MESTRADO
EDUCAÇÃO
ELEIÇÃO DE DIRETORES NAS REDES PÚBLICAS: PARTICIPAÇÃO DOS PROFESSORES - SEUS LIMITES
LUCIANA MARIA KLAMT
O estudo versa sobre a participação dos professores nas eleições ou escolha de diretores, nas escolas
das redes públicas de ensino de Campo Verde – MT. O espaço pesquisado é a rede pública municipal e a
rede pública estadual deste município. Nesse momento, nosso foco coloca-se sobre os professores da
rede municipal de ensino, sabendo que entre esses professores, o diretor ainda é escolhido e nomeado
pelos poderes constituídos para exercer essa função como cargo de confiança. Paro (1996) é claro ao
enfatizar que a simples nomeação para diretor como cargo de confiança é uma prática clientelista e
patrimonialista, através de tal prática os poderes de quem nomeia podem se perpetuar para dentro da
escola de forma alheia aos interesses daquela comunidade. Já a eleição, um dos tripés da Gestão
Democrática, segundo esse mesmo autor, faz da escola um espaço de gestão compartilhada, quando o
poder é partilhado atendendo às necessidades das pessoas que a concretizam. Com este panorama
como pano de fundo, buscamos compreender os motivos que levam os professores a participarem de
forma tão tímida nesses processos que têm os diretores das escolas em que atuam indicados e
nomeados. Para analisar essa realidade buscamos subsídios teóricos em autores como Kosik (1976),
Neto (2008), Oliveira (2008 e 2009), Paro (1996, 2001 e 2008) e Silva (2008). Os procedimentos
metodológicos do estudo empírico referem-se à pesquisa de campo com abordagem
predominantemente qualitativa. A coleta de dados deu-se em 5 das 12 escolas (42%) da rede municipal
de ensino de Campo Verde, durante os meses de junho e julho de 2013. Os instrumentos aplicados
foram questionários e entrevistas semi-abertas. Chegou-se a resultados que trazem uma série de
informações que nos permitem perceber que os professores apresentam nenhuma ou pouquíssima
resistência ou questionamento à forma como os diretores dessa rede são conduzidos ao cargo, mesmo
onde esses eram completamente alheios à realidade da instituição antes de assumirem a direção. Os
professores declaram ter ciência de que não influenciam na escolha do dirigente da escola onde atuam.
Outra constatação é a de que os professores elegem, em primeiro lugar, a influência política como
critério de escolha para a ocupação do cargo de direção de escola. Apesar do reconhecimento por parte
dos professores pesquisados de que a eleição pela comunidade escolar é a melhor forma de escolher
um diretor escolar, uma parte considerável desses mesmos sujeitos declara que a existência ou não de
eleições em nada influencia na qualidade da educação, revelando as contradições existentes no interior
da escola. Fica assim evidente que o professor percebe que dentro do modelo de gestão administrativa
imposta pelo governo federal, o diretor e a própria comunidade escolar sente seu poder esvaziado,
quando o diretor é apenas um representante que executa os modelos impostos pelo sistema (OLIVEIRA,
2009), ou seja, mesmo um diretor eleito tem sua ação muito limitada. Nesse cenário, mudanças serão
possíveis se entendermos a importância da participação como um exercício que busque a escola que
atenda aos interesses da sua comunidade.
PRÓ-REITORIA DE ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO
VI MOSTRA DA PÓS-GRADUAÇÃO/2014
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