico exige mudança na prática docente, proporcionando experiências de aprendizagem significativas para os alunos, além de inovar as metodologias de ensino-aprendizagem, por parte dos professores, conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1996): “ A velocidade do progresso científico e tecnológico e da transformação dos processos de produção torna o conhecimento rapidamente superado, exigindo-se uma atualização contínua e colocando novas exigências para a formação do cidadão.” A revolução tenológica, por sua vez, cria novas formas de socialização, processos de produção, e até mesmo, novas definições de identidade individual e coletiva.” (PCNs, Bases Legais, p. 29 e 30) O uso de novas tecnologias no ensino demanda um olhar mais abrangente, envolvendo novas formas de ensinar e de aprender, condizentes com a atual sociedade do conhecimento, pois segundo LEVY (2000): “qualquer reflexão sobre o futuro dos sistemas de educação e de formação na cibercultura deve ser fundada em uma análise prévia da mutação contemporânea da relação com o saber.”(Cibercultura, p.157) Iniciado em 01 de agosto de 2011, o projeto , concedido e financiado pela FAPEMIG (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais), na modalidade de bolsa de iniciação científica júnior – Bic Jr. - teve a finalidade de pesquisar se as escolas públicas de ensino médio em Varginha utilizam ou não recursos tecnológicos em aulas de Língua Portuguesa e Matemática. A ideia foi pesquisar se usam, como usam, e se não usam, saber dos motivos desse uso não acontecer. Isso para que os resultados obtidos pudessem ser divulgados no meio acadêmico, educacional a fim de informar a situação em que se encontram as escolas públicas de ensino médio da cidade. O projeto foi concebido quando se pensou em como o CEFET - centro tecnológico e também escola pública, instalado na cidade desde 2006 – poderia ajudar na divulgação do uso de tecnologias para as escolas públicas de nível médio em Varginha. Por isso essa pesquisa, na forma de entrevista com diretores e professores dessas escolas, seria o caminho para descobrir sobre o uso ou não de tecnologias e que impacto, ou não, isso causaria nos aspectos de ensino-aprendizagem. E quando falamos em tecnologia, surgem muitos significados e conceitos, ora corretos, ora equivocados, e por isso deixamos claro que a tecnologia a que fazemos referência no projeto está vinculada a computadores, data shows, notebooks, dvds, enfim a recursos midiáticos e audiovisuais que poderiam estar disponíveis nas instituições. A produção de formulários para as entrevistas e o agendamento de entrevistas foram os primeiros passos para a produção da pesquisa, sabendo que muitas poderiam não querer participar dela. Ao todo, a cidade dispõe de 10 escolas estaduais de ensino médio e uma escola municipal também nível médio; foram entrevistados 11 diretores, 11 professores de matemática e 11 de língua portuguesa, sendo que esses professores eram indicados pela direção, sob o critério de maior carga horária que ora era cumprida no período da manhã, e ora no período da noite, visto que essas escolas atendem o ensino médio somente nesses turnos. A seguir, detalharemos como a pesquisa se deu, norteando-se pelo que PERRENOUD (2000) já contextualiza: “ Se não se ligar, a escola se desqualificará. Ora, as novas tecnologias da informação e da comunicação – TICs, ou NTICs – transformam espetacularmente não só as nossas maneiras de comunicar, mas também de trabalhar, de decidir, de pensar.” ( 10 Novas Competências para Ensinar, p. 125) 2. Compreendendo recursos, tecnologias e seus impactos. O que entendemos por tecnologia? A definição do dicionário leva-nos ao seguinte resultado: “conjunto de conhecimentos e princípios específicos, que se aplicam a um determinado ramo de atividade.” (AURÉLIO, 2010, p.732). E tão amplo quanto esse conceito, é a ideia que as pessoas têm sobre tecnologia, suas aplicações e implicações: como especificar de fato um recurso tecnológico para o uso em sala de aula? Há muito o que se pensar sobre essas questões e BAIRON (1995) remete-nos à seguinte reflexão: “ O século XXI não será a continuidade do século do homem espectador de tecnologia, mas o século do homem que interage com ela.” (Multimídia, p. 66) Em função de muitos fatores, sabemos que as escolas públicas ainda estão distante de serem autossuficientes em seus recursos para cumprir seu papel de ensinar, e que seus alunos, ao contrário, estão bem adiante e ambientados com o mundo tecnológico: daí em diante, surge a grande lacuna e muitos problemas, que poderiam ser sanados com novas maneiras de se pensar o ensino e em como cativar esses alunos para isso. E como interagir com os recursos tecnológicos, se muitas vezes não os dominamos, ou até, nem os conhecemos? Responderam ao nosso questionário todas as 11 escolas públicas de ensino médio do município de Varginha, e todas localizadas na zona urbana, e seguem listadas no quadro adiante. A metodologia desse projeto pautou-se primeiramente em listar as escolas a serem entrevistas, fazer o primeiro contato expondo o projeto, convidando-a a participar dele. E em seguida, realizavam-se as entrevistas com diretores e professores, agendadas previamente, onde eram respondidos os formulários preparados para conhecer os dados dessas escolas, conforme disposto no anexo, visando atender a duas importantes indagações, que nortearam essa pesquisa: nossas escolas dispõem de algum recurso tecnológico que melhore e dinamize o processo de ensino-aprendizagem? Nossos professores de Língua Portuguesa e Matemática, conteúdos básicos, estão preparados para utilizar os recursos tecnológicos no aprendizado de nossos alunos? Outras questões também foram importantes para esse projeto: pesquisar os principais obstáculos desses professores em desenvolver atividades utilizando quaisquer recursos tecnológicos; promover a criação de um espaço para reflexão sobre o uso de tecnologias em sala de aula, nas próprias escolas e oferecer, posteriormente, através desse perfil pesquisado, capacitação e suporte didático-pedagógico para esses professores e suas escolas. Esse período de coleta durou em torno de 5 meses, em mais de uma visita a cada escola, e como elas, em sua maioria, são mais centralizadas, este ir e vir foi acessível. Foram separadas por blocos, com a intenção de congregar as mais centrais e mais periféricas, em função da distância e forma de locomover-se até elas, seja por linhas de ônibus ou veículo oficial da instituição. Blocos Escolas Bloco 1 – de 16/09- a 06/10- Escola Estadual Afonso Pena; (região central) Escola Municipal José Camilo Tavares; Escola Estadual Coração de Jesus; Escola Estadual Professor Fábio Sales. Bloco 2 – de 16/10- a 10/11- Escola Estadual Prof.ª Aracy Miranda; (região periférica I) Escola Estadual Prof. Domingues Chaves; Escola Estadual Deputado Domingos de Figueiredo; Escola Estadual São Sebastião. Bloco 3 - de 16/11- a 15/12- Escola Estadual Dr. Wladimir de Resende Pinto; (região periférica II) Escola Estadual Pedro de Alcântara; Escola Estadual Professor Antônio Corrêa de Carvalho. Essas visitas intencionaram atingir os principais objetivos a seguir: a) pesquisar de que maneira os professores de matemática e língua portuguesa utilizam recursos tecnológicos em suas aulas, e que recursos são esses; b) pesquisar os principais obstáculos desses professores em desenvolver atividades utilizando quaisquer recursos tecnológicos; c) promover a criação de um espaço para reflexão sobre o uso de tecnologias em sala de aula; d) sensibilizar os professores de matemática e língua portuguesa, enquanto disciplinas de núcleo comum do ensino básico, para a importância do uso de tecnologias no auxílio do processo ensino-aprendizagem; e) traçar o perfil dos professores de língua portuguesa e matemática, bem como de suas escolas, quanto à importância e à utilização de recursos tecnológicos. d) oferecer, posteriormente, através desse perfil pesquisado, capacitação e suporte didáticopedagógico para esses professores e suas escolas, visando melhorias de sensibilização e uso de tecnologias. A partir disso, as respostas aos formulários revelaram-nos algumas questões pontuais: a) que as escolas, na figura de seus diretores e professores, têm ciência da importância da tecnologia em sala de aula, mas que nem sempre esse uso acontece de forma dinâmica, produtiva e eficiente para alunos e professores, na construção do processo de ensinoaprendizagem; b) que a instituição Cefet, na cidade de Varginha, ainda não ocupa o lugar de escola-referência no intuito de assegurar-lhes parcerias e capacitações, enquanto centro tecnológico no âmbito federal, e isso, talvez, pela unidade ser recente na cidade e a população ainda não ter a real noção do que é ter um centro federal de educação tecnológica de nível médio em uma cidade de interior, onde a cultura cafeeira e agrícola se mantém arraigada por muitas gerações; c) que há um longo caminho a percorrer para que o professor de escola pública estadual de ensino médio saiba como utilizar bem, conhecendo-os de fato recursos tecnológicos e reconhecê-los como via de acesso a um aprendizado mais interativo, prazeroso e eficiente. d) que os professores e diretores dessas escolas aguardam posterior divulgação dos resultados dos gráficos tabulados,bem como encontros de capacitação com os professores do Cefet. Vejamos a importância e dimensão de cada escola entrevistada na cidade: Gráfico 1 – Diretores Percebe-se que pela quantidade de alunos, imagina-se que as escolas tenham um número adequado ou pelo menos aproximado de recursos tecnológicos para atender a demanda. No entanto, sabe-se que a realidade é outra: escolas públicas que pouco têm verbas para as questões básicas de manutenção, fazem o que podem para ter, pelo menos, uma televisão, um dvd, um computador, um datashow que possam ser utilizados para enriquecer as aulas dos alunos. E em situações assim, certamente, a qualidade das atividades, bem como a diversidade e o uso contínuo não serão intensos, e nem feito por todos, já que não atende à demanda necessária e desejada. Vejamos o gráficos com recursos disponíveis, por escola: Gráfico 4 – Diretores Os números são interessantes: todas as escolas têm os recursos considerados obrigatórios, ou seja, o conhecido “kit multimídia”, mas com um item de cada equipamento, dispostos em sala específica, para que os alunos e professores se locomovam até ela, para usála, usufruí-la. BELLONI (2001) enfatiza a realidade de perplexidade e despreparo dos professores na escola, frente às mudanças trazidas pelas tecnologias. Essas evidências merecem uma investigação detalhada para conhecermos efetivamente a realidade na qual o professor está inserido, levando em conta que a prática docente pouco mudou ao longo do tempo e, no entanto, os alunos não são mais os mesmos: requerem novas metodologias, novos recursos. Inúmeras pesquisas indicam que o uso do computador pode se tornar um grande aliado para o desenvolvimento cognitivo dos alunos, viabilizando a realização de novos tipos de atividades e de novas formas de pensar e agir. Entretanto, este potencial ainda não tem sido devidamente explorado e integrado ao cotidiano da prática escolar, ficando assim restrito a discussões teóricas e acadêmicas. Para as escolas e para muitos professores, o computador continua a ser um corpo estranho, que provoca sobretudo um grande incômodo. Para PERRENOUD (2000) isso se reverte numa reflexiva atitude que deveria partir do professor, em detrimento da nova realidade que seu aluno está inserido: “Os professores que sabem o que as novidades tecnológicas aportam, bem como seus perigos e limites, podem decidir, com conhecimento de causa, darlhes um amplo espaço em sua classe, ou utilizá-las de modo bastante marginal...”êm a atenção permanentemente voltada ao que se anuncia, para não se fecharem nos instrumentos de hoje. Melhor seria que os professores exercessem antes de mais nada uma vigília cultural, sociológica, pedagógica e didática, para compreenderem do que será feita a escola de amanhã, seu público e seus programas. Se lhes resta um pouco de disponibilidade, uma abertura para o que se desenrola na cena das NTICs seria igualmente bem vinda.” ( 10 Novas Competências para Ensinar. Artes Médicas, p. 138) E isso é realidade também em nossa cidade, nas escolas supracitadas que foram entrevistadas nesse projeto: os alunos têm muito mais domínio e interesse em recursos de tecnologia do que seus próprios professores, e no entanto isto é absolutamente plausível, visto que são gerações diferentes tentando construir um processo de ensino-aprendizagem que desperte além de prazer em aprender, um ato de construção e reconstrução do conhecimento com qualidade e de modo contínuo, o que muitas vezes não acontece com sucesso., e sito também será normal, já que são situações adaptáveis a ambos. Outras questões também inviabilizam o uso intenso e cotidiano de tais recursos: a) não há equipamentos suficientes para que todos usem continuamente; b) nem sempre há todos os tipos de equipamentos considerados básicos, como datashows; c) não há um funcionário específico para funções de apoio tecnológico, ou que auxilie o professor na montagem de equipamentos e/ou no uso da sala especial para isso; d) a maioria dos professores não domina o uso de computadores e só os utiliza com projeções de imagem, como datashow para aulas expositivas e/o isolada, ou filmes; e) o acesso ao ambiente com equipamentos nem sempre está disponível a todos, em todos os turnos de aulas. 3. Aluno, professor, escola e recursos de tecnologia: repensando conceitos e métodos. A escola é parte integrante no cenário de transformações pelo qual passa nossa sociedade. Com o avanço significativo da informática em outras áreas, precisamos nos apressar em incorporar esse novo recurso como tentativa de melhorar o ensino, sobretudo nas disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática, que compõem o núcleo comum da educação básica, e estruturam de forma direta ou indireta os demais conteúdos, seja no foco de habilidades e competências, seja no ensino individual, interdisciplinar e multidisciplinar. Conforme PCNs (1996), “no momento em que se verifica uma revolução na vida e no trabalho, através do processo de automação, a escola precisa mudar, não só de conteúdos, mas aceitando novos elementos que possibilitem a integração do estudante ao mundo que o circunda.” (PCNs, Bases Legais, p. 117) E enquanto disciplinas básicas, Língua Portuguesa e Matemática, a figura de seus professores, poderiam, ou até deveriam, sustentar essa nova realidade que se apresenta, e de maneira definitiva. Por serem disciplinas com o maior número de aulas, pressupõe-se que elas podem ser a referência o uso mais eficiente de recursos tecnológicos. Os gráficos a seguir, com os dados de professores de português e matemática, em relação a quais recursos disponíveis nas escolas eles usam e com qual frequência esse uso acontece, mostram números interessantes. Lembrete importante: os gráficos com as informações de professores das disciplinas de português e matemática têm uma diferença em relação ao número de entrevistados: ao todo, são onze professores de matemática entrevistados e dez de português, visto que uma não entregou o formulário respondido de um professor, apesar de insistentes pedidos feitos. Gráfico 7 – professores de português e matemática. Gráfico 9 – professores de português e matemática. O letramento digital por parte de professores (SOARES, 2002) é algo que precisa ser minimizado a partir de ações que privilegiem o uso de recursos tecnológicos em sala de aula: nossos alunos, independente de classe social ou nível escolar, conhece e domina, mesmo que em menor escala, o uso de computadores, ipods, e-tablets, data-shows, celulares, tvs e demais mídias. E os educadores têm de inovar também em seus recursos metodológicos para que a aprendizagem seja mais produtiva e prazerosa. COSCARELI e RIBEIRO (2005) assim definem o aluno para o qual, hoje, temos de estar atentos, quanto ao uso de recursos tecnológicos: “Trata-se de uma geração que chega com a bagagem cheia de experiências mediadas por computador, craques em edição de imagem, texto e, quem sabe, som. Esta geração de crianças nascidas junto com a popularização do computador e da Internet já chega considerando a máquina um equipamento importante em várias dimensões de suas vidas, dona de logins e senhas pessoais, apta a utilizar a informática provavelmente mais e melhor do que grande parte de seus professores.” (Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas, p. 18) Não se discute mais sobre o perfil de nossos alunos na era da informação, uma geração que já nasceu sob o olhar de uma cultura digital , e cresce, sem qualquer controle ou hábitos, sob o estilo de ser hightech: nossos alunos sabem sim muito mais recursos tecnológicos do que seus professores, e esperam deles a aceitação dessa verdade, na forma de aulas e atividades com uma aparência menos tradicional do que eles já conhecem, e com toda razão, desinteressam-se facilmente. Sabe-se também que a carga de um professor nessas rede ensino são extensas, e muitos fazem dois turnos, perfazendo uma carga horária de até 40 horas/aula semanais, alegando por isso, não terem tempo e disposição suficientes para preparar aulas com outros recursos além de saliva, quadro e giz, ou ainda, não terem tempo e recursos financeiros para se aperfeiçoarem com cursos de informática ou qualquer outro treinamento que os qualifique para melhor usar a tecnologia a seu favor em sala de aula. Não há qualquer julgamento tanto para aluno, para professor e/ou o poder público por todos esses desencontros de ordem social, histórica, cultural e econômica: o que se pretende aqui é discutir esse impasses e ponderar de onde as mudanças tem de começar para se instaurarem como definitivas. Segundo VALENTE (1999): “o uso do computador na educação, objetiva a integração deste no processo de aprendizagem dos conceitos curriculares em todas as modalidades e níveis de ensino, podendo desempenhar papel de facilitador entre o aluno e a construção do seu conhecimento”. ( O computador na sociedade do conhecimento, p. 39) O autor defende a necessidade de o professor da disciplina curricular atentar para os potenciais do computador e ser capaz de alternar adequadamente atividades não informatizadas de ensino-aprendizagem e outras passíveis de realização via computador; enfatiza a necessidade de os docentes estarem preparados para realizar atividades computadorizadas com seus alunos, tendo em vista a necessidade de determinar as estratégias de ensino que utilizarão, conhecer as restrições que o recurso apresenta, e ter bem claro os objetivos a serem alcançados com as tarefas a serem executadas. E isso se registra também nos Parâmetros Curriculares Nacionais: “ o uso de informações,através da linguagem digital, tem transformado o cotidiano da sociedade não só como mundo globalizado, mas também como uma realidade específica de cada região” (PCNs, Bases Legais, p. 112) Neste contexto, situamos o CEFET-Varginha como unidade de referência que deveria ser e ter tal reconhecimento, mas que por questões de ordem cultural e pelo pouco tempo de implantação na cidade , em muito atrasam a parceria ideal que poderia já acontecer para as comunidades escolares da cidade e de seu entorno regional. Os demais gráficos, tabulados a partir das informações coletadas com professores e diretores estão dispostos no Anexo D , conforme as questões respondidas nos formulários de entrevistas, identificados no Anexo A e Anexo B: eles apresentam os dados sobre o uso, conhecimento e reconhecimento de tecnologia no cotidiano desses professores e diretores, dentro e fora da sala de aula. 4. Reflexões sobre informatização de recursos. Através do que foi exposto até aqui , algumas considerações podem ser feitas, tanto de ordem positiva como negativa, percebendo que a ausência de recursos tecnológicos , na conjuntura em que estamos, denota um descompasso na qualidade do ensino, na maneira em como os alunos aprendem. Ao analisar os gráficos mostrados, e os demais que seguem ao final, na parte dos anexos, em muitos resultados podemos perceber conflitos de informação entre diretores e professores, como por exemplo no caso da pergunta acerca da existência de sala equipada na instituição, em que dez dos onze diretores responderam sim e apenas cinco e oito professores de português e matemática, respectivamente, concordaram com a afirmação. Mas pudemos perceber também que há aspectos positivos na realidade varginhense, onde essa pesquisa se realizou, como por exemplo : as escolas do município em comparação a escolas de grandes cidades fornecem aos professores materiais e tecnologias para suas aulas, existe um bom interesse da comunidade escolar, há o uso destas tecnologias como metodologia de ensino para as matérias pesquisadas e os professores e diretores reconhecem a importância dessa utilização, a exceção de dois professores de matemática. Outra observação a ser feita é que os professores destacaram, em sua maioria, como tema/estratégia que estimula os alunos os avanços tecnológicos, os vestibulares e o ENEM, filmes e jogos. Os PCNs (1996) já garantem que a informática , seu uso e as consequências disso devem ser feitos visando renovar todo o processo de transmissão de conhecimento que até então conhecemos: “Competência e habilidade em informática: “reconhecer a informática como ferramenta para novas estratégias de aprendizagem, capaz de contribuir de forma significativa para o processo de construção do conhecimento, nas diversas áreas.” (PCNs, Bases Legais, p. 119) O uso da informática e de recursos tecnológicos deve acontecer para auxiliar o professor em seu cotidiano escolar: não ser algo obsoleto na escola que ninguém usa; não ser um incômodo para quem não a domina; não ser uma obrigação para quem pouco a utiliza. Deve ser aliada e complementar ao processo e não um fim em si mesmo. E sabemos que muito ainda tem de ser feito para que essa realidade mude. Conforme PERRENOUD (2000), uma gama de recursos e novas maneiras de aprender existem para erem usados e realizados, no entanto alguns podem ser delimitados como sugestão para serem conhecidos e utilizados por professores junto com seus alunos: “... aqui indica-se quatro entradas bastante práticas: utilizar editores de textos, explorar potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos do ensino, comunicar-se à distância por meio de telemática, utilizar ferramentas multimídias no ensino.” (10 Novas Competências para Ensinar, p. 126) É na figura do professor, o mediador diário de conhecimento na sala de aula, que esse processo pode se intensificar, mas também fortalecido por políticas públicas de desenvolvimento reais que forneçam recursos a estas escolas públicas, bem como treinamento, capacitação para que os usem de maneira correta e produtiva, como já previsto em lei, nos PCNs: “Também é essencial investir na formação dos docentes, uma vez que as médias sugeridas exigem mudanças na seleção, tratamento dos conteúdos e incorporação de instrumentos tecnológicos modernos, como a informática.” (Parâmetros Curriculares Nacionais, p. 27-28) Ao vermos a quantidade de aluno por escola, e vermos os escassos recursos, percebese que muitos não usarão nada porque não haverá para todos. E que mesmo havendo muitos, é preciso saber usá-los bem, como ratifica PERRENOUD (2000) “Todo professor que se preocupa com a transferência, com o reinvenção dos conhecimentos escolares na vida, teria interesse em adquirir uma cultura básica no domínio das tecnologias, do mesmo modo que ela é necessária a qualquer um que pretenda lutar contra o fracasso escolar e a exclusão social. A verdadeira incógnita é saber se os professores irão apossar-se das tecnologias como um auxílio ao ensino, para dar aulas cada vez mais bem ilustradas por apresentações multimídias, ou para mudar de paradigma e concentrar-se na criação, na gestão, na regulação de situações de aprendizagem.” (10 Novas Competências para Ensinar, p. 139) E já sabemos que a grande queixa por parte de professores pela ausência de quantidade significativa de recursos, bem como de capacitação para a manuseá-los, é o senso comum que vemos na realidade de cada escola pública que participou do projeto. E é de conhecimento também que essa realidade talvez não mude tão rápido, em comparação por exemplo com escolas da rede privada. 4.Considerações Finais Esse projeto agora segue a idealizar e estruturar a capacitação que se deseja empreender com os professores dessas escolas, inaugurando uma parceria para a divulgação do Cefet na cidade e região, e o que ele pode oferecer no sentido de melhor reconhecer os recursos de tecnologia e em como utilizá-los melhor no cotidiano escolar. Pensa-se também, conforme ideia de muitos diretores e professores entrevistados, em busca de recursos do Estado e Município, no sentido de ampliar essa capacitaçao ao professores de Ensino Fundamental, e também a captação de recursos financeiroes para se obter mais equipamentos de tecnologia para essas escolas Ao realizarmos o projeto encontramos muitas dificuldades tais como de locomoção a algumas escolas, indisposição de algumas delas, demora na devolução dos formulários e, às vezes, descaso no atendimento. Porém conseguimos finalizar este projeto, que demonstra um pouco como anda a educação publica brasileira, e que despertou grande interesse por parte de alguns professores e diretores. Algumas iniciativas observadas merecem ser destacadas, tais como a de um professor de português que desenvolveu um projeto, junto a seus alunos, em que eles produzem filmes e vídeos de obras de autores da literatura brasileira. O professor em questão conseguiu grande interesse de seus alunos, que se encontram ainda mais motivados. Constatamos que as escolas do município de Varginha, em média, dispõem e utilizam a tecnologia como metodologia de ensino para português e matemática. Citando DELOURS, é que podemos afunilar nossas reflexões sobre essa questão de uso de recursos tecnológicos em escolas públicas de ensino médio, aqui com ênfase à cidade de Varginha, unidade 8 do Cefet-MG, quando fazemos pesquisa em educação e quando pensamos em melhor qualidade de ensino e novas formas de aprender ensinar, na era da informação em que vivemos: “A educação ao longo de toda a vida baseia-se em quatro pilares: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver/conviver juntos, aprender a ser... Numa altura em que os sistemas educativos formais tendem a privilegiar o acesso ao conhecimento, em detrimento de outras formas de aprendizagem,importa conceber a educação como um todo. Esta perspectiva deve, no futuro, inspirar e orientar as reformas educativas, tanto em nível de elaboração de programas como de definição de novas políticas pedagógicas.” ( Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI, p. 101-102) Vivenciar esses pilares em nosso processo educacional torna mais próxima a tecnologia em nossa realidade, e sobretudo, mais arraigada na vida escolar cotidiana de todos os envolvidos, já que Essa pesquisa mostrou um pouco da tecnologia na educação publica de ensino médio no município de Varginha, mas como será que está em outras cidades? Com certeza este será um outro desafio e um novo tema para novos projetos, pois em se tratando de tecnologia, o tempo é elemento efêmero e a educação é algo que tem de se adaptar sempre aos novos hábitos da contemporaneidade. 5. Referências Bibliográficas BAIRON, Sérgio. Multimídia. Global Editora, 2ª edição, São Paulo, 1995. BELLONI, M. L. O que é Midia-educação. Campinas: Autores Associados, 2001. COSCARELLI, Carla Viana; RIBEIRO, Ana Elisa. (Orgs.). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. DELORS, Jacques. Educação, um tesouro a descobrir. Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o século XXI. Editora Cortez, 5ª edição, São Paulo, 2001. HOLANDA, Buarque de Aurélio. Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Positivo: Curitiba, Paraná, 8ª edição, 2010. LEVY, Pierre. Cibercultura. Editora 34: 2ª edição, São Paulo, 2000. PCNs - Parâmetros Curriculares Nacionais, Ensino Médio, Bases Legais/Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnológica, Brasília, 1999. PERRENOUD, Philippe. 10 Novas Competências para Ensinar. Artes Médicas: 2ª edição, Porto Alegre, 2000. SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento na cibercultura. Educ. Soc., Campinas, vol. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 2002. VALENTE, J. A. O computador na sociedade do conhecimento. Campinas: Unicamp/NIED, 1999. 6. Anexos Anexo A – Formulários direcionados aos diretores Escola: Localização: Data / hora: Direção e/ou responsável pelas informações: Número de professores Matemática Português Matutino Vespertino Noturno Contratados Efetivos Qual o número de alunos matriculados na instituição?_____________________ A escola dispõe de recursos tecnológicos (audiovisuais e midiáticos), tais como notebooks, DVDs, data shows, televisores, e outros, para o uso em sala de aula? ( )Sim. Quais?_____________________________ ( )Não. Por quê? ( ) Falta de verba ( ) outros ( ) Falta de pessoal treinado A escola dispõe de alguma sala equipada? ( ) sim ( ) Não ( ) Sala com computadores ( ) Sala com data show ( ) Auditório Quais destes recursos estão disponíveis para o trabalho dos docentes? ( ) Livro didático ( PNLEM) ( ) Biblioteca ( ) Data Show ( ) Computadores para uso do docente ( ) Sala de informática ( ) impressora ( ) Copiadora ( ) TV ( ) DVD/ vídeo cassete ( ) mimeógrafo ( ) Retroprojetor ( ) Internet discada ( ) internet Banda Larga Existe um profissional responsável para auxiliar o professor no desenvolvimento de atividades com recursos de informática/multimídia? ( ) Sim ( ) Não Considera o uso de recursos tecnológicos importante em sala de aula? ( )Sim ( )Não Por quê?_______________________________________________ _______________________________________________________ Com relação ao interesse da comunidade escolar (alunos, pais, professores, direção, coordenação) em apresentar novas proposta de metodologia de ensino, a fim de potencializar a aprendizagem em Física: ( ) Sem interesse ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Bom ( ) Grande Anexo B - Formulário para professores Escola (s) de atuação: Localização: Data/ hora: Atuação em: ( )Português ( )Matemática Qual a carga horária de aulas que o Sr (a) lecionada semanalmente nesta instituição? ( ) menos de 5 ( ) de 5 a 10 ( ) de 10 a 15 ( ) de 15 a 20 ( ) acima de 20 Qual a quantidade (em media) de alunos em cada sala de aula que o Sr (a) leciona? ( ) abaixo de 15 ( ) entre 15 e 20 alunos ( ) entre 35 e 40 alunos ( ) entre 20 e 25 alunos ( ) acima de 40 alunos ( ) entre 25 e 30 alunos ( ) entre 30 e 35 alunos Qual o máximo nível de sua formação? ( ) Graduação . ( ) Pós Graduação “Lato Senso”. ( ) Pós Graduação “ Stricto Sensu”. Na instituição existe uma sala própria para o uso de recursos multimídia? ( ) Sim ( ) Não Como é o seu conhecimento em informática? ( ) Péssimo ( ) Ruim ( ) Regular ( ) Bom ( ) Ótimo Quais destes recursos estão disponíveis para suas aulas? ( ) Quadro Negro ( ) Quadro Branco ( ) Livro didático ( ) Data Show ( ) Computadores para uso do docente ( ) Copiadora ( ) Sala de informática ( ) TV ( ) DVD/ vídeo cassete ( ) mimeógrafo ( ) Retroprojetor ( ) internet Banda Larga ( ) Impressora ( ) Internet discada E você utiliza alguns desses recursos? ( ) Sim. Quais?________________________________________________ ____________________________________________________________ ( ) Não. Por quê? ( ) Não considera importante ( ) Não sabe como utilizar na educação ( ) Não sabe utilizar ( ) Outros Esses recursos são próprios ou da instituição? ( ) próprios ( ) da instituição ( ) outros Com que frequência os utiliza? ( ) Sempre, na maioria das aulas ( ) Raramente ( ) às vezes. Para que os utiliza? ( )Para reuniões ( ) Trabalhos em grupo ( ) Aulas expositivas ( ) Conferências ( ) Outros Porque os utiliza? ( ) Recurso fácil ( ) Desperta maior interesse dos alunos ( ) Proporciona aulas diferenciadas ( ) Outros Como o Sr (a) classifica a importância da utilização de recursos tecnológicos (Midiáticos e audiovisuais) nas as aulas de Português ou Matemática, como um agente potencializador de aprendizagem? ( ) sem importância ( ) pouco importante ( ) Importante ( ) Muito Importante ( ) essencial Com relação ao interesse da comunidade escolar (alunos, pais, professores, direção, coordenação) em apresentar novas proposta de metodologia de ensino, a fim de potencializar a aprendizagem em Português/ matemática, o Sr(a) considera: ( ) Sem interesse ( ) Pouco ( ) Regular ( ) Bom Dentre os itens abaixo quais o Sr (a) considera como um tema/estratégia que estimule seus estudantes a gostarem de Português ou Matemática? ( ) Avanços tecnológicos ( ) Filmes ( ) Noticias sobre novas descobertas ( ) Implicações na Sociedade ( ) livros/ Historia em quadrinhos ( ) Visitas técnicas ( ) Vestibular/ ENEM ( ) Situações do cotidiano ( ) jogos educacionais ( ) Outros. Quais?____________________________________________________ Anexo C – demais gráficos Gráfico 2 – Diretores Gráfico 3 – Diretores Gráfico 5 – Diretores Gráfico 6 – Diretores Gráfico 7 – Diretores Gráfico 1 – Professores Gráfico 2 – Professores Gráfico 3 – Professores Gráfico 4 – Professores Gráfico 5 – Professores Gráfico 6 – Professores Gráfico 8 – Professores Gráfico 10 – Professores Gráfico 11 – Professores Gráfico 12 – Professores Gráfico 13 - Professores